As formações superficiais do Noroeste do Paraná e sua relação com o arenito Caiuá

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gasparetto, Nelson Vicente Lovatto
Data de Publicação: 1999
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44134/tde-09122015-111333/
Resumo: As formações superficiais de textura arenosa que recobrem o Arenito Caiuá, na região noroeste do Paraná, têm sido consideradas como de origem coluvial e formadas durante o predomínio de climas semi-áridos desenvolvidos no Quaternário. Estudos detalhados realizados em três áreas (topossequências do sítio Três Leões, de Sumaré e de Umuarama) permitiram verificar suas relações com o Arenito Caiuá. Pelas análises das topossequências, ficou comprovado que existe íntima relação entre a morfologia e a dinâmica da cobertura pedológica. Nas vertentes longas e pouco inclinadas, encontram-se latossolos profundos, enquanto, nas vertentes mais curtas e mais dissecadas, ocorrem solos mais rasos, que se tornam menos espessos em direção a jusante. Nos dois casos, os volumes pedológicos são concordantes com a superfície do terreno. As análises micromorfológicas mostram que, ao longo das sequências, ocorre transferência de matéria. O desmantelamento da estrutura porfírica, que se transforma em quitônica, enaúlica e mônica pela remobilização do plasma; fissuração, fragmentação e deslocamento de pequenos fragmentos de cutãs e de nódulos ferruginosos; presença de domínios, nos horizontes superiores, com perdas acentuadas de argila; dissolução do esqueleto são feições que indicam perda e remobilizações de materiais. Ao contrário, a transformação por acumulação de argila das estruturas quitônica e enaúlica em porfírica; preenchimento dos poros maiores, dando origem a cutãs; redução acentuada da porosidade, são resultantes de ganhos e reorganizações dos materiais. Essas mudanças caracterizam coberturas superficiais em transformação, pois é visível a mudança do B latossólico em B textural, a partir da média alta-vertente e, deste, em areias quatzosas no final da vertente. O quartzo é o mineral predominante tanto nos solos como no arenito sotoposto, associado com a caulinita e óxidos de ferro. A assembléia de minerais pesados é formada de minerais opacos, como hematita, magnetita, ilmenita e leucoxênio, e não-opacos, como estaurolita, turmalina, zircão e rutilo. A matriz do arenito e o plasma das formações superficiais apresentam a mesma composição química, constituída basicamente por caulinita pobremente cristalizada e por hidróxidos de ferro. As vertentes onde foram analisadas as topossequências estão relacionadas a uma superfície de erosão definida por Bigarella et al. (1965) como Pd1, a qual, desde o final do período Terciário, vem sendo remodelada sob condições climáticas que, durante o Quaternário, se alternaram entre períodos mais secos e períodos mais úmidos. Contudo, as oscilações climáticas não deixaram nesses materiais vestígios claros. As variações laterais observadas na organização da cobertura pedológica são resultantes do recuo das cabeceiras de drenagem sobre os interflúvios e do aprofundamento dos vales. Os mecanismos que controlam esse recuo e o aprofundamento podem ser de origem climática e tectônica. Acredita-se, portanto, que as formações superficiais ocorrentes na região noroeste do Paraná são originadas do Arenito Caiuá por alteração in situ, e que, se houve retrabalhamentos de materiais ao longo das vertentes, estes são de difícil identificação. Quando ocorrem, estão relacionados a fundos de vales, nichos de nascentes e pequenas bacias de recepção. No entanto, a mobilidade de materiais torna-se clara quando há depósitos coluviais, de origem antrópica, formados após a retirada da mata.
