Anemia e insegurança alimentar em crianças em idade pré-escolar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-12042017-092947/ |
Resumo: | Introdução: No Brasil, a anemia por deficiência de ferro permanece como problema de saúde pública relevante, especialmente para mulheres e crianças. Nessa questão, a situação de insegurança alimentar (IA) pode vir a ser associada a diversos aspectos de desigualdades estruturais e em saúde, visto que seu conceito permite abordar diversos tipos de iniquidades nutricionais. Objetivos: Avaliar a anemia e a insegurança alimentar e nutricional de famílias de crianças em idade pré-escolar: analisar a influência da vulnerabilidade socioeconômica sobre a prevalência da anemia; identificar os padrões alimentares e sua relação com segurança alimentar e estado nutricional; e investigar a relação entre insegurança alimentar e concentração de hemoglobina de pré-escolares. Métodos: A pesquisa foi do tipo transversal. A população investigada foi de pré-escolares inscritos em creches públicas de Taubaté (SP), em 2014, distribuídas em dois grupos diferenciados pelas características socioeconômicas da região onde estão localizadas: região vulnerável e região abastada. O tamanho da amostra foi calculado partindo do pressuposto que a diferença na concentração de hemoglobina (Hb) entre crianças da região vulnerável e abastada fosse equivalente a 1/3 de desvio padrão da média de Hb da população saudável. As variáveis socioeconômicas e demográficas foram coletadas por questionário semi-estruturado. A concentração de Hb foi obtida por meio de punção digital, considerando anemia Hb<11,0g/dL. Para avaliação antropométrica foi realizada a medida de peso e altura e calculados os Z-escores, a situação de IA foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e o consumo alimentar habitual foi investigado por meio de um questionário de frequência alimentar. A análise estatística foi descritiva e analítica, com realização de modelagem múltipla. Resultados: A prevalência de anemia foi em torno de 19 por cento dos pré-escolares e a concentração de Hb indicou diferença entre as crianças das duas regiões da cidade, sendo que pré-escolares das creches de alta vulnerabilidade socioeconômica apresentaram menores valores de Hb (p<0,001). Para melhor entendimento do consumo alimentar, identificou-se cinco Padrões Alimentares (PA): Ocidental; Frutas, verduras e legumes; Prudente; Lácteo e Tradicional, possibilitando perceber que os préescolares de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família apresentavam PA Tradicional, caracterizado pelo consumo de arroz, café e feijão; que está fortemente relacionado ao excesso de peso infantil (p<0,05). Quanto à situação de IA, esta atinge 41,2 por cento das famílias e mesmo que a análise bivariada tenha verificado que a IA influencia a concentração de Hb, após ajuste do modelo multivariado essa associação perdeu a significância (p>0,05). Conclusões: A influência da vulnerabilidade socioeconômica sobre a prevalência da anemia em pré-escolares foi evidenciada, com polarização de condições adversas sobre as creches frequentadas por famílias de baixa renda, de mães com baixa escolaridade e beneficiárias de programa social. Além disso, essas famílias apresentaram maior risco de consumo alimentar inadequado, propiciando problemas nutricionais a longo prazo. Mesmo não havendo associação estatisticamente significante da IA com a concentração de Hb e com indicadores antropométricos, essas relações devem ser encaradas com muita cautela, além de serem descritas e discutidas de forma crítica para ponderação dos resultados de uma escala de percepção, como é o caso da EBIA |
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Anemia e insegurança alimentar em crianças em idade pré-escolarAnemia and food insecurity in preschool childrenAnemiaAnemiaChildConsumo AlimentarCriançasDietary PatternsFood and Nutrition InsecurityFood ConsumptionInsegurança Alimentar e NutricionalPadrão AlimentarIntrodução: No Brasil, a anemia por deficiência de ferro permanece como problema de saúde pública relevante, especialmente para mulheres e crianças. Nessa questão, a situação de insegurança alimentar (IA) pode vir a ser associada a diversos aspectos de desigualdades estruturais e em saúde, visto que seu conceito permite abordar diversos tipos de iniquidades nutricionais. Objetivos: Avaliar a anemia e a insegurança alimentar e nutricional de famílias de crianças em idade pré-escolar: analisar a influência da vulnerabilidade socioeconômica sobre a prevalência da anemia; identificar os padrões alimentares e sua relação com segurança alimentar e estado nutricional; e investigar a relação entre insegurança alimentar e concentração de hemoglobina de pré-escolares. Métodos: A pesquisa foi do tipo transversal. A população investigada foi de pré-escolares inscritos em creches públicas de Taubaté (SP), em 2014, distribuídas em dois grupos