Diversidade de ácaros (Arthropoda: Acari) em euforbiáceas (Euphorbiaceae) de três localidades do Estado de São Paulo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2001 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde-20210104-201058/ |
Resumo: | Pouco se sabe sobre a diversidade de ácaros em plantas nativas no Brasil. No contexto do controle biológico de pragas agrícolas, a preservação de estações de refugio tem função fundamental na conservação da diversidade de inimigos naturais. Plantas da família Euphorbiaceae são bastante comuns e frequentes em ecossistemas naturais e mesmo em sistemas regenerados no Estado de São Paulo. Estas plantas podem atuar como reservatórios dos ácaros fitófagos e seus inimigos naturais que ocorrem ou possam vir a ocorrer em plantas cultivadas. Isto se reveste de importância se for considerada a tendência ao monocultivo de seringueiras (Hevea brasiliensis (H.B.K.) M. Arg.) em larga escala e a destruição de áreas remanescentes de ecossistemas naturais, com a diminuição da biodiversidade dos inimigos naturais das pragas. Este trabalho foi conduzido nos municípios de Pariquera-Açu, Cananéia e Piracicaba, para se determinar as espécies de ácaros encontradas em plantas da família Euphorbiaceae. No total, foram amostradas folhas de 49 plantas pertencentes a 12 espécies de 9 gêneros diferentes. Nestas, foram coletados 31.603 ácaros de 105 espécies pertencentes a 74 gêneros e 16 famílias. Do total de espécies de ácaros coletados, 21 pertencem a famílias essencialmente fitófagas (Tenuipalpidae, Tetranychidae, Diptilomiopidae e Eriophyidae) e 43 a espécies essencialmente predadoras (Ameroseiidae, Ascidae, Cunaxidae, Stigmaeidae, Cheyletidae, Eupalopsellidae e Phytoseiidae). As demais (41 espécies) são compostas principalmente por ácaros que se alimentam sobre o filoplano, sendo principalmente detritívoros, algívoros, fungívoros, bacteriófagos ou polenófagos. A análise da similaridade entre as espécies de plantas, de acordo com as espécies de ácaros que apresentavam em comum, possibilitou a delimitação de 3 grupos de espécies vegetais distintos: Grupo "Pariquera-Açu" - todas espécies vegetais de Pariquera-Açu mais Alchornea triplinervea M. Arg. de Cananéia; Grupo "Piracicaba" - todas espécies vegetais de Piracicaba e Grupo Pera glabrata (Schott) Baill de Cananéia, composta por apenas uma espécie de planta de Cananéia. De maneira geral, pode-se dizer que o Grupo "Pariquera-Açu" apresentou aproximadamente a mesma diversidade que o Grupo P. glabrata, e ambos consideravelmente maior que aquela do Grupo "Piracicaba". A riqueza de espécies do Grupo "Pariquera-Açu" foi consideravelmente maior que a dos demais grupos. Entre os ácaros da família Phytoseiidae coletados, 24 pertencem a espécies já descritas e 5 a espécies novas para a ciência. As espécies de fitoseídeos encontradas em seringueira de Pariquera-Açu são distintas daquelas encontradas na mesma planta em Piracicaba. As espécies vegetais P. glabrata e A. triplinervea de Cananéia e Alchornea glandulosa Poepp. & Endl., A. triplinervea e Sebastiania sp. de Pariquera-Açu também abrigam a espécie de fitoseídeo mais abundante em seringueiras em Pariquera-Açu (Typhlodromips sp.). As espécies vegetais Hura crepitans Linn., Joanesia princeps</I. Vell. e Pachistromma longifolium M. Arg. de Piracicaba abrigam a espécie de fitoseídeo mais abundante em seringueiras daquela localidade (Typhlodromina camelliae (Chant & Yoshida-Shaul)). São descritas 4 espécies novas de fitoseídeos coletados em plantas da Mata Atlântica: Proprioseius retroacuminatus sp. n., Phytoseius globuliformis sp. n., Kampimodromus multicupuli sp. n. e Galendromimus paulista sp. n. Os ácaros da família Tydeidae coletados neste estudo pertencem a 29 espécies em 18 gêneros. Destas, 22 espécies e 8 gêneros são novos para a ciência. Lorryia sp. n. 1 se apresentou como o ácaro mais abundante em seringueiras de Piracicaba. O estudo indicou que espécies de euforbiáceas encontradas na vegetação natural dos locais estudados podem desempenhar papel importante de reservatório de inimigos naturais de ácaros praga da seringueira. |
