A máquina de festejar: seus usos e configurações nas escolas primárias brasileiras e portuguesas (1890-1930)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-22062012-102610/ |
Resumo: | A presente tese teve como objetivo investigar, no âmbito dos estudos históricos educacionais comparados, o objeto e fenômeno festas, realizadas no contexto escolar. A análise incidiu no período considerado de consolidação dos princípios de ensino moderno, do final do século XIX ao início do XX, em dois países cujas histórias políticas, econômicas e sociais se entrecruzaram em diferentes momentos, Brasil e Portugal. A seleção do período justificou-se pela profusão de reformas com o intuito de implementação de um sistema público, estatal, democrático e laico de ensino gestadas no decorrer do século XIX e assumidas como bandeiras dos regimes políticos republicanos. Particularmente, procurou-se compreender como as festas escolares foram forjadas nos projetos políticos e discursos educacionais do período relacionado. A retomada da metáfora da festa-máquina (OZOUF, 1976) foi particularmente fértil para a compreensão do objeto nos seus múltiplos elementos (peças), nas técnicas (engrenagens), e nos saberes e propósitos (funções). A comparação estabelecida entre a festa e a máquina suscitou inquietações a respeito de como esta maquinaria se organizou para as instituições escolares no seu propósito educativo, quais eram seus elementos, suas técnicas, suas funções e saberes. A realização das festas no âmbito escolar não se deu de forma homogênea e direta, tampouco sem equívocos e contradições. O mesmo maquinário utilizado em outros âmbitos sociais e para outros fins, precisou se adaptar ao novo contexto de idealização e concretização, além de reestruturar seus elementos e técnicas que deveriam servir, a partir de então, a um propósito eminentemente educativo. Em estudos realizados nas diferentes áreas sobre os atos festivos é recorrente a associação destes momentos a acontecimentos desregulados, alegres, sem normatização específica e cuja realização serviria à descontração do povo e à renovação das energias a partir da ruptura com o cotidiano. Contrariando tal concepção, a investigação aqui proposta demonstrou que caberiam às comemorações, assim como a todas as atividades realizadas no contexto escolar, uma função de ensino e de aprendizagem, bem como a divulgação de um saber característico da escola moderna, considerada, naquele momento, o modelo ideal de escola. Para a análise da hipótese, utilizaram-se como fontes documentais, textos publicados em periódicos de ensino brasileiros e portugueses, manuais pedagógicos e fotografias localizadas neste corpus. Os trabalhos das áreas distintas que se preocupam com a questão das comemorações e que fundamentaram teoricamente a tese apresentam-se em primeira análise, divididos entre aqueles que tomam as festas como aspecto da vida social (OZOUF, 1976; DEL PRIORE, 2000), os que as examinam em suas relações com outras dimensões da sociedade (DUVIGNOUD, 1983), aqueles que discutem mais detidamente os rituais festivos (BRANDÃO, 1978; DAMATTA, 1990), e ainda os que apresentam o funcionamento e as ressonâncias das festas nas sociedades e nos processos de formação dos sujeitos (RIBEIRO JUNIOR, 1972; AMARAL, 1998). No âmbito educacional, os conceitos de cultura escolar (JULIA, 2001; CHERVEL, 1990) e forma escolar (VINCENT, LAHIRE e THIN, 2001) subsidiaram a investigação. |
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A máquina de festejar: seus usos e configurações nas escolas primárias brasileiras e portuguesas (1890-1930)The party machine: its uses and settings in primary schools in Brazil and Portugal (1890-1930).Compared education historyCultural festivalsCulturas escolaresEscola modernaEscola NovaFestas escolaresFestas sociaisHistória da educação comparadaModern schoolProgressive educationSchool festivalsSocial festivalsA presente tese teve como objetivo investigar, no âmbito dos estudos históricos educacionais comparados, o objeto e fenômeno festas, realizadas no contexto escolar. A análise incidiu no período considerado de consolidação dos princípios de ensino moderno, do final do século XIX ao início do XX, em dois países cujas histórias políticas, econômicas e sociais se entrecruzaram em diferentes momentos, Brasil e Portugal. A seleção do período justificou-se pela profusão de reformas com o intuito de implementação de um sistema público, estatal, democrático e laico de ensino gestadas no decorrer do século XIX e assumidas como bandeiras dos regimes políticos republicanos. Particularmente, procurou-se compreender como as festas escolares foram forjadas nos projetos políticos e discursos educacionais do período relacionado. A retomada da