Influência da flexibilidade financeira sobre as decisões de financiamento e investimento de companhias abertas brasileiras
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-18092019-162019/ |
Resumo: | De acordo com a hipótese de flexibilidade financeira, as firmas preservariam maiores posições em ativos líquidos e capacidade de endividamento para reduzir as potenciais restrições ao acessar recursos externos, evitar o risco do subinvestimento e absorver choques exógenos adversos sobre as suas decisões financeiras. Entretanto, tal conjectura, que tem recebido pouca atenção na literatura de finanças corporativas, seria capaz de responder a importantes lacunas teórico-empíricas, em especial, das principais teorias de estrutura de capital. À vista disso, o trabalho objetivou avaliar a influência da manutenção de flexibilidade financeira sobre o financiamento e investimento das companhias abertas brasileiras no período de 2008 a 2017, bem como analisar a repercussão desta política nas empresas consideradas restritas e flexíveis financeiramente. Para tanto, foram desenvolvidas as modelagens de financiamento, investimento e de avaliação de impacto. Foram utilizados métodos de estimação que pudessem corrigir potenciais problemas decorrentes da endogeneidade entre as variáveis, sendo eles: GMM, difference-in-difference e propensity score matching. Na primeira modelagem, investigou-se o efeito adicional nos níveis de flexibilidade financeira sobre os níveis de alavancagem das firmas classificadas como restritas e irrestritas sob cinco critérios: índices KZ, WW, SA, ativo total e distribuição de dividendos. Como principal achado, mediante a regressão com dados em painel dinâmico (GMM), verificou-se que incrementos no excesso de caixa e na capacidade de financiamento propiciam acréscimos mais acentuados na alavancagem contábil das firmas restritas sob distintos critérios de restrição financeira. Na segunda modelagem, por meio de equações de investimento (GMM) de Q de Tobin e acelerador de vendas, averiguou-se a sensibilidade do investimento ao fluxo de caixa nas firmas flexíveis e inflexíveis sob três critérios: excesso de caixa, capacidade de financiamento e a intersecção de ambos. Nesta avaliação, no modelo Q de investimento, o resultado mais importante é que as empresas flexíveis financeiramente, ao obter capacidade de endividamento, reduziriam a dependência da geração de fluxo de caixa para investir, comparativamente às inflexíveis. Ao final, por intermédio de métodos de avaliação de impacto (diferenças-em-diferenças e pareamento), examinou-se como a retirada do grau de investimento do rating de crédito soberano brasileiro em 2015 (evento exógeno negativo) impactou as decisões de financiamento e investimento nas firmas flexíveis e não flexíveis (com e sem rating de crédito de grau de investimento, respectivamente). O método de pareamento ofereceu evidências de que, sobretudo, os índices de alavancagem a valores de mercado das firmas flexíveis são menos impactados após a ocorrência do choque adverso quando comparados às inflexíveis. Em contraste, tal evento não provocou diferenças estatisticamente significantes nos patamares de investimento dos grupos, em ambos os métodos. Estes resultados contribuem para o entendimento do: persistente comportamento de subalavancagem das firmas restritas e não restritas; declarado anseio dos gestores financeiros por folga financeira para investimentos futuros; comportamento proativo da firma em resposta a eventos esperados e inesperados. Em síntese, os referidos achados indicam que a manutenção de flexibilidade financeira exerce relevante influência nas principais decisões financeiras das companhias abertas brasileiras e em condições atípicas de mercado. |
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Influência da flexibilidade financeira sobre as decisões de financiamento e investimento de companhias abertas brasileirasInfluence of financial flexibility on the financing and investment decisions of Brazilian listed companiesFinancial constraintFinancial flexibilityFinancial slackFinanciamentoFinancingFlexibilidade financeiraFolga financeiraInvestimentoInvestmentRestrição financeiraDe acordo com a hipótese de flexibilidade financeira, as firmas preservariam maiores posições em ativos líquidos e capacidade de endividamento para reduzir as potenciais restrições ao acessar recursos externos, evitar o risco do subinvestimento e absorver choques exógenos adversos sobre as suas decisões financeiras. Entretanto, tal conjectura, que tem recebido pouca atenção na literatura de finanças corporativas, seria capaz de responder a importantes lacunas teórico-empíricas, em especial, das principais teorias de estrutura de capital. À vista disso, o trabalho objetivou avaliar a influência da manutenção de flexibilidade financeira sobre o financiamento e investimento das companhias abertas brasileiras no período de 2008 a 2017, bem como analisar a repercussão desta política nas empresas consideradas restritas e flexíveis financeiramente. Para tanto, foram desenvolvidas as modelagens de financiamento, investimento e de avaliação de impacto. Foram utilizados métodos de estimação que pudessem corrigir potenciais problemas decorrentes da endogeneidade entre as variáveis, sendo eles: GMM, difference-in-difference e propensity score matching. Na primeira modelagem, investigou-se o efeito adicional nos níveis de flexibilidade financeira sobre os níveis de alavancagem das firmas classificadas como restritas e irrestritas sob cinco critérios: índices KZ, WW, SA, ativo total e distribuição de dividendos. Como principal achado, mediante a regressão com dados em painel dinâmico (GMM), verificou-se que incrementos no excesso de caixa e