Morfoanatomia, perfil químico e propagação de Smilax fluminensis Steud. (Smilacaceae)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Soares, Anielca Nascimento
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11144/tde-17092010-154112/
Resumo: As espécies do gênero Smilax L., conhecidas popularmente como salsaparrilha, são empregadas na medicina popular desde o século XVI, porém essas plantas ainda são exploradas de maneira extrativista. Com o aumento da comercialização de plantas medicinais cresce a necessidade de trabalhos que certifiquem a qualidade da matéria prima. A caracterização anatômica e o perfil químico certamente fornecem uma base mais segura nessa certificação. Visando auxiliar no atendimento da demanda e apontar propostas do manejo sustentável em áreas de ocorrência natural de Smilax fluminensis Steud. os objetivos do presente estudo foram: a) analisar a morfoanatomia dos órgãos vegetativos e indicar as características de valor diagnóstico para essa espécie; b) analisar o perfil químico de S. fluminensis através da Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada com Detector de Arranjo de Diodos utilizando-se extratos metanólicos (EMeOH) de raízes, rizóforos e ramos aéreos; c) realizar estudos de germinação de sementes e de propagação vegetativa por estacas de ramos aéreos e subterrâneos e, d) acompanhar ao longo de um ano a capacidade de rebrotamento das plantas no campo. As análises ao microscópio de luz foram realizadas utilizando-se as técnicas usuais para o preparo de lâminas semipermamentes e permanentes. Para as análises no microscópio eletrônico de varredura, amostras de folhas foram fixadas em Karnovsky, desidratadas em série etílica e submetidas ao método do ponto crítico de CO2, montadas sobre suportes de alumínio e metalizadas. As sementes foram submetidas a diferentes temperaturas, sob fotoperíodo diário de oito horas e na ausência de luz. Para o enraizamento de estacas, foram utilizados ramos aéreos e subterrâneos com aproximadamente 20 cm, com duas regiões nodais submetidas ao tratamento com ácido indolbutírico a 100 ppm ou apenas em água destilada. Dentre os caracteres anatômicos que permitiram a delimitação da espécie destacam-se: estômatos anisocíticos e paracíticos presentes na epiderme da face abaxial; cera epicuticular na forma de grânulos globosos; mesofilo homogêneo com ampla câmara subestomática; presença da bainha amilífera nos primeiros entrenós do caule aéreo; presença de endoderme com reforço em U; ausência de meristema de espessamento no rizóforo adulto; presença de exoderme com estrias de Caspary nas raízes brancas e ausência de córtex interno nas raízes marrons. Em relação ao perfil químico, os extratos obtidos apresentaram picos correspondentes às substâncias: ácido clorogênico, ácido cafeico, rutina, ácido p-cumárico, ácido ferúlico e ácido trans-cinâmico. As melhores porcentagens de germinação foram 80% em 20-30º C no claro e 85% a 30ºC no escuro. Apenas as estacas de ramos subterrâneos enraizaram. Ao final de um ano de acompanhamento das plantas no campo, todas apresentaram em média 4.05 novos brotamentos. As espécies cujas partes utilizadas para o preparo dos medicamentos são as raízes correm maior risco de extinção como é o caso de S. fluminensis. Portanto, a capacidade de propagação por sementes, por estacas e de regeneração de ramos aéreos após a remoção de parte das estruturas subterrâneas aliada ao perfil químico confirma o seu potencial para a exploração econômica de maneira sustentável, sendo uma alternativa para reduzir o extrativismo predatório dessa espécie nativa.