metáfora da festa-máquina (OZOUF, 1976) foi particularmente fértil para a compreensão do objeto nos seus múltiplos elementos (peças), nas técnicas (engrenagens), e nos saberes e propósitos (funções). A comparação estabelecida entre a festa e a máquina suscitou inquietações a respeito de como esta maquinaria se organizou para as instituições escolares no seu propósito educativo, quais eram seus elementos, suas técnicas, suas funções e saberes. A realização das festas no âmbito escolar não se deu de forma homogênea e direta, tampouco sem equívocos e contradições. O mesmo maquinário utilizado em outros âmbitos sociais e para outros fins, precisou se adaptar ao novo contexto de idealização e concretização, além de reestruturar seus elementos e técnicas que deveriam servir, a partir de então, a um propósito eminentemente educativo. Em estudos realizados nas diferentes áreas sobre os atos festivos é recorrente a associação destes momentos a acontecimentos desregulados, alegres, sem normatização específica e cuja realização serviria à descontração do povo e à renovação das energias a partir da ruptura com o cotidiano. Contrariando tal concepção, a investigação aqui proposta demonstrou que caberiam às comemorações, assim como a todas as atividades realizadas no contexto escolar, uma função de ensino e de aprendizagem, bem como a divulgação de um saber característico da escola moderna, considerada, naquele momento, o modelo ideal de escola. Para a análise da hipótese, utilizaram-se como fontes documentais, textos publicados em periódicos de ensino brasileiros e portugueses, manuais pedagógicos e fotografias localizadas neste corpus. Os trabalhos das áreas distintas que se preocupam com a questão das comemorações e que fundamentaram teoricamente a tese apresentam-se em primeira análise, divididos entre aqueles que tomam as festas como aspecto da vida social (OZOUF, 1976; DEL PRIORE, 2000), os que as examinam em suas relações com outras dimensões da sociedade (DUVIGNOUD, 1983), aqueles que discutem mais detidamente os rituais festivos (BRANDÃO, 1978; DAMATTA, 1990), e ainda os que apresentam o funcionamento e as ressonâncias das festas nas sociedades e nos processos de formação dos sujeitos (RIBEIRO JUNIOR, 1972; AMARAL, 1998). No âmbito educacional, os conceitos de cultura escolar (JULIA, 2001; CHERVEL, 1990) e forma escolar (VINCENT, LAHIRE e THIN, 2001) subsidiaram a investigação.The present thesis aimed to investigate the object and phenomenon festivals organized inside the school context, according to the compared studies on educational history. The analysis covered the considered consolidation period of the modern education principles, from the end of the 19th century to the beginning of the 20th century, in two countries whose political, economical and social histories are intertwined in different occasions, Brazil and Portugal. The profusion of renovations aimed to the implementation of a state, public, democratic and secular educational system during the 19th assumed as a motto of the republican political regimes was the main reason for the choice of the period. More specifically, we tried to understand how the phenomenon school festivals was inserted in the political projects and in the educational discourses from the period and transformed into expressive practices inside the public primary school contexts. The retaking of the festival-machine metaphor (OZOUF, 1976), was especially fertile for the comprehension of the object and its multiple elements (parts), techniques (gearing), and purposes (functions). The comparison established between festival and machine raises uneasiness in relation to the way the former organized itself for the educational purpose within the educational institutes, which elements, techniques, functions and knowledges were involved. The organization of festivals inside the school area happened neither in a homogeneous and direct way nor without misunderstanding and contradictions. The same machinery used in other social environments and for other purposes not only had to adapt itself to the new context of idealization and concretization, but also had to restructure its elements and techniques to a highly educational purpose from then on. In studies done on different areas about the festive events, the association of these moments with unregulated and cheerful moments without specific rules is recurrent and their organization would be for peoples relaxation and energy renewal due to the routine break. Contradicting this idea, the investigation proposed herein showed that a role of teaching and learning and a disclosure of a distinguished Progressive Education knowledge, considered at that time an ideal model of school, would fit all the festivals, along