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Diversidade de ácaros (Arthropoda: Acari) em euforbiáceas (Euphorbiaceae) de três localidades do Estado de São PauloDiversity of mites (Acari: Arthropoda) on euphorbiaceous Plants (Euphorbiaceae) in three localities of the state of São Paulo, brazilÁCAROSBIODIVERSIDADECONTROLE BIOLÓGICOEUFORBIÁCEASPRAGAS DE PLANTASPouco se sabe sobre a diversidade de ácaros em plantas nativas no Brasil. No contexto do controle biológico de pragas agrícolas, a preservação de estações de refugio tem função fundamental na conservação da diversidade de inimigos naturais. Plantas da família Euphorbiaceae são bastante comuns e frequentes em ecossistemas naturais e mesmo em sistemas regenerados no Estado de São Paulo. Estas plantas podem atuar como reservatórios dos ácaros fitófagos e seus inimigos naturais que ocorrem ou possam vir a ocorrer em plantas cultivadas. Isto se reveste de importância se for considerada a tendência ao monocultivo de seringueiras (Hevea brasiliensis (H.B.K.) M. Arg.) em larga escala e a destruição de áreas remanescentes de ecossistemas naturais, com a diminuição da biodiversidade dos inimigos naturais das pragas. Este trabalho foi conduzido nos municípios de Pariquera-Açu, Cananéia e Piracicaba, para se determinar as espécies de ácaros encontradas em plantas da família Euphorbiaceae. No total, foram amostradas folhas de 49 plantas pertencentes a 12 espécies de 9 gêneros diferentes. Nestas, foram coletados 31.603 ácaros de 105 espécies pertencentes a 74 gêneros e 16 famílias. Do total de espécies de ácaros coletados, 21 pertencem a famílias essencialmente fitófagas (Tenuipalpidae, Tetranychidae, Diptilomiopidae e Eriophyidae) e 43 a espécies essencialmente predadoras (Ameroseiidae, Ascidae, Cunaxidae, Stigmaeidae, Cheyletidae, Eupalopsellidae e Phytoseiidae). As demais (41 espécies) são compostas principalmente por ácaros que se alimentam sobre o filoplano, sendo principalmente detritívoros, algívoros, fungívoros, bacteriófagos ou polenófagos. A análise da similaridade entre as espécies de plantas, de acordo com as espécies de ácaros que apresentavam em comum, possibilitou a delimitação de 3 grupos de espécies vegetais distintos: Grupo "Pariquera-Açu" - todas espécies vegetais de Pariquera-Açu mais Alchornea triplinervea M. Arg. de Cananéia; Grupo "Piracicaba" - todas espécies vegetais de Piracicaba e Grupo Pera glabrata (Schott) Baill de Cananéia, composta por apenas uma espécie de planta de Cananéia. De maneira geral, pode-se dizer que o Grupo "Pariquera-Açu" apresentou aproximadamente a mesma diversidade que o Grupo P. glabrata, e ambos consideravelmente maior que aquela do Grupo "Piracicaba". A riqueza de espécies do Grupo "Pariquera-Açu" foi consideravelmente maior que a dos demais grupos. Entre os ácaros da família Phytoseiidae coletados, 24 pertencem a espécies já descritas e 5 a espécies novas para a ciência. As espécies de fitoseídeos encontradas em seringueira de Pariquera-Açu são distintas daquelas encontradas na mesma planta em Piracicaba. As espécies vegetais P. glabrata e A. triplinervea de Cananéia e Alchornea glandulosa Poepp. & Endl., A. triplinervea e Sebastiania sp. de Pariquera-Açu também abrigam a espécie de fitoseídeo mais abundante em seringueiras em Pariquera-Açu (Typhlodromips sp.). As espécies vegetais Hura crepitans Linn., Joanesia princeps</I. Vell. e Pachistromma longifolium M. Arg. de Piracicaba abrigam a espécie de fitoseídeo mais abundante em seringueiras daquela localidade (Typhlodromina camelliae (Chant & Yoshida-Shaul)). São descritas 4 espécies novas de fitoseídeos coletados em plantas da Mata Atlântica: Proprioseius retroacuminatus sp. n., Phytoseius globuliformis sp. n., Kampimodromus multicupuli sp. n. e Galendromimus paulista sp. n. Os ácaros da família Tydeidae coletados neste estudo pertencem a 29 espécies em 18 gêneros. Destas, 22 espécies e 8 gêneros são novos para a ciência. Lorryia sp. n. 1 se apresentou como o ácaro mais abundante em seringueiras de Piracicaba. O estudo indicou que espécies de euforbiáceas encontradas na vegetação natural