Avaliação das classificações para fístulas anorretais como indicativas do tratamento cirúrgico realizado e do resultado terapêutico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Hora, José Américo Bacchi
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-23112023-125943/
Resumo: INTRODUÇÃO: As fístulas anorretais são bastante heterogêneas. Diversas classificações têm sido propostas. A de Parks et al., com quatro tipos anatômicos, é a mais difundida; a preconizada pela American Society of Colon and Rectal Surgeons (ASCRS) categoriza as fístulas entre simples e complexas, conforme o risco de incontinência após fistulotomia; e a do Saint James University Hospital (SJUH) as separa, por ressonância magnética (RM), em cinco graus. Nenhuma consegue, por si só, descrever a doença em sua totalidade e determinar a melhor opção terapêutica. OBJETIVOS: Avaliar a capacidade preditora das classificações de Parks et al., da ASCRS e do SJUH e compará-las em relação tratamento cirúrgico realizado, número de procedimentos e tipo de procedimento inicial; e ao resultado terapêutico do primeiro procedimento definitivo, sucesso e sucesso com preservação da continência. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de coorte, com pacientes submetidos a cirurgia para fístulas anorretais no Serviço de Cirurgia do Cólon, Reto e Ânus do HCFMUSP, entre 13/06/2012 e 13/12/2019, e acompanhamento mínimo de seis meses. Foram excluídos os casos com imunossupressão, doença de Crohn, neoplasia maligna, radioterapia prévia ou tuberculose. Oitenta e nove pacientes foram classificados segundo Parks et al. e ASCRS, e desses, 49 submetidos a RM também, conforme SJUH. Foram analisadas as associações das classificações aos desfechos: número de procedimentos, tipo de procedimento inicial (exame e drenagem exclusivos, fistulotomias sem reconstrução esfincteriana ou \"outros procedimentos definitivos\"), \"sucesso\" (cicatrização sem recidiva) e \"sucesso\" com preservação da continência. RESULTADOS: O seguimento médio foi de 27,6 meses (DP ± 18,6) ), com mediana de 24,7 (mín. 6,2; máx. 86,7). O número de procedimentos por paciente variou de um a oito, com mediana de um e média de 1,7 (DP±1,8), e apresentou associação às classificações de Parks et al. (p = 0,001) e ASCRS (p = 0,004). O tipo de procedimento inicial mostrou associação às classificações de Parks et al. (p < 0,001), ASCRS e SJUH (p = 0,026). A taxa de \"sucesso\" foi de 87% e foi maior nas fistulotomias sem reconstrução (p < 0,001). Houve associação significativa apenas à escala de Parks et al., com frequência menor nas supraesfincterianas e maior nas interesfincterianas (p = 0,005). Houve piora da continência em 15% dos casos, totalizando 21% de incontinência pós-operatória. A taxa de \"sucesso\" com preservação da continência foi de 73%, apresentando associação às classificações de Parks et al. (p = 0,008) e ASCRS (p = 0,007), com valores superiores a 90% nos escores mais baixos. CONCLUSÃO: As classificações de Parks et al. e ASCRS apresentaram associação ao tratamento cirúrgico realizado, tanto em relação ao número de procedimentos quanto ao tipo de procedimento inicial, enquanto a do SJUH, apenas ao tipo de procedimento inicial. A classificação de Parks et al. foi associada ao resultado terapêutico do primeiro procedimento definitivo, tanto em relação ao \"sucesso\" quanto ao \"sucesso\" com preservação da continência. A da ASCRS foi associada apenas ao \"sucesso\" com preservação da continência, e a do SJUH não apresentou associação aos desfechos do resultado terapêutico. A classificação de Parks et al. foi a que demonstrou maior associação significativa aos desfechos estudados
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Nenhuma consegue, por si só, descrever a doença em sua totalidade e determinar a melhor opção terapêutica. OBJETIVOS: Avaliar a capacidade preditora das classificações de Parks et al., da ASCRS e do SJUH e compará-las em relação tratamento cirúrgico realizado, número de procedimentos e tipo de procedimento inicial; e ao resultado terapêutico do primeiro procedimento definitivo, sucesso e sucesso com preservação da continência. