Geologia precambriana da região de Nova Era, extremo NE do Quadrilátero Ferrífero - MG

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Guarnieri, Lucia Baroni
Data de Publicação: 2003
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44135/tde-05102015-112538/
Resumo: A região de Nova Era, de ~800 km2, a NE do Quadrilátero Ferrífero, MG, na zona de transição do Cráton do São Francisco para o Cinturão Móvel Atlântico, foi mapeada em escala 1:50.000 como fundamento para estudos litoestratigráfico-estruturais, petrográficos, metamórfico-geotermobarométricos, geoquímicos e de evolução crustal precambriana. Gnaisses, migmatitos e metagranitóides TTG retrabalhados (TTG) são as rochas arqueanas mais antigas da região, de maior expressão no domínio SW. O Gnaisse Monlevade (GnM), um conjunto de gnaisses bandados e xistos vulcano-sedimentares, foi dividido em três unidades litoestratigráficas, do topo para a base, de gnaisses félsicos, metapelíticos e anfibolíticos máfico-ultramáficos predominantes, e duas litológicas, de formações ferríferas bandadas (BIF) e rochas metaultramáficas. O GnM é contínuo e correlacionado aos grupos Nova Lima e Quebra Osso do greenstone belt arqueano Rio das Velhas. Metagranitóides Borrachudos (GB) tardi-arqueanos transicionam em corpos contíguos para Metagranitóides Foliados com Fluorita (MGF) pelo principal metamorfismo regional progressivo paleoproterozóico. Têm composições de álcali feldspato granitos com fluorita hololeucocráticos e contatos gradacionais tectono-metamórficos e metassomáticos de feldspatização potássica com os TTG e gnaisses félsicos do GnM. O Gnaisse bandado heterogêneo (GnH), um biotita gnaisse atípico, ocorre nos contatos do GnM com GB/MGF. Metassedimentos do Supergrupo Minas (Smi) paleoproterozóico, quartzito-itabiríticos com hematita, metapelíticos e calciossilicáticos das formações Moeda, Cauê, Gandarela e Cercadinho encontram-se nos domínios NW e SW da região. Metagranitóides porfiríticos hololeucocráticos (MGP) com feldspato alcalino róseo facoidal grosso, encontrados num único corpo, são rochas intrusivas sinorogênicas paleoproterozóicas. Por fim, metadiabásios neoproterozóicos e diabásios mesozóicos não-deformados intrudiram, em soleiras e diques, todos os demais litotipos precambrianos. A foliação metamórfica regional principal (Sn), gerada pelo evento tectono-metamórfico principal (Dn) durante a orogênese paleoproterozóica superior pós-Minas, compressiva de E-SE para W-NW, apresenta-se, sempre, de baixos ângulos até subhorizontal, sendo mais regular nos domínios NW e SW com mergulhos, respectivamente, para W-NW e E-SE. No domínio SE, predominam caimentos para W com máximos a SW, W e NW, mas ocorrem também, com freqüência, caimentos bem definidos para NE e SE. No GnM observaram-se, também com maior freqüência no domínio SE, padrões de interferência das dobras Dn com dobras pretéritas (Dn-1) de eixos E-W até SE, vergentes para S-SW, caracterizando a deformação Dn-1 como compressiva N-S. À Sn associam-se ainda falhas inversas pseudoconcordantes como contatos entre os principais conjuntos litológicos. Assim, estas falhas de empurrão, quando vergentes para E (com caimentos W-NW), caracterizam zonas de retrocavalgamentos (falhas antitéticas) e, quando vergentes para W-NW (com caimentos E-SE), zonas de cavalgamentos frontais, do mesmo sistema colisional principal, compressivo de E-SE para W-NW, formado pela orogênese paleoproterozóica superior pós-Minas, nessa parte da borda E-SE do Cráton do São Francisco. Deformações posteriores incluíram