Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fábio Mallart
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-30102019-185218
Resumo: Esta tese, tendo como base pesquisa etnográfica realizada em distintos espaços institucionais, assim como em zonas urbanas de São Paulo, explora as circulações e os confinamentos aos quais são submetidas determinadas populações da cidade, destacando-se as ressonâncias entre diferentes territórios da urbe contemporânea. Para tanto, mobilizam-se linhas de vida, as quais atravessam instituições de acolhimento para crianças e adolescentes, periferias, áreas urbanas como a chamada cracolândia, prisões, unidades de internação da Fundação CASA, Centros de Atenção Psicossocial, manicômios judiciários, comunidades terapêuticas, entre outros tantos lugares e aparatos estatais que, em suas conexões, delineiam um continuum entre punição, repressão e controle; saúde, assistência e cuidado. Desse ângulo, o que emerge no horizonte é a imagem do arquipélago e suas múltiplas ilhas abertas, porosas e ressoantes. Nessa direção, busca-se alargar as ponderações referentes à porosidade da prisão, visando apreendê-la a partir de seus atravessamentos e suas fragmentações. Partindo de estudos que demonstraram a potencialidade de se pensar os bairros periféricos em continuidade analítica com o cárcere, por um lado, visa-se ampliar o argumento, evidenciando-se que a máquina carcerária é apenas uma peça no interior de um vasto circuito, perspectiva que possibilita deslocamentos não só analíticos, mas também políticos. Na medida em que as prisões, juntamente com os manicômios judiciários, constituem as bases do prisma através do qual vislumbra-se o arquipélago, faz-se necessário uma abordagem detalhada dos canais e dutos que os conectam, fazendo passar de um lado ao outro tecnologias, práticas, populações e repertórios. Por outro lado, após seguir os fluxos que implodem as muralhas, trata-se de relançar a discussão sobre a porosidade para o interior dos muros. Todas as vezes que se disser a prisão, reflexão que pode ser estendida para outras instituições de controle, por exemplo, os manicômios judiciários, deve-se ter em mente que esta se decompõe em vários espaços-tempo castigos, seguros, pavilhões, regimes de observação , os quais distribuem corpos, torturas, água, luz, ar e psicofármacos de forma diferencial. Nesse ponto, defrontamo-nos com os subterrâneos, espaços encobertos de certo segredo, por vezes, escondidos atrás de chapas de aço, de pavilhões ou de paredes duplicadas. Lugares de supressão e excesso, onde permanecem homens e mulheres quase vivos; quase mortos sem fala, com palavras indecifráveis ou pela metade, refletindo os efeitos de uma política do definhamento, cuja imagem que a ilustra é o fazer babar.
id USP_768f59716f6e65a370189c48e9782889
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-30102019-185218
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo Ending Lines: circulations and confinements through the undergrounds of São Paulo 2019-08-29Vera da Silva TellesAntonio Carlos Rafael BarbosaManuela Ivone Paredes Pereira da CunhaAdriana de Resende Barreto ViannaFábio MallartUniversidade de São PauloSociologiaUSPBR Asylums Estado Manicômios judiciários Prisões Prisons Psicofármacos Psychopharmaceuticals São Paulo São Paulo State Esta tese, tendo como base pesquisa etnográfica realizada em distintos espaços institucionais, assim como em zonas urbanas de São Paulo, explora as circulações e os confinamentos aos quais são submetidas determinadas populações da cidade, destacando-se as ressonâncias entre diferentes territórios da urbe contemporânea. Para tanto, mobilizam-se linhas de vida, as quais atravessam instituições de acolhimento para crianças e adolescentes, periferias, áreas urbanas como a chamada cracolândia, prisões, unidades de internação da Fundação CASA, Centros de Atenção Psicossocial, manicômios judiciários, comunidades terapêuticas, entre outros tantos lugares e aparatos estatais que, em suas conexões, delineiam um continuum entre punição, repressão e controle; saúde, assistência e cuidado. Desse ângulo, o que emerge no horizonte é a imagem do arquipélago e suas múltiplas ilhas abertas, porosas e ressoantes. Nessa direção, busca-se alargar as ponderações referentes à porosidade da prisão, visando apreendê-la a partir de seus atravessamentos e suas fragmentações. Partindo