Vulnerabilidade de gênero e mulheres vivendo com HIV e Aids: repercussões para a saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lima, Marcia de
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-16012013-120058/
Resumo: Estudou-se a experiência de mulheres vivendo com HIV e aids também conviverem com situações de violência por parceiro íntimo, e as repercussões destes entrecruzamentos para o cuidado de sua saúde. Tomamos como referência o conceito de vulnerabilidade já formulado para a AIDS e retrabalhado especificamente para as questões de gênero, permitindo explorar o conceito nas situações de violência doméstica contra as mulheres. Partiu-se do pressuposto que os contextos do HIV/Aids podem gerar situações de violência de mulheres soropositivas e que as representações amorosas, o ideal de conjugalidade e de família podem influenciar no impacto do cuidado da saúde das mulheres. Foram realizadas 20 entrevistas em profundidade com mulheres em acompanhamento do HIV/Aids, inseridas nos Serviços de Saúde da Rede Especializada em DST/Aids da cidade de São Paulo, na modalidade história de vida. Encontraram-se diversos contextos da vulnerabilidade, denominada de gênero, nas narrativas produzidas, na infância, adolescência e fase adulta, reforçando padrões hegemônicos de gênero ao longo dos diferentes ciclos de vida dessas mulheres. O estudo aponta que as experiências do adoecimento na revelação do diagnóstico é o elemento disparador de medos e sofrimentos em decorrência da reação dos parceiros e a das preocupações com os filhos. O diagnóstico do HIV é o momento não só do contato com a doença, mas de desvelar ou reconhecer situações de violência. É a partir das concepções e contextos de vida que as mulheres identificam o modo de se situarem no enfrentamento do HIV e da violência. O cuidado da saúde foi abordado tanto como cuidado de si, quanto na relação com os serviços de saúde, o que mostrou a grande preocupação representada pelas dificuldades que, em função de suas condições de portadoras do HIV, essas mulheres viam para se manterem na condição tradicional de cuidadoras, dentro das referências do padrão social de gênero, quer em torno de seus adoecimentos e expectativas de vida futura, quer para com os filhos. Tais preocupações surgem como justificativas da manutenção da família diante de parceiros violentos. Embora presente, observou-se que o tema violência não é pauta na atenção à saúde da mulher vivendo com HIV e aids, nos serviços de saúde especializados. A vulnerabilidade de gênero destaca-se pela ênfase na condição materna, em que por ela e para ela as mulheres dão significados às suas vidas, ao adoecimento e ao cuidado.
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Partiu-se do pressuposto que os contextos do HIV/Aids podem gerar situações de violência de mulheres soropositivas e que as representações amorosas, o ideal de conjugalidade e de família podem influenciar no impacto do cuidado da saúde das mulheres. Foram realizadas 20 entrevistas em profundidade com mulheres em acompanhamento do HIV/Aids, inseridas nos Serviços de Saúde da Rede Especializada em DST/Aids da cidade de São Paulo, na modalidade história de vida. Encontraram-se diversos contextos da vulnerabilidade, denominada de gênero, nas narrativas produzidas, na infância, adolescência e fase adulta, reforçando padrões hegemônicos de gênero ao longo dos diferentes ciclos de vida dessas mulheres. O estudo aponta que as experiências do adoecimento na revelação do diagnóstico é o elemento disparador de medos e sofrimentos em decorrência da reação dos parceiros e a das preocupações com os filhos. O diagnóstico do HIV é o momento não só do contato com a doença, mas de desvelar ou reconhecer situações de violência. É a partir das concepções e contextos de vida que as mulheres identificam o modo de se situarem no enfrentamento do HIV e da violência. O cuidado da saúde foi abordado tanto como cuidado de si, quanto na relação com os serviços de saúde, o que mostrou a grande preocupação representada pelas dificuldades que, em função de suas condições de portadoras do HIV, essas mulheres viam para se manterem na condição tradicional de cuidadoras, dentro das referências do padrão social de gênero, quer em torno de seus adoecimentos e expectativas de vida futura, quer para com os filhos. Tais preocupações surgem como justificativas da manutenção da família diante de parceiros violentos. Embora presente, observou-se que o tema violência não é pauta na atenção à saúde da mulher vivendo com HIV e aids, nos serviços de saúde especializados. A vulnerabilidade de gênero destaca-se pela ênfase na condição materna, em que por ela e para ela as mulheres dão significados às suas vidas, ao adoecimento e ao cuidado.This work studied the experience of women living with HIV and AIDS also live with situations of violence by their intimate partner and the implications of these intersections for their health care. We took as reference the concept of vulnerability already formulated to AIDS and adapted for gender issues, allowing explore it in situations of domestic violence against women. We started from the assumption that the contexts of HIV / AIDS can lead to situations of domestic violence involving HIV positive women and that the representations of love, the ideal of marital and family can influence on health care of these women. We made 20 in-depth interviews with women living with HIV / AIDS, followed on STD / AIDS reference centers of the Municipality of São Paulo, using living history method. We found in the narratives several contexts of the so called gender vulnerability occurred in childhood, adolescence and adulthood, reinforcing hegemonic gender patterns over the different life cycles of these women. The study shows that the fact of the diagnosis disclosure to be made during an illness is the element that triggers fear and suffering in relation to the reaction of the partners and worries with their children. The time of HIV diagnosis is not only the moment of contact with the disease, but also the time to uncover or recognize situations of violence. It is through conceptions and contexts of life that women identify how to locate themselves in the struggle against HIV and violence. Health care was addressed as much as caring for oneself as well in relation with the health services. This approach showed the great concern about the difficulties perceived by these women in order to keep the condition of traditional caregivers within the references of hegemonic social pattern of gender, either about their illnesses and future life expectations either about children. Such concerns arise as a justification for maintaining the family when there is coexistence with a violent partner. Although present, it was observed that violence is not an issue discussed in health care of women living with HIV and AIDS in specialized health services. The vulnerability of gender of these women is distinguished by an emphasis on maternal condition which gives meaning to their lives, illness and care.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAlmeida, Heloisa Buarque deSchraiber, Lilia BlimaLima, Marcia de2012-09-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-16012013-120058/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-07T15:05:02Zoai:teses.usp.br:tde-16012013-120058Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-07T15:05:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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