na capacidade de financiamento propiciam acréscimos mais acentuados na alavancagem contábil das firmas restritas sob distintos critérios de restrição financeira. Na segunda modelagem, por meio de equações de investimento (GMM) de Q de Tobin e acelerador de vendas, averiguou-se a sensibilidade do investimento ao fluxo de caixa nas firmas flexíveis e inflexíveis sob três critérios: excesso de caixa, capacidade de financiamento e a intersecção de ambos. Nesta avaliação, no modelo Q de investimento, o resultado mais importante é que as empresas flexíveis financeiramente, ao obter capacidade de endividamento, reduziriam a dependência da geração de fluxo de caixa para investir, comparativamente às inflexíveis. Ao final, por intermédio de métodos de avaliação de impacto (diferenças-em-diferenças e pareamento), examinou-se como a retirada do grau de investimento do rating de crédito soberano brasileiro em 2015 (evento exógeno negativo) impactou as decisões de financiamento e investimento nas firmas flexíveis e não flexíveis (com e sem rating de crédito de grau de investimento, respectivamente). O método de pareamento ofereceu evidências de que, sobretudo, os índices de alavancagem a valores de mercado das firmas flexíveis são menos impactados após a ocorrência do choque adverso quando comparados às inflexíveis. Em contraste, tal evento não provocou diferenças estatisticamente significantes nos patamares de investimento dos grupos, em ambos os métodos. Estes resultados contribuem para o entendimento do: persistente comportamento de subalavancagem das firmas restritas e não restritas; declarado anseio dos gestores financeiros por folga financeira para investimentos futuros; comportamento proativo da firma em resposta a eventos esperados e inesperados. Em síntese, os referidos achados indicam que a manutenção de flexibilidade financeira exerce relevante influência nas principais decisões financeiras das companhias abertas brasileiras e em condições atípicas de mercado.Under the financial flexibility hypothesis, firms would preserve greater positions in liquid assets and borrowing capacity to reduce potential constraints on accessing external resources, avoid the risk of underinvestment, and absorb adverse exogenous shocks to their financial decisions. However, such a conjecture, which has received little attention in the corporate finance literature, would be able to respond to important theoretical-empirical gaps, especially the main theories of capital structure. In view of this, the objective of this study was to evaluate the influence of the maintenance of financial flexibility on the financing and investment of Brazilian publicly traded companies from 2008 to 2017, as well as to analyze the repercussion of this policy on companies considered constrained and financially flexible. For that, the models of financing, investment and impact assessment were developed. It was used estimation methods that could correct potential problems due to endogeneity among the variables, such as: GMM, difference-in-difference and propensity score matching. In the first model, was investigated the additional effect on the levels of financial flexibility on the levels of leverage of firms classified as constrained and unconstrained under five criteria: KZ, WW, SA, total assets and dividend payout index measures. As a main finding, through dynamic panel data regression (GMM), it was verified that increases in excess cash and in financing capacity lead to more accentuated increases in the book leverage of constrained firms under different criteria of financial constraint. In the second model, through investment equations (GMM) of Tobin\'s q and sales-accelerator, the sensitivity of the investment to cash flow in flexible and inflexible firms was investigated under three criteria: excess cash, financing capacity and the intersection of both. In this evaluation, in the Q model of investment, the most important result is that financially flexible companies, when obtaining debt capacity, would reduce the dependency of cash flow generation to invest, compared to inflexible firms. Finally, through quasi-experimental methods (differences-in-differences and matching), it was examined how the withdrawal of investment grade of the Brazilian sovereign credit rating in 2015 (negative exogenous event) impacted financing decisions and investment in flexible and non-flexible firms (with and without investment grade credit rating, respectively). The matching method provided evidence that, above all, the market leverage of the flexible firms are less impacted after the occurrence of the adverse shock when compared to the inflexible firms. In contrast, this event did not cause statistically significant differences in the investment levels of the groups in both methods. These results contribute to the understanding of: the persistent under-leverage behavior of the constrained and unconstrained firms; declared financial managers\' desire for financial freedom for future investments; proactive behavior in response to expected and unexpected events. In summary, these findings indicate that the maintenance of financial flexibility exerts a relevant influence on the main financial decisions of Brazilian public companies and in unusual market conditions.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAlbanez, TatianaSilva, Leonardo Cunha da2019-08-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-18092019-162019/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-11-08T22:20:45Zoai:teses.usp.br:tde-18092019-162019Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-11-08T22:20:45Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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