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As análises micromorfológicas mostram que, ao longo das sequências, ocorre transferência de matéria. O desmantelamento da estrutura porfírica, que se transforma em quitônica, enaúlica e mônica pela remobilização do plasma; fissuração, fragmentação e deslocamento de pequenos fragmentos de cutãs e de nódulos ferruginosos; presença de domínios, nos horizontes superiores, com perdas acentuadas de argila; dissolução do esqueleto são feições que indicam perda e remobilizações de materiais. Ao contrário, a transformação por acumulação de argila das estruturas quitônica e enaúlica em porfírica; preenchimento dos poros maiores, dando origem a cutãs; redução acentuada da porosidade, são resultantes de ganhos e reorganizações dos materiais. Essas mudanças caracterizam coberturas superficiais em transformação, pois é visível a mudança do B latossólico em B textural, a partir da média alta-vertente e, deste, em areias quatzosas no final da vertente. O quartzo é o mineral predominante tanto nos solos como no arenito sotoposto, associado com a caulinita e óxidos de ferro. A assembléia de minerais pesados é formada de minerais opacos, como hematita, magnetita, ilmenita e leucoxênio, e não-opacos, como estaurolita, turmalina, zircão e rutilo. A matriz do arenito e o plasma das formações superficiais apresentam a mesma composição química, constituída basicamente por caulinita pobremente cristalizada e por hidróxidos de ferro. As vertentes onde foram analisadas as topossequências estão relacionadas a uma superfície de erosão definida por Bigarella et al. (1965) como Pd1, a qual, desde o final do período Terciário, vem sendo remodelada sob condições climáticas que, durante o Quaternário, se alternaram entre períodos mais secos e períodos mais úmidos. Contudo, as oscilações climáticas não deixaram nesses materiais vestígios claros. As variações laterais observadas na organização da cobertura pedológica são resultantes do recuo das cabeceiras de drenagem sobre os interflúvios e do aprofundamento dos vales. Os mecanismos que controlam esse recuo e o aprofundamento podem ser de origem climática e tectônica. Acredita-se, portanto, que as formações superficiais ocorrentes na região noroeste do Paraná são originadas do Arenito Caiuá por alteração in situ, e que, se houve retrabalhamentos de materiais ao longo das vertentes, estes são de difícil identificação. Quando ocorrem, estão relacionados a fundos de vales, nichos de nascentes e pequenas bacias de recepção. No entanto, a mobilidade de materiais torna-se clara quando há depósitos coluviais, de origem antrópica, formados após a retirada da mata.The sandy surface formations that re-cover Caiuá sandstone, in the northwestern area of the state of Paraná, Brazil, have been considered as of colluvial origin formed during the predominance of dry climates occurring over the Quaternary. Detailed studies carried out in the three different areas (Três Leões, in the municipality of Cianorte, Sumaré, in the municipality of Paranavaí, and in the municipality of Umuarama toposequences) made it possibile to verify their relationship with Caiuá sandstone. These toposequences analyses demonstrated the existence of a close relationship between the morphology and the dynamics of the pedological cover. In long and gentle slopes there are deep latosols while in shorter and steeper slopes there are shallower soils that become thinner downstream. In both cases the pedological volumes are in harmony with the soil surface. The micromorphological analyses showed that there occurs a transference of material along the toposequences. Porphyric structure dismantling, which is transformed into chitonic, enaulic and monic structure through plasma reworking, fissuration, fragmentation and displacement of small fragments of coatings and ferruginous nodules, presence of dominions on the upper horizons with severe losses of clay and skeleton dissolution are all forms that indicate loss and reworking of materials. On the contrary, the transformation through clay accumulation of chitonic and enaulic into porphyric structure, the fulfillment of bigger pores originating coatings and intense porosity decrease are resultant from material gain and rearrangement. These reorganizations characterize changing surface covers because the transformation of latosol B into textural soil B, at the upper half of the slope, and then into quartzose sands, at the lower part of the slope, is visible. Quartz is the prevailing mineral both in soil and in the underlying sandstones, associated with kaolinite and iron oxides. The assembly of heavy minerals is constituted by opaque minerals such as hematite, magnetite, ilmenite and leucoxene and transparent minerals such as staurolite, tourmaline, zircon an rutile. The sandstone matrix and the plasma of the suface formations show to have the same chemical composition constituted basically by kaolinite poorly cristallized and by iron hydroxides. The slopes in which the toposequences were analyzed are related to erosive surface defined by Bigarellas et al. (1965) as Pd1, which from the final part of the Terciary has been remodeled under alternate dry and wet climatic conditions during the Quaternary. These climatic oscallations, however, have not left clear indices in these materials. The lateral variations verified in pedological cover formation result from the draining slopes receding towards the watershed and from the valley deepening. The controlling mechanisms of this recession and deepening may be of climatic and tectonic origin. It is believed, therefore, that the surface formation verified in the northwestern area of the state of Paraná were originated from Caiuá sandstone through in situ alterations and that the possible reworkings of materials along the slopes are difficult to be identified. But when occurring they are related to the foot of the valley slopes, to underground water sources and to small reception basins. But the movability of materials becomes evident when there are colluvial deposits, of anthropological origin, formed after the forest cover removal.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCarvalho, AdilsonGasparetto, Nelson Vicente Lovatto1999-09-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44134/tde-09122015-111333/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:58Zoai:teses.usp.br:tde-09122015-111333Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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