Em obras: os trabalhadores da cidade de São Paulo entre 1775 e 1809

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Amália Cristovão dos
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-05072013-111920/
Resumo: Nosso trabalho parte da contraposição às imagens de pobreza e isolamento da São Paulo colonial para problematizar a cidade tomando suas atividades econômicas, a construção da cidade e seus habitantes, a partir de suas questões próprias e não apenas em comparação à prosperidade de outros contextos históricos ou de outras regiões da colônia. Nesta dissertação, mostramos que a exploração econômica e a defesa militar exercidas pelos paulistas articulavam-se na formação de uma rede de vilas, cidades, capitanias e continentes, que mobilizavam sua população e definiam seu modo de vida. Para demonstrar essa hipótese, circunscrevemos como objeto de pesquisa a cidade de São Paulo, entre os anos de 1775 e 1809, analisada por meio das obras públicas que a construíram e reconstruíram. Para discutir as questões referentes à construção do espaço e à população da cidade, utilizamos como fontes primárias principais os seguintes conjuntos documentais: atas das reuniões da Câmara, correspondências dos capitães-generais, maços de população (recenseamentos do período), mapas e os registros de obras públicas municipais contidos na documentação de receitas e despesas da Câmara - esse último grupo conta com cerca de 500 manuscritos inéditos, em que constam informações sobre os participantes e as atividades nos canteiros. A articulação desses dois temas - espaço e população - por meio da análise dos documentos à luz das questões levantadas permitiu-nos ampliar o entendimento sobre o crescimento da cidade e as relações entre seus habitantes, desfazendo as imagens de uma cidade esvaziada e de ocupação tipicamente rural. O elemento central dessa revisão são os trabalhadores de obras públicas, que se identificavam por sua atividade profissional, configurando um campo de trabalho próprio, com empreitadas frequentes. A formação desse campo só foi possível por conta das estratégias de transmissão de saberes e práticas, que ocorriam no interior das casas e no próprio canteiro. A Câmara, espaço central de decisões políticas, completava o quadro de lugares desse processo, no qual incluímos ainda escravos, agregados e mulheres, que cumpriam funções indispensáveis. Por fim, as disputas e diferenciações entre os habitantes e os espaços da cidade conduzem-nos à conclusão de que a cidade de São Paulo, no final do período colonial, não pode ser compreendida de outra forma, senão por suas características majoritariamente urbanas.
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Para demonstrar essa hipótese, circunscrevemos como objeto de pesquisa a cidade de São Paulo, entre os anos de 1775 e 1809, analisada por meio das obras públicas que a construíram e reconstruíram. Para discutir as questões referentes à construção do espaço e à população da cidade, utilizamos como fontes primárias principais os seguintes conjuntos documentais: atas das reuniões da Câmara, correspondências dos capitães-generais, maços de população (recenseamentos do período), mapas e os registros de obras públicas municipais contidos na documentação de receitas e despesas da Câmara - esse último grupo conta com cerca de 500 manuscritos inéditos, em que constam informações sobre os participantes e as atividades nos canteiros. A articulação desses dois temas - espaço e população - por meio da análise dos documentos à luz das questões levantadas permitiu-nos ampliar o entendimento sobre o crescimento da cidade e as relações entre seus habitantes, desfazendo as imagens de uma cidade esvaziada e de ocupação tipicamente rural. O elemento central dessa revisão são os trabalhadores de obras públicas, que se identificavam por sua atividade profissional, configurando um campo de trabalho próprio, com empreitadas frequentes. A formação desse campo só foi possível por conta das estratégias de transmissão de saberes e práticas, que ocorriam no interior das casas e no próprio canteiro. A Câmara, espaço central de decisões políticas, completava o quadro de lugares desse processo, no qual incluímos ainda escravos, agregados e mulheres, que cumpriam funções indispensáveis. Por fim, as disputas e diferenciações entre os habitantes e os espaços da cidade conduzem-nos à conclusão de que a cidade de São Paulo, no final do período colonial, não pode ser compreendida de outra forma, senão por suas características majoritariamente urbanas.The following thesis opposes the depictions of poverty and isolation of the colonial town of São Paulo, and discusses its economic activities, urban development and population, through its particular characteristics, and not just from a comparative point of view. Our work is based on the assumption that the economic exploitation and the military defense executed by inhabitants of São Paulo shaped a territorial network, including villages, towns, counties and continents. This network organized the people and conditioned their living. In order to confirm this hypothesis we elected the town of São Paulo between the years of 1775 and 1809 as the subject of our research, to be studied through the municipal public works that built and rebuilt this town. The debates regarding the construction of the urban space and the population of such site have the following primary documental sources: The minutes of the town hall\'s reunions, the correspondence belonging to the county administrator (capitão-general), the colonial censuses, maps, and the records of public works contained among the municipal treasury official papers - there are over 500 unpublished documents, holding important data about the participants and the activities at the construction sites. The link between urban space and population through documental analysis guided by the debates regarding the two matters allowed us to broaden the understanding of urban growth and social relations amid inhabitants, leading us to dissolve those images of an empty typically rural town. The fundamental elements of this examination are the construction workmen, identified by their professional occupation, that created a distinguished work field with recurrent contracts. Only through the strategies of transfer of knowledge and experience that took place inside the houses and at construction sites could such field be formed. The municipal council, political core of the town, was another one of the places that sheltered this process, in which we must include captives, aggregated members of the household, and women, that performed essential activities. Ultimately, the disputes and differentiations between inhabitants and between regions of the town bring us to the conclusion that the late colonial São Paulo cannot be understood in any other way than through its mostly urban traces.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLanna, Ana Lucia DuarteSantos, Amália Cristovão dos2013-05-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-05072013-111920/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:36Zoai:teses.usp.br:tde-05072013-111920Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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