Análise da sobrevida de pacientes com hepatite fulminante após indicação do transplante de fígado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Cinthia Lanchotte
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-23052019-142956/
Resumo: Hepatite fulminante (HF) é uma doença grave caracterizada pela perda da função hepática em indivíduos previamente saudáveis. Apenas 20% dos pacientes com HF apresentam recuperação espontânea da doença, para o restante a única opção de tratamento é o transplante de fígado (TF). Os critérios existentes para indicação de TF em pacientes com HF não avaliam com exatidão a gravidade e a chance de sobrevida, identificando casos que se beneficiariam com o transplante precoce ou casos de maior gravidade, que já não apresentam condições clínicas para o transplante. O objetivo do estudo foi avaliar a sobrevida de pacientes com diagnóstico de HF e indicação de TF, identificando fatores prognósticos durante o tempo de priorização, no período imediato após o TF e relacionando os dados dos pacientes com os dos doadores. Foram analisados retrospectivamente pacientes com diagnóstico de HF, priorizados para TF. Foram coletados dados demográficos, clínicos e laboratoriais dos 156 pacientes incluídos no estudo, sendo 107 transplantados (grupo Tx) e 49 não transplantados (grupo não-Tx). Todos os pacientes do grupo não-Tx tiveram óbito. Na análise do período de priorização, os pacientes do grupo não-Tx apresentaram encefalopatia grave (82% x 61%, p=0,018), taxa de insuficiência renal (80% x 46,1%, p < 0,001), incidência de etiologia criptogênica (42,9% x 19,9%, p=0,010), níveis de creatinina (2,35 ± 2,02 x 1,50 ± 1,44, p=0,001), lactato (67 ± 42 x 43 ± 27, p=0,001) e escores MELD (42 ± 9 x 36 ± 9, p < 0,001) e BiLE (14 ± 5 x 10 ± 4, p < 0,001) significantemente maiores em relação ao grupo Tx. O grupo Tx apresentou incidência significantemente maior de etiologia autoimune (17,8% x 4,1%, p=0,022) e pH arterial (7,40 ± 0,08 x 7,35 ± 0,14, p < 0,046) em relação ao grupo não-Tx. A análise de regressão logística múltipla identificou insuficiência renal (p=0,045) como fator prognóstico independente para óbito antes do TF. Na análise do período pós-TF, dos pacientes transplantados (grupo Tx), 61 tiveram sobrevida de 30 dias (grupo vivo-pós-Tx) e 46 tiveram óbito em 30 dias (grupo óbito-pós-Tx). Os pacientes do grupo óbito-pós-Tx apresentaram presença de encefalopatia grave (72,1% x 47,8%, p=0,016) e insuficiência renal (56,1% x 33,3%, p=0,028), significantemente maiores em relação ao grupo vivo-pós-Tx. O grupo vivo-pós-Tx apresentou pH arterial (7,40 ± 0,07 x 7,35 ± 0,09, p < 0,016) significantemente maior em relação ao grupo óbito-pós-Tx. Na avaliação de sobrevida pós-TF com os dados dos doadores, o grupo vivo-pós-Tx apresentou incidência significantemente maior de órgãos provenientes de doadores de etnia parda (33,3% x 8,7%, p=0,037) em relação ao grupo óbito-pós-Tx. A análise de Cox múltipla identificou: lactato > 48mg/dL (p=0,035) e pH arterial < 7,329 (p=0,002) do receptor e IMC > 26,2kg/m2 (p=0,012) do doador como fatores independentes de mortalidade 30 dias após o TF. Concluímos que insuficiência renal durante a priorização é indicador independente de óbito antes do TF e, lactato e pH arterial do receptor e IMC do doador são indicadores independentes de sobrevida 30 dias pós-TF
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Os critérios existentes para indicação de TF em pacientes com HF não avaliam com exatidão a gravidade e a chance de sobrevida, identificando casos que se beneficiariam com o transplante precoce ou casos de maior gravidade, que já não apresentam condições clínicas para o transplante. O objetivo do estudo foi avaliar a sobrevida de pacientes com diagnóstico de HF e indicação de TF, identificando fatores prognósticos durante o tempo de priorização, no período imediato após o TF e relacionando os dados dos pacientes com os dos doadores. Foram analisados retrospectivamente pacientes com diagnóstico de HF, priorizados para TF. Foram coletados dados demográficos, clínicos e laboratoriais dos 156 pacientes incluídos no estudo, sendo 107 transplantados (grupo Tx) e 49 não transplantados (grupo não-Tx). Todos os pacientes do grupo não-Tx tiveram óbito. Na análise do período de priorização, os pacientes do grupo não-Tx apresentaram encefalopatia grave (82% x 61%, p=0,018), taxa de insuficiência renal (80% x 46,1%, p < 0,001), incidência de etiologia criptogênica (42,9% x 19,9%, p=0,010), níveis de creatinina (2,35 ± 2,02 x 1,50 ± 1,44, p=0,001), lactato (67 ± 42 x 43 ± 27, p=0,001) e escores MELD (42 ± 9 x 36 ± 9, p < 0,001) e BiLE (14 ± 5 x 10 ± 4, p < 0,001) significantemente maiores em relação ao grupo Tx. O grupo Tx apresentou incidência significantemente maior de etiologia autoimune (17,8% x 4,1%, p=0,022) e pH arterial (7,40 ± 0,08 x 7,35 ± 0,14, p < 0,046) em relação ao grupo não-Tx. A análise de regressão logística múltipla identificou insuficiência renal (p=0,045) como fator prognóstico independente para óbito antes do TF. Na análise do período pós-TF, dos pacientes transplantados (grupo Tx), 61 tiveram sobrevida de 30 dias (grupo vivo-pós-Tx) e 46 tiveram óbito em 30 dias (grupo óbito-pós-Tx). Os pacientes do grupo óbito-pós-Tx apresentaram presença de encefalopatia grave (72,1% x 47,8%, p=0,016) e insuficiência renal (56,1% x 33,3%, p=0,028), significantemente maiores em relação ao grupo vivo-pós-Tx. O grupo vivo-pós-Tx apresentou pH arterial (7,40 ± 0,07 x 7,35 ± 0,09, p < 0,016) significantemente maior em relação ao grupo óbito-pós-Tx. Na avaliação de sobrevida pós-TF com os dados dos doadores, o grupo vivo-pós-Tx apresentou incidência significantemente maior de órgãos provenientes de doadores de etnia parda (33,3% x 8,7%, p=0,037) em relação ao grupo óbito-pós-Tx. A análise de Cox múltipla identificou: lactato > 48mg/dL (p=0,035) e pH arterial < 7,329 (p=0,002) do receptor e IMC > 26,2kg/m2 (p=0,012) do doador como fatores independentes de mortalidade 30 dias após o TF. Concluímos que insuficiência renal durante a priorização é indicador independente de óbito antes do TF e, lactato e pH arterial do receptor e IMC do doador são indicadores independentes de sobrevida 30 dias pós-TFFulminant hepatitis (FH) is a serious disease characterized by impairment of liver function in previously healthy individuals. Only 20% of patients with FH present spontaneous recovery of hepatic function. In about 80% of cases, the only treatment option is the liver transplantation (LT). The existing criteria for indication of LT in patients with FH do not accurately assess the severity and the chance of survival, then is not always possible to separate cases that could benefit by an early transplantation from those cases of greater severity that no longer present clinical condition for transplantation. The aim of this study was to survival of these patients diagnosed with FH, identifying prognostic factors during prioritization period and immediately after LT. The patients diagnosed with FH and prioritized for LT were analyzed retrospectively. Demographic, clinical and laboratory data were collected from the 156 patients included in the study, where 107 transplanted (Tx group) and 49 non-transplanted (non-Tx group). All patients in the non-Tx group died. In the analysis of the prioritization, patients from non-Tx group presented severe encephalopathy (82% x 61%, p=0.018), renal failure (80% x 46%, p < 0.001), cryptogenic etiology (42.9% x 19.9%, p=0.010), creatinine (2.35 ± 2.02 x 1.50 ± 1.44, p=0.001), lactate (67 ± 42 x 43 ± 27, p=0.001) and MELD (42 ± 9 x 36 ± 9, p < 0.001) and BiLE (14 ± 5 x 10 ± 4, p < 0.001) scores greater than Tx group. Tx group presented significantly higher incidence autoimune etiology (17.8% x 4.1%, p=0.022) and arterial pH level (7.40 ± 0.08 x 7.35 ± 0.14, p < 0.046) compared to non-Tx group. The multiple logistic regression analysis identified renal failure (p=0.045) as independent prognostic factor for death in the transplantation waiting-list. In the analysis of the post-TF period, of transplant patients (Tx group), 61 had a 30-day survival (live-post-Tx group) and 46 died within 30 days (death-post-Tx group). The patients of death-after-Tx group presented severe encephalopathy (72.1% x 47.8%, p=0.016), renal failure level (56.1% x 33.3%, p=0.028) greater than alive-after-Tx group. The alive-post-Tx group presented arterial pH (7.40 ± 0.07 x 7.35 ± 0.09, p < 0.016) greater than death-after-Tx group. The evaluation of survival rate after LT related to donor\'s data the alive-after-Tx group presented significantly greater incidence of mixed ethnicity (33.3% x 8.7%, p=0.037) compared to death-after-Tx group. Cox multiple analysis identified: lactate > 48mg/dL (p=0.035) and arterial pH < 7.329 (p=0.002) of receptor and BMI > 26.2kg/m2 (p=0.012) of donor as independent factors for mortality up to 30 days after LT. In conclusion renal failure is independent indicator of death during prioritization period and lactate and arterial pH of receptor and BMI of donor are also independent indicators of survival rate after 30 days after LTBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFigueira, Estela Regina RamosFerreira, Cinthia Lanchotte2019-03-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-23052019-142956/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-06-07T17:55:39Zoai:teses.usp.br:tde-23052019-142956Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-06-07T17:55:39Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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