falhas e fraturas verticais e de alto ângulo normais e inversas N-S, NW-SE e E-W, de atividade tectônica e magmática recorrente, precambriana e fanerozóica/subrecente, como mostram metadiabásios neoproterozóicos e diabásios mesozóicos associados às mesmas estruturas, e o controle destas sobre a rede de drenagem. O metamorfismo regional principal dínamo-termal progressivo pós-Minas (paleoproterozóico superior) varia na área, em geral de W para E, da fácies anfibolito inferior à média, i.e., da zona da estaurolita à zona da 1ª isógrada da sillimanita, e teve pico termal pós-cinemático. A reabsorção da granada em coronas de descompressão de plagioclásio e quartzo, em anfibolitos da parte NE da área, indica ainda taxa de exumação elevada, com despressurização isotérmica no caminho retrógrado deste metamorfismo. Seguiu-se a ele ainda retrometamorfismo em fácies xisto-verde. Em estudos geotermobarométricos do metamorfismo principal, foram identificadas temperaturas médias de 585-628 °C para pares de Gr-Bt de localidades centrais da área. No entanto, a progressão metamórfica,também indicada pelo zoneamento de granadas, não foi homogênea e regular por toda a área encontrando-se, em rochas da região NE, temperaturas Gr-Bt relativamente mais baixas, ainda que de fácies anfibolito. As pressões (geobarômetros GASP) apresentam-se de 3,2 a 4,7 kbar, com valores mais elevados, de 5,2 a 6,1 kbar, na região da usina hidrelétrica Guilman Amorin, possivelmente por efeitos de retrocavalgamentos. Estudos litogeoquímicos do GnM mostraram, para as rochas metaultramáficas, composições de komatitos e, para os anfibolitos, derivação de magmas toleiíticos variando de alto-Mg a alto-Fe. Anfibolitos das porções superiores do GnM apresentaram-se ainda enriquecidos em elementos incompatíveis quando comparados com anfibolitos das partes intermediárias e basais. Como ambientes generativos, os anfibolitos do GnM indicam dorsais oceânicas (MORB-N e E) até, eventualmente, arcos de ilhas, coerentes com a evolução geotectônica de seqüências vulcano-sedimentares arqueanas de tipo greenstone belt, como admitida para os protolitos do Gnaisse Monlevade. Os TTG apresentam padrões geoquímicos distintos dos demais metagranitóides estudados (GB, MGF, MGP, GnH e gnaisses félsicos do GnM) que, entre si, mostram-se bastante similares. As similaridades muito expressivas dos GB e MGF sustentam relações de protolitos GB transformados em MGF por metamorfismo essencialmente isoquímico. Já as similaridades de gnaisses félsicos do GnM e dos GnH comos GB/MGF devem ter sido causadas por processos metamórfico-metassomáticos aloquímicos, como também indicam os enriquecimentos dos ETRL La, Ce, Nd. A evolução crustal precambriana da região de Nova Era iniciou-se com a constituição de terrenos TTG e granito-greenstone belt no Arqueano, representados pelos TTG, GnM e GB. No Paleoproterozóico seguiu-se a deposição de tipo margem passiva dos sedimentos do Supergrupo Minas sobre o embasamento siálico arqueano e a inversão para margem ativa, numa orogênese colisional ensiálica, incluindo obducção e espessamento crustal por cavalgamentos e embricamentos frontais e retrocavalgamentos, assim como o principal metamorfismo regional progressivo. No Meso a Neoproterozóico ocorreram tectônica rúptil de soerguimento e exumação do orógeno Minas paleoproterozóico, magmatismo basáltico e, por fim, o evento tectono-termal Brasiliano; no Fanerozóico, por recorrências tectônica e magmática, reativação das estruturas rúpteis e mais um período de magmatismo basáltico.