de estudos que demonstraram a potencialidade de se pensar os bairros periféricos em continuidade analítica com o cárcere, por um lado, visa-se ampliar o argumento, evidenciando-se que a máquina carcerária é apenas uma peça no interior de um vasto circuito, perspectiva que possibilita deslocamentos não só analíticos, mas também políticos. Na medida em que as prisões, juntamente com os manicômios judiciários, constituem as bases do prisma através do qual vislumbra-se o arquipélago, faz-se necessário uma abordagem detalhada dos canais e dutos que os conectam, fazendo passar de um lado ao outro tecnologias, práticas, populações e repertórios. Por outro lado, após seguir os fluxos que implodem as muralhas, trata-se de relançar a discussão sobre a porosidade para o interior dos muros. Todas as vezes que se disser a prisão, reflexão que pode ser estendida para outras instituições de controle, por exemplo, os manicômios judiciários, deve-se ter em mente que esta se decompõe em vários espaços-tempo castigos, seguros, pavilhões, regimes de observação , os quais distribuem corpos, torturas, água, luz, ar e psicofármacos de forma diferencial. Nesse ponto, defrontamo-nos com os subterrâneos, espaços encobertos de certo segredo, por vezes, escondidos atrás de chapas de aço, de pavilhões ou de paredes duplicadas. Lugares de supressão e excesso, onde permanecem homens e mulheres quase vivos; quase mortos sem fala, com palavras indecifráveis ou pela metade, refletindo os efeitos de uma política do definhamento, cuja imagem que a ilustra é o fazer babar. This thesis, based on ethnographic research carried out in varied institutional spaces as well as in urban areas of São Paulo, explores circulations and confinements to which certain populations are submitted, highlighting the resonances between different territories of the contemporary city. In order to do so, lifelines crossing shelter homes for children and teenagers, low-income peripheries, urban areas such as the so-called cracolândia (crackland), prisons, confinement units of the CASA Foundation, Psychosocial Care Centers, asylums, recovery centers, among many other places and state apparatuses, are mobilized. In these connections, they trace a continuum between punishment, repression and control; health, assistance and care. From this angle, the image of an archipelago and its multiple islands - open, porous and resounding - emerge on the horizon. Towards this direction, we aim at stretching the considerations regarding the porosity of prison, seeking to apprehend it from its crossings and fragmentations. On the one hand, while taking studies that demonstrated the potentiality of thinking low-income peripheral neighborhoods in analytical continuity to prisons as an entry point, this thesis is aimed at amplifying this argument, evidencing the prison machinery as only one of the cogs inside a vast circuit; a perspective which enables not only analytical but also political shifts. Considering that prisons, together with asylums, form the basis of the prism through which this archipelago is glimpsed, a detailed approach of the channels and ducts connecting them is necessary; from one side to other; their technologies, practices, populations and repertoires. On the other hand, after following flows that implode walls, it is about to relaunch the discussion about the porosity within the walls of prison, and in every occurrence of the word \"prison\", this reflection can be extended to other institutions of control such as asylums. It must be borne in mind that prison is broken down into various space times castigos, seguros, wards, regimes of observation which distribute bodies, tortures, water, light, oxygen and psychotropic drugs in a defined manner. At this point, we are confronted with the subterranean: spaces concealed by a certain degree of secrecy, sometimes hidden behind steel plates, wards or double-walls. Places of suppression and excess, where men and women remain half-dead, half-living; speechless through indecipherable or unfinished words , reflecting the effects of a languishing policy, where drooling is the best image portraying this reality. https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-30102019-185218info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T20:27:47Zoai:teses.usp.br:tde-30102019-185218Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:33:13.963531Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.pt.fl_str_mv Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo
