Aspectos etiológicos e epidemiológicos do melanoma de mucosa oral de cães

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Joyce Pires de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5155/tde-16022023-155959/
Resumo: O melanoma oral é o quarto tipo de câncer mais comum em cães; tem comportamento agressivo, infiltrativo, com alto potencial metastático e prognóstico reservado. Apesar de sua elevada frequência na clínica de pequenos animais, a etiologia dessa neoplasia ainda não foi determinada. Estudos para identificar possíveis agentes etiológicos, como poluentes ambientais, hábitos alimentares e herança genética, são necessários para determinar os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do melanoma oral canino. Viver em ambiente próximo a fumantes, ou fumo passivo de tabaco, e gengivite crônica são hipóteses etiológicas mencionadas em literatura, porém, ainda não comprovadas. Em medicina humana já foi estabelecido que o microbioma e os produtos de seu metabolismo se relacionam de maneira complexa com o hospedeiro, suprimem e estimulam a população de microrganismos comensais e patogênicos, e podem ser considerados carcinógenos biológicos, como é o caso da Helicobacter pylori no câncer gastroesofágico. O primeiro estudo sobre microbioma oral canino foi publicado em 2012. No entanto, a relação entre o microbioma oral de cães e o melanoma oral ainda não foi descrita pela literatura. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar aspectos etiológicos e epidemiológicos do melanoma de mucosa oral de cães. Para tanto, trinta animais foram incluídos no estudo, sendo quinze cães portadores de melanoma oral e quinze cães saudáveis. Os dois grupos contaram com indivíduos de mesmas idades, raças e sexos. Três estudos foram realizados com estes trinta cães. O primeiro estudo consistiu da aplicação de questionário epidemiológico aos tutores de todos os animais, visando conhecer hábitos alimentares, exposição a poluentes como fumaça de cigarro e contato com produtos químicos, para identificar potenciais fatores etiológicos do melanoma oral. O segundo estudo consistiu na caracterização do microbioma oral por sequenciamento do rRNA de 16S, para descrever as bactérias presentes na cavidade oral dos trinta cães. O terceiro estudo consistiu de ensaios de PCR para possível amplificação de Taupapilomavírus com primers específicos em melanomas orais caninos, uma vez que este vírus apresenta tropismo por células da mucosa e poderia estar envolvido na carcinogênese oral. Os resultados revelaram que a gengiva foi a localização anatômica mais frequente em que o melanoma foi encontrado (47% dos cães), o que levanta a hipótese de o tumor ser secundário à inflamação crônica, ao acúmulo de microrganismos e substâncias químicas nas bolsas subgengivais. Todos os animais incluídos no estudo eram idosos e apresentavam doença periodontal em diferentes gravidades. Não se obteve nenhuma diferença estatisticamente significante entre as respostas ao questionário dos tutores de cães portadores de melanoma oral e controles; portanto neste estudo nenhum fator ambiental pôde ser apontado como possível fator etiológico do melanoma oral. Tanerella forsythia e Porphiromonas. gingivalis são bactérias envolvidas na patogenia da doença periodontal e do câncer esofágico em humanos, e ambas foram encontradas em quantidade significantemente maior na mucosa oral de cães portadores de melanoma oral. Por este motivo, a presença destas bactérias pode estar associada à doença periodontal e inflamação crônica, potencialmente levando à carcinogênese. Não foi detectada a presença do papilomavírus em nenhuma amostra de melanoma oral. Os autores deste trabalho encorajam mais estudos metagenômicos e epidemiológicos com maior número de animais, para garantir a confiabilidade dos resultados
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Em medicina humana já foi estabelecido que o microbioma e os produtos de seu metabolismo se relacionam de maneira complexa com o hospedeiro, suprimem e estimulam a população de microrganismos comensais e patogênicos, e podem ser considerados carcinógenos biológicos, como é o caso da Helicobacter pylori no câncer gastroesofágico. O primeiro estudo sobre microbioma oral canino foi publicado em 2012. No entanto, a relação entre o microbioma oral de cães e o melanoma oral ainda não foi descrita pela literatura. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar aspectos etiológicos e epidemiológicos do melanoma de mucosa oral de cães. Para tanto, trinta animais foram incluídos no estudo, sendo quinze cães portadores de melanoma oral e quinze cães saudáveis. Os dois grupos contaram com indivíduos de mesmas idades, raças e sexos. Três estudos foram realizados com estes trinta cães. O primeiro estudo consistiu da aplicação de questionário epidemiológico aos tutores de todos os animais, visando conhecer hábitos alimentares, exposição a poluentes como fumaça de cigarro e contato com produtos químicos, para identificar potenciais fatores etiológicos do melanoma oral. O segundo estudo consistiu na caracterização do microbioma oral por sequenciamento do rRNA de 16S, para descrever as bactérias presentes na cavidade oral dos trinta cães. O terceiro estudo consistiu de ensaios de PCR para possível amplificação de Taupapilomavírus com primers específicos