A aldeia e a cidade: identidade e devir entre os terena da Terra Indígena de Araribá

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Longhini, Leonardo Zaiden
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-10062020-150546/
Resumo: As questões indígenas no Brasil englobam aspectos políticos, sociais, éticos e psicológicos, permeados pela relação histórica desigual entre indígenas e não-indígenas desde o período colonial, envolvendo a escravidão e o extermínio, além de estigmas sociais que se sucederam a processos de marginalização e de etnocídio. A história das populações indígenas no interior do estado de São Paulo não foi diferente. Populações indígenas foram destituídas ou realocadas de seus povoamentos e seus modos de vida constringidos. Foram acusados de serem povos aculturados, que abandonaram suas tradições e por supostamente não possuírem mais traços dignos de suas identidades. Esse estudo elencou como campo empírico de investigação etnopsicológica a aldeia Kopenoti na Terra Indígena de Araribá, no município de Avaí SP, onde contato próximo dos terena com o não indígena impôs mudanças profundas em seus modos de vida. Interagiu-se com a comunidade pesquisada a partir do problema de pesquisa sobre as mudanças identitárias, a juventude e o futuro. Foram feitos registros em caderno de campo e entrevistas transcritas de gravação de áudio. Fez-se também análise cuidadosa sobre a relação do pesquisador com o campo, mirando a organização dos resultados a partir das demandas desse último. Visou-se a construção de conhecimento em coautoria com o campo etnográfico através da instrumentação teórica da Escuta Participante, que orientou a análise sobre as transformações culturais e os processos de identificação e produção da identidade indígena terena. Desvendaram-se modos de ser e de vir a ser próprios dessa etnia, com suas possibilidades e constrições em contato com o mundo do não indígena, revelando uma disputa de regimes simbólicos. Apontou-se para significados particulares dos processos de transformação vividos pela comunidade, como os mecanismos que constringem e violentam esse processo de identificação próprio dos terena, marcados pela angústia, tais como silenciamentos, estranhamentos, impasses simbólicos, problemas no campo da educação e aprendizagem, como da diminuição do uso da linguagem nativa. A análise permitiu contemplar e reafirmar uma gramaticalidade simbólica envolvida na identificação própria dos terena, revelando potenciais para a resolução dos impasses apresentados.
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Foram acusados de serem povos aculturados, que abandonaram suas tradições e por supostamente não possuírem mais traços dignos de suas identidades. Esse estudo elencou como campo empírico de investigação etnopsicológica a aldeia Kopenoti na Terra Indígena de Araribá, no município de Avaí SP, onde contato próximo dos terena com o não indígena impôs mudanças profundas em seus modos de vida. Interagiu-se com a comunidade pesquisada a partir do problema de pesquisa sobre as mudanças identitárias, a juventude e o futuro. Foram feitos registros em caderno de campo e entrevistas transcritas de gravação de áudio. Fez-se também análise cuidadosa sobre a relação do pesquisador com o campo, mirando a organização dos resultados a partir das demandas desse último. Visou-se a construção de conhecimento em coautoria com o campo etnográfico através da instrumentação teórica da Escuta Participante, que orientou a análise sobre as transformações culturais e os processos de identificação e produção da identidade indígena terena. Desvendaram-se modos de ser e de vir a ser próprios dessa etnia, com suas possibilidades e constrições em contato com o mundo do não indígena, revelando uma disputa de regimes simbólicos. Apontou-se para significados particulares dos processos de transformação vividos pela comunidade, como os mecanismos que constringem e violentam esse processo de identificação próprio dos terena, marcados pela angústia, tais como silenciamentos, estranhamentos, impasses simbólicos, problemas no campo da educação e aprendizagem, como da diminuição do uso da linguagem nativa. A análise permitiu contemplar e reafirmar uma gramaticalidade simbólica envolvida na identificação própria dos terena, revelando potenciais para a resolução dos impasses apresentados.Indigenous issues in Brazil encompasses political, social, ethical and psychological aspects, permeated by the unequal historical relationship between indigenous and non-indigenous peoples since the colonial period, involving slavery and extermination, as well as social stigmas that have followed the processes of marginalization and of ethnocide. The history of indigenous populations in the interior of the state of São Paulo was no different. Indigenous peoples were deprived or relocated of their settlements and their constricted ways of life. They were accused of being acculturated peoples, who abandoned their traditions and supposedly had no more traits worthy of their identities. This study listed as an empirical field for ethnopsychological research the Kopenoti village in the Indigenous Land of Araribá, in the municipality of Avaí - SP, where close contact between the non-indigenous and the Terena imposed profound changes in their way of life. Interactions with the researched community based on the research problem were made, about identity changes, youth and the future. Records in field notes and transcribed audio recording interviews were made. A careful analysis of the researcher\'s relationship with the field, looking at the organization of the results based on the latter\'s demands was also made. The aim was to construct knowledge in co-authoring with the ethnographic field through the theoretical instrumentation of Participant Listening, which guided the analysis on the cultural transformations and the processes of identification and production of the Terena indigenous identity. There were noticed ways of being and becoming of this ethnic group, with their possibilities and constrictions in contact with the non-indigenous world, revealing a dispute of symbolic regimes. Particular meanings of the transformation processes lived by the community were pointed out, such as the mechanisms that constricts and violate this process of identification of the terena, marked by anguish, such as silence, strangeness feeling, symbolic impasses, problems in the field of education and learning, and of the diminished use of native language. The analysis allowed contemplating and reaffirming a symbolic grammaticality involved in the proper identification of the terena, revealing potentials for the resolution of impasses presented.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBairrao, Jose Francisco Miguel HenriquesLonghini, Leonardo Zaiden2018-06-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-10062020-150546/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-07-14T21:06:02Zoai:teses.usp.br:tde-10062020-150546Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-07-14T21:06:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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