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Visando auxiliar no atendimento da demanda e apontar propostas do manejo sustentável em áreas de ocorrência natural de Smilax fluminensis Steud. os objetivos do presente estudo foram: a) analisar a morfoanatomia dos órgãos vegetativos e indicar as características de valor diagnóstico para essa espécie; b) analisar o perfil químico de S. fluminensis através da Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada com Detector de Arranjo de Diodos utilizando-se extratos metanólicos (EMeOH) de raízes, rizóforos e ramos aéreos; c) realizar estudos de germinação de sementes e de propagação vegetativa por estacas de ramos aéreos e subterrâneos e, d) acompanhar ao longo de um ano a capacidade de rebrotamento das plantas no campo. As análises ao microscópio de luz foram realizadas utilizando-se as técnicas usuais para o preparo de lâminas semipermamentes e permanentes. Para as análises no microscópio eletrônico de varredura, amostras de folhas foram fixadas em Karnovsky, desidratadas em série etílica e submetidas ao método do ponto crítico de CO2, montadas sobre suportes de alumínio e metalizadas. As sementes foram submetidas a diferentes temperaturas, sob fotoperíodo diário de oito horas e na ausência de luz. Para o enraizamento de estacas, foram utilizados ramos aéreos e subterrâneos com aproximadamente 20 cm, com duas regiões nodais submetidas ao tratamento com ácido indolbutírico a 100 ppm ou apenas em água destilada. Dentre os caracteres anatômicos que permitiram a delimitação da espécie destacam-se: estômatos anisocíticos e paracíticos presentes na epiderme da face abaxial; cera epicuticular na forma de grânulos globosos; mesofilo homogêneo com ampla câmara subestomática; presença da bainha amilífera nos primeiros entrenós do caule aéreo; presença de endoderme com reforço em U; ausência de meristema de espessamento no rizóforo adulto; presença de exoderme com estrias de Caspary nas raízes brancas e ausência de córtex interno nas raízes marrons. Em relação ao perfil químico, os extratos obtidos apresentaram picos correspondentes às substâncias: ácido clorogênico, ácido cafeico, rutina, ácido p-cumárico, ácido ferúlico e ácido trans-cinâmico. As melhores porcentagens de germinação foram 80% em 20-30º C no claro e 85% a 30ºC no escuro. Apenas as estacas de ramos subterrâneos enraizaram. Ao final de um ano de acompanhamento das plantas no campo, todas apresentaram em média 4.05 novos brotamentos. As espécies cujas partes utilizadas para o preparo dos medicamentos são as raízes correm maior risco de extinção como é o caso de S. fluminensis. Portanto, a capacidade de propagação por sementes, por estacas e de regeneração de ramos aéreos após a remoção de parte das estruturas subterrâneas aliada ao perfil químico confirma o seu potencial para a exploração econômica de maneira sustentável, sendo uma alternativa para reduzir o extrativismo predatório dessa espécie nativa.The Smilax L. species, popularly known as salsaparrilha, have been used in folk medicine since the sixteenth century; however, these plants have still been handled in extractive way. With the increasing commercialization of medicinal plants, there is need to study to certify the raw material quality. Anatomical analyses and chemical profile characterization certainly provides a more secure basis to this certification. Aiming to meet the demand and to point proposals for sustainable management of natural occurrence of Smilax fluminensis Steud., the objectives of this study were: a) to analyze the morph-anatomy of vegetative organs and indicate the features of diagnostic value for this species, b) to examine the chemical profile of S. fluminensis by High Performance Liquid Chromatography Coupled with Diode Array Detector using methanol extracts (EMeOH) of roots, rhizophore and stems c) to conduct studies of seed germination and vegetative propagation on cuttings of aerial and subterranean stems and d) to monitor, over a year, the resprouting ability of plants in the field. We carried out the analyses under a light microscopy using the usual techniques for preparing semi-permanent and permanent slides. To perform the analyses under a scanning electron microscopy, leaf samples were fixed in Karnovsky, dehydrated in ethanol series and subjected to critical point method of CO2, mounted on aluminum supports and coated with gold. Seeds were exposed to different temperatures under a daily photoperiod of eight hours and in the absence of light. To analyze the sprouting, aerial and subterranean stems were used with about 20 cm of length, with two nodal regions subjected to treatment with IBA at 100 ppm or in distilled water. Among the anatomical features that enable delimitation of the species are: anisocytic and paracytic stomata in the epidermis of the abaxial surface, epicuticular wax in the form of granules globules, homogeneous mesophyll with large substomatal chambers, presence of starch sheath in the first internodes of the aerial stem, the presence of endoderm-reinforced U and the absence of primary thickening meristem in the adult rhizophore, exodermis with Casparian strips in roots, and the absence of inner cortex in brown roots. Regarding the chemical profile, extracts showed peaks corresponding to the following substances: chlorogenic acid, caffeic acid, rutin, p-coumaric acid, ferulic acid and trans-Cinnamic acid. The best germination was 80% at 20-30ºC under light and 85% at 30ºC in the dark. Only roots sprouted. After one year of monitoring the plants in the field, all had an average of 4.05 new aerial shoots. The species whose roots are used for the preparation of medicines face a greater risk of extinction as is the case of S. fluminensis. Therefore, the ability to spread by seeds, cuttings and shoots regeneration after removal of aerial stems combined with the chemical profile confirms its potential for economic use in a sustainable manner, and an alternative to reduce the predatory extraction of native species.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGloria, Beatriz Appezzato daSoares, Anielca Nascimento2010-08-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11144/tde-17092010-154112/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:11Zoai:teses.usp.br:tde-17092010-154112Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:11Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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