em melanomas orais caninos, uma vez que este vírus apresenta tropismo por células da mucosa e poderia estar envolvido na carcinogênese oral. Os resultados revelaram que a gengiva foi a localização anatômica mais frequente em que o melanoma foi encontrado (47% dos cães), o que levanta a hipótese de o tumor ser secundário à inflamação crônica, ao acúmulo de microrganismos e substâncias químicas nas bolsas subgengivais. Todos os animais incluídos no estudo eram idosos e apresentavam doença periodontal em diferentes gravidades. Não se obteve nenhuma diferença estatisticamente significante entre as respostas ao questionário dos tutores de cães portadores de melanoma oral e controles; portanto neste estudo nenhum fator ambiental pôde ser apontado como possível fator etiológico do melanoma oral. Tanerella forsythia e Porphiromonas. gingivalis são bactérias envolvidas na patogenia da doença periodontal e do câncer esofágico em humanos, e ambas foram encontradas em quantidade significantemente maior na mucosa oral de cães portadores de melanoma oral. Por este motivo, a presença destas bactérias pode estar associada à doença periodontal e inflamação crônica, potencialmente levando à carcinogênese. Não foi detectada a presença do papilomavírus em nenhuma amostra de melanoma oral. Os autores deste trabalho encorajam mais estudos metagenômicos e epidemiológicos com maior número de animais, para garantir a confiabilidade dos resultadosOral melanoma is the fourth most common type of cancer in dogs; it is aggressive, highly metastatic and represents a poor prognosis for the patient. Despite its high frequency in small animal medicine, its etiology is yet to be determined. Studies to identify possible etiological agents, such as environmental pollutants, dietary habits and genetic inheritance, are needed to determine the factors that may contribute to the development of canine oral melanoma. Living in an environment close to smokers, secondhand tobacco smoke and chronic gingivitis are etiological hypotheses mentioned in the literature, however, not yet proven. In human medicine it has been established that the microbiome and the products of its metabolism are in a complex way related to the host, suppress and stimulate the population of commensal and pathogenic microorganisms, and are considered biological carcinogens, such as H. pylori in gastrointestinal cancer. The first study on the canine oral microbiome was published in 2012, however, the relationship between the oral microbiome of dogs and oral melanoma has not been described by literature. The general objective of this work was to evaluate etiological and epidemiological aspects of melanoma of the oral mucosal of dogs. Therefore, thirty animals were included in the study, fifteen dogs with oral melanoma and fifteen healthy dogs. Both groups had individuals of the same ages, races and sexes. Three studies were performed with these thirty dogs. The firts study consisted of the application of an epidemiological questionnaire to the guardians of all animals, in order to learn about eating habits, exposure to pollutants such as cigarette smoke and contact with chemical products, in order to identify potential etiological factors for oral melanoma. The second study consisted of the characterization of the oral microbiome by 16S rRNA sequencing, to describe the bacteria present in the oral cavity of thirty dogs. The third study consisted of PCR assays for possible amplification of Taupapilomaviruses with specific primers in canine oral melanomas, since this virus presents tropism for mucosal cells and could be involved in oral carcinogenesis. The results revealed that the gingiva was the most frequent anatomical location in which melanoma was found (47% of the dogs), which raises the hypothesis that the tumor is secondary to chronic inflammation, the accumulation of microorganisms and chemical substances in the subgingival pouches. All animals included in the study were elderly and had periodontal disease in different phases. There was no statistically significant difference between the responses to the questionnaire from tutors of dogs with oral melanoma and controls; therefore, in this study, no environmental factor could be appointed as a possible etiological factor for oral melanoma. Tanerella forsythia and Porphiromonas gingivalis are bacteria involved in the pathogenesis of periodontal disease and esophageal cancer in humans, and both were found in significantly greater amounts in the oral mucosa of dogs with oral melanoma. For this reason, the presence of these bacteria may be associated with periodontal disease. The presence of papillomavirus was not detected in any sample of oral melanoma. The authors of this work encourage more metagenomic and epidemiological studies with a larger number of animals to ensure the reliability of the resultsBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPDagli, Maria Lucia ZaidanCarvalho, Joyce Pires de2022-10-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5155/tde-16022023-155959/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-02-17T13:41:57Zoai:teses.usp.br:tde-16022023-155959Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-02-17T13:41:57Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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