Da transferência negativa à destrutividade: percursos da clínica psicanalítica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13072015-121208/ |
Resumo: | A presente tese consiste em percurso pelas concepções de manejo das transferências negativas nas produções de Freud, Ferenczi e Winnicott, explicitando os diferentes sentidos e enquadres da resistência e da destrutividade na teoria da clínica de cada um desses autores, e também ensaiando pontos de contato entre eles. Como fio condutor, ou como visada ética, a valorização de uma dimensão de positividade da destruição na clínica psicanalítica na medida em que, promotora de diferenças e limites, está implicada nos caminhos das transferências em análise. Ao longo do percurso, o estudo de figuras de submissão na clínica masoquismo em Freud, identificação ao agressor em Ferenczi e falso self em Winnicott nos permite mapear outras vias para o manejo da agressividade, especialmente em situações nas quais a resistência e ódio não aparecem no trabalho analítico ou, se aparecem, não são sentidos como próprios. Em comum entre Freud, Ferenczi e Winnicott, a crítica ao excesso interpretativo e às análises que ocorrem em nível estritamente intelectual. Em Freud, além da interpretação, princípio de abstinência, associação livre/atenção flutuante e luta para superação das resistências, forjados ao longo da primeira tópica, demonstramos que as noções de elaboração, construção, bem como a menção à lenta demolição do superego hostil, permitem o esboço de outras possibilidades de manejo que se desdobram nas teorias de Ferenczi e Winnicott. Em Ferenczi, abordamos o percurso clínico que culmina na elasticidade da técnica analítica e em sua discussão sobre a implicação e limites do analista no manejo do ódio traumático e clivado que reincide na clínica. Em Winnicott, o holding, a regressão à dependência, o brincar, o uso das falhas do analista e a destruição/sobrevivência do analista permitem abordar as diferentes facetas de sua teoria da agressividade no desenvolvimento emocional e diferentes posições do analista no manejo da transferência. Como recurso para explicitar os limites e possibilidades de manejo, a construção do texto é perpassada por extratos de casos clínicos. Em Freud, os casos Dora, Homem dos Ratos, Homem dos Lobos, Jovem Homossexual e AB são abordados; em Ferenczi, algumas considerações sobre a análise de Elisabeth Severn e S.I. são evocados; em Winnicott, são analisados os casos B. e Margaret Little. Por fim, nosso percurso permite afirmar que a possibilidade da destrutividade exercer sua função diferencial depende da disponibilidade do analista de se oferecer como suporte (o que inclui também oposição, resistência e limite) e de se permitir ser destruído e sobreviver à destruição ao longo do trabalho analítico |
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Da transferência negativa à destrutividade: percursos da clínica psicanalíticaFrom negative transference to destructiveness: paths of psychoanalytical treatmentClínica psicanalíticaDestructivenessDestrutividadeNegative transferencePsicanálisePsychoanalysisPsychoanalytic treatmentResistanceResistênciaTransferência negativaA presente tese consiste em percurso pelas concepções de manejo das transferências negativas nas produções de Freud, Ferenczi e Winnicott, explicitando os diferentes sentidos e enquadres da resistência e da destrutividade na teoria da clínica de cada um desses autores, e também ensaiando pontos de contato entre eles. Como fio condutor, ou como visada ética, a valorização de uma dimensão de positividade da destruição na clínica psicanalítica na medida em que, promotora de diferenças e limites, está implicada nos caminhos das transferências em análise. Ao longo do percurso, o estudo de figuras de submissão na clínica masoquismo em Freud, identificação ao agressor em Ferenczi e falso self em Winnicott nos permite mapear outras vias para o manejo da agressividade, especialmente em situações nas quais a resistência e ódio não aparecem no trabalho analítico ou, se aparecem, não são sentidos como próprios. Em comum entre Freud, Ferenczi e Winnicott, a crítica ao excesso interpretativo e às análises que ocorrem em nível estritamente intelectual. Em Freud, além da interpretação, princípio de abstinência, associação livre/atenção flutuante e luta para superação das resistências, forjados ao longo da primeira tópica, demonstramos que as noções de elaboração, construção, bem como a menção à lenta demolição do superego hostil, permitem