with all the activities performed inside the school context. Documental sources, texts published in Brazilian and Portuguese educational journals, pedagogic handbooks and pictures located in this corpus were used to analyze this assumption. The works from distinct areas that are concerned about the celebration subject and theoretically justified the thesis presented themselves on first analysis divided among those who take festivals as aspects of social life (OZOUF, 1976; DEL PRIORE, 2000), those who analyze them in their relations with other dimensions of the society (DUVIGNOUD, 1983), those who argue more carefully the festive rites (BRANDÃO, 1978; DAMATTA, 1990), and furthermore those who present the workings and resonance of the festivals in societies and in the formation of subjects process (RIBEIRO JUNIOR, 1972; AMARAL, 1998). In the educational field, the concepts of school culture (JULIA, 2001; CHERVEL, 1990) and school form (VINCENT, LAHIRE e THIN, 2001) contributed to the investigation.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCatani, Denice BarbaraÓ, Jorge Manuel Nunes Ramos doCândido, Renata Marcilio2012-04-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-22062012-102610/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-11-22T20:04:23Zoai:teses.usp.br:tde-22062012-102610Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-11-22T20:04:23Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A presente tese teve como objetivo investigar, no âmbito dos estudos históricos educacionais comparados, o objeto e fenômeno festas, realizadas no contexto escolar. A análise incidiu no período considerado de consolidação dos princípios de ensino moderno, do final do século XIX ao início do XX, em dois países cujas histórias políticas, econômicas e sociais se entrecruzaram em diferentes momentos, Brasil e Portugal. A seleção do período justificou-se pela profusão de reformas com o intuito de implementação de um sistema público, estatal, democrático e laico de ensino gestadas no decorrer do século XIX e assumidas como bandeiras dos regimes políticos republicanos. Particularmente, procurou-se compreender como as festas escolares foram forjadas nos projetos políticos e discursos educacionais do período relacionado. A retomada da metáfora da festa-máquina (OZOUF, 1976) foi particularmente fértil para a compreensão do objeto nos seus múltiplos elementos (peças), nas técnicas (engrenagens), e nos saberes e propósitos (funções). A comparação estabelecida entre a festa e a máquina suscitou inquietações a respeito de como esta maquinaria se organizou para as instituições escolares no seu propósito educativo, quais eram seus elementos, suas técnicas, suas funções e saberes. A realização das festas no âmbito escolar não se deu de forma homogênea e direta, tampouco sem equívocos e contradições. O mesmo maquinário utilizado em outros âmbitos sociais e para outros fins, precisou se adaptar ao novo contexto de idealização e concretização, além de reestruturar seus elementos e técnicas que deveriam servir, a partir de então, a um propósito eminentemente educativo. Em estudos realizados nas diferentes áreas sobre os atos festivos é recorrente a associação destes momentos a acontecimentos desregulados, alegres, sem normatização específica e cuja realização serviria à descontração do povo e à renovação das energias a partir da ruptura com o cotidiano. Contrariando tal concepção, a investigação aqui proposta demonstrou que caberiam às comemorações, assim como a todas as atividades realizadas no contexto escolar, uma função de ensino e de aprendizagem, bem como a divulgação de um saber característico da escola moderna, considerada, naquele momento, o modelo ideal de escola. Para a análise da hipótese, utilizaram-se como fontes documentais, textos publicados em periódicos de ensino brasileiros e portugueses, manuais pedagógicos e fotografias localizadas neste corpus. Os trabalhos das áreas distintas que se preocupam com a questão das comemorações e que fundamentaram teoricamente a tese apresentam-se em primeira análise, divididos entre aqueles que tomam as festas como aspecto da vida social (OZOUF, 1976; DEL PRIORE, 2000), os que as examinam em suas relações com outras dimensões da sociedade (DUVIGNOUD, 1983), aqueles que discutem mais detidamente os rituais festivos (BRANDÃO, 1978; DAMATTA, 1990), e ainda os que apresentam o funcionamento e as ressonâncias das festas nas sociedades e nos processos de formação dos sujeitos (RIBEIRO JUNIOR, 1972; AMARAL, 1998). No âmbito educacional, os conceitos de cultura escolar (JULIA, 2001; CHERVEL, 1990) e forma escolar (VINCENT, LAHIRE e THIN, 2001) subsidiaram a investigação. |
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