dos locais estudados podem desempenhar papel importante de reservatório de inimigos naturais de ácaros praga da seringueira.Little is known about the diversity of mites on native plants in Brazil. ln relation to the biological control of agricultural pests, the preservation of natural reserves plays a fundamental role in the conservation of the diversity of natural enemies. Plants of the family Euphorbiaceae are very common and frequent m natural ecosystems and even in regenerated systems of the State of São Paulo. Those plants may function as reservoirs of phytophagous mites and their natural enemies that occur now or may occur in the future on cultivated plants. This aspect is important, considering the present trend towards large scale monocultures of rubber tree, Hevea brasiliensis (H.B.K.) M. Arg., in Brazil and the concurrent destruction of remnants of natural vegetation and reduction of biodiversity of natural enemies of pest species. The present study was conducted in the municipalities of Pariquera-Açu, Cananéia and Piracicaba, to determine the mite species found on selected species of plants of the family Euphorbiaceae. Leaves from 49 plants belonging to 12 species within 9 different genera were examined. A total of 31,603 mites belonging to 105 species within 74 genera of 16 families were collected. Twenty one of the species collected belonged to families composed of essentially phytophagous species (Tenuipalpidae, Tetranychidae, Diptilorniopidae and Eriophyidae) and 43 belonged to families composed of essentially predaceous species (Ameroseiidae, Ascidae, Cunaxidae, Cheyletidae, Stigmaeidae, Eupalopsellidae and Phytoseiidae). The remaining 41 species contain mainly plant mites that are mostly detritivorous, algivorous, fungivorous, bacteriophagous and pollenophagous. A similarity analysis between plant species, based on the mite species they harbored in common, indicated the occurrence of 3 distinct groups of plants: Pariquera-Açu Group, containing all plant species from Pariquera-Açu and Alchornea Triplinervea M. Arg. from Cananéia; Piracicaba Group, containing all plant species from Piracicaba; and Pera glabrata (Schott) Baill. Group, cornposed of a single plant species from Cananéia. As a whole, the "Pariquera-Açu" Group had about the same average level of diversity as the P. glabrata Group, which was however considerably higher than the average level of the Piracicaba Group. The index of species richness of Pariquera-Açu Group was considerably higher than those of other groups. Twenty four of the phytoseiid species collected were already known, but 5 were new to science. The plant species P. glabrata and A. triplinervea from Cananéia, and A. glandulosa Poepp. & Endl., A. triplinervea and Sebastiania sp. frorn Pariquera- Açu harbored the rnost common phytoseiid mite found on rubber tree in Pariquera-Açu (Typhlodromips sp.). The plant species Hura crepitans Linn., Joanesia princeps Vell. and Pachistromma longifolium M. Arg. frorn Piracicaba harbored the rnost common phytoseiid rnite found on rubber tree of the latter locality (Typhlodromina camelliae (Chant & Yoshida-Shaul)). The phytoseiid mites found on rubber tree in Pariquera-Açu are not the same found on the same plant in Piracicaba. Four new species of phytoseid mites collected from trees in woody areas are described as new to the science. The species are: Proprioseius retroacuminatus sp. n., Phytoseius globuliformis sp. n., Kampimodromus multicupuli sp. n. and Galendromimus paulista sp. n . Tydeids of29 species belonging to 18 genera were collected. Twenty two of those species and 8 of those genera are new to science. Lorryia sp. n. 1 was the most abundant tydeid mite found in rubber tree plants from Piracicaba in this study. This study shows that the euphorbiacean plants found in natural vegetation could play a important role as natural enemies reservoir of rubber tree mite pests.