Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-13022023-134946/ |
Resumo: | Nas últimas décadas, a memória tem sido uma das preocupações culturais e políticas centrais do Ocidente. Essa afirmação, encontrada em diversos autores, deriva de uma série de aparições do passado em modas e utensílios retrôs, filmes nostálgicos, monumentos, assim como em investidas museais que reencenam a barbárie a fim de comercializar o trauma. No entanto, simultaneamente, diversos artistas têm empreendido um trabalho de perlaboração do passado, na chave da consciência histórica, contrapondo-se à espetacularização e simulação da memória. Essa memória crítica é indiciada na prática de diversos artistas que, desde a década de 1970, tematizam a crise da memória ao relerem a história a contrapelo. Como o historiador que se debruça sobre arquivos e testemunhos para, então, selecionar, organizar e montar o saber sobre o passado, tais artistas se utilizam de procedimentos análogos sempre movidos pela busca de reconstrução das condições de visibilidade e de legibilidade da história. A questão fundamental que se coloca é, portanto, qual o estatuto que a memória, o arquivo e o testemunho adquirem nessa nova arte da memória. Para tanto, esta dissertação propõe-se a analisar uma seleção de obras de Christian Boltanski e Doris Salcedo com vistas a aventar algumas hipóteses. A principal é a de que após séculos de colonialismo, etnicídios, genocídios, ditaduras sangrentas, campos de extermínio e violências políticas sem fim, Boltanski e Salcedo voltam-se para o passado como um arquivo que não cessa de se acumular, mas que carece ser montado e remontado, reescrito e reconfigurado. Ao contrário do que se possa pensar, não cedem espaço a verdades redentoras, mas tornam visível aquilo que permaneceu ocultado ou até mesmo desapareceu, pois tratar de um regime estético da memória implica admitir que o passado nem sempre se apresenta na forma de presenças ou vestígios acessíveis. |
id |
USP_768dfa8184cdc549603420cfb2c0d7bc |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:teses.usp.br:tde-13022023-134946 |
network_acronym_str |
USP |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
repository_id_str |
2721 |
spelling |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris SalcedoMemory aesthetics and policies: archive and testimony in the work of Christian Boltanski and Doris SalcedoArchiveArquivoChristian BoltanskiChristian BoltanskiDoris SalcedoDoris SalcedoEstéticas e políticas da memóriaMemory aesthetics and policiestestemunhoTestimonyNas últimas décadas, a memória tem sido uma das preocupações culturais e políticas centrais do Ocidente. Essa afirmação, encontrada em diversos autores, deriva de uma série de aparições do passado em modas e utensílios retrôs, filmes nostálgicos, monumentos, assim como em investidas museais que reencenam a barbárie a fim de comercializar o trauma. No entanto, simultaneamente, diversos artistas têm empreendido um trabalho de perlaboração do passado, na chave da consciência histórica, contrapondo-se à espetacularização e simulação da memória. Essa memória crítica é indiciada na prática de diversos artistas que, desde a década de 1970, tematizam a crise da memória ao relerem a história a contrapelo. Como o historiador que se debruça sobre arquivos e testemunhos para, então, selecionar, organizar e montar o saber sobre o passado, tais artistas se utilizam de procedimentos análogos sempre movidos pela busca de reconstrução das condições de visibilidade e de legibilidade da história. A questão fundamental que se coloca é, portanto, qual o estatuto que a memória, o arquivo e o testemunho adquirem nessa nova arte da memória. Para tanto, esta dissertação propõe-se a analisar uma seleção de obras de Christian Boltanski e Doris Salcedo com vistas a aventar algumas hipóteses. A principal é a de que após séculos de colonialismo, etnicídios, genocídios, ditaduras sangrentas, campos de extermínio e violências políticas sem fim, Boltanski e Salcedo voltam-se para o passado como um arquivo que não cessa de se acumular, mas que carece ser montado e remontado, reescrito e reconfigurado. Ao contrário do que se possa pensar, não cedem espaço a verdades redentoras, mas tornam visível aquilo que permaneceu ocultado ou até mesmo desapareceu, pois tratar de um regime estético da memória implica admitir que o passado nem sempre se apresenta na forma de presenças ou vestígios acessíveis.In recent decades, memory has been one of the central cultural and political concerns of the West. This statement, found in several authors, derives from a series of appearances from the past in retro fashions and utensils, nostalgic films, monuments, as well as in the fact that there are new museums that re-enact barbarism in order to commercialize trauma. However, simultaneously, several artists have undertaken a work of perlaboration of the past, in the key of historical consciousness, opposing the spectacularization and simulation of memory. This critical memory is indicated in the practice of several artists who, since the 1970s, have thematized the crisis of memory by rereading history against its grain. Like a historian who looks through archives and testimonies to then select, organize and assemble knowledge about the past, such artists use analogous procedures always driven by the search for the reconstruction of the conditions of visibility and legibility of history. The fundamental question that arises is, therefore, what is the status that memory, the archive and the testimony acquire in this new art of memory. Therefore, this dissertation proposes to analyze a selection of works by Christian Boltanski and Doris Salcedo in order to put forward some hypotheses. The main one is that after centuries of colonialism, ethnicities, genocides, bloody dictatorships, extermination camps and endless political violence, Boltanski and Salcedo turn to the past as an archive that never ceases to accumulate, but needs to be assembled and reassembled, rewritten and reconfigured. Contrary to what one might think, they do not give way to redeeming truths, but make visible what remained hidden or even disappeared, since dealing with an aesthetic regime of memory implies admitting that the past does not always present itself in the form of accessible presences or vestiges.