Ansiedade competitiva em atletas: versão brasileira da Sport Anxiety Scale-2 e análise de variáveis associadas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rocha, Viviane Vedovato Silva
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-27052019-153434/
Resumo: A ansiedade competitiva é uma reação emocional, manifestada a nível somático e/ou cognitivo, que regularmente aparece antes ou durante as competições esportivas, podendo trazer impacto significativo para a performance dos atletas. Diante da escasses de instrumentos validados disponíveis para a avaliação da ansiedade-traço competitiva no contexto brasileiro, este estudo teve por objetivo realizar a adaptação transcultural da Sport Anxiety Scale-2 (SAS-2) para o português do Brasil, estudar suas propriedades psicométricas e analisar as variáveis associadas aos altos níveis de ansiedade-traço competitiva. Para isto, o estudo foi dividido em: a) Fase 1 - Processo de tradução e adaptação da SAS-2: traduções, síntese das traduções, retrotradução, revisão pelo Comitê de Especialistas, pré-teste e submissão ao autor principal do artigo original para avaliação final; b) Fase 2 - Estudo psicométrico da SAS-2: amostra composta por 238 atletas profissionais e amadores a partir de 13 anos de idade, praticantes de diferentes modalidades esportivas; c) Fase 3 - Análise dos níveis de ansiedade-traço competitiva em função das características sociodemográficas, da prática esportiva e de enfrentamento da amostra. Os dados foram coletados individualmente e analisados quantitativamente, adotando-se para todas as análises nível de significância p<= 0.05. O processo de adaptação transcultural resultou na versão nomeada \"Escala de Ansiedade Esportiva-2\", sendo apreciada pelo autor do instrumento original e considerada a versão oficial para o português do Brasil. Em relação às evidências psicométricas, os resultados sugeridos pela Análise Fatorial Exploratória se mostraram incompatíveis com a estrutura proposta pelo modelo original e com os conceitos estabelecidos pela Teoria Multidimensional da Ansiedade. Na Análise Fatorial Confirmatória, foi possível alcançar índices de ajuste adequados ao adicionar uma correlação entre os erros dos itens 6 e 12 (CFI= 0.97; TLI= 0.96; RMSEA= 0.08; WRMR= 1.04). Quanto à validade convergente e divergente, as subescalas das SAS-2 apresentaram índices de correlação positivo e forte com a CSAI-2R (r= 0.52 - 0.82), fraco a moderado com a IDATE-T (r= 0.49 - 0.59), fraco com a SPIN (r= 0.29 - 0.41) e fraco a moderado com o PHQ-9 (r= 0.49 - 0.56). A SAS-2 também se mostrou capaz de discriminar os participantes com e sem ansiedade social, ansiedade-traço geral e sintomasdepressivos, atestando sua validade discriminativa. De acordo com a análise da Curva ROC, o ponto de corte que melhor equilibra os índices de sensibilidade e especificidade é o 29. A consistência interna (?= 0.73 - 0.86) e a confiabilidade teste-reteste (CCI= 0.73 - 0.80) foram satisfatórias. Observou-se evidências de associação entre altos níveis de ansiedade-traço competitiva e atletas do sexo feminino, sem companheiros, com mais de 12 anos de estudo, praticantes de esportes individuais, amadores, com menos experiência e que treinam menos dias por semana. Quanto às estratégias de enfrentamento, o estudo encontrou diferença significativa apenas em relação a automatização. Diante dos resultados obtidos, conclui-se que a versão brasileira da SAS-2 cumpriu os requisitos de adaptação transcultural e mostrou evidências psicométricas satisfatórias, podendo ser utilizada no contexto brasileiro. Além disso, conhecer quais variáveis estão mais relacionadas aos níveis elevados de ansiedade-traço competitiva pode contribuir para o delineamento de ações preventivas e interventivas mais eficazes.
