O sertão na transversal do tempo: a territorialização na Serra do Cabral
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-12112021-142136/ |
Resumo: | Pressupondo a conexão entre sertão e território, a tese aborda o processo de povoamento da Serra do Cabral a partir da imposição da sociabilidade moderna ocidental, incutida ao longo da conformação do capitalismo no seu movimento de vir a ser a relação social mundial por excelência até a contemporaneidade. Retomando a historiografia de ocupação dos sertões norte-mineiros pela pecuária bovina extensiva e pelo garimpo de diamantes, a Serra do Cabral é concebida como parte do encadeamento moderno de territorialização do capital nos momentos colonial e de país independente. No decurso da expansão do sistema produtor de mercadorias sobre os espaços apropriados, as formas particulares de produção originaram relações sociais intrínsecas àquela realidade, muitas vezes em embate na contradição em processo do próprio capital. Assim, a Serra do Cabral, enquanto sertão, tem seus arcaísmos reinventados a partir de poderes e interesses específicos, sem deixar de gerar valor. Com a centralização do Estado e a nitidez nos movimentos de autonomização dos fatores de produção - em especial terra, trabalho e capital -, o planejamento descobre a Serra como integrante regional da Sudene, vista como receptáculo das políticas autoritárias no ensejo de transformação das forças produtivas e de estímulo à superacumulação. A decadência econômica das atividades históricas matrizes da ocupação, sobretudo o garimpo, não impede a sua realização clandestina por sujeitos expropriados, que complementam seus ganhos com a coleta de frutos do mato. Relegadas as economias de pecuária e garimpo, ganha vulto a silvicultura, alterando não apenas as relações de produção, já concordes com o desenvolvimentismo das siderúrgicas e de toda a industrialização dependente, como também a existência dos sertanejos, expelidos da realização econômica e condenados à descartabilidade como consequência da pura valorização do valor. Estando os fatores cindidos e transformados em mercadoria, dificultando a reprodução social dos homens e mulheres que vivem nos municípios, roças e povoados da Serra, a toada ecológica soa como o cântico da salvação no devaneio do fracasso da modernização, repondo os movimentos de territorialização do valor-dissociação. |
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No decurso da expansão do sistema produtor de mercadorias sobre os espaços apropriados, as formas particulares de produção originaram relações sociais intrínsecas àquela realidade, muitas vezes em embate na contradição em processo do próprio capital. Assim, a Serra do Cabral, enquanto sertão, tem seus arcaísmos reinventados a partir de poderes e interesses específicos, sem deixar de gerar valor. Com a centralização do Estado e a nitidez nos movimentos de autonomização dos fatores de produção - em especial terra, trabalho e capital -, o planejamento descobre a Serra como integrante regional da Sudene, vista como receptáculo das políticas autoritárias no ensejo de transformação das forças produtivas e de estímulo à superacumulação. A decadência econômica das atividades históricas matrizes da ocupação, sobretudo o garimpo, não impede a sua realização clandestina por sujeitos expropriados, que complementam seus ganhos com a coleta de frutos do mato. Relegadas as economias de pecuária e garimpo, ganha vulto a silvicultura, alterando não apenas as relações de produção, já concordes com o desenvolvimentismo das siderúrgicas e de toda a industrialização dependente, como também a existência dos sertanejos, expelidos da realização econômica e condenados à descartabilidade como consequência da pura valorização do valor. Estando os fatores cindidos e transformados em mercadoria, dificultando a reprodução social dos homens e mulheres que vivem nos municípios, roças e povoados da Serra, a toada ecológica soa como o cântico da salvação no devaneio do fracasso da modernização, repondo os movimentos de territorialização do valor-dissociação.Assuming the connection between sertão and territory, in this study we approach the process of settlement on Serra do Cabral from the imposition of modern Western sociability, instilled along the conformation of capitalism in its movement of turning out to be the global social relationship par excellence until contemporary. Summarizing the historiography of occupation of northern-mineiro sertões by the extensive cattle ranching and diamond mining, Serra do Cabral is conceived as part of the modern process of territorialization of capital in colonial and independent country moments. In the course of the expansion of the commodity-producing system over the appropriated spaces, the particular forms of production have originated social relations intrinsic to that reality, often clashed with the contradiction in the process of capital itself. Thus, Serra do Cabral, as a sertão, has its archaisms reinvented from specific powers and interests, while generating value. With the centralization of the State and the sharpness in the processes of automation of production factors - especially land, labor and capital -, the planning discovers the Serra as a regional member of the Sudene, seen as receptacle of authoritarian policies at the time of transformation of productive forces and stimulus to over accumulation. The economic decay of the historical activities of the occupation, especially the mining, does not prevent its clandestine realization by expropriated subjects, who complement their gains with the collection of fruits of the bush. Relegated the savings of livestock and mining, gains great the forestry, changing not only the production relations, already agree with the develop mentalism of steel mills and all dependent industrialization, as well as the existence of sertanejos, expelled from economic achievement and condemned to discard ability as a consequence of the pure valorization of the value, which since its beginnings of territorialization, also produces its dissociation. Being the factors split and transformed into merchandise, hindering the social reproduction of men and women living in the municipalities, swiddens and villages of the Serra, the ecological tune sounds like the canticle of salvation in the daydream of the collapse of modernization, replacing the territorialization movements of the value-dissociation.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPHeidemann, Heinz DieterPelissaro, Suelen Rosa2021-08-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-12112021-142136/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-11-12T17:45:02Zoai:teses.usp.br:tde-12112021-142136Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-11-12T17:45:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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