O papel social da mãe na socialização dos filhotes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Patrícia Cintra Junta
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.59.2020.tde-21062021-104407
Resumo: Variações no investimento parental oferecido por machos e fêmeas em mamíferos podem ser medidas através da frequência de cuidados providos aos filhotes, de indicadores da qualidade do vínculo de apego e do papel social dos pais na estrutura social (ES). Cobaias domésticas (Cavia porcellus) vivem em grupos sociais organizados hierarquicamente. Nas primeiras semanas de vida, os filhotes ficam mais próximos da mãe, e aprendem a reconhecê-la e vinculam-se a ela durante a amamentação e a higienização. O pai participa menos da rotina dos filhotes, mas sua presença favorece a socialização, especialmente de filhotes machos. Nosso foco foi verificar se o papel social da mãe e o investimento diferencial materno provido a cada filhote, poderia afetar o desempenho social deles. Observamos o comportamento social e o desenvolvimento físico dos filhotes (geração filial, GF) durante a primeira semana de vida, e após o amadurecimento sexual (GF\', a partir dos 73 dias de vida). No 1° momento, filhotes (GF: 7 machos e 7 fêmeas de 5 ninhadas) que nasceram de um grupo de 5 machos e 7 fêmeas (geração parental, GP), gravamos em vídeo os animais no grupo 4 vezes por dia, com sessões de 30 minutos, totalizando 28 sessões de observação do dia 1 ao 7º dia de vida por filhote. No 2° momento, GF\', mantida agora sem a presença dos animais de GP, foi gravada em 2 sessões (30 minutos) a cada 2 dias durante 14 dias. A partir das observações dos animais em cada momento, (1) calculamos os índices de associação diádica (IA) de cada indivíduo de GF/GF\' com cada um dos outros animais do grupo, amostrados por \"escaneamento\" (15 registros instantâneos/sessão a intervalos de 2 min); e (2) a proporção de comportamentos afiliativos e agonísticos, frequência e a duração de episódios de amamentação, emitidos durante cada sessão. Na primeira semana de vida de GF, as fêmeas adultas (GP) dirigiram mais vezes comportamentos agonísticos à filhotes fêmeas do que a filhotes machos e a seus próprios filhotes do que aos alheios; os maiores IAs foram obtidos entre irmãos e entre mães e filhotes; e os animais mais fortes na rede social formada por GP+GF, eram as fêmeas, e não os machos. Ao contrário do esperado, a fêmea de maior força na rede não foi a que passou mais tempo amamentando seus filhotes, que também não foram vistos mamando em outras lactantes. Houve diferença entre as ninhadas na duração total de amamentação, e os filhotes que mais se aproximaram e seguiram a mãe, foram os que mamaram menos durante as sessões. Ao contrário da literatura, não registramos episódios de aloamamentação nesses 7 dias de vida. Após o amadurecimento sexual (GF\'), o macho com maior peso, foi o que obteve o maior valor de força, e assumiu o primeiro lugar no ranking social. Os vínculos entre díades de animais observados em GF, mudaram em GF\': as associações ficaram mais fortes entre não-irmãos. Ao contrário do que esperávamos, não encontramos correspondência entre o papel social das mães ou a proporção de amamentação dos filhotes (GF) no seu desempenho físico e social quando adultos (GF). Entretanto, o índice de associação entre mãe-filhote parece relacionar-se com o desenvolvimento social e estrutural deste grupo de cobaias domésticas. Esses resultados são discutidos no âmbito das estratégias reprodutivas masculinas e femininas em mamíferos sociais.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis O papel social da mãe na socialização dos filhotes The social role of the mother in the socialization of puppies 2020-12-18Patricia Ferreira MonticelliLaís Mendes Ruiz CantanoBeatriz de Mello BeisiegelNina FurnariBriseida Dogo de ResendePatrícia Cintra JuntaUniversidade de São PauloPsicobiologiaUSPBR Amamentação Cavia porcellus Cavia porcellus Cuidado parental Estrutura social Investimento parental Parental care Parental investment Social structure Suckling Variações no investimento parental oferecido por machos e fêmeas em mamíferos podem ser medidas através da frequência de cuidados providos aos filhotes, de indicadores da qualidade do vínculo de apego e do papel social dos pais na estrutura social (ES). Cobaias domésticas (Cavia porcellus) vivem em grupos sociais organizados hierarquicamente. Nas primeiras semanas de vida, os filhotes ficam mais próximos da mãe, e aprendem a reconhecê-la e vinculam-se a ela durante a amamentação e a higienização. O pai participa menos da rotina dos filhotes, mas sua presença favorece a socialização, especialmente de filhotes machos. Nosso foco foi verificar se o papel social da mãe e o investimento diferencial materno provido a cada filhote, poderia afetar o desempenho social deles. Observamos o comportamento social e o desenvolvimento físico dos filhotes (geração filial, GF) durante a primeira semana de vida, e após o amadurecimento sexual (GF\', a partir dos 73 dias de vida). No 1° momento, filhotes (GF: 7 machos e 7 fêmeas de 5 ninhadas) que nasceram de um grupo de 5 machos e 7 fêmeas (geração parental, GP), gravamos em vídeo os animais no grupo 4 vezes por dia, com sessões de 30 minutos, totalizando 28 sessões de observação do dia 1 ao 7º dia de vida por filhote. No 2° momento, GF\', mantida