o esboço de outras possibilidades de manejo que se desdobram nas teorias de Ferenczi e Winnicott. Em Ferenczi, abordamos o percurso clínico que culmina na elasticidade da técnica analítica e em sua discussão sobre a implicação e limites do analista no manejo do ódio traumático e clivado que reincide na clínica. Em Winnicott, o holding, a regressão à dependência, o brincar, o uso das falhas do analista e a destruição/sobrevivência do analista permitem abordar as diferentes facetas de sua teoria da agressividade no desenvolvimento emocional e diferentes posições do analista no manejo da transferência. Como recurso para explicitar os limites e possibilidades de manejo, a construção do texto é perpassada por extratos de casos clínicos. Em Freud, os casos Dora, Homem dos Ratos, Homem dos Lobos, Jovem Homossexual e AB são abordados; em Ferenczi, algumas considerações sobre a análise de Elisabeth Severn e S.I. são evocados; em Winnicott, são analisados os casos B. e Margaret Little. Por fim, nosso percurso permite afirmar que a possibilidade da destrutividade exercer sua função diferencial depende da disponibilidade do analista de se oferecer como suporte (o que inclui também oposição, resistência e limite) e de se permitir ser destruído e sobreviver à destruição ao longo do trabalho analíticoThe present thesis consists of path through the management of negative transfers in Freud\'s, Ferenczi\'s and Winnicott\'s productions by making explicit different framing and meaning of resistance and destructiveness in treatment\'s theory of each of these authors, but also essaying points of contact among them. As a guidewire, or as ethic bias, the valorization of a dimension of positiveness of the destruction in psychoanalytic treatment insofar as, promoter of differences and limits, it is implied in the ways of the transfers in analysis. Along the course, the study of figures of submission in treatment masochism in Freud, identification with the aggressor in Ferenczi and false self in Winnicott allows one to map other ways for the management of aggressiveness, especially in situations in which resistance and hate do not appear in analytic work or, if they do, they are not felt as their own. Common to Freud, Ferenczi and Winnicott, the criticism to the interpretative excess and to analysis that occur in the strictly intellectual level. In Freud, besides interpretation, principle of abstinence, free association / floating attention and fight to overcome the resistances, forged along the first topic, we demonstrate that the notions of working through, construction, as well as the mention to the slow demolition of the hostile super-ego, permit outline other possibilities of management that unfold in Ferenczi\'s and Winnicott\'s theories. In Ferenczi, we approach the clinical course that culminates in the elasticity of the analytical technique and in its discussion about the implications and limits of the analyst in cleaved and traumatic hate management that relapses in treatment. In Winnicott, the holding, the regression to dependence, the play, the use of the analyst\'s fails and destruction/survival permit to approach the different facets of his theory of aggressiveness in emotional development and different positions of the analyst in transfer management. As a resource to make explicit the limits and possibilities of management, the construction of the text is permeated by extracts of clinical cases. In Freud, Dora, Rat Man, Wolf Man, Young Female Homosexual, and AB cases are addressed; in Ferenczi, some considerations about the analysis of Elisabeth Severn and S.I. are evoked; in Winnicott, B. and Margaret Little cases are analyzed. In conclusion, our course permits to affirm that the possibility of destructiveness to exert its differential function depends on the availability of the analyst to offer as a holding himself (which includes also opposition, resistance and limit) and to permit himself to be destroyed and himself to be destroyed and to survive to the destruction along the analytical workBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPKupermann, DanielRobert, Priscila Frehse Pereira2015-04-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-13072015-121208/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2017-07-20T06:00:09Zoai:teses.usp.br:tde-13072015-121208Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212017-07-20T06:00:09Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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