\"Puta\", \"travesti\" e \"brasiliana\": processos interseccionais de tradução e criminalização entre Brasil e Itália
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-23022024-131655/ |
Resumo: | Esta tese se debruça nas (im)possibilidades de tradução terminológica para demonstrar uma incomunicabilidade entre o contexto brasileiro e italiano, em termos de trabalho sexual e políticas travestis. Proponho uma análise etnográfica dos usos dos termos, efetivada pela pessoa antropóloga também corporificada e marcada contextualmente. Apresento como nos dois contextos há uma aproximação entre as noções puta e travesti que se materializa em processos interseccionais de criminalização. Demonstro como no contexto brasileiro mais do que termos, envolvem disputas, agenciamentos e vivências corporificadas que refletem ativismos protagonizados por pessoas diretamente engajadas na transformação política dessas nomenclaturas movimentações intransponíveis para o contexto italiano. Ao mesmo tempo, brasiliana ativa um imaginário italiano local que enquadra a prostituição e vivências trans majoritariamente como um problema migratório, para o qual se mobilizam ostensivos recursos e financiamentos que ganham forma no combate à tratta / tráfico de pessoas todo um aparato de difícil tradução para o contexto brasileiro. Dessa forma, partindo dos termos locais mobilizados nos dois contextos, penso nos elementos culturais naturalizados e em seu diálogo transcultural. Os processos de tradução são, desse modo, epistemológicos e necessariamente políticos, uma vez que estão situados em uma geopolítica marcadamente desigual. Afirmo, portanto, que as (im)possibilidades de tradução cultural se materializam em ativismos, políticas institucionais e normativas legais que ativam diversas formas de criminalizar possibilidades de existência, criação de redes de afeto e de potência política em trânsito |
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\"Puta\", \"travesti\" e \"brasiliana\": processos interseccionais de tradução e criminalização entre Brasil e Itália\"Puta\", \"travesti\" e \"brasiliana\": processi intersezionali di traduzione e criminalizzazione tra Brasile e ItaliaDecolonialDecolonialitàEstudos transMarcadores sociais da diferençaProstituiçãoProstituzioneSocial markers of differenceStudi TransTradução etnográficaTraduzione etnograficaEsta tese se debruça nas (im)possibilidades de tradução terminológica para demonstrar uma incomunicabilidade entre o contexto brasileiro e italiano, em termos de trabalho sexual e políticas travestis. Proponho uma análise etnográfica dos usos dos termos, efetivada pela pessoa antropóloga também corporificada e marcada contextualmente. Apresento como nos dois contextos há uma aproximação entre as noções puta e travesti que se materializa em processos interseccionais de criminalização. Demonstro como no contexto brasileiro mais do que termos, envolvem disputas, agenciamentos e vivências corporificadas que refletem ativismos protagonizados por pessoas diretamente engajadas na transformação política dessas nomenclaturas movimentações intransponíveis para o contexto italiano. Ao mesmo tempo, brasiliana ativa um imaginário italiano local que enquadra a prostituição e vivências trans majoritariamente como um problema migratório, para o qual se mobilizam ostensivos recursos e financiamentos que ganham forma no combate à tratta / tráfico de pessoas todo um aparato de difícil tradução para o contexto brasileiro. Dessa forma, partindo dos termos locais mobilizados nos dois contextos, penso nos elementos culturais naturalizados e em seu diálogo transcultural. Os processos de tradução são, desse modo, epistemológicos e necessariamente políticos, uma vez que estão situados em uma geopolítica marcadamente desigual. Afirmo, portanto, que as (im)possibilidades de tradução cultural se materializam em ativismos, políticas institucionais e normativas legais que ativam diversas formas de criminalizar possibilidades de existência, criação de redes de afeto e de potência política em trânsitoQuesta tesi è volta alle (im)possibilità di traduzione terminologica per dimostrare unincomunicabilità tra contesto brasiliano e italiano in discussioni riguardo il lavoro sessuale e le politiche trans. Propongo unanalisi etnografica degli usi dei termini in modo che i processi di traduzione siano avviati dalla persona antropologa, anchessa corporificata e segnata diversamente in ogni contesto. Presento come nei due contesti culturali si legano le nozioni puta e travesti in tal modo che si materializzano in processi intersezionali di criminalizzazione. Dimostro come nel contesto brasiliano questi processi coinvolgono non solo termini, bensì dispute, agency e vissuti che riflettono attivismi che hanno come protagonisti persone direttamente dedicate alla trasformazione politica di questi vocaboli movimentazioni queste non transponibili al contesto italiano. Allo stesso tempo, la parola brasiliana attiva un immaginario italiano che inquadra prostituzione e vissuti trans perlopiù come problema migratorio, destinando ingenti sforzi e finanziamenti in termini di contrasto alla tratta / tráfico de pessoas dispositivi e sforzi che sono difficili da tradurre al contesto brasiliano. In questo modo, partendo dai termini locali mobilitati in entrambi i contesti, richiamo gli elementi culturali che vengono naturalizzati e il loro dialogo transculturale. I processi traduttori sono pertanto epistemologici e necessariamente politici giacché sono situati in una geopolitica di disuguaglianza. Affermo dunque che le (im)possibilità di traduzione culturale si materializzano in attivismi, politiche istituzionali e normative legali che attivano diverse forme di criminalizzare le possibilità di esistenza, la creazione di reti di affetto e le politiche in transitoBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNascimento, Silvana de SouzaPatriarca, Letizia2023-09-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-23022024-131655/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-02-23T16:48:02Zoai:teses.usp.br:tde-23022024-131655Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-02-23T16:48:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Esta tese se debruça nas (im)possibilidades de tradução terminológica para demonstrar uma incomunicabilidade entre o contexto brasileiro e italiano, em termos de trabalho sexual e políticas travestis. Proponho uma análise etnográfica dos usos dos termos, efetivada pela pessoa antropóloga também corporificada e marcada contextualmente. Apresento como nos dois contextos há uma aproximação entre as noções puta e travesti que se materializa em processos interseccionais de criminalização. Demonstro como no contexto brasileiro mais do que termos, envolvem disputas, agenciamentos e vivências corporificadas que refletem ativismos protagonizados por pessoas diretamente engajadas na transformação política dessas nomenclaturas movimentações intransponíveis para o contexto italiano. Ao mesmo tempo, brasiliana ativa um imaginário italiano local que enquadra a prostituição e vivências trans majoritariamente como um problema migratório, para o qual se mobilizam ostensivos recursos e financiamentos que ganham forma no combate à tratta / tráfico de pessoas todo um aparato de difícil tradução para o contexto brasileiro. Dessa forma, partindo dos termos locais mobilizados nos dois contextos, penso nos elementos culturais naturalizados e em seu diálogo transcultural. Os processos de tradução são, desse modo, epistemológicos e necessariamente políticos, uma vez que estão situados em uma geopolítica marcadamente desigual. Afirmo, portanto, que as (im)possibilidades de tradução cultural se materializam em ativismos, políticas institucionais e normativas legais que ativam diversas formas de criminalizar possibilidades de existência, criação de redes de afeto e de potência política em trânsito |
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