Mortalidade por suicídio na cidade de São Paulo: caracterização, tendências e análise de efeito idade-período-coorte (1996-2018)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-26072022-134753/ |
Resumo: | Introdução - Globalmente, o suicídio é a causa de morte violenta mais frequente. No Brasil, a taxa de suicídio está crescendo. Para a saúde pública, é fundamental conhecer a magnitude e tendência dos suicídios para criar estratégias de prevenção, visando à diminuição desses óbitos evitáveis. Objetivo - Descrever a mortalidade por suicídio no Município de São Paulo entre 1996 e 2018, analisando tendências temporais e os efeitos independentes de idade, período e coorte de nascimento. Métodos - Foram calculadas taxas de mortalidade por suicídio brutas, específicas e padronizadas por idade. A mortalidade proporcional foi descrita segundo sexo, idade, raça/cor, escolaridade, estado civil, meios utilizados, regiões de residência e períodos. Modelos lineares generalizados foram ajustados para avaliar a tendência temporal do suicídio segundo sexo, idade e meios utilizados e estimar a Variação Percentual Anual das taxas. Análises de idade-período-coorte estratificadas por sexo foram realizadas para estimar separadamente os efeitos do tempo calendário, da idade e da coorte de nascimento sobre o suicídio. Resultados - Foram registrados 11.204 óbitos por suicídio no período. A taxa de mortalidade por suicídio foi de 5,2 óbitos (por 100 mil habitantes), e a razão de taxas entre sexos foi de 3,7. A região Centro apresentou a maior taxa, e a região Sul, a menor. Em ambos os sexos, as taxas por enforcamento, envenenamento e precipitação cresceram no período, e as por meios não especificados tiveram queda. Para os homens, o meio mais comum utilizado foi o enforcamento, independentemente de idade, estado civil, escolaridade, raça/cor ou período. O uso das armas de fogo foi o segundo mais frequente, mas as taxas por esse meio tiveram queda de -11,3% ao ano (IC 95% -15,7 : -6,6) até 2001, crescimento de 4,9% (IC 95% 0,4 : 9,6) até 2006 e queda de -5,6% (IC 95% -7,4 : -3,7) até 2018. Não foi identificada tendência nas taxas de homens de 10 a 19 anos (p = 0,74). Em homens adultos, houve tendência de queda de -5,6% ao ano (IC 95% -7,3 : -4,0) até 2002, crescimento de 2,6% (IC 95% 1,7 : 3,5) até 2012 e queda de -3,1% (IC 95% -4,7 : -1,5) até 2018. Em homens idosos, houve tendência de queda de -2,8% (IC 95% -4,1 : -1,5) até 2012, seguida de crescimento de 4,6% (IC 95% 0,8 : 8,5). Em homens adultos e idosos, foram identificados efeitos significativos de idade e período, mas não de coorte de nascimento. Para as mulheres, enforcamento, envenenamento e precipitação foram os meios mais comuns, e os suicídios por armas de fogo caíram -6,6% (IC 95% -9,0 : -4,1) em todo o período. Houve tendência de queda de -4,2% (IC 95% -6,9 : -1,4) nas mulheres da faixa de 10 a 19 anos e de - 1,1% (IC 95% -2,1 : -0,1) nas demais faixas até 2008. Idosas tiveram queda permanente nas taxas. Nas mulheres de 10 a 59 anos, as taxas cresceram 8,7% (IC 95% 5,3 : 12,3) entre 2008 e 2012. Houve queda no período final de -1,1% (IC 95% -2,1 : -0,1) nas mulheres de 10 a 39 anos e de -9,4% (IC 95% -13,2 : -5,6) nas de 40 a 59 anos. Em mulheres adultas, houve efeitos de idade, período e coorte, com crescimento linear no risco de suicídio a partir das gerações nascidas após 1970. Em mulheres idosas, houve efeitos significativos apenas de idade. Conclusões - Em geral, houve uma queda no suicídio de homens e mulheres. Homens idosos são o único grupo etário com tendência recente de crescimento. Além destes, as populações com maior risco atualmente são as mulheres entre 20 e 39 anos, bem como as nascidas após 1970. Suicídios por armas de fogo tiveram expressiva redução após mudança legislativa dos anos 2000. Recomenda-se mais pesquisas na área da epidemiologia do suicídio no Brasil, considerando a subnotificação desse tipo de óbito e o crescimento de suas taxas no país. |