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de coorte, com pacientes submetidos a cirurgia para fístulas anorretais no Serviço de Cirurgia do Cólon, Reto e Ânus do HCFMUSP, entre 13/06/2012 e 13/12/2019, e acompanhamento mínimo de seis meses. Foram excluídos os casos com imunossupressão, doença de Crohn, neoplasia maligna, radioterapia prévia ou tuberculose. Oitenta e nove pacientes foram classificados segundo Parks et al. e ASCRS, e desses, 49 submetidos a RM também, conforme SJUH. Foram analisadas as associações das classificações aos desfechos: número de procedimentos, tipo de procedimento inicial (exame e drenagem exclusivos, fistulotomias sem reconstrução esfincteriana ou \"outros procedimentos definitivos\"), \"sucesso\" (cicatrização sem recidiva) e \"sucesso\" com preservação da continência. RESULTADOS: O seguimento médio foi de 27,6 meses (DP ± 18,6) ), com mediana de 24,7 (mín. 6,2; máx. 86,7). O número de procedimentos por paciente variou de um a oito, com mediana de um e média de 1,7 (DP±1,8), e apresentou associação às classificações de Parks et al. (p = 0,001) e ASCRS (p = 0,004). O tipo de procedimento inicial mostrou associação às classificações de Parks et al. (p < 0,001), ASCRS e SJUH (p = 0,026). A taxa de \"sucesso\" foi de 87% e foi maior nas fistulotomias sem reconstrução (p < 0,001). Houve associação significativa apenas à escala de Parks et al., com frequência menor nas supraesfincterianas e maior nas interesfincterianas (p = 0,005). Houve piora da continência em 15% dos casos, totalizando 21% de incontinência pós-operatória. A taxa de \"sucesso\" com preservação da continência foi de 73%, apresentando associação às classificações de Parks et al. (p = 0,008) e ASCRS (p = 0,007), com valores superiores a 90% nos escores mais baixos. CONCLUSÃO: As classificações de Parks et al. e ASCRS apresentaram associação ao tratamento cirúrgico realizado, tanto em relação ao número de procedimentos quanto ao tipo de procedimento inicial, enquanto a do SJUH, apenas ao tipo de procedimento inicial. A classificação de Parks et al. foi associada ao resultado terapêutico do primeiro procedimento definitivo, tanto em relação ao \"sucesso\" quanto ao \"sucesso\" com preservação da continência. A da ASCRS foi associada apenas ao \"sucesso\" com preservação da continência, e a do SJUH não apresentou associação aos desfechos do resultado terapêutico. A classificação de Parks et al. foi a que demonstrou maior associação significativa aos desfechos estudadosINTRODUCTION: Anorectal fistulas exhibit considerable heterogeneity. Numerous classifications have been put forth. The one by Parks et al., comprising four anatomical types, is the most widespread; that employed by the American Society of Colon and Rectal Surgeons (ASCRS) distinguishes between simple and complex fistulas based on the risk of post-fistulotomy incontinence; and that of the Saint James University Hospital (SJUH) classifies them into five grades utilizing magnetic resonance imaging (MRI). However, none of these classifications can independently provide a comprehensive description of the disease or determine the most effective therapeutic approach. OBJECTIVES: To evaluate the predictive capacity of the Parks et al., ASCRS, and SJUH classifications and compare them in relation to the performed surgical treatment, number of procedures and type of initial procedure; and the therapeutic result of the first definitive procedure, including success and success with preservation of continence. METHODS: Retrospective cohort study, with patients who underwent surgery for anorectal fistulas at the Serviço de Cirurgia do Cólon, Reto e Ânus do HCFMUSP, between 06/13/2012 and 12/13/2019, with a minimum follow-up of six months. Cases with immunosuppression, Crohn\'s disease, malignancy, previous radiotherapy, or tuberculosis were excluded. Eighty-nine patients were classified according to Parks et al. and ASCRS, with 49 of them also classified using MRI by SJUH. The associations between the classifications and the following outcomes were analyzed: number of procedures, type of initial procedure (exclusive examination and drainage, fistulotomy without sphincter reconstruction, or \"other definitive procedures\"), \"success\" (healing without recurrence), and \"success\" with preservation of continence. RESULTS: The mean follow-up was 27.6 months (SD ± 18.6), with a median of 24.7 months (min. 6.2; max. 86.7). The number of procedures per patient ranged from one to eight, with a median of one and a mean of 1.7 (SD ± 1.8) and showed an association with the Parks et al. (p = 0.001) and ASCRS (p = 0.004) classifications. The type of initial procedure was associated with the Parks et al. (p < 0.001), ASCRS, and SJUH classifications (p = 0.026). The \"success\" rate was 87% and was higher in fistulotomies without reconstruction (p < 0.001). There was a significant association only with the Parks et al. scale, with a lower frequency in suprasphincteric and a higher frequency in intersphincteric fistulas (p = 0.005). Continence worsened in 15% of cases, resulting in a total of 21% of postoperative incontinence. The \"success\" with preservation of continence rate was 73% and was associated with the Parks et al. (p = 0.008) and ASCRS (p = 0.007) classifications, with values exceeding 90% in