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFabbrini, Ricardo NascimentoFernandes, Rafaela Alves2022-09-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-13022023-134946/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-02-13T15:56:00Zoai:teses.usp.br:tde-13022023-134946Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-02-13T15:56Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo Memory aesthetics and policies: archive and testimony in the work of Christian Boltanski and Doris Salcedo |
title |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo |
spellingShingle |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo Fernandes, Rafaela Alves Archive Arquivo Christian Boltanski Christian Boltanski Doris Salcedo Doris Salcedo Estéticas e políticas da memória Memory aesthetics and policies testemunho Testimony |
title_short |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo |
title_full |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo |
title_fullStr |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo |
title_full_unstemmed |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo |
title_sort |
Estéticas e políticas da memória: arquivo e testemunho na obra de Christian Boltanski e Doris Salcedo |
author |
Fernandes, Rafaela Alves |
author_facet |
Fernandes, Rafaela Alves |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Fabbrini, Ricardo Nascimento |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Fernandes, Rafaela Alves |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Archive Arquivo Christian Boltanski Christian Boltanski Doris Salcedo Doris Salcedo Estéticas e políticas da memória Memory aesthetics and policies testemunho Testimony |
topic |
Archive Arquivo Christian Boltanski Christian Boltanski Doris Salcedo Doris Salcedo Estéticas e políticas da memória Memory aesthetics and policies testemunho Testimony |
description |
Nas últimas décadas, a memória tem sido uma das preocupações culturais e políticas centrais do Ocidente. Essa afirmação, encontrada em diversos autores, deriva de uma série de aparições do passado em modas e utensílios retrôs, filmes nostálgicos, monumentos, assim como em investidas museais que reencenam a barbárie a fim de comercializar o trauma. No entanto, simultaneamente, diversos artistas têm empreendido um trabalho de perlaboração do passado, na chave da consciência histórica, contrapondo-se à espetacularização e simulação da memória. Essa memória crítica é indiciada na prática de diversos artistas que, desde a década de 1970, tematizam a crise da memória ao relerem a história a contrapelo. Como o historiador que se debruça sobre arquivos e testemunhos para, então, selecionar, organizar e montar o saber sobre o passado, tais artistas se utilizam de procedimentos análogos sempre movidos pela busca de reconstrução das condições de visibilidade e de legibilidade da história. A questão fundamental que se coloca é, portanto, qual o estatuto que a memória, o arquivo e o testemunho adquirem nessa nova arte da memória. Para tanto, esta dissertação propõe-se a analisar uma seleção de obras de Christian Boltanski e Doris Salcedo com vistas a aventar algumas hipóteses. A principal é a de que após séculos de colonialismo, etnicídios, genocídios, ditaduras sangrentas, campos de extermínio e violências políticas sem fim, Boltanski e Salcedo voltam-se para o passado como um arquivo que não cessa de se acumular, mas que carece ser montado e remontado, reescrito e reconfigurado. Ao contrário do que se possa pensar, não cedem espaço a verdades redentoras, mas tornam visível aquilo que permaneceu ocultado ou até mesmo desapareceu, pois tratar de um regime estético da memória implica admitir que o passado nem sempre se apresenta na forma de presenças ou vestígios acessíveis. |
publishDate |
2022 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2022-09-16 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-13022023-134946/ |
url |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-13022023-134946/ |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
|
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Liberar o conteúdo para acesso público. info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Liberar o conteúdo para acesso público. |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.coverage.none.fl_str_mv |
|
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
publisher.none.fl_str_mv |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP instname:Universidade de São Paulo (USP) instacron:USP |
instname_str |
Universidade de São Paulo (USP) |
instacron_str |
USP |
institution |
USP |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP) |
repository.mail.fl_str_mv |
virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br |
_version_ |
1815257003320147968 |