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Diante da escasses de instrumentos validados disponíveis para a avaliação da ansiedade-traço competitiva no contexto brasileiro, este estudo teve por objetivo realizar a adaptação transcultural da Sport Anxiety Scale-2 (SAS-2) para o português do Brasil, estudar suas propriedades psicométricas e analisar as variáveis associadas aos altos níveis de ansiedade-traço competitiva. Para isto, o estudo foi dividido em: a) Fase 1 - Processo de tradução e adaptação da SAS-2: traduções, síntese das traduções, retrotradução, revisão pelo Comitê de Especialistas, pré-teste e submissão ao autor principal do artigo original para avaliação final; b) Fase 2 - Estudo psicométrico da SAS-2: amostra composta por 238 atletas profissionais e amadores a partir de 13 anos de idade, praticantes de diferentes modalidades esportivas; c) Fase 3 - Análise dos níveis de ansiedade-traço competitiva em função das características sociodemográficas, da prática esportiva e de enfrentamento da amostra. Os dados foram coletados individualmente e analisados quantitativamente, adotando-se para todas as análises nível de significância p<= 0.05. O processo de adaptação transcultural resultou na versão nomeada \"Escala de Ansiedade Esportiva-2\", sendo apreciada pelo autor do instrumento original e considerada a versão oficial para o português do Brasil. Em relação às evidências psicométricas, os resultados sugeridos pela Análise Fatorial Exploratória se mostraram incompatíveis com a estrutura proposta pelo modelo original e com os conceitos estabelecidos pela Teoria Multidimensional da Ansiedade. Na Análise Fatorial Confirmatória, foi possível alcançar índices de ajuste adequados ao adicionar uma correlação entre os erros dos itens 6 e 12 (CFI= 0.97; TLI= 0.96; RMSEA= 0.08; WRMR= 1.04). Quanto à validade convergente e divergente, as subescalas das SAS-2 apresentaram índices de correlação positivo e forte com a CSAI-2R (r= 0.52 - 0.82), fraco a moderado com a IDATE-T (r= 0.49 - 0.59), fraco com a SPIN (r= 0.29 - 0.41) e fraco a moderado com o PHQ-9 (r= 0.49 - 0.56). A SAS-2 também se mostrou capaz de discriminar os participantes com e sem ansiedade social, ansiedade-traço geral e sintomasdepressivos, atestando sua validade discriminativa. De acordo com a análise da Curva ROC, o ponto de corte que melhor equilibra os índices de sensibilidade e especificidade é o 29. A consistência interna (?= 0.73 - 0.86) e a confiabilidade teste-reteste (CCI= 0.73 - 0.80) foram satisfatórias. Observou-se evidências de associação entre altos níveis de ansiedade-traço competitiva e atletas do sexo feminino, sem companheiros, com mais de 12 anos de estudo, praticantes de esportes individuais, amadores, com menos experiência e que treinam menos dias por semana. Quanto às estratégias de enfrentamento, o estudo encontrou diferença significativa apenas em relação a automatização. Diante dos resultados obtidos, conclui-se que a versão brasileira da SAS-2 cumpriu os requisitos de adaptação transcultural e mostrou evidências psicométricas satisfatórias, podendo ser utilizada no contexto brasileiro. Além disso, conhecer quais variáveis estão mais relacionadas aos níveis elevados de ansiedade-traço competitiva pode contribuir para o delineamento de ações preventivas e interventivas mais eficazes.Competitive anxiety is an emotional reaction, manifested at a somatic and / or cognitive level, that regularly appears before or during sports competitions, and can have a significant impact on athletes performance. In view of the scarcity of validated instruments available for the evaluation of competitive anxiety-trait in the Brazilian context, this study aimed to perform the cross-cultural adaptation of the Sport Anxiety Scale-2 (SAS-2) to Brazilian Portuguese, to study its psychometric properties and to analyze the variables associated with high levels of competitive trait-anxiety. For this, the study was divided into: a) Phase 1 - Translation and adaptation process of SAS-2: translations, synthesis of translations, back-translation, review by the Expert Committee, pre-test and submission to the main author of the original article for final evaluation; b) Phase 2 - Psychometric study of the SAS-2: sample composed of 238 professional and amateur athletes from 13 years of age, practicing different sports modalities; c) Phase 3 - Analysis of the levels of competitive trait-anxiety according to sociodemographic characteristics, sports practice and coping of the sample. The data were collected individually and analyzed quantitatively, adopting for all analyzes level of significance p<=0.05. The process of cross-cultural adaptation resulted in the version named \"Sports Anxiety Scale-2\", being appreciated by the author of the original instrument and considered the official Portuguese version of Brazil. Regarding the psychometric evidence, the results suggested by the Exploratory Factor Analysis were incompatible with the structure proposed by the original model and with the concepts established by the Multidimensional Anxiety Theory. In the Confirmatory Factor Analysis, it was possible to achieve adequate adjustment indexes by adding a correlation between the errors of items 6 and 12 (CFI = 0.97, TLI = 0.96, RMSEA = 0.08, WRMR = 1.04). As for the convergent and divergent validity, SAS-2 subscales presented positive and strong correlation coefficients with CSAI-2R (r = 0.52 - 0.82), weak to moderate with IDATE-T (r = 0.49 - 0.59), weak with SPIN (r = 0.29-0.41) and weak to moderate with PHQ-9 (r = 0.49 - 0.56). SAS-2 was also able to discriminate participants with and without social anxiety, general trait-anxiety and depressive symptoms, attesting its discriminative validity. According to the ROC curve analysis, the cutoff point that best balances sensitivity and specificity indices is 29. The internal consistency (? = 0.73 - 0.86) and the test-retestreliability (ICC = 0.73 - 0.80) were satisfactory. There was evidence of an association between high levels of competitive anxiety-trait and female athletes, without partner, with more than 12 years of schooling, individual sportsmen, amateurs, less experienced and trained fewer days a week. Regarding coping strategies, the study found significant difference only in relation to automation. In view of the results obtained, it was concluded that the Brazilian version of SAS- 2 met the requirements of cross-cultural adaptation and showed satisfactory psychometric evidence and could be used in the Brazilian context. In addition, knowing which variables are most related to high levels of anxiety-competitive trait can contribute to the design of more effective preventive and interventional actions.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPOsorio, Flavia de LimaSousa, Diogo Araújo deRocha, Viviane Vedovato Silva2018-11-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-27052019-153434/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-20T16:14:02Zoai:teses.usp.br:tde-27052019-153434Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-20T16:14:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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