diferenciados pelas características socioeconômicas da região onde estão localizadas: região vulnerável e região abastada. O tamanho da amostra foi calculado partindo do pressuposto que a diferença na concentração de hemoglobina (Hb) entre crianças da região vulnerável e abastada fosse equivalente a 1/3 de desvio padrão da média de Hb da população saudável. As variáveis socioeconômicas e demográficas foram coletadas por questionário semi-estruturado. A concentração de Hb foi obtida por meio de punção digital, considerando anemia Hb<11,0g/dL. Para avaliação antropométrica foi realizada a medida de peso e altura e calculados os Z-escores, a situação de IA foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e o consumo alimentar habitual foi investigado por meio de um questionário de frequência alimentar. A análise estatística foi descritiva e analítica, com realização de modelagem múltipla. Resultados: A prevalência de anemia foi em torno de 19 por cento dos pré-escolares e a concentração de Hb indicou diferença entre as crianças das duas regiões da cidade, sendo que pré-escolares das creches de alta vulnerabilidade socioeconômica apresentaram menores valores de Hb (p<0,001). Para melhor entendimento do consumo alimentar, identificou-se cinco Padrões Alimentares (PA): Ocidental; Frutas, verduras e legumes; Prudente; Lácteo e Tradicional, possibilitando perceber que os préescolares de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família apresentavam PA Tradicional, caracterizado pelo consumo de arroz, café e feijão; que está fortemente relacionado ao excesso de peso infantil (p<0,05). Quanto à situação de IA, esta atinge 41,2 por cento das famílias e mesmo que a análise bivariada tenha verificado que a IA influencia a concentração de Hb, após ajuste do modelo multivariado essa associação perdeu a significância (p>0,05). Conclusões: A influência da vulnerabilidade socioeconômica sobre a prevalência da anemia em pré-escolares foi evidenciada, com polarização de condições adversas sobre as creches frequentadas por famílias de baixa renda, de mães com baixa escolaridade e beneficiárias de programa social. Além disso, essas famílias apresentaram maior risco de consumo alimentar inadequado, propiciando problemas nutricionais a longo prazo. Mesmo não havendo associação estatisticamente significante da IA com a concentração de Hb e com indicadores antropométricos, essas relações devem ser encaradas com muita cautela, além de serem descritas e discutidas de forma crítica para ponderação dos resultados de uma escala de percepção, como é o caso da EBIAIntroduction: In Brazil, iron deficiency anemia remains a relevant public health problem, specially for women and children. In this respect, the situation of food insecurity (FI) may prove to be associated with various aspects of structural inequalities and health, as its concept allows addressing various types of nutritional inequities. Objective: Evaluate anemia, food and nutrition insecurity of families of children in preschool age; analyze the influence of socioeconomic vulnerability on the prevalence of anemia; identify dietary patterns and their relation to food security and nutritional status; and investigate the relationship between food insecurity and concentration of preschool hemoglobin. Methods: The study was crosssectional. The investigated population was enrolled preschool children in public day care centers in Taubaté (SP) in 2014, divided into two different groups by socioeconomic characteristics of the region where they are located: vulnerable region and wealthy region. The sample size was calculated on the assumption that the difference in hemoglobin (Hb) between children of vulnerable and wealthy region was equivalent to 1/3 of Hb mean standard deviation of the healthy population. Socioeconomic and demographic variables were collected by semi-structured questionnaire. The Hb concentration was obtained by finger prick, considering anemia Hb <11.0 g/dL. Anthropometric assessment was performed to measure height and weight and calculated the Z-scores, the FI situation was assessed by the Brazilian Food Insecurity Scale (EBIA) and the usual food intake was investigated by means of a food frequency questionnaire. The statistical analysis was descriptive and analytical, with performing multiple modeling. Results: The prevalence of anemia was around 19 per cent of preschool and Hb concentration indicated difference between children of the two areas of the city, and preschool children of high socioeconomic vulnerability creches had lower Hb values (p <0.001). For a better understanding of food consumption I have identified five Dietary patterns (DP) West; Fruits and vegetables; Prudent; Dairy and Traditional, allowing realize that the preschool families benefiting from the Bolsa Família Program had DP Traditional, characterized by the consumption of rice, coffee and beans; that is strongly associated