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Mortalidade por suicídio na cidade de São Paulo: caracterização, tendências e análise de efeito idade-período-coorte (1996-2018)Suicide mortality in the city of São Paulo: characterization, trends, and age-period- cohort effect analysis (1996-2018)Age EffectCohort EffectEfeito de CoorteEfeito IdadeEfeito PeríodoMortalidadeMortalityPeriod EffectSuicideSuicídioTendênciasTrendsIntrodução - Globalmente, o suicídio é a causa de morte violenta mais frequente. No Brasil, a taxa de suicídio está crescendo. Para a saúde pública, é fundamental conhecer a magnitude e tendência dos suicídios para criar estratégias de prevenção, visando à diminuição desses óbitos evitáveis. Objetivo - Descrever a mortalidade por suicídio no Município de São Paulo entre 1996 e 2018, analisando tendências temporais e os efeitos independentes de idade, período e coorte de nascimento. Métodos - Foram calculadas taxas de mortalidade por suicídio brutas, específicas e padronizadas por idade. A mortalidade proporcional foi descrita segundo sexo, idade, raça/cor, escolaridade, estado civil, meios utilizados, regiões de residência e períodos. Modelos lineares generalizados foram ajustados para avaliar a tendência temporal do suicídio segundo sexo, idade e meios utilizados e estimar a Variação Percentual Anual das taxas. Análises de idade-período-coorte estratificadas por sexo foram realizadas para estimar separadamente os efeitos do tempo calendário, da idade e da coorte de nascimento sobre o suicídio. Resultados - Foram registrados 11.204 óbitos por suicídio no período. A taxa de mortalidade por suicídio foi de 5,2 óbitos (por 100 mil habitantes), e a razão de taxas entre sexos foi de 3,7. A região Centro apresentou a maior taxa, e a região Sul, a menor. Em ambos os sexos, as taxas por enforcamento, envenenamento e precipitação cresceram no período, e as por meios não especificados tiveram queda. Para os homens, o meio mais comum utilizado foi o enforcamento, independentemente de idade, estado civil, escolaridade, raça/cor ou período. O uso das armas de fogo foi o segundo mais frequente, mas as taxas por esse meio tiveram queda de -11,3% ao ano (IC 95% -15,7 : -6,6) até 2001, crescimento de 4,9% (IC 95% 0,4 : 9,6) até 2006 e queda de -5,6% (IC 95% -7,4 : -3,7) até 2018. Não foi identificada tendência nas taxas de homens de 10 a 19 anos (p = 0,74). Em homens adultos, houve tendência de queda de -5,6% ao ano (IC 95% -7,3 : -4,0) até 2002, crescimento de 2,6% (IC 95% 1,7 : 3,5) até 2012 e queda de -3,1% (IC 95% -4,7 : -1,5) até 2018. Em homens idosos, houve tendência de queda de -2,8% (IC 95% -4,1 : -1,5) até 2012, seguida de crescimento de 4,6% (IC 95% 0,8 : 8,5). Em homens adultos e idosos, foram identificados efeitos significativos de idade e período, mas não de coorte de nascimento. Para as mulheres, enforcamento, envenenamento e precipitação foram os meios mais comuns, e os suicídios por armas de fogo caíram -6,6% (IC 95% -9,0 : -4,1) em todo o período. Houve tendência de queda de -4,2% (IC 95% -6,9 : -1,4) nas mulheres da faixa de 10 a 19 anos e de - 1,1% (IC 95% -2,1 : -0,1) nas demais faixas até 2008. Idosas tiveram queda permanente nas taxas. Nas mulheres de 10 a 59 anos, as taxas cresceram 8,7% (IC 95% 5,3 : 12,3) entre 2008 e 2012. Houve queda no período final de -1,1% (IC 95% -2,1 : -0,1) nas mulheres de 10 a 39 anos e de -9,4% (IC 95% -13,2 : -5,6) nas de 40 a 59 anos. Em mulheres adultas, houve efeitos de idade, período e coorte, com crescimento linear no risco de suicídio a partir das gerações nascidas após 1970. Em mulheres idosas, houve efeitos significativos apenas de idade. Conclusões - Em geral, houve uma queda no suicídio de homens e mulheres. Homens idosos são o único grupo etário com tendência recente de crescimento. Além destes, as populações com maior risco atualmente são as mulheres entre 20 e 39 anos, bem como as nascidas