Cádmio, cobre e zinco no sistema solo-eucalipto tratado com lodo de esgoto: fracionamento, disponibilidade, desenvolvimento e nutrição das plantas

• Autor(a) principal: Thays da Silva Mandu
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.64.2020.tde-19112021-160639

O lodo de esgoto apresenta elevados teores de matéria orgânica e nutrientes em sua composição, fatores estes que despertam interesse acerca de sua reciclagem agrícola como fertilizante ou condicionador das propriedades do solo. No entanto, ao considerar os teores de contaminantes presentes neste resíduo, surge a problemática acerca dos riscos ambientais vinculados à sua aplicação. Nesse contexto, destacam-se os plantios de eucalipto, ideais para aplicação do lodo, por não haver rota de exposição ao homem quanto aos patógenos. Porém, estudos considerando a dinâmica dos elementos potencialmente tóxicos (EPT) no sistema solo-eucalipto, por meio do fracionamento destes elementos no solo durante o cultivo, após a aplicação do lodo, ainda são escassos. Neste sentido, objetivou-se a avaliação da dinâmica de Cd, Cu e Zn no sistema solo-planta em uma área de cultivo de eucalipto tratada com lodo de esgoto. O estudo realizou-se em experimento de campo instalado em fevereiro de 2015, em uma área de plantio comercial de Eucalyptus urograndis da companhia Suzano Papel e Celulose. Avaliou-se seis tratamentos constituídos por combinações de doses de adubo mineral NPK + B + Cu + Zn e de lodo + K, com ou sem P. Em amostras de solo obtidas aos 36 meses após a aplicação do lodo, foram determinados os teores semitotais de Cd, Cu e Zn, assim como realizou-se a extração sequencial destes elementos a fim de avaliar seus teores nas frações: trocável; carbonatada; ligada à matéria orgânica; ligada aos óxidos e à fração residual. Determinou-se os teores de Cd, Cu e Zn nos compartimentos das plantas e na serapilheira acumulada aos 42 meses de plantio, selecionando-se as árvores com base em inventário realizado no mesmo período. A estimativa da biomassa das plantas foi calculada por meio do ajuste de uma equação de regressão a partir dos dados do inventário florestal realizado aos 54 meses de plantio. As determinações elementares dos teores semitotais de Cd, Cu e Zn no solo e dos teores nas plantas foram realizadas por ICP-MS, enquanto as determinações dos teores obtidos nas frações do solo, foram realizadas por ICP-OES. Realizou-se análise de variância e os resultados foram comparados pelo teste de Tukey (p0,05). Os resultados mostraram que os teores de Cd, Cu e Zn no solo estão dentro dos valores de referência da qualidade do solo preconizados pela CETESB, não conferindo aspectos de contaminação ambiental por estes EPT, a partir das doses de lodo de esgoto. O fracionamento de EPT no solo mostrou influência significativa da dose de 100% de lodo para o teor de Cd associado à matéria orgânica; e da dose de 150% de lodo para os teores de Zn associados às frações ligadas à matéria orgânica e oxídica. A maior produção de biomassa de plantas foi obtida no tratamento com a dose de 100 % de lodo de esgoto complementada com P, mas as concentrações dos EPT nos compartimentos das plantas e na serapilheira, assim como seus estoques não apresentaram diferenças estatísticas significativas para nenhum dos tratamentos nas condições avaliadas. Desta forma, observou-se que a aplicação do lodo de esgoto pode contribuir com a maior biomassa de plantas em relação ao tratamento controle, sem prejudicar o estado nutricional das plantas e a qualidade do solo