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Deformações posteriores incluíram falhas e fraturas verticais e de alto ângulo normais e inversas N-S, NW-SE e E-W, de atividade tectônica e magmática recorrente, precambriana e fanerozóica/subrecente, como mostram metadiabásios neoproterozóicos e diabásios mesozóicos associados às mesmas estruturas, e o controle destas sobre a rede de drenagem. O metamorfismo regional principal dínamo-termal progressivo pós-Minas (paleoproterozóico superior) varia na área, em geral de W para E, da fácies anfibolito inferior à média, i.e., da zona da estaurolita à zona da 1ª isógrada da sillimanita, e teve pico termal pós-cinemático. A reabsorção da granada em coronas de descompressão de plagioclásio e quartzo, em anfibolitos da parte NE da área, indica ainda taxa de exumação elevada, com despressurização isotérmica no caminho retrógrado deste metamorfismo. Seguiu-se a ele ainda retrometamorfismo em fácies xisto-verde. Em estudos geotermobarométricos do metamorfismo principal, foram identificadas temperaturas médias de 585-628 °C para pares de Gr-Bt de localidades centrais da área. No entanto, a progressão metamórfica,também indicada pelo zoneamento de granadas, não foi homogênea e regular por toda a área encontrando-se, em rochas da região NE, temperaturas Gr-Bt relativamente mais baixas, ainda que de fácies anfibolito. As pressões (geobarômetros GASP) apresentam-se de 3,2 a 4,7 kbar, com valores mais elevados, de 5,2 a 6,1 kbar, na região da usina hidrelétrica Guilman Amorin, possivelmente por efeitos de retrocavalgamentos. Estudos litogeoquímicos do GnM mostraram, para as rochas metaultramáficas, composições de komatitos e, para os anfibolitos, derivação de magmas toleiíticos variando de alto-Mg a alto-Fe. Anfibolitos das porções superiores do GnM apresentaram-se ainda enriquecidos em elementos incompatíveis quando comparados com anfibolitos das partes intermediárias e basais. 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Metassedimentos do Supergrupo Minas (Smi) paleoproterozóico, quartzito-itabiríticos com hematita, metapelíticos e calciossilicáticos das formações Moeda, Cauê, Gandarela e Cercadinho encontram-se nos domínios NW e SW da região. Metagranitóides porfiríticos hololeucocráticos (MGP) com feldspato alcalino róseo facoidal grosso, encontrados num único corpo, são rochas intrusivas sinorogênicas paleoproterozóicas. Por fim, metadiabásios neoproterozóicos e diabásios mesozóicos não-deformados intrudiram, em soleiras e diques, todos os demais litotipos precambrianos. A foliação metamórfica regional principal (Sn), gerada pelo evento tectono-metamórfico principal (Dn) durante a orogênese paleoproterozóica superior pós-Minas, compressiva de E-SE para W-NW, apresenta-se, sempre, de baixos ângulos até subhorizontal, sendo mais regular nos domínios NW e SW com mergulhos, respectivamente, para W-NW e E-SE. No domínio SE, predominam caimentos para W com máximos a SW, W e NW, mas ocorrem também, com freqüência, caimentos bem definidos para NE e SE. No GnM observaram-se, também com maior freqüência no domínio SE, padrões de interferência das dobras Dn com dobras pretéritas (Dn-1) de eixos E-W até SE, vergentes para S-SW, caracterizando a deformação Dn-1 como compressiva N-S. À Sn associam-se ainda falhas inversas pseudoconcordantes como contatos entre os principais conjuntos litológicos. Assim, estas falhas de empurrão, quando vergentes para E (com caimentos W-NW), caracterizam zonas de retrocavalgamentos (falhas antitéticas) e, quando vergentes para W-NW (com caimentos E-SE), zonas de cavalgamentos frontais, do mesmo sistema colisional principal, compressivo de E-SE para W-NW, formado pela orogênese paleoproterozóica superior pós-Minas, nessa parte da borda E-SE do Cráton do São Francisco. Deformações posteriores incluíram falhas e fraturas verticais e de alto ângulo normais e inversas N-S, NW-SE e E-W, de atividade tectônica e magmática recorrente, precambriana e fanerozóica/subrecente, como mostram metadiabásios neoproterozóicos