após 1970. Suicídios por armas de fogo tiveram expressiva redução após mudança legislativa dos anos 2000. Recomenda-se mais pesquisas na área da epidemiologia do suicídio no Brasil, considerando a subnotificação desse tipo de óbito e o crescimento de suas taxas no país.Introduction - Globally, suicide is the most frequent cause of violent death. The suicide rate is growing in Brazil. It is essential to know the magnitude and trends of suicide for prevention strategies, aiming to reduce these preventable deaths. Objective - To describe suicide mortality in the city of São Paulo between 1996 and 2018, analyzing temporal trends and the independent effects of age, period and birth cohort. Methods - Crude, age-specific, and agestandardized suicide mortality rates were calculated. Proportional mortality was described according to sex, age, race/color, education, marital status, suicide methods, city regions and periods. Generalized linear models were fitted to assess the temporal trend of suicide according to sex, age, and methods, and to estimate the Annual Percent Change of the rates. Sex-stratified age-period-cohort analyzes were performed to estimate the effects of calendar time, age, and birth cohort on suicide. Results - There were 11,204 deaths from suicide in the period. Suicide mortality rate was 5.2 deaths (per 100,000 inhabitants), and sex rate ratio was 3.7. The central region had the highest rate and the southern region the lowest. Suicide rates by hanging, poisoning and precipitation increased over the period, and decreased for unspecified methods, for both sexes. For men, the most common method was hanging, regardless of age, marital status, education, race/color or period. Firearms were the second most frequent method, but firearmspecific rates decreased -11.3% per year (95% CI -15.7 : - 6.6) until 2001, increased 4.9% (95% CI 0.4 : 9.6) until 2006, and decreased -5.6% (95% CI - 7.4 : -3.7) until 2018. No trend was identified in the rates for 10 to 19-year-old men (p = 0.74). Adult men rates decreased -5.6% per year (95% CI -7.3 : -4.0) until 2002, increased 2.6% (95% CI 1.7 : 3.5) until 2012, and decreased -3.1% (95% CI -4.7 : -1.5) until 2018. Elderly men rates decreased -2.8% (95% CI -4.1 : -1.5) until 2012, followed by a 4.6% increase (95% CI 0.8 : 8.5). Significant age and period effects were identified for adult and elderly men suicide, but no birth cohort effect. For women, hanging, poisoning and precipitation were the most common methods, and firearmspecific rates decreased -6.6% (95% CI -9.0 : -4.1) throughout the period. Women rates decreased -4.2% (95% CI -6.9 : -1.4) in the 1019 age range and -1.1% (95% CI -2.1 : - 0.1) in the other ranges until 2008. Elderly women had a permanent decrease in rates. The rates for 10 to 59-year-old women increased 8.7% (95% CI 5.3 : 12.3) between 2008 and 2012. In the final period, 10 to 39-year-old women rates decreased -1.1% (95% CI -2.1 : -0.1), and 40 to 59 rates decreased -9.4% (95% CI -13.2 : -5.6). There were age, period, and cohort effects for adult women, with a linear increase in suicide risk from generations born after 1970. Only age effects were detected for elderly women suicide. Conclusion - In general, suicide declined for men and women. Elderly men are the only age group with a recent increasing trend. Other populations at risk today are 20 to 39-year-old women, as well as women born after 1970. Firearm suicides had a significant reduction after legislative change in the 2000s. Further research in Brazilian suicide epidemiology is recommended, considering the typical underreporting of suicide and the increase on its national rates.