agora sem a presença dos animais de GP, foi gravada em 2 sessões (30 minutos) a cada 2 dias durante 14 dias. A partir das observações dos animais em cada momento, (1) calculamos os índices de associação diádica (IA) de cada indivíduo de GF/GF\' com cada um dos outros animais do grupo, amostrados por \"escaneamento\" (15 registros instantâneos/sessão a intervalos de 2 min); e (2) a proporção de comportamentos afiliativos e agonísticos, frequência e a duração de episódios de amamentação, emitidos durante cada sessão. Na primeira semana de vida de GF, as fêmeas adultas (GP) dirigiram mais vezes comportamentos agonísticos à filhotes fêmeas do que a filhotes machos e a seus próprios filhotes do que aos alheios; os maiores IAs foram obtidos entre irmãos e entre mães e filhotes; e os animais mais fortes na rede social formada por GP+GF, eram as fêmeas, e não os machos. Ao contrário do esperado, a fêmea de maior força na rede não foi a que passou mais tempo amamentando seus filhotes, que também não foram vistos mamando em outras lactantes. Houve diferença entre as ninhadas na duração total de amamentação, e os filhotes que mais se aproximaram e seguiram a mãe, foram os que mamaram menos durante as sessões. Ao contrário da literatura, não registramos episódios de aloamamentação nesses 7 dias de vida. Após o amadurecimento sexual (GF\'), o macho com maior peso, foi o que obteve o maior valor de força, e assumiu o primeiro lugar no ranking social. Os vínculos entre díades de animais observados em GF, mudaram em GF\': as associações ficaram mais fortes entre não-irmãos. Ao contrário do que esperávamos, não encontramos correspondência entre o papel social das mães ou a proporção de amamentação dos filhotes (GF) no seu desempenho físico e social quando adultos (GF). Entretanto, o índice de associação entre mãe-filhote parece relacionar-se com o desenvolvimento social e estrutural deste grupo de cobaias domésticas. Esses resultados são discutidos no âmbito das estratégias reprodutivas masculinas e femininas em mamíferos sociais. Variations in the parental investment offered by males and females in mammals can be measured through the frequency of care provided to the young, indicators of the quality of attachment, and the parents\' social role in the social structure (ES). Domestic guinea pigs (Cavia porcellus) live in hierarchically organized social groups. In the first weeks of life, mother-infant attachment forms while they learn to recognize each other during breastfeeding and hygiene. The father rarely participates in infants\' routine, but his presence favors socialization. We aimed to investigate if the mother\'s social role and parental investment quality would affect infant social performance. We observed the infants\' social behavior and physical development (filial generation, FG) during the first week of life, and after sexual maturity (FG\', from 73 days old). At the 1st moment, we video-recorded the infants (FG: 7 males and 7 females from 5 liters) in the parental social group (parental generation, PG: 5 males and 7 females), 4 times a day in 30 minutes sessions, totaling 28 sessions from day 1 to the 7th day of life. In the 2nd moment, FG was maintained alone (without PG) and recorded in two 30 minutes sessions. From each moment, we calculated (1) the indices of dyadic association (AI) sampled by \"scanning\" (15 instant records per session at 2 min intervals); and (2) the proportion of affiliative and agonistic behaviors, and frequency and duration of breastfeeding episodes. In FG\'s first week, adult females (PG) directed more often agonistic behavior to infant males than to females, and to their own than to other females\' offspring; the highest AIs were obtained between siblings and between mothers and infants; and the strongest animals in the PG+FG social network were females. Contrary to expectations, the net strongest female was not the one who spent the most time breastfeeding her young; her infants were also not seen breastfeeding in other lactating females. There was a difference between the liters in the total breastfeeding; infants that most approached and followed the mother were those that suckled less during the sessions. We registered no allosuckling episode. After sexual maturity (FG\'), the bigger male was the one who obtained the highest strength value and occupied the first position in the social ranking. The bonds between animals observed in FG changed in FG\': associations become stronger among non-siblings than between siblings. Contrary to what we expected, there was no clear correspondence between the mother\'s social role or breastfeeding proportion and FG\' physical and social performance. However, the mother-infant association index seems to be related to the social and structural development in that guinea pig group, suggesting that the maternal bond\'s quality influences the performance and social roles within the group. Results are discussed in the context of male and female reproductive strategies in social mammals. https://doi.org/10.11606/D.59.2020.tde-21062021-104407info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:47:03Zoai:teses.usp.br:tde-21062021-104407Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:05:18.402988Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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