Práticas profissionais na residência multiprofissional em saúde: uma pesquisa sócio-clínica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lago, Luana Pinho de Mesquita
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-23102019-195614/
Resumo: Esta tese tem por objeto a formação na Residência Multiprofissional em Saúde, com objetivo de analisar as práticas profissionais de residentes multiprofissionais em saúde que favorecem ou não a colaboração interprofissional e a integralidade do cuidado na atenção básica. Esta é uma pesquisa Sócio-clínica, uma investigação de abordagem qualitativa do tipo pesquisaintervenção, que utilizou alguns conceitos do referencial teórico-metodológico da Análise Institucional. O estudo foi produzido no município de Ribeirão Preto, São Paulo, no Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Integral à Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Participaram do estudo 8 fundadores e 32 residentes de diferentes áreas da saúde. Foram utilizados diferentes dispositivos para produção dos dados: análise de documentos, diário de pesquisa, análise institucional de práticas profissionais, observação, entrevistas, restituições. Os dados foram organizados e analisados com apoio do referencial teórico-metodológico da Análise Institucional e Sócio-clínica Institucional. Os resultados foram apresentados a partir do trabalho dos analisadores que emergiram na pesquisa. O curso em questão propõe carga horária majoritária na atenção básica, e tem objetivo de promover o entendimento da rede municipal e o trabalho em equipe interdisciplinar com foco nas doenças crônicas não-transmissíveis. No processo de institucionalização destaca-se como efeito a falsificação do objetivo proposto no momento de sua fundação, além de tensões entre a reprodução da especialidade e da formação uniprofissional, e a criação de espaços para prática colaborativa interprofissional nos serviços. Fortes investimentos institucionais em atividades de pesquisa, e o modelo de gestão universitária centralizada e produtivista enfraquecem as forças instituintes, fragilizam os processos pedagógicos colaborativos e criam limites ao cuidado integral na atenção básica. A análise de práticas dos residentes revelou resistências aos mecanismos de controle e domínio institucionais, ao protagonismo e à autogestão. O não-saber e a lista de presença foram analisadores da resistência à colaboração na formação comum. As interferências interprofissionais e a tutoria de campo foram analisadores das relações de saber-poder no processo de trabalho-aprendizagem. As resistências na prática-residente apontaram, em sua maioria, movimentos integrativos, em que a assimilação ao poder médico-centrado era vista como possível e necessária, a fim de evitar o desmanche da instituição formação em serviço. Para o enfrentamento do poder instituído, há espaços para reflexão e ações contra-hegemônicas, porém, ainda frágeis no desenvolvimento da colaboração interprofissional. A partir da análise pelas resistências e análise de implicações, os residentes puderam repensar a dinâmica institucional na formação comum, no processo de trabalho-aprendizagem e questionar a reprodução do instituído de formação uniprofissional e cuidado centrado no profissional médico, que os afasta do cuidado integral. No processo da pesquisa, os residentes ampliaram canais de comunicação com a coordenação do curso a fim de discutir o processo formativo. A reflexividade no acompanhamento dos residentes, a partir da análise de implicação, tem efeitos em suas práticas, pois questiona a cristalização do instituído, a prática e a formação uniprofissional predominantes e, resgata sua profecia inicial de trabalho integrado e a produção de vida com a centralidade do cuidado no usuário
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O estudo foi produzido no município de Ribeirão Preto, São Paulo, no Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Integral à Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Participaram do estudo 8 fundadores e 32 residentes de diferentes áreas da saúde. Foram utilizados diferentes dispositivos para produção dos dados: análise de documentos, diário de pesquisa, análise institucional de práticas profissionais, observação, entrevistas, restituições. Os dados foram organizados e analisados com apoio do referencial teórico-metodológico da Análise Institucional e Sócio-clínica Institucional. Os resultados foram apresentados a partir do trabalho dos analisadores que emergiram na pesquisa. O curso em questão propõe carga horária majoritária na atenção básica, e tem objetivo de promover o entendimento da rede municipal e o trabalho em equipe interdisciplinar com foco nas doenças crônicas não-transmissíveis. No processo de institucionalização destaca-se como efeito a falsificação do objetivo proposto no momento de sua fundação, além de tensões entre a reprodução da especialidade e da formação uniprofissional, e a criação de espaços para prática colaborativa interprofissional nos serviços. Fortes investimentos institucionais em atividades de pesquisa, e o modelo de gestão universitária centralizada e produtivista enfraquecem as forças instituintes, fragilizam os processos pedagógicos colaborativos e criam limites ao cuidado integral na atenção básica. A análise de práticas dos residentes revelou resistências aos mecanismos de controle e domínio institucionais, ao protagonismo e à autogestão. O não-saber e a lista de presença