A formação do pesquisa-dor: do enigma ao sinthoma
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-09032016-102326/ |
Resumo: | Tomamos a constituição de um objeto de pesquisa como objeto alvo de nosso estudo. Nosso objetivo foi investigar as possíveis correlações entre a constituição de um objeto de pesquisa e aquilo que, para um pesquisador, permaneceu como não simbolizado, como um enigma que o move e ao qual ele sempre retorna. Para tanto, buscamos responder às seguintes perguntas de pesquisa: 1) Em que medida é possível afirmar que a escrita de um relatório de pesquisa pode funcionar como vetor para tratar enigmas ainda não solucionados? e 2) Considerando o cotejamento das versões de textos de um informante, o que se pode afirmar a respeito da correlação entre suas tentativas de vir a inventar um estilo singular e a constituição de um objeto de pesquisa? O corpus foi constituído de 1134 manuscritos doados por três informantes, nomeadas como Bridget, Cristina e Louise. O material que compõe o corpus é bastante diverso, sendo composto de versões de capítulos de textos acadêmicos (dissertações e tese), resenhas teóricas, anotações, e-mails, trabalhos de disciplina etc. que foram utilizados (e que testemunham o) no percurso de escrita das informantes. Faz parte do banco de dados do projeto coletivo Movimentos do Escrito, do Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise GEPPEP. Utilizamo-nos de um referencial teórico advindo da Educação, da Psicanálise e da Linguística, a partir do qual nos propusemos a discutir a relação que os sujeitos estabelecem com seus objetos (de gozo, amor e pesquisa) e como lidam com o Real (LACAN, 1972-1973). Trabalhar para constituir um objeto de pesquisa pode ter efeitos estruturantes sobre quem realiza esse ato. Oferece a possibilidade de construção de uma nova forma de colocar-se no mundo. Sendo uma satisfação em si, a conquista da constituição de um objeto de pesquisa pode oferecer um modo de proteger alguém do sofrimento psíquico gerado pela impossibilidade de simbolização do trauma do encontro com a sexualidade. Pode ser um modo de lidar com um questionamento insolúvel (um enigma). A constituição de um objeto de pesquisa é uma metáfora e metonímia dos primeiros objetos de amor de uma pessoa, apontando para a constituição de um sinthoma, na acepção de Jacques Lacan. Nessa direção, haveria pelo menos dois caminhos predominantes: um que busca tamponar o Real, seria aquele encontrado por quem busca defesas, como os sonhos e as fantasias; e outro por quem tenta incluir o Real. Trata-se do caminho escolhido por aqueles que buscam formular um sinthoma, inscrever seu nome pela constituição de um objeto de pesquisa, por exemplo. Por meio da análise das versões de textos das informantes, sobretudo, na parte do trabalho dedicado à análise de dados, pudemos constatar que as três terminaram a redação de seus relatórios de pesquisa antes de ter conseguido constituir seus objetos de pesquisa como tal. Isso porque, ao realizar suas análises, tiveram dificuldade de se despir de um imaginário do que seja o texto, bem como de superar o medo de se fazer objeto do outro. |
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A formação do pesquisa-dor: do enigma ao sinthomaThe research-ache development: from enigma to sinthomeEducaçãoEducationEscritaFormação de pesquisadoresObjeto de pesquisaPsicanálisePsychoanalysisRealRealResearch objectResearchers developmentWritingTomamos a constituição de um objeto de pesquisa como objeto alvo de nosso estudo. Nosso objetivo foi investigar as possíveis correlações entre a constituição de um objeto de pesquisa e aquilo que, para um pesquisador, permaneceu como não simbolizado, como um enigma que o move e ao qual ele sempre retorna. Para tanto, buscamos responder às seguintes perguntas de pesquisa: 1) Em que medida é possível afirmar que a escrita de um relatório de pesquisa pode funcionar como vetor para tratar enigmas ainda não solucionados? e 2) Considerando o cotejamento das versões de textos de um informante, o que se pode afirmar a respeito da correlação entre suas tentativas de vir a inventar um estilo singular e a constituição de um objeto de pesquisa? O corpus foi constituído de 1134 manuscritos doados por três informantes, nomeadas como Bridget, Cristina e Louise. O material que compõe o corpus é bastante diverso, sendo composto de versões de capítulos de textos acadêmicos (dissertações e tese), resenhas teóricas, anotações, e-mails, trabalhos de disciplina etc. que foram utilizados (e que testemunham o) no percurso de escrita das informantes. Faz parte do banco de dados do projeto coletivo Movimentos do Escrito, do Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise GEPPEP. Utilizamo-nos de um referencial teórico advindo da Educação, da Psicanálise e da Linguística, a partir do qual nos propusemos a discutir a relação que os sujeitos estabelecem com seus objetos (de gozo, amor e pesquisa) e como lidam com o Real (LACAN, 1972-1973). Trabalhar para constituir um objeto de pesquisa pode ter efeitos estruturantes sobre quem realiza esse ato. Oferece a possibilidade de construção