A distinção entre os indefinidos \'um\' e \'algum\' no português brasileiro
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2007 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-31012008-103215/ |
Resumo: | Este trabalho discute a denotação dos sintagmas indefinidos contendo \'um\' e \'algum\' na posição pré-nominal no português do Brasil e argumenta em favor de uma distinção entre ambos. O objetivo é delimitar as propriedades semânticas desses dois indefinidos e as contribuições de cada um para as sentenças em que aparecem. Tendo como ponto de partida os trabalhos de Kratzer & Shimoyama (2002) para o indefinido \'irgendein\' do alemão, Alonso-Ovalle & Menéndez-Benito (2003) para o \'algún\' do espanhol e para o \'some\' do inglês e Pires de Oliveira (2005) para o indefinido \'qualquer\', esta dissertação defende que \'algum\' é um indefinido que marca a falta de conhecimento do falante em relação ao referente, ao passo que \'um\' pode ser usado para referir-se a um indivíduo específico e não apresenta tal efeito. Por meio da análise da intuição dos falantes do PB e da análise dos dados a partir das propostas dos autores citados acima, foi possível constatar que \'um NP\', quanto ao comportamento quantificacional, (i) apresenta variabilidade de força quantificacional; (ii) pode ser antecedente de pronome anafórico; (iii) não tem seu escopo restringido por sentenças-se, (iv) pode combinar-se com sentenças relativas não-restritivas. Não é um indefinido epistêmico e devido a isso (i) pode ser lido como fazendo referência a um indivíduo em especial; (ii) não induz a alargamento de domínio; (iii) não está associado à livre escolha dentro de um conjunto de alternativas e (iv) não induz a um efeito epistêmico. Por sua vez, \'algum NP\' quanto ao comportamento quantificacional, (i) não apresenta variabilidade de força quantificacional; (ii) pode ser antecedente de pronome anafórico; (iii) tem seu escopo restringido por sentenças-se, (iv) não pode combinar-se com sentenças relativas não-restritivas. \'Algum NP\' é um indefinido epistêmico e devido a isso (i) não pode ser lido como fazendo referência a um indivíduo em especial; (ii) induz a alargamento de domínio; (iii) está associado à livre escolha dentro de um conjunto de alternativas e (iv) induz a um efeito epistêmico. A análise proposta nesse trabalho é feita sob a perspectiva teórica da Semântica Formal e é relevante na medida em que contribui para uma tipologia translingüística. |
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A distinção entre os indefinidos \'um\' e \'algum\' no português brasileiroThe distinction between the Indefinites \'um\' and \'algum\' in the Brazilian Portuguese'Algum''Algum''Um''Um'Epistemic modalityIndefinidosIndefinitesModalidadeSemânticaSemanticsEste trabalho discute a denotação dos sintagmas indefinidos contendo \'um\' e \'algum\' na posição pré-nominal no português do Brasil e argumenta em favor de uma distinção entre ambos. O objetivo é delimitar as propriedades semânticas desses dois indefinidos e as contribuições de cada um para as sentenças em que aparecem. Tendo como ponto de partida os trabalhos de Kratzer & Shimoyama (2002) para o indefinido \'irgendein\' do alemão, Alonso-Ovalle & Menéndez-Benito (2003) para o \'algún\' do espanhol e para o \'some\' do inglês e Pires de Oliveira (2005) para o indefinido \'qualquer\', esta dissertação defende que \'algum\' é um indefinido que marca a falta de conhecimento do falante em relação ao referente, ao passo que \'um\' pode ser usado para referir-se a um indivíduo específico e não apresenta tal efeito. Por meio da análise da intuição dos falantes do PB e da análise dos dados a partir das propostas dos autores citados acima, foi possível constatar que \'um NP\', quanto ao comportamento quantificacional, (i) apresenta variabilidade de força quantificacional; (ii) pode ser antecedente de pronome anafórico; (iii) não tem seu escopo restringido por sentenças-se, (iv) pode combinar-se com sentenças relativas não-restritivas. Não é um indefinido epistêmico e devido a isso (i) pode ser lido como fazendo referência a um indivíduo em especial; (ii) não induz a alargamento de domínio; (iii) não está associado à livre escolha dentro de um conjunto de alternativas e (iv) não induz a um efeito epistêmico. Por sua vez, \'algum NP\' quanto ao comportamento quantificacional, (i) não apresenta variabilidade de força quantificacional; (ii) pode ser antecedente de pronome anafórico; (iii) tem seu escopo restringido por sentenças-se, (iv) não pode combinar-se com sentenças relativas não-restritivas. \'Algum NP\' é um indefinido epistêmico e devido a isso (i) não pode ser lido como fazendo referência a um indivíduo em especial; (ii) induz a alargamento de domínio; (iii) está associado à livre escolha dentro de um conjunto de alternativas e (iv) induz a um efeito epistêmico. A análise proposta nesse trabalho é feita sob a perspectiva teórica da Semântica Formal e é relevante na medida em que contribui para uma tipologia translingüística.This work studies the denotation of indefinite phrases with \'um\' and \'algum\' in the pre-verbal position in Brazilian Portuguese and it argues in favor of a distinction between them. The goal of this dissertation is to discuss the properties that distinguish these two indefinites and the semantic contributions they provide to sentences where they appear. The works of Kratzer and Shimoyama (2002), Alonso-Ovalle and Menéndez-Benito (2003) and Pires de Oliveira (2005) are the background to the analysis proposed here. This dissertation argues that \'algum\' is an epistemic indefinite that marks speakers\' lack of knowledge about who (or what) satisfies her existential claims. However \'um\' does not induce to this epistemic effect and can be appropriate when the speaker intends to refer to a specific individual. The analysis of the speaker\'s intuition and the analysis of data (departing of works of the mentioned authors) permitted to conclud, in the respect to quantification: \'um NP\' (i) presents variability of quantificational force; (ii) it can be antecedent of an anaphoric pronoun; (iii) it does not have its scope constrained by if-sentences; (iv) it can be combined with nonrestrictive clauses. \'Um NP\' is not an epistemic indefinite and, due to this, (i) it can be read as an \"referential\"; (ii) it does not induce to the domain widening; (iii) it is not associated with free choice effect; (iv) it does not induce an epistemic indefinite. On the other hand, \'algum NP\' (i) presents variability of quantificational force; (ii) it can not be antecedent of an anaphoric pronoun; (iii) it has its scope constrained by ifsentences; (iv) it can not be combined with non-restrictive clauses. \'Algum NP\' is an epistemic indefinite and, due to this, (i) it can be read as an \"referential\"; (ii) it induces to the domain widening; (iii) it is associated with free choice effect; (iv) it induces an epistemic indefinite.The proposals of this work are made under the theoretical point of view of Formal Semantics and are relevant because they contribute to studies concerned with a general theory of indefinites.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMuller, Ana Lucia de PaulaSilva, Lidia Lima da2007-07-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-31012008-103215/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:09:55Zoai:teses.usp.br:tde-31012008-103215Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:09:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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