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAlcalay, EduardoZacarias, Maurício Sérgio2001-04-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde-20210104-201058/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-01-07T22:57:26Zoai:teses.usp.br:tde-20210104-201058Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-01-07T22:57:26Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Pouco se sabe sobre a diversidade de ácaros em plantas nativas no Brasil. No contexto do controle biológico de pragas agrícolas, a preservação de estações de refugio tem função fundamental na conservação da diversidade de inimigos naturais. Plantas da família Euphorbiaceae são bastante comuns e frequentes em ecossistemas naturais e mesmo em sistemas regenerados no Estado de São Paulo. Estas plantas podem atuar como reservatórios dos ácaros fitófagos e seus inimigos naturais que ocorrem ou possam vir a ocorrer em plantas cultivadas. Isto se reveste de importância se for considerada a tendência ao monocultivo de seringueiras (Hevea brasiliensis (H.B.K.) M. Arg.) em larga escala e a destruição de áreas remanescentes de ecossistemas naturais, com a diminuição da biodiversidade dos inimigos naturais das pragas. Este trabalho foi conduzido nos municípios de Pariquera-Açu, Cananéia e Piracicaba, para se determinar as espécies de ácaros encontradas em plantas da família Euphorbiaceae. No total, foram amostradas folhas de 49 plantas pertencentes a 12 espécies de 9 gêneros diferentes. Nestas, foram coletados 31.603 ácaros de 105 espécies pertencentes a 74 gêneros e 16 famílias. Do total de espécies de ácaros coletados, 21 pertencem a famílias essencialmente fitófagas (Tenuipalpidae, Tetranychidae, Diptilomiopidae e Eriophyidae) e 43 a espécies essencialmente predadoras (Ameroseiidae, Ascidae, Cunaxidae, Stigmaeidae, Cheyletidae, Eupalopsellidae e Phytoseiidae). As demais (41 espécies) são compostas principalmente por ácaros que se alimentam sobre o filoplano, sendo principalmente detritívoros, algívoros, fungívoros, bacteriófagos ou polenófagos. A análise da similaridade entre as espécies de plantas, de acordo com as espécies de ácaros que apresentavam em comum, possibilitou a delimitação de 3 grupos de espécies vegetais distintos: Grupo "Pariquera-Açu" - todas espécies vegetais de Pariquera-Açu mais Alchornea triplinervea M. Arg. de Cananéia; Grupo "Piracicaba" - todas espécies vegetais de Piracicaba e Grupo Pera glabrata (Schott) Baill de Cananéia, composta por apenas uma espécie de planta de Cananéia. De maneira geral, pode-se dizer que o Grupo "Pariquera-Açu" apresentou aproximadamente a mesma diversidade que o Grupo P. glabrata, e ambos consideravelmente maior que aquela do Grupo "Piracicaba". A riqueza de espécies do Grupo "Pariquera-Açu" foi consideravelmente maior que a dos demais grupos. Entre os ácaros da família Phytoseiidae coletados, 24 pertencem a espécies já descritas e 5 a espécies novas para a ciência. As espécies de fitoseídeos encontradas em seringueira de Pariquera-Açu são distintas daquelas encontradas na mesma planta em Piracicaba. As espécies vegetais P. glabrata e A. triplinervea de Cananéia e Alchornea glandulosa Poepp. & Endl., A. triplinervea e Sebastiania sp. de Pariquera-Açu também abrigam a espécie de fitoseídeo mais abundante em seringueiras em Pariquera-Açu (Typhlodromips sp.). As espécies vegetais Hura crepitans Linn., Joanesia princeps</I. Vell. e Pachistromma longifolium M. Arg. de Piracicaba abrigam a espécie de fitoseídeo mais abundante em seringueiras daquela localidade (Typhlodromina camelliae (Chant & Yoshida-Shaul)). São descritas 4 espécies novas de fitoseídeos coletados em plantas da Mata Atlântica: Proprioseius retroacuminatus sp. n., Phytoseius globuliformis sp. n., Kampimodromus multicupuli sp. n. e Galendromimus paulista sp. n. Os ácaros da família Tydeidae coletados neste estudo pertencem a 29 espécies em 18 gêneros. Destas, 22 espécies e 8 gêneros são novos para a ciência. Lorryia sp. n. 1 se apresentou como o ácaro mais abundante em seringueiras de Piracicaba. O estudo indicou que espécies de euforbiáceas encontradas na vegetação natural dos locais estudados podem desempenhar papel importante de reservatório de inimigos naturais de ácaros praga da seringueira. |
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