foram analisadores da resistência à colaboração na formação comum. As interferências interprofissionais e a tutoria de campo foram analisadores das relações de saber-poder no processo de trabalho-aprendizagem. As resistências na prática-residente apontaram, em sua maioria, movimentos integrativos, em que a assimilação ao poder médico-centrado era vista como possível e necessária, a fim de evitar o desmanche da instituição formação em serviço. Para o enfrentamento do poder instituído, há espaços para reflexão e ações contra-hegemônicas, porém, ainda frágeis no desenvolvimento da colaboração interprofissional. A partir da análise pelas resistências e análise de implicações, os residentes puderam repensar a dinâmica institucional na formação comum, no processo de trabalho-aprendizagem e questionar a reprodução do instituído de formação uniprofissional e cuidado centrado no profissional médico, que os afasta do cuidado integral. No processo da pesquisa, os residentes ampliaram canais de comunicação com a coordenação do curso a fim de discutir o processo formativo. A reflexividade no acompanhamento dos residentes, a partir da análise de implicação, tem efeitos em suas práticas, pois questiona a cristalização do instituído, a prática e a formação uniprofissional predominantes e, resgata sua profecia inicial de trabalho integrado e a produção de vida com a centralidade do cuidado no usuárioThis thesis focus the interprofessional education in the Multiprofessional Residency in Health, and aims to analyze the professional practices of multiprofessional residents in health that favor or not the interprofessional collaboration and the comprehensive care in primary health care. This is a Socio-clinical investigation, a research of qualitative approach of the researchintervention type, that used some concepts of the theoretical-methodological framework of the Institutional Analysis. The study was carried out in the city of Ribeirão Preto, São Paulo, in the Multiprofessional Residency Program in Comprehensive Health Care, in Ribeirão Preto Medical School, University of São Paulo. Eight founders and 32 residents from different health areas participated in the study. Different devices were used to produce data such as document analysis, research diary, institutional analysis of professional practices, observation, interviews, and restitutions. The data were organized and analyzed with the support of the theoreticalmethodological reference of the Institutional and Institutional Socio-clinical Analysis. The results were presented from the work of the analyzers that emerged in the research. The course in question proposes a major time of working hours in primary health care, and aims to promote understanding of the municipal network and interdisciplinary teamwork focus on chronic noncommunicable diseases. In the process of institutionalization, one of the effects was the falsification of the objective proposed at the time of its foundation, besides tensions between the reproduction of the specialty and the uniprofessional training, and the creation of spaces for interprofessional collaborative practice in services. Strong institutional investments in research activities, and a centralized and productivist university management model weaken institutional forces and collaborative pedagogical processes, and create limits to comprehensive care in primary health care. The analysis of residents\' practices revealed resistance to the mechanisms of institutional control and domain, to protagonism and to self-management. Non-knowledge and the presence list were analyzers of resistance to collaboration in common formation. Interprofessional interferences and field mentoring were analyzers of knowledge-power relations in the work-learning process. Resistances in the practice-resident pointed, for the most part, to integrative movements, in which assimilation to medical-centered power was seen as possible and necessary, in order to avoid the dismantling of institution-in-service training. In order to confront the established power, there are spaces for reflection and counter-hegemonic actions, but still fragile in the development of interprofessional collaboration. From the analysis by resistances and analysis of implications, residents were able to rethink the institutional dynamics in the common formation and in the work-learning process and question the reproduction of the instituted uniprofessional training and medical professional care centered, that deviate them from the comprehensive care. In the research process, the residents extended channels of communication with the course coordination in order to discuss the formative process. The reflexivity, on the residents\' follow-up, with analysis of implication, has effects on their practices, as it questions the crystallization of the instituted, the prevailing uniprofessional practice and formation and rescues its initial prophecy of integrated work and the production of life with the user in the centre of careBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMatumoto, SilviaLago, Luana Pinho de Mesquita2019-07-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-23102019-195614/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-12-03T15:54:02Zoai:teses.usp.br:tde-23102019-195614Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-12-03T15:54:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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