the lower scores. CONCLUSION: Parks et al. and ASCRS classifications showed association with the performed surgical treatment, both in terms of the number of procedures and the type of initial procedure, while the SJUH classification was only associated with the type of initial procedure. The Parks et al. classification was associated with the therapeutic result of the first definitive procedure, both in terms of \"success\" and \"success\" with preservation of continence. The ASCRS classification was only associated with \"success\" with preservation of continence, and the SJUH classification showed no association with the therapeutic result outcomes. The Parks et al. classification demonstrated the highest significant association with the studied outcomesBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPNahas, Sergio CarlosHora, José Américo Bacchi2023-08-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-23112023-125943/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-11-27T16:34:03Zoai:teses.usp.br:tde-23112023-125943Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-11-27T16:34:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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Anal fistula
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description INTRODUÇÃO: As fístulas anorretais são bastante heterogêneas. Diversas classificações têm sido propostas. A de Parks et al., com quatro tipos anatômicos, é a mais difundida; a preconizada pela American Society of Colon and Rectal Surgeons (ASCRS) categoriza as fístulas entre simples e complexas, conforme o risco de incontinência após fistulotomia; e a do Saint James University Hospital (SJUH) as separa, por ressonância magnética (RM), em cinco graus. Nenhuma consegue, por si só, descrever a doença em sua totalidade e determinar a melhor opção terapêutica. OBJETIVOS: Avaliar a capacidade preditora das classificações de Parks et al., da ASCRS e do SJUH e compará-las em relação tratamento cirúrgico realizado, número de procedimentos e tipo de procedimento inicial; e ao resultado terapêutico do primeiro procedimento definitivo, sucesso e sucesso com preservação da continência. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de coorte, com pacientes submetidos a cirurgia para fístulas anorretais no Serviço de Cirurgia do Cólon, Reto e Ânus do HCFMUSP, entre 13/06/2012 e 13/12/2019, e acompanhamento mínimo de seis meses. Foram excluídos os casos com imunossupressão, doença de Crohn, neoplasia maligna, radioterapia prévia ou tuberculose. Oitenta e nove pacientes foram classificados segundo Parks et al. e ASCRS, e desses, 49 submetidos a RM também, conforme SJUH. Foram analisadas as associações das classificações aos desfechos: número de procedimentos, tipo de procedimento inicial (exame e drenagem exclusivos, fistulotomias sem reconstrução esfincteriana ou \"outros procedimentos definitivos\"), \"sucesso\" (cicatrização sem recidiva) e \"sucesso\" com preservação da continência. RESULTADOS: O seguimento médio foi de 27,6 meses (DP ± 18,6) ), com mediana de 24,7 (mín. 6,2; máx. 86,7). O número de procedimentos por paciente variou de um a oito, com mediana de um e média de 1,7 (DP±1,8), e apresentou associação às classificações de Parks et al. (p = 0,001) e ASCRS (p = 0,004). O tipo de procedimento inicial mostrou associação às classificações de Parks et al. (p < 0,001), ASCRS e SJUH (p = 0,026). A taxa de \"sucesso\" foi de 87% e foi maior nas fistulotomias sem reconstrução (p < 0,001). Houve associação significativa apenas à escala de Parks et al., com frequência menor nas supraesfincterianas e maior nas interesfincterianas (p = 0,005). Houve piora da continência em 15% dos casos, totalizando 21% de incontinência pós-operatória. A taxa de \"sucesso\" com preservação da continência foi de 73%, apresentando associação às classificações de Parks et al. (p = 0,008) e ASCRS (p = 0,007), com valores superiores a 90% nos escores mais baixos. CONCLUSÃO: As classificações de Parks et al. e ASCRS apresentaram associação ao tratamento cirúrgico realizado, tanto em relação ao número de procedimentos quanto ao tipo de procedimento inicial, enquanto a do SJUH, apenas ao tipo de procedimento inicial. A classificação de Parks et al. foi associada ao resultado terapêutico do primeiro procedimento definitivo, tanto em relação ao \"sucesso\" quanto ao \"sucesso\" com preservação da continência. A da ASCRS foi associada apenas ao \"sucesso\" com preservação da continência, e a do SJUH não apresentou associação aos desfechos do resultado terapêutico. A classificação de Parks et al. foi a que demonstrou maior associação significativa aos desfechos estudados
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