with childhood overweight (p <0.05). As for the FI situation reaches 41.2 per cent of families and even the bivariate analysis has verified that the FI influence the Hb concentration after model multivariate adjustment this association was no longer significant (p> 0.05). Conclusions: The influence of socioeconomic vulnerability on the prevalence of anemia in preschool children was observed, with polarization of adverse conditions on day care frequented by lowincome families, mothers with low education and beneficiaries of social programs. In addition, these families had higher risk of inadequate food consumption, providing long-term nutritional problems. Even with no statistically significant association between FI with Hb concentration and anthropometric indicators such relations should be viewed with caution, and are described and discussed in a critical way for consideration of the results of a sense of scale, such as the EBIABiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSzarfarc, Sophia CornbluthRocha, Élida Mara Braga 2017-02-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-12042017-092947/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-19T06:00:03Zoai:teses.usp.br:tde-12042017-092947Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-19T06:00:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Introdução: No Brasil, a anemia por deficiência de ferro permanece como problema de saúde pública relevante, especialmente para mulheres e crianças. Nessa questão, a situação de insegurança alimentar (IA) pode vir a ser associada a diversos aspectos de desigualdades estruturais e em saúde, visto que seu conceito permite abordar diversos tipos de iniquidades nutricionais. Objetivos: Avaliar a anemia e a insegurança alimentar e nutricional de famílias de crianças em idade pré-escolar: analisar a influência da vulnerabilidade socioeconômica sobre a prevalência da anemia; identificar os padrões alimentares e sua relação com segurança alimentar e estado nutricional; e investigar a relação entre insegurança alimentar e concentração de hemoglobina de pré-escolares. Métodos: A pesquisa foi do tipo transversal. A população investigada foi de pré-escolares inscritos em creches públicas de Taubaté (SP), em 2014, distribuídas em dois grupos diferenciados pelas características socioeconômicas da região onde estão localizadas: região vulnerável e região abastada. O tamanho da amostra foi calculado partindo do pressuposto que a diferença na concentração de hemoglobina (Hb) entre crianças da região vulnerável e abastada fosse equivalente a 1/3 de desvio padrão da média de Hb da população saudável. As variáveis socioeconômicas e demográficas foram coletadas por questionário semi-estruturado. A concentração de Hb foi obtida por meio de punção digital, considerando anemia Hb<11,0g/dL. Para avaliação antropométrica foi realizada a medida de peso e altura e calculados os Z-escores, a situação de IA foi avaliada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e o consumo alimentar habitual foi investigado por meio de um questionário de frequência alimentar. A análise estatística foi descritiva e analítica, com realização de modelagem múltipla. Resultados: A prevalência de anemia foi em torno de 19 por cento dos pré-escolares e a concentração de Hb indicou diferença entre as crianças das duas regiões da cidade, sendo que pré-escolares das creches de alta vulnerabilidade socioeconômica apresentaram menores valores de Hb (p<0,001). Para melhor entendimento do consumo alimentar, identificou-se cinco Padrões Alimentares (PA): Ocidental; Frutas, verduras e legumes; Prudente; Lácteo e Tradicional, possibilitando perceber que os préescolares de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família apresentavam PA Tradicional, caracterizado pelo consumo de arroz, café e feijão; que está fortemente relacionado ao excesso de peso infantil (p<0,05). Quanto à situação de IA, esta atinge 41,2 por cento das famílias e mesmo que a análise bivariada tenha verificado que a IA influencia a concentração de Hb, após ajuste do modelo multivariado essa associação perdeu a significância (p>0,05). Conclusões: A influência da vulnerabilidade socioeconômica sobre a prevalência da anemia em pré-escolares foi evidenciada, com polarização de condições adversas sobre as creches frequentadas por famílias de baixa renda, de mães com baixa escolaridade e beneficiárias de programa social. Além disso, essas famílias apresentaram maior risco de consumo alimentar inadequado, propiciando problemas nutricionais a longo prazo. Mesmo não havendo associação estatisticamente significante da IA com a concentração de Hb e com indicadores antropométricos, essas relações devem ser encaradas com muita cautela, além de serem descritas e discutidas de forma crítica para ponderação dos resultados de uma escala de percepção, como é o caso da EBIA |
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