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPConceição, Gleice Margarete de SouzaDuarte, Tiago Silva Birkholz2022-07-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-26072022-134753/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-07-26T16:54:41Zoai:teses.usp.br:tde-26072022-134753Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-07-26T16:54:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Introdução - Globalmente, o suicídio é a causa de morte violenta mais frequente. No Brasil, a taxa de suicídio está crescendo. Para a saúde pública, é fundamental conhecer a magnitude e tendência dos suicídios para criar estratégias de prevenção, visando à diminuição desses óbitos evitáveis. Objetivo - Descrever a mortalidade por suicídio no Município de São Paulo entre 1996 e 2018, analisando tendências temporais e os efeitos independentes de idade, período e coorte de nascimento. Métodos - Foram calculadas taxas de mortalidade por suicídio brutas, específicas e padronizadas por idade. A mortalidade proporcional foi descrita segundo sexo, idade, raça/cor, escolaridade, estado civil, meios utilizados, regiões de residência e períodos. Modelos lineares generalizados foram ajustados para avaliar a tendência temporal do suicídio segundo sexo, idade e meios utilizados e estimar a Variação Percentual Anual das taxas. Análises de idade-período-coorte estratificadas por sexo foram realizadas para estimar separadamente os efeitos do tempo calendário, da idade e da coorte de nascimento sobre o suicídio. Resultados - Foram registrados 11.204 óbitos por suicídio no período. A taxa de mortalidade por suicídio foi de 5,2 óbitos (por 100 mil habitantes), e a razão de taxas entre sexos foi de 3,7. A região Centro apresentou a maior taxa, e a região Sul, a menor. Em ambos os sexos, as taxas por enforcamento, envenenamento e precipitação cresceram no período, e as por meios não especificados tiveram queda. Para os homens, o meio mais comum utilizado foi o enforcamento, independentemente de idade, estado civil, escolaridade, raça/cor ou período. O uso das armas de fogo foi o segundo mais frequente, mas as taxas por esse meio tiveram queda de -11,3% ao ano (IC 95% -15,7 : -6,6) até 2001, crescimento de 4,9% (IC 95% 0,4 : 9,6) até 2006 e queda de -5,6% (IC 95% -7,4 : -3,7) até 2018. Não foi identificada tendência nas taxas de homens de 10 a 19 anos (p = 0,74). Em homens adultos, houve tendência de queda de -5,6% ao ano (IC 95% -7,3 : -4,0) até 2002, crescimento de 2,6% (IC 95% 1,7 : 3,5) até 2012 e queda de -3,1% (IC 95% -4,7 : -1,5) até 2018. Em homens idosos, houve tendência de queda de -2,8% (IC 95% -4,1 : -1,5) até 2012, seguida de crescimento de 4,6% (IC 95% 0,8 : 8,5). Em homens adultos e idosos, foram identificados efeitos significativos de idade e período, mas não de coorte de nascimento. Para as mulheres, enforcamento, envenenamento e precipitação foram os meios mais comuns, e os suicídios por armas de fogo caíram -6,6% (IC 95% -9,0 : -4,1) em todo o período. Houve tendência de queda de -4,2% (IC 95% -6,9 : -1,4) nas mulheres da faixa de 10 a 19 anos e de - 1,1% (IC 95% -2,1 : -0,1) nas demais faixas até 2008. Idosas tiveram queda permanente nas taxas. Nas mulheres de 10 a 59 anos, as taxas cresceram 8,7% (IC 95% 5,3 : 12,3) entre 2008 e 2012. Houve queda no período final de -1,1% (IC 95% -2,1 : -0,1) nas mulheres de 10 a 39 anos e de -9,4% (IC 95% -13,2 : -5,6) nas de 40 a 59 anos. Em mulheres adultas, houve efeitos de idade, período e coorte, com crescimento linear no risco de suicídio a partir das gerações nascidas após 1970. Em mulheres idosas, houve efeitos significativos apenas de idade. Conclusões - Em geral, houve uma queda no suicídio de homens e mulheres. Homens idosos são o único grupo etário com tendência recente de crescimento. Além destes, as populações com maior risco atualmente são as mulheres entre 20 e 39 anos, bem como as nascidas após 1970. Suicídios por armas de fogo tiveram expressiva redução após mudança legislativa dos anos 2000. Recomenda-se mais pesquisas na área da epidemiologia do suicídio no Brasil, considerando a subnotificação desse tipo de óbito e o crescimento de suas taxas no país. |
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