dc.title.alternative.en.fl_str_mv Ending Lines: circulations and confinements through the undergrounds of São Paulo
title Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo
spellingShingle Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo
Fábio Mallart
title_short Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo
title_full Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo
title_fullStr Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo
title_full_unstemmed Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo
title_sort Findas linhas: circulações e confinamentos pelos subterrâneos de São Paulo
author Fábio Mallart
author_facet Fábio Mallart
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Vera da Silva Telles
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Antonio Carlos Rafael Barbosa
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Manuela Ivone Paredes Pereira da Cunha
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Adriana de Resende Barreto Vianna
dc.contributor.author.fl_str_mv Fábio Mallart
contributor_str_mv Vera da Silva Telles
Antonio Carlos Rafael Barbosa
Manuela Ivone Paredes Pereira da Cunha
Adriana de Resende Barreto Vianna
description Esta tese, tendo como base pesquisa etnográfica realizada em distintos espaços institucionais, assim como em zonas urbanas de São Paulo, explora as circulações e os confinamentos aos quais são submetidas determinadas populações da cidade, destacando-se as ressonâncias entre diferentes territórios da urbe contemporânea. Para tanto, mobilizam-se linhas de vida, as quais atravessam instituições de acolhimento para crianças e adolescentes, periferias, áreas urbanas como a chamada cracolândia, prisões, unidades de internação da Fundação CASA, Centros de Atenção Psicossocial, manicômios judiciários, comunidades terapêuticas, entre outros tantos lugares e aparatos estatais que, em suas conexões, delineiam um continuum entre punição, repressão e controle; saúde, assistência e cuidado. Desse ângulo, o que emerge no horizonte é a imagem do arquipélago e suas múltiplas ilhas abertas, porosas e ressoantes. Nessa direção, busca-se alargar as ponderações referentes à porosidade da prisão, visando apreendê-la a partir de seus atravessamentos e suas fragmentações. Partindo de estudos que demonstraram a potencialidade de se pensar os bairros periféricos em continuidade analítica com o cárcere, por um lado, visa-se ampliar o argumento, evidenciando-se que a máquina carcerária é apenas uma peça no interior de um vasto circuito, perspectiva que possibilita deslocamentos não só analíticos, mas também políticos. Na medida em que as prisões, juntamente com os manicômios judiciários, constituem as bases do prisma através do qual vislumbra-se o arquipélago, faz-se necessário uma abordagem detalhada dos canais e dutos que os conectam, fazendo passar de um lado ao outro tecnologias, práticas, populações e repertórios. Por outro lado, após seguir os fluxos que implodem as muralhas, trata-se de relançar a discussão sobre a porosidade para o interior dos muros. Todas as vezes que se disser a prisão, reflexão que pode ser estendida para outras instituições de controle, por exemplo, os manicômios judiciários, deve-se ter em mente que esta se decompõe em vários espaços-tempo castigos, seguros, pavilhões, regimes de observação , os quais distribuem corpos, torturas, água, luz, ar e psicofármacos de forma diferencial. Nesse ponto, defrontamo-nos com os subterrâneos, espaços encobertos de certo segredo, por vezes, escondidos atrás de chapas de aço, de pavilhões ou de paredes duplicadas. Lugares de supressão e excesso, onde permanecem homens e mulheres quase vivos; quase mortos sem fala, com palavras indecifráveis ou pela metade, refletindo os efeitos de uma política do definhamento, cuja imagem que a ilustra é o fazer babar.
publishDate 2019
dc.date.issued.fl_str_mv 2019-08-29
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-30102019-185218
url https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-30102019-185218
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.publisher.program.fl_str_mv Sociologia
dc.publisher.initials.fl_str_mv USP
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1794503165683433472