Vida cotidiana de usuários de CAPS: a (in)visibilidade no território

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Salles, Mariana Moraes
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-17082011-105117/
Resumo: Durante séculos as pessoas com transtornos mentais sofreram pela exclusão social e espacial. No Brasil, apenas a partir da Reforma Psiquiátrica se iniciaram propostas de inclusão social do doente mental, que passa a ser tratado em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos. Hoje em dia, o principal equipamento com a missão de articular a atenção em saúde mental na comunidade é o Centro de Atenção Psicossocial CAPS. Com o recente aumento de numero de CAPS no território brasileiro, as práticas de inclusão social têm se desenvolvido e as pessoas com transtornos mentais têm enfrentado o desafio de buscar formas de interação na comunidade em que vivem. Este trabalho investiga os avanços na inclusão social do usuário atendido em CAPS. A finalidade deste estudo foi identificar ações que possibilitem a inclusão social do usuário e colaborar com diretrizes para as políticas públicas de saúde mental. Para atingir esta finalidade os objetivos específicos foram: analisar a concepção de inclusão social expressa na representação social dos usuários de CAPS e pessoas da rede social dos usuários, identificar o cotidiano e a rede social de suporte dos usuários e analisar as estratégias existentes nos CAPS que auxiliam na construção do cotidiano e da inclusão social do usuário. Como referencial teórico de suporte para o desenvolvimento da pesquisa, foi utilizada a teoria sobre cotidiano de Ágnes Heller, que considera que as transformações sociais muitas vezes começam no nível microscópico. Nesta investigação optou-se por utilizar como referência as seguintes categorias analíticas: exclusão/inclusão social, Reabilitação Psicossocial e Representações Sociais. O estudo foi realizado em um CAPS da cidade de São Paulo e os sujeitos desta investigação foram pessoas com transtorno psíquico, usuários do CAPS e pessoas de sua rede sua social. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas, e para a apuração dos dados foi utilizada a análise do discurso. A partir desta análise foram identificadas as seguintes categorias empíricas: processo de exclusão/inclusão social, redes sociais e cuidado em saúde mental. Como resultados foram encontradas dificuldades no processo de inclusão social como: a existência de concepções alinhadas ao modelo manicomial, estigma e preconceito, desvantagens de recursos materiais, dificuldade em exercer a cidadania, isolamento social, pouco contato social fora do CAPS, poucas oportunidades no contexto e falta de uma rede de atenção à saúde e rede intersetorial articulada. Os avanços encontrados no processo de inclusão social foram: concepções sobre inclusão social de que todos devem estar integrados na comunidade, experienciais de participação em espaços da cidade, aumento da rede social do usuário, contato com pessoas fora do CAPS, inclusão em grupos religiosos, apoio de associações e ONGs e o CAPS enquanto espaço de acolhimento, inclusão, pertencimento e cuidado à saúde. Percebe-se que o CAPS tem favorecido a inclusão social dos usuários, criando acessos e opções, projetando um novo paradigma em saúde mental no Brasil. Porém, mais do que avanços nas práticas em saúde mental esta pesquisa encontra diversos desafios a serem solucionados. Estes desafios não são postos apenas para o CAPS, mas para a sociedade.
