Influência do gradiente urbano-rural na quiropterofauna e o risco associado à transmissão de patógenos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-29012024-151407/ |
Resumo: | Os morcegos podem sofrer diferentes tipos de impacto causados pelo homem. Desta forma, é fundamental o conhecimento a respeito de como as espécies reagem à medida que os ecossistemas se modificam e como a diversidade é alterada e suportada ao longo do espaço e do tempo, especialmente nas cidades. Das 182 espécies registradas no Brasil, ao menos 84 (46,15%) ocorrem em áreas urbanas. Em um gradiente que parta de uma área conservada em direção à matriz urbana, é esperado que haja uma alteração na comunidade de morcegos. O surgimento de uma zoonose está relacionado a fatores que permitem que o agente patogênico explore novos nichos e se adapte a novos hospedeiros. Os morcegos são relevantes para investigações epidemiológicas, por serem potenciais reservatórios de patógenos, sendo necessário entender os agentes patogênicos de doenças infecciosas relacionados a eles. Este trabalho teve por objetivo determinar a variação da quiropterofauna em um gradiente dado pela mata conservada, área rural e matriz urbana, avaliando os riscos sanitários associados. Para isso, na Região Metropolitana de São Paulo, foram selecionadas seis áreas amostrais: floresta preservada, rural, residencial com casas, residencial com habitações populares, residencial verticalizada e industrial/comercial. Nessas áreas, foram analisadas variáveis ambientais. Em cada área, os morcegos foram capturados e analisados quanto à presença do vírus da raiva, coronavírus, Leptospira spp., enterobactérias e Staphylococcaceae. Foi capturado um total de 293 morcegos, pertencentes a 18 espécies. A área conservada apresentou os melhores índices de diversidade e a presença de indicadores de ambiente preservado. Foi constatado um gradiente nas demais áreas amostradas, conforme aumentava a distância da área preservada, seguindo um eixo desde o centro da cidade de São Paulo até a Reserva do Morro Grande, em Cotia. Este padrão se manteve onde áreas mais preservadas foram mais escuras e silenciosas que as áreas no centro urbano. Não foram encontrados resultados positivos para os vírus, enquanto que para Salmonella spp. e Leptospira spp. foram encontrados positivos. Quanto às enterobactérias, foram obtidos 252 isolados de, pelo menos, 41 espécies, em 174 morcegos. Para Staphylococcaceae, foram isolados 63 amostras de nove espécies, em 147 morcegos. Apesar da não detecção de vírus nas amostras, várias espécies de bactérias foram isoladas, sendo possível associá-las aos ambientes em que os morcegos foram capturados, assim como os outros critérios avaliados. A descrição dos patógenos circulantes nas populações de morcegos permite a elaboração de planos de contingência para mitigar o risco de transbordamento para humanos e animais. A presença de morcegos nas áreas amostradas na matriz urbana, reforça a importância dos corredores verdes para o deslocamento dos animais, contribuindo para a preservação da biodiversidade em meio à cidade. |
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Influência do gradiente urbano-rural na quiropterofauna e o risco associado à transmissão de patógenosInfluence of the urban-rural gradient on the chiropterofauna and the risk associated with the transmission of pathogensBatEcologia urbanaEnterobacteriaEnterobactériaMorcegoStaphylococcaceaeStaphylococcaceaeUrban ecologyZoonosesZoonosisOs morcegos podem sofrer diferentes tipos de impacto causados pelo homem. Desta forma, é fundamental o conhecimento a respeito de como as espécies reagem à medida que os ecossistemas se modificam e como a diversidade é alterada e suportada ao longo do espaço e do tempo, especialmente nas cidades. Das 182 espécies registradas no Brasil, ao menos 84 (46,15%) ocorrem em áreas urbanas. Em um gradiente que parta de uma área conservada em direção à matriz urbana, é esperado que haja uma alteração na comunidade de morcegos. O surgimento de uma zoonose está relacionado a fatores que permitem que o agente patogênico explore novos nichos e se adapte a novos hospedeiros. Os morcegos são relevantes para investigações epidemiológicas, por serem potenciais reservatórios de patógenos, sendo necessário entender os agentes patogênicos de doenças infecciosas relacionados a eles. Este trabalho teve por objetivo determinar a variação da quiropterofauna em um gradiente dado pela mata conservada, área rural e matriz urbana, avaliando os riscos sanitários associados. Para isso, na Região Metropolitana de São Paulo, foram selecionadas seis áreas amostrais: floresta preservada, rural, residencial com casas, residencial com habitações populares, residencial verticalizada e industrial/comercial. Nessas áreas, foram analisadas variáveis ambientais. Em cada área, os morcegos foram capturados e analisados quanto à presença do vírus da raiva, coronavírus, Leptospira spp., enterobactérias e Staphylococcaceae. Foi capturado um total de 293 morcegos, pertencentes a 18 espécies. A área conservada apresentou os melhores índices de diversidade e a presença de indicadores de ambiente preservado. Foi constatado um gradiente nas demais áreas amostradas, conforme aumentava a distância da área preservada, seguindo um eixo desde o centro da cidade de São Paulo até a Reserva do Morro Grande, em Cotia. Este padrão se manteve onde áreas mais preservadas foram mais escuras e silenciosas que as áreas no centro urbano. Não foram encontrados resultados positivos para os vírus, enquanto que para Salmonella spp. e Leptospira spp. foram encontrados positivos. Quanto às enterobactérias, foram obtidos 252 isolados de, pelo menos, 41 espécies, em 174 morcegos. Para Staphylococcaceae, foram isolados 63 amostras de nove espécies, em 147 morcegos. Apesar da não detecção de vírus nas amostras, várias espécies de bactérias foram isoladas, sendo possível associá-las aos ambientes em que os morcegos foram capturados, assim como os outros critérios avaliados. A descrição dos patógenos circulantes nas populações de morcegos permite a elaboração de planos de contingência para mitigar o risco de transbordamento para humanos e animais. A