Depósitos pleistocenos da região de confluência dos rios Negro e Solimões, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Soares, Emilio Alberto Amaral
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-14082008-141522/
Resumo: Mudanças paleoclimáticas desde o Paleógeno na Amazônia são indicadas pela ocorrência de paleossolos lateríticos que limitam as principais unidades sedimentares da sucessão cretácea a pleistocena. Esses paleossolos podem ser usados como marcos estratigráficos regionais e mostram nítida correlação com as superfícies de descontinuidades definidas para a Amazônia Oriental, nas plataformas Bragantina e do Pará. Os eventos dos últimos 70.000 anos da história do sistema fluvial Solimões-Amazonas estão registrados nos terraços fluvias da região de confluência dos rios Negro e Solimões, depositados sobre unidades siliciclásticas do embasamento cretáceo e mioceno. Esforços distensionais de direção geral NE-SW originaram depressões tectônicas que controlaram a sedimentação pleistocena, influenciada pela dinâmica dos rios Solimões (grábens do Paraná do Ariaú - GPA e do Lago do Miriti - GLM) e Negro (grábens do Cacau do Pirera - GCP e da Cachoeira do Castanho - GCC). Os terraços do GPA e GCC estão relacionados à instalação de sistemas meandrantes secundários com desenvolvimento de planície aluvial, enquanto os GCP e GLM funcionaram como áreas alagadas e restritas, onde predominou a sedimentação por suspensão. As unidades pleistocenas estão preservadas em três níveis de terraços fluviais, datados entre 66.000 e 6.600 anos AP. Registro de paleossismicidade foi evidenciada pela presença de níveis deformados por liqüefação, que revelou o caráter episódico e recorrente deste tipo de evento na Amazônia, desde o Pleistoceno Superior. Enquanto o Rio Negro sempre apresentou estilo retilíneo, confinado nas rochas do embasamento (Cretáceo e Mioceno) e com planície restrita, o padrão fluvial do Rio Solimões mudou nos últimos 6.000 anos. Os terraços do rio Solimões exibem morfologia de barras de acresção com estratificação heterolítica inclinada, indicativa de padrão meandrante, que predominou no intervalo datado entre 66.000 e 6.000 anos AP. A posterior subida do nível do mar, concomitante com a mudança para clima mais úmido, causou o aumento da taxa de agradação dos finos de suspensão e permitiu maior coesão das margens do canal, estabilizado também pela implantação de abundante vegetação. Estas condições predominaram a partir de 6.000 anos AP e favoreceram o desenvolvimento do atual estilo anastomosado-anabranching do sistema Solimões-Amazonas.
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Esforços distensionais de direção geral NE-SW originaram depressões tectônicas que controlaram a sedimentação pleistocena, influenciada pela dinâmica dos rios Solimões (grábens do Paraná do Ariaú - GPA e do Lago do Miriti - GLM) e Negro (grábens do Cacau do Pirera - GCP e da Cachoeira do Castanho - GCC). Os terraços do GPA e GCC estão relacionados à instalação de sistemas meandrantes secundários com desenvolvimento de planície aluvial, enquanto os GCP e GLM funcionaram como áreas alagadas e restritas, onde predominou a sedimentação por suspensão. As unidades pleistocenas estão preservadas em três níveis de terraços fluviais, datados entre 66.000 e 6.600 anos AP. Registro de paleossismicidade foi evidenciada pela presença de níveis deformados por liqüefação, que revelou o caráter episódico e recorrente deste tipo de evento na Amazônia, desde o Pleistoceno Superior. Enquanto o Rio Negro sempre apresentou estilo retilíneo, confinado nas rochas do embasamento (Cretáceo e Mioceno) e com planície restrita, o padrão fluvial do Rio Solimões mudou nos últimos 6.000 anos. Os terraços do rio Solimões exibem morfologia de barras de acresção com estratificação heterolítica inclinada, indicativa de padrão meandrante, que predominou no intervalo datado entre 66.000 e 6.000 anos AP. A posterior subida do nível do mar, concomitante com a mudança para clima mais úmido, causou o aumento da taxa de agradação dos finos de suspensão e permitiu maior coesão das margens do canal, estabilizado também pela implantação de abundante vegetação. Estas condições predominaram a partir de 6.000 anos AP e favoreceram o desenvolvimento do atual estilo anastomosado-anabranching do sistema Solimões-Amazonas.Paleoclimatic changes since Paleogene in Amazônia are indicated by the presence of lateritic paleosoils that limit the main sedimentary units of Cretaceous to Pleistocene succession. Such paleosoils can be used as regional stratigraphic markers and show a clear correlation with the discontinuity surfaces defined in eastern Amazônia (Bragantina and Pará platforms). The events of the last 70,000 yr of the history of the Solimões-Amazon river system are recorded in the fluvial terraces of the region of confluence of Negro and Solimões rivers, developed over siliciclastics units of the Cretaceous and Miocene basement. Extension tectonics with NE-SW direction originated tectonic depressions that have controlled the Pleistocene sedimentation influenced by Solimões River (Paraná do Ariaú - GPA and Lago do Miriti - GLM grabens) and Negro River (Cacau do Pirera - GCP and Cachoeira do Castanho - GCC grabens) dynamics. The terraces of GPA e GCC are related to secondary meander systems with development of flood plain, whereas the GCP and GLM served as restricted flooded zones with predominance of suspension sedimentation. The Pleistocene units occurs in three levels of terraces dated between 64.000 and 6.000 yrs BP. Record of paleoseismicity was evidenced by the presence of deformed beds due to liquefaction, showing the episodic and recurring nature of this kind of event in the Amazon Region since the Late Pleistocene. The Negro River always exhibited a straight channel style, confined in basement Cretaceous and Miocene rocks and with restricted alluvial plain, but the fluvial pattern of the Solimões river changed in the last 6.000 years BP. The terraces of Solimões River show scroll bars morphology with inclined heterolithic stratification, indicating a meandering channel pattern that predominated between 66.000 and 6.000 yr BP. The subsequent sea level rise, together with the change to a more humid climate, caused an increased aggradation rate of suspended fines allowing a greater cohesion of channel margin stabilized by the growth of abundant vegetation. Such conditions prevailed from 6.000 yr BP and favored the development of the current anastomosing- anabranching style of the Solimões-Amazonas river system.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRiccomini, ClaudioSoares, Emilio Alberto Amaral2007-10-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-14082008-141522/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:56Zoai:teses.usp.br:tde-14082008-141522Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:56Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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