e diabásios mesozóicos associados às mesmas estruturas, e o controle destas sobre a rede de drenagem. O metamorfismo regional principal dínamo-termal progressivo pós-Minas (paleoproterozóico superior) varia na área, em geral de W para E, da fácies anfibolito inferior à média, i.e., da zona da estaurolita à zona da 1ª isógrada da sillimanita, e teve pico termal pós-cinemático. A reabsorção da granada em coronas de descompressão de plagioclásio e quartzo, em anfibolitos da parte NE da área, indica ainda taxa de exumação elevada, com despressurização isotérmica no caminho retrógrado deste metamorfismo. Seguiu-se a ele ainda retrometamorfismo em fácies xisto-verde. Em estudos geotermobarométricos do metamorfismo principal, foram identificadas temperaturas médias de 585-628 °C para pares de Gr-Bt de localidades centrais da área. No entanto, a progressão metamórfica,também indicada pelo zoneamento de granadas, não foi homogênea e regular por toda a área encontrando-se, em rochas da região NE, temperaturas Gr-Bt relativamente mais baixas, ainda que de fácies anfibolito. As pressões (geobarômetros GASP) apresentam-se de 3,2 a 4,7 kbar, com valores mais elevados, de 5,2 a 6,1 kbar, na região da usina hidrelétrica Guilman Amorin, possivelmente por efeitos de retrocavalgamentos. Estudos litogeoquímicos do GnM mostraram, para as rochas metaultramáficas, composições de komatitos e, para os anfibolitos, derivação de magmas toleiíticos variando de alto-Mg a alto-Fe. Anfibolitos das porções superiores do GnM apresentaram-se ainda enriquecidos em elementos incompatíveis quando comparados com anfibolitos das partes intermediárias e basais. Como ambientes generativos, os anfibolitos do GnM indicam dorsais oceânicas (MORB-N e E) até, eventualmente, arcos de ilhas, coerentes com a evolução geotectônica de seqüências vulcano-sedimentares arqueanas de tipo greenstone belt, como admitida para os protolitos do Gnaisse Monlevade. Os TTG apresentam padrões geoquímicos distintos dos demais metagranitóides estudados (GB, MGF, MGP, GnH e gnaisses félsicos do GnM) que, entre si, mostram-se bastante similares. As similaridades muito expressivas dos GB e MGF sustentam relações de protolitos GB transformados em MGF por metamorfismo essencialmente isoquímico. Já as similaridades de gnaisses félsicos do GnM e dos GnH comos GB/MGF devem ter sido causadas por processos metamórfico-metassomáticos aloquímicos, como também indicam os enriquecimentos dos ETRL La, Ce, Nd. A evolução crustal precambriana da região de Nova Era iniciou-se com a constituição de terrenos TTG e granito-greenstone belt no Arqueano, representados pelos TTG, GnM e GB. No Paleoproterozóico seguiu-se a deposição de tipo margem passiva dos sedimentos do Supergrupo Minas sobre o embasamento siálico arqueano e a inversão para margem ativa, numa orogênese colisional ensiálica, incluindo obducção e espessamento crustal por cavalgamentos e embricamentos frontais e retrocavalgamentos, assim como o principal metamorfismo regional progressivo. 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Por fim, metadiabásios neoproterozóicos e diabásios mesozóicos não-deformados intrudiram, em soleiras e diques, todos os demais litotipos precambrianos. A foliação metamórfica regional principal (Sn), gerada pelo evento tectono-metamórfico principal (Dn) durante a orogênese paleoproterozóica superior pós-Minas, compressiva de E-SE para W-NW, apresenta-se, sempre, de baixos ângulos até subhorizontal, sendo mais regular nos domínios NW e SW com mergulhos, respectivamente, para W-NW e E-SE. No domínio SE, predominam caimentos para W com máximos a SW, W e NW, mas ocorrem também, com freqüência, caimentos bem definidos para NE e SE. No GnM observaram-se, também com maior freqüência no domínio SE, padrões de interferência das dobras Dn com dobras pretéritas (Dn-1) de eixos E-W até SE, vergentes para S-SW, caracterizando a deformação Dn-1 como compressiva N-S. À Sn associam-se ainda falhas inversas pseudoconcordantes como contatos entre os principais conjuntos