de uma nova forma de colocar-se no mundo. Sendo uma satisfação em si, a conquista da constituição de um objeto de pesquisa pode oferecer um modo de proteger alguém do sofrimento psíquico gerado pela impossibilidade de simbolização do trauma do encontro com a sexualidade. Pode ser um modo de lidar com um questionamento insolúvel (um enigma). A constituição de um objeto de pesquisa é uma metáfora e metonímia dos primeiros objetos de amor de uma pessoa, apontando para a constituição de um sinthoma, na acepção de Jacques Lacan. Nessa direção, haveria pelo menos dois caminhos predominantes: um que busca tamponar o Real, seria aquele encontrado por quem busca defesas, como os sonhos e as fantasias; e outro por quem tenta incluir o Real. Trata-se do caminho escolhido por aqueles que buscam formular um sinthoma, inscrever seu nome pela constituição de um objeto de pesquisa, por exemplo. Por meio da análise das versões de textos das informantes, sobretudo, na parte do trabalho dedicado à análise de dados, pudemos constatar que as três terminaram a redação de seus relatórios de pesquisa antes de ter conseguido constituir seus objetos de pesquisa como tal. Isso porque, ao realizar suas análises, tiveram dificuldade de se despir de um imaginário do que seja o texto, bem como de superar o medo de se fazer objeto do outro.The constitution of a research object was the target of this study. Its aim was to investigate the possible correlations between the constitution of a research object and the thing that, to the researcher, remained as not symbolized, as an enigma that move him and to where he always turns back. In order to do so, the following questions were expected to be answered: 1) To what extent is it possible to assert that a research report writing may work as a vector to deal with enigmas still unsolved? and 2) Considering the comparison of text versions produced by a post-graduation student, what is possible to assert about the correlation between his attempt to invent a singular style and the constitution of a research object? The corpus consisted of 1070 manuscripts donated by three post-graduation researchers, named Bridget, Cristina e Louise. The material that composes the corpus is very diverse, consisting of versions of academic texts chapters (dissertations and theses), theoretical reviews, text notes, e-mails, discipline papers, etc. Such material was used during (and gives evidence of) the students writing path. These manuscripts are part of the database from the collective project Writing Movements, developed by the members of the Group of Studies and Research Written Production and Psychoanalysis GEPPEP (in Portuguese: Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise). The theoretical background employed in this work comes from the fields of Education, Psychoanalysis and Linguistics. From these references, this thesis discusses the relationship that the subjects stablish with their (jouissance, love and research) objects and how they deal with the Real (LACAN, 1972-1973). Working on the constitution of a research object may have structuring effects on the ones who carry out such an effort. It offers the possibility of constructing a new way of placing oneself in the world. Being a kind of satisfaction itself, the conquest of a research object constitution may offer a way of protecting someone from the psychic suffering caused by the impossibility of the symbolization of the encounter with the sexuality trauma. It may be a way of dealing with an unsolvable question (an enigma). The constitution of a research object is a metaphor and a metonymy of the first love objects of someone, pointing to the constitution of a sinthome, in the sense developed by Jacques Lacan. In this direction, there would be at least two predominant ways: one that aims to close the Real, which would be the one found by the one who looks for defenses, like dreams and fantasies; and another that would be found for the ones who attempt to include the Real. The last one is the way chosen for the ones who seek for shaping a sinthome, inscribing ones name through the constitution of a research object, for example. Through the analysis of the students text versions, above all, at the part of the report dedicated to data analysis, it was possible to find out that that all the three students had finished the composition of their research reports before having achieved their research objects as such. It happened because when carrying out their analyses, they faced difficulties in separating themselves of an imaginary about what would be the text, as well as overcoming the fear of making themselves the object of the other.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRiolfi, Claudia RosaRibeiro, Mariana Aparecida de Oliveira2015-10-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-09032016-102326/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-09-04T21:06:17Zoai:teses.usp.br:tde-09032016-102326Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-09-04T21:06:17Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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