As voltas do reconhecimento na clínica e política da psicanálise 

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Aline Souza
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-06042023-160707/
Resumo: O reconhecimento é um conceito originalmente da filosofia usado para se referir à relação com a alteridade. O debate em torno da teoria do reconhecimento mobiliza a disputa no campo das políticas públicas entre a tendência pela luta pelo reconhecimento das identidades ou redistribuição de renda. Tendo como ponto de partida a pergunta de pesquisa- se esse debate também teria influências sobre as diferentes teorias psicanalíticas-, nos propusemos a realizar um estudo transversal considerando a psicanálise como um saber localizado e híbrido. A partir da análise teórica de textos de filosofia política e psicanálise sobre o tema do reconhecimento, chegamos a quatro concepções deste: uma no campo social e as demais como categorias clínicas para se pensar a subjetivação. A \"Luta por reconhecimento\" como noção política apresenta o conceito dentro de uma disputa filosófica na qual a subjetividade é usada para pensar a estrutura social. Esta abordagem se dá em torno de um importante debate entre autores como Axel Honneth, Nancy Fraser, Judith Butler e Jessica Benjamin. Deste ponto em diante, as três concepções clínica subsequentes foram consideradas como posições no desenvolvimento psíquico, como posições no desenvolvimento psíquico, que comparecem também no decorrer do processo clinico. São voltas que rearticulam os processos de repetição, permitindo descolocamentos na posição do sujeito. O \'·Reconhecimento do eu\" está relacionado ao processo de identificação e construção subjetiva dentro da estrutura de poder social, transmitida através dos cuidadores primários. O \"Reconhecimento do outro em nós\" toma o desejo como resistência para pensar o outro social e sexual que comparece como estranho e indeterminado. E finalmente, o \"Para além do reconhecimento\" explora teorias contemporâneas que reconhecem as modalidades de poder nos discursos sociais e na constituição psíquica e pensam como resistir e transcender a elas e propõem a criação ética do novo a partir da brincadeira, do testemunho, do reconhecimento mútuo, da coabitação, da falha e do perdão. Desta forma, concluímos que o reconhecimento pode ser usado como conceito na teoria e na clínica psicanalítica. Passamos, deste modo, a concebê-lo também como sustentação do outro pelo cuidado, o que possibilitaria o deslocamento da repetição sintomática para a repetição cotidiana em novas tentativas de reinventar-se
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A partir da análise teórica de textos de filosofia política e psicanálise sobre o tema do reconhecimento, chegamos a quatro concepções deste: uma no campo social e as demais como categorias clínicas para se pensar a subjetivação. A \"Luta por reconhecimento\" como noção política apresenta o conceito dentro de uma disputa filosófica na qual a subjetividade é usada para pensar a estrutura social. Esta abordagem se dá em torno de um importante debate entre autores como Axel Honneth, Nancy Fraser, Judith Butler e Jessica Benjamin. Deste ponto em diante, as três concepções clínica subsequentes foram consideradas como posições no desenvolvimento psíquico, como posições no desenvolvimento psíquico, que comparecem também no decorrer do processo clinico. São voltas que rearticulam os processos de repetição, permitindo descolocamentos na posição do sujeito. O \'·Reconhecimento do eu\" está relacionado ao processo de identificação e construção subjetiva dentro da estrutura de poder social, transmitida através dos cuidadores primários. O \"Reconhecimento do outro em nós\" toma o desejo como resistência para pensar o outro social e sexual que comparece como estranho e indeterminado. E finalmente, o \"Para além do reconhecimento\" explora teorias contemporâneas que reconhecem as modalidades de poder nos discursos sociais e na constituição psíquica e pensam como resistir e transcender a elas e propõem a criação ética do novo a partir da brincadeira, do testemunho, do reconhecimento mútuo, da coabitação, da falha e do perdão. Desta forma, concluímos que o reconhecimento pode ser usado como conceito na teoria e na clínica psicanalítica. Passamos, deste modo, a concebê-lo também como sustentação do outro pelo cuidado, o que possibilitaria o deslocamento da repetição sintomática para a repetição cotidiana em novas tentativas de reinventar-seRecognition is an originally philosophical concept referring to the relationship with alterity. The debate surrounding the theory of recognition mobilizes a struggle in the field of public policies between a tendency to fight for the recognition of identities or wealth redistribution. Starting from our research inquiry - whether such debate could also have influences over different psychoanalytical theories - we conducted a transversal study taking into account Psychoanalysis as a localized hybrid form of knowledge. Based on the theoretical analysis of sources from Political Philosophy and Psychoanalysis on the theme of recognition, we have reached four frames: one in the social sphere and the remaining ones as clinical categories to reflect upon subjectivation. The \"Struggle for Recognititon\" as a political notion presents the concept within a philosophical dispute in which subjectivity is used to think about the social structure. Such approach takes place in a relevant debate among authors such as Axel Honneth, Nancy Fraser, Judith Butler, and Jessica Benjamin. From this point forward, the three subsequent clinical conceptions were taken into consideration as positions in the psychic development, as tums that place the ongoing repetition in the analysis, enabling small displacements. \"The Recognition of the Self\' is related to the process of identification and subjective construction within the social power structure, transmitted through primary caretakers. \"The Recognition of the Other in Us\" takes the desire as resistance to think about the social and sexual other, who tums up as odd, strange, or indeterminate. Finally, \"Beyond Recognition\" explores contemporary theories that propose an ethical creation of the new through play, testimony, mutual recognition, cohabiting, failure, and forgiveness. Thus, we reached the conclusion that recognition can be used as a concept in the psychoanalytical technique. 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