Inferências ambientais a partir dos isótopos estáveis (13C e 18O) e idades de arvores naturais da floresta Amazônica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moreira, Marcelo Zacharias
Data de Publicação: 1988
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/64131/tde-20231122-100223/
Resumo: Inferências qualitativas do passado climático recente (±500 anos) da bacia Amazônica, da qual não existem registros instrumentais dos principais parâmetros climáticos mais longos que 70 anos, foram levantadas com base na variação da razão isotópica de 13C e 18O da celulose isolada de árvores naturais. As idades das árvores de terra firme (e uma da várzea) das regiões de Boa Vista (RR), Manaus (AM) e Porto Velho (RO) foram estimadas por um novo método usando radiocarbono (14C), a partir de taxas de crescimento extrapoladas das atividades no CO2 atmosférico, encontrando árvores de 60 a 600 anos. A celulose, isolada pelo método de GREEN (1963), foi convertida a CO2 por reação com HgCl2 e purificado por uma versão modificada do método de RITTENBERG e PONTICORVO (1956), para análise de 18O por espectrometria de massa, com uma precisão melhor que ±0,4‰ V-SMOW. Para análise de 13C, a matéria orgânica foi oxidada a CO2 por combustão com CuO, com precisão melhor que ±0,2‰ PDB. Uma tendência de diluição do 13C do CO2 atmosférico, observada pela correspondente diluição no teor isotópico da celulose, detectada nos estudos similares do hemisfério norte, foi também encontrada nas árvores mais antigas e nas mais jovens que cresceram livres dos efeitos de tamponamento climático da floresta. Efeitos de juventude foram detectados em arvores que se desenvolveram sob a copa da floresta e um efeito associado de menor temperatura foi sugerido para explicar teores muito negativos na madeira. Três períodos de maior umidade relativa ar foram sugeridos pela análise da variação natural da razão isotópica de 18O na celulose com base nos atuais modelos interligando estas variáveis. Em 1700, 1600-50 e nas últimas décadas, a umidade relativa do ar teria sido até 9,4% maior que os outros períodos cobertos por estas árvores. Análises mais sistemáticas deverão ser implantadas para o refino destas inferências, se modo a complementar informações paleoclimáticas daquela região e confirmar evidências de outras áreas como a palinologia e estudos em sedimentos.
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spelling Inferências ambientais a partir dos isótopos estáveis (13C e 18O) e idades de arvores naturais da floresta AmazônicaEnvironmental inferences by stable isotopes (13C and 18O) and ages of Amazonian Natural Forest TreesÁRVORES FLORESTAISCARBONO 13DENDROCRONOLOGIAFLORESTA AMAZÔNICAISÓTOPOS ESTÁVEISOXIGÊNIO 18Inferências qualitativas do passado climático recente (±500 anos) da bacia Amazônica, da qual não existem registros instrumentais dos principais parâmetros climáticos mais longos que 70 anos, foram levantadas com base na variação da razão isotópica de 13C e 18O da celulose isolada de árvores naturais. As idades das árvores de terra firme (e uma da várzea) das regiões de Boa Vista (RR), Manaus (AM) e Porto Velho (RO) foram estimadas por um novo método usando radiocarbono (14C), a partir de taxas de crescimento extrapoladas das atividades no CO2 atmosférico, encontrando árvores de 60 a 600 anos. A celulose, isolada pelo método de GREEN (1963), foi convertida a CO2 por reação com HgCl2 e purificado por uma versão modificada do método de RITTENBERG e PONTICORVO (1956), para análise de 18O por espectrometria de massa, com uma precisão melhor que ±0,4‰ V-SMOW. Para análise de 13C, a matéria orgânica foi oxidada a CO2 por combustão com CuO, com precisão melhor que ±0,2‰ PDB. Uma tendência de diluição do 13C do CO2 atmosférico, observada pela correspondente diluição no teor isotópico da celulose, detectada nos estudos similares do hemisfério norte, foi também encontrada nas árvores mais antigas e nas mais jovens que cresceram livres dos efeitos de tamponamento climático da floresta. Efeitos de juventude foram detectados em arvores que se desenvolveram sob a copa da floresta e um efeito associado de menor temperatura foi sugerido para explicar teores muito negativos na madeira. Três períodos de maior umidade relativa ar foram sugeridos pela análise da variação natural da razão isotópica de 18O na celulose com base nos atuais modelos interligando estas variáveis. Em 1700, 1600-50 e nas últimas décadas, a umidade relativa do ar teria sido até 9,4% maior que os outros períodos cobertos por estas árvores. Análises mais sistemáticas deverão ser implantadas para o refino destas inferências, se modo a complementar informações paleoclimáticas daquela região e confirmar evidências de outras áreas como a palinologia e estudos em sedimentos.Qualitative interpretations of recent past climate (±500 years) in the Amazon Basin - a region where no instrumental records for the main climate parameters exist over the last 70 years – were surveyed based on the isotopic variation of the 13C and 18O contents in cellulose isolated from natural trees. Trees from terra firme and from várzea environments collected in the regions of Boa Vista (PR), Manaus (AM) and Porto Velho (RO) had their ages estimated by the radiocarbon method extrapolated from growth rates obtained from atmospheric CO2 activities. Tree ages from 60 to 600 years were found. Analysis of the 18O content by mass spectrometry was done on cellulose material isolated through the method described by GREEN (1963). ln this procedure the cellulose was converted to CO2 by a reaction with HgCl2 and purified by using method originally developed by RITTENBERG AND PONTICORVO (1956). The overall precision was better than ±0.4 ‰ V-SMOW. The 13C analysis on the organic matter was done on CO2 collected from an oxidation reaction by using CuO as a reagent. The analytical precision was better than ±0.2 ‰ PDB. A trend, in terms of isotopic dilution of 13C, similar to that observed in the Northern Hemisphere trees was also documented in the older trees in this study. For the younger individuals it was possible to show that they have grown without being influenced by the so-called “climatic buffer effect” in forests. Juvenile effect was detected in trees growing under the forest canopy and a temperature effect was postulated to explain isotopic depleted values observed in the wood. From the 18O, three periods of elevated relative humidity (near 1700; 1600-1850; recent decades) could be postulated. A more systematic study has been planned for the near future in association with research in the area of palynology and lake sediments, with the aim to corroborate these findings.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMozeto, Antonio AparecidoMoreira, Marcelo Zacharias1988-09-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/64131/tde-20231122-100223/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-09T14:27:02Zoai:teses.usp.br:tde-20231122-100223Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-09T14:27:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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