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spelling Vida cotidiana de usuários de CAPS: a (in)visibilidade no territórioEveryday life of CAPS users: the (in)visibility in territoryCommunity mental health servicesDeinstitutionalizationDesinstitucionalizaçãoHealth care reformMental HealthMudança socialReforma dos serviços de saúdeSaúde MentalServiços comunitários de saúde mentalSocial changeDurante séculos as pessoas com transtornos mentais sofreram pela exclusão social e espacial. No Brasil, apenas a partir da Reforma Psiquiátrica se iniciaram propostas de inclusão social do doente mental, que passa a ser tratado em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos. Hoje em dia, o principal equipamento com a missão de articular a atenção em saúde mental na comunidade é o Centro de Atenção Psicossocial CAPS. Com o recente aumento de numero de CAPS no território brasileiro, as práticas de inclusão social têm se desenvolvido e as pessoas com transtornos mentais têm enfrentado o desafio de buscar formas de interação na comunidade em que vivem. Este trabalho investiga os avanços na inclusão social do usuário atendido em CAPS. A finalidade deste estudo foi identificar ações que possibilitem a inclusão social do usuário e colaborar com diretrizes para as políticas públicas de saúde mental. Para atingir esta finalidade os objetivos específicos foram: analisar a concepção de inclusão social expressa na representação social dos usuários de CAPS e pessoas da rede social dos usuários, identificar o cotidiano e a rede social de suporte dos usuários e analisar as estratégias existentes nos CAPS que auxiliam na construção do cotidiano e da inclusão social do usuário. Como referencial teórico de suporte para o desenvolvimento da pesquisa, foi utilizada a teoria sobre cotidiano de Ágnes Heller, que considera que as transformações sociais muitas vezes começam no nível microscópico. Nesta investigação optou-se por utilizar como referência as seguintes categorias analíticas: exclusão/inclusão social, Reabilitação Psicossocial e Representações Sociais. O estudo foi realizado em um CAPS da cidade de São Paulo e os sujeitos desta investigação foram pessoas com transtorno psíquico, usuários do CAPS e pessoas de sua rede sua social. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas, e para a apuração dos dados foi utilizada a análise do discurso. A partir desta análise foram identificadas as seguintes categorias empíricas: processo de exclusão/inclusão social, redes sociais e cuidado em saúde mental. Como resultados foram encontradas dificuldades no processo de inclusão social como: a existência de concepções alinhadas ao modelo manicomial, estigma e preconceito, desvantagens de recursos materiais, dificuldade em exercer a cidadania, isolamento social, pouco contato social fora do CAPS, poucas oportunidades no contexto e falta de uma rede de atenção à saúde e rede intersetorial articulada. Os avanços encontrados no processo de inclusão social foram: concepções sobre inclusão social de que todos devem estar integrados na comunidade, experienciais de participação em espaços da cidade, aumento da rede social do usuário, contato com pessoas fora do CAPS, inclusão em grupos religiosos, apoio de associações e ONGs e o CAPS enquanto espaço de acolhimento, inclusão, pertencimento e cuidado à saúde. Percebe-se que o CAPS tem favorecido a inclusão social dos usuários, criando acessos e opções, projetando um novo paradigma em saúde mental no Brasil. Porém, mais do que avanços nas práticas em saúde mental esta pesquisa encontra diversos desafios a serem solucionados. Estes desafios não são postos apenas para o CAPS, mas para a sociedade.For centuries, people with mental health issues suffered social and spatial exclusion. In Brazil, it was only after the psychiatric reform that the proposal of inclusion of the mental patients started with treatment in public services that substituted psychiatric hospitals. Currently the main service with the purpose of articulating mental health attention in the community is the Psychosocial Care Center (CAPS). With the recent increase in the number of CAPS in the Brazilian territory, the practice of social inclusion has developed and people with mental health problems have faced the challenge of finding new ways to interact in the community they live in. This work investigates the advances of social inclusion of CAPS users. The purpose of this study was to indentify actions that allow for the social inclusion of users and to help the design of mental health public policies. To achieve this goal the specific object of the study was: to analyze the conception of social inclusion expressed in the social representation of CAPS users and people in their social networks, to identify the everyday life and their support social networks, and to analyze the strategies existent in CAPS that help building everyday life and the social inclusion of users. As support theoretical reference for the development of the research Agnes Heller´s everyday life theory, that considers that often social transformation starts at the microscopic level, was used. In this research the chosen analytic categories for reference are: social exclusion/inclusion, psychosocial rehabilitation and social representations. The research was conducted in a CAPS in São Paulo city and the subjects were people with mental health problems, CAPS users and their social networks. For data collection semi-structured interviews were conducted and subjected to discourse analysis. Based on this analysis the following empirical categories were identified: social exclusion/inclusion process, social network and mental health care. As results difficulties in the social inclusion process were revealed, such as: the existence of conceptions aligned with the asylum model, stigma and prejudice, lack of material resources, difficulties in the exercise of citizenship, social isolation, lack of social interaction outside CAPS, lack of opportunities in the milieu, lack of support in the health care network and in the articulated multi-sector network. The advances found in the process of social inclusion were: conceptions about social inclusion that everyone should be integrated in the community, experiences of participation in spaces in the city, increase of the social network of users, contact with people outside CAPS, inclusion in religious groups, support of NGOs and the CAPS as a space of welcoming, inclusion, belonging and health care. Thus, the CAPS have favored the social inclusion of users, crating access and options, projecting a new paradigm in mental health in Brazil. Nevertheless, even more than advances in the mental health practices the research finds several challenges to be solved. These challenges are not faced just by the CAPS but by the society.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBarros, SoniaSalles, Mariana Moraes2011-07-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-17082011-105117/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:30Zoai:teses.usp.br:tde-17082011-105117Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:30Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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