litológicos. Assim, estas falhas de empurrão, quando vergentes para E (com caimentos W-NW), caracterizam zonas de retrocavalgamentos (falhas antitéticas) e, quando vergentes para W-NW (com caimentos E-SE), zonas de cavalgamentos frontais, do mesmo sistema colisional principal, compressivo de E-SE para W-NW, formado pela orogênese paleoproterozóica superior pós-Minas, nessa parte da borda E-SE do Cráton do São Francisco. Deformações posteriores incluíram falhas e fraturas verticais e de alto ângulo normais e inversas N-S, NW-SE e E-W, de atividade tectônica e magmática recorrente, precambriana e fanerozóica/subrecente, como mostram metadiabásios neoproterozóicos e diabásios mesozóicos associados às mesmas estruturas, e o controle destas sobre a rede de drenagem. O metamorfismo regional principal dínamo-termal progressivo pós-Minas (paleoproterozóico superior) varia na área, em geral de W para E, da fácies anfibolito inferior à média, i.e., da zona da estaurolita à zona da 1ª isógrada da sillimanita, e teve pico termal pós-cinemático. A reabsorção da granada em coronas de descompressão de plagioclásio e quartzo, em anfibolitos da parte NE da área, indica ainda taxa de exumação elevada, com despressurização isotérmica no caminho retrógrado deste metamorfismo. Seguiu-se a ele ainda retrometamorfismo em fácies xisto-verde. Em estudos geotermobarométricos do metamorfismo principal, foram identificadas temperaturas médias de 585-628 °C para pares de Gr-Bt de localidades centrais da área. No entanto, a progressão metamórfica,também indicada pelo zoneamento de granadas, não foi homogênea e regular por toda a área encontrando-se, em rochas da região NE, temperaturas Gr-Bt relativamente mais baixas, ainda que de fácies anfibolito. As pressões (geobarômetros GASP) apresentam-se de 3,2 a 4,7 kbar, com valores mais elevados, de 5,2 a 6,1 kbar, na região da usina hidrelétrica Guilman Amorin, possivelmente por efeitos de retrocavalgamentos. Estudos litogeoquímicos do GnM mostraram, para as rochas metaultramáficas, composições de komatitos e, para os anfibolitos, derivação de magmas toleiíticos variando de alto-Mg a alto-Fe. Anfibolitos das porções superiores do GnM apresentaram-se ainda enriquecidos em elementos incompatíveis quando comparados com anfibolitos das partes intermediárias e basais. Como ambientes generativos, os anfibolitos do GnM indicam dorsais oceânicas (MORB-N e E) até, eventualmente, arcos de ilhas, coerentes com a evolução geotectônica de seqüências vulcano-sedimentares arqueanas de tipo greenstone belt, como admitida para os protolitos do Gnaisse Monlevade. Os TTG apresentam padrões geoquímicos distintos dos demais metagranitóides estudados (GB, MGF, MGP, GnH e gnaisses félsicos do GnM) que, entre si, mostram-se bastante similares. As similaridades muito expressivas dos GB e MGF sustentam relações de protolitos GB transformados em MGF por metamorfismo essencialmente isoquímico. Já as similaridades de gnaisses félsicos do GnM e dos GnH comos GB/MGF devem ter sido causadas por processos metamórfico-metassomáticos aloquímicos, como também indicam os enriquecimentos dos ETRL La, Ce, Nd. A evolução crustal precambriana da região de Nova Era iniciou-se com a constituição de terrenos TTG e granito-greenstone belt no Arqueano, representados pelos TTG, GnM e GB. No Paleoproterozóico seguiu-se a deposição de tipo margem passiva dos sedimentos do Supergrupo Minas sobre o embasamento siálico arqueano e a inversão para margem ativa, numa orogênese colisional ensiálica, incluindo obducção e espessamento crustal por cavalgamentos e embricamentos frontais e retrocavalgamentos, assim como o principal metamorfismo regional progressivo. No Meso a Neoproterozóico ocorreram tectônica rúptil de soerguimento e exumação do orógeno Minas paleoproterozóico, magmatismo basáltico e, por fim, o evento tectono-termal Brasiliano; no Fanerozóico, por recorrências tectônica e magmática, reativação das estruturas rúpteis e mais um período de magmatismo basáltico.
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