presença de morcegos nas áreas amostradas na matriz urbana, reforça a importância dos corredores verdes para o deslocamento dos animais, contribuindo para a preservação da biodiversidade em meio à cidade.Bats can be affected by different types of human-induced impacts. Understanding how species respond as ecosystem change and how diversity is altered and maintained over space and time, especially in cities, is crucial. Of the 182 bat species recorded in Brazil, at least 84 (46.15%) are found in urban areas. Along a gradient from a protected area towards to the urban matrix, changes in the bat community are expected. The emergence of a zoonosis is related to factors that allow the pathogen to explore new niches and adapt to new hosts. Bats are relevant for epidemiological investigations as potential reservoirs of pathogens, which requires an understanding of the infectious disease agents associated with them. This study aimed to determine the variation in chiropterofauna across a gradient defined by the urban, rural, and protected forest matrix, while assessing the associated health risks. For this purpose, six sample areas were selected in the metropolitan region of São Paulo: preserved forest, rural, residential with houses, residential with low-income housing, vertical residential, and industrial/commercial areas. Environmental variables were analyzed. In each area, bats were captured during field campaigns and sampled for the presence of rabies virus, coronaviruses, Leptospira spp., enterobacteria, and Staphylococcaceae. A total of 293 bats belonging to 18 species were captured. The protected area showed the highest diversity indices and indicators of protected environments. A gradient with distance from the protected area was observed in the other sampled areas, following an axis from downtown São Paulo to the Morro Grande reserve. This pattern persisted, with more protected areas being darker and quieter than areas in the city center. No positive results were found for viruses, while positive results were found for Salmonella spp. and Leptospira spp. For enterobacteria, 252 isolates of at least 41 species were obtained from 174 bats. For Staphylococcaceae, 63 samples of nine species were isolated from 147 bats. Despite the lack of virus detection in the samples, several bacterial species were isolated, allowing their association with the environments in which the bats were captured, as well as other evaluated criteria. The description of circulating pathogens in bat populations allows the development of contingency plans to reduce the risk of spillover to humans and animals. The presence of bats in the sampled areas within the urban matrix and contributes to the importance of green corridors for animal movement and contributes to the conservation of biodiversity within the city.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPDias, Ricardo AugustoBrito, João Eduardo Cavalcanti2023-11-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-29012024-151407/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-10-09T13:16:04Zoai:teses.usp.br:tde-29012024-151407Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-10-09T13:16:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Os morcegos podem sofrer diferentes tipos de impacto causados pelo homem. Desta forma, é fundamental o conhecimento a respeito de como as espécies reagem à medida que os ecossistemas se modificam e como a diversidade é alterada e suportada ao longo do espaço e do tempo, especialmente nas cidades. Das 182 espécies registradas no Brasil, ao menos 84 (46,15%) ocorrem em áreas urbanas. Em um gradiente que parta de uma área conservada em direção à matriz urbana, é esperado que haja uma alteração na comunidade de morcegos. O surgimento de uma zoonose está relacionado a fatores que permitem que o agente patogênico explore novos nichos e se adapte a novos hospedeiros. Os morcegos são relevantes para investigações epidemiológicas, por serem potenciais reservatórios de patógenos, sendo necessário entender os agentes patogênicos de doenças infecciosas relacionados a eles. Este trabalho teve por objetivo determinar a variação da quiropterofauna em um gradiente dado pela mata conservada, área rural e matriz urbana, avaliando os riscos sanitários associados. Para isso, na Região Metropolitana de São Paulo, foram selecionadas seis áreas amostrais: floresta preservada, rural, residencial com casas, residencial com habitações populares, residencial verticalizada e industrial/comercial. Nessas áreas, foram analisadas variáveis ambientais. Em cada área, os morcegos foram capturados e analisados quanto à presença do vírus da raiva, coronavírus, Leptospira spp., enterobactérias e Staphylococcaceae. Foi capturado um total de 293 morcegos, pertencentes a 18 espécies. A área conservada apresentou os melhores índices de diversidade e a presença de indicadores de ambiente preservado. Foi constatado um gradiente nas demais áreas amostradas, conforme aumentava a distância da área preservada, seguindo um eixo desde o centro da cidade de São Paulo até a Reserva do Morro Grande, em Cotia. Este padrão se manteve onde áreas mais preservadas foram mais escuras e silenciosas que as áreas no centro urbano. Não foram encontrados resultados positivos para os vírus, enquanto que para Salmonella spp. e Leptospira spp. foram encontrados positivos. Quanto às enterobactérias, foram obtidos 252 isolados de, pelo menos, 41 espécies, em 174 morcegos. Para Staphylococcaceae, foram isolados 63 amostras de nove espécies, em 147 morcegos. Apesar da não detecção de vírus nas amostras, várias espécies de bactérias foram isoladas, sendo possível associá-las aos ambientes em que os morcegos foram capturados, assim como os outros critérios avaliados. A descrição dos patógenos circulantes nas populações de morcegos permite a elaboração de planos de contingência para mitigar o risco de transbordamento para humanos e animais. A presença de morcegos nas áreas amostradas na matriz urbana, reforça a importância dos corredores verdes para o deslocamento dos animais, contribuindo para a preservação da biodiversidade em meio à cidade. |
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