Complexo Petúnia: Registro de múltiplos estágios evolutivos na borda sul do cráton do São Francisco

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gengo, Rafaela Machado
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44143/tde-27012021-160100/
Resumo: O Complexo Petúnia corresponde a uma das faixas tectônicas englobadas pelo Cinturão de Cisalhamento Campo do Meio, de direção geral WNW - ESE, limitado por unidades do Orógeno Brasília, com a Nappe de Passos a norte, e pela Nappe Socorro Graxupé e por terrenos relacionados ao Sistema de Nappes Andrelândia ao sul. A grande distinção entre os Complexos Petúnia e Campos Gerais reside no maior grau de deformação e maior recorrência de unidades supracrustais imbricadas por meio de um complexo arranjo de cavalgamentos e cisalhamentos no Complexo Petúnia e pela presença de rochas metaultramáficas de filiação komatiítica no Complexo Campos Gerais. Trabalhos de mapeamento geológico combinados com modelos digitais de terreno e dados de gamaespectrometria e magnetrometria, permitiram individualizar com maior clareza os Complexos Petúnia e Campos Gerais. Neste trabalho o Complexo Petúnia foi redefinido e agora passa a corresponder apenas aos terrenos arqueanos-paleoproterozoicos, formados pela Unidade Petúnia, representada por gnaisses tonalíticos de 2,99 - 2,95 Ga, com intercalações de rochas máficas e metaultramáficas, bem como pelo Gnaisse Ribeirão da Conquista, de 2,83 Ga, e pelo Metagranito Bom Jesus da Penha, de 2,00 Ga. Junto ao Complexo Campos Gerais, o Complexo Petúnia constitui o arcabouço arqueano-paleoproterozoico da borda sul do Cráton do São Francisco, cuja evolução tectônica registra múltiplos estágios que remontam pelo menos desde o Paleoproterozoico até acomodações finais em resposta à consolidação do Orógeno Brasília Meridional, em torno de 574 Ma. As unidades supracrustais são representadas pelas Unidades Serra do Ibituruna e Colônia. Na Unidade Serra do Ibituruna, metapsamítica, predominam cristais detríticos de zircão com texturas dos protólitos preservadas. A distribuição de idades 207Pb/206Pb define dois picos, um menor para idades do período Riaciano, com zircão proveniente predominantemente de granitoides do Cinturão Mineiro, outro pico, maior, com idades neo- a mesoarqueanas em grãos de zircão provenientes do embasamento cratônico da borda sul do Cráton do São Francisco. A idade máxima de deposição, em 2,08 Ga, o hiato no registro de fontes siderianas e a maior contribuição de fontes arqueanas sobre fontes paleoproterozoicas indica mudança no regime deposicional da bacia, que tem características de formação em ambiente colisional, tal como os Grupos Sabará e Itacolomi. A Unidade Serra do Ibituruna, portanto, pode registrar a ocorrência inédita desses grupos fora do Quadrilátero Ferrífero. A Unidade Colônia é formada por metapelitos com intercalações de rochas metaultramáficas cuja filiação, embora ainda incerta, é distinta das rochas metaultramáficas do Complexo Campos Gerais. Os metapelitos registram trajetória horária de aquecimento, com fusão hidratada em presença de estaurolita durante o pico metamórfico, em 601 Ma, e durante o resfriamento e desenvolvimento da foliação milonítica, em 580 Ma, sob condições P-T de 7,7 a 8,5 kbar e 680 a 690°C. Relíquias de associações de alta pressão e temperatura, em conjunto com a distribuição de idades em zircão, ainda que heterogeneamente recristalizados durante o metamorfismo, guardam semelhanças com unidades do Orógeno Brasília.
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Trabalhos de mapeamento geológico combinados com modelos digitais de terreno e dados de gamaespectrometria e magnetrometria, permitiram individualizar com maior clareza os Complexos Petúnia e Campos Gerais. Neste trabalho o Complexo Petúnia foi redefinido e agora passa a corresponder apenas aos terrenos arqueanos-paleoproterozoicos, formados pela Unidade Petúnia, representada por gnaisses tonalíticos de 2,99 - 2,95 Ga, com intercalações de rochas máficas e metaultramáficas, bem como pelo Gnaisse Ribeirão da Conquista, de 2,83 Ga, e pelo Metagranito Bom Jesus da Penha, de 2,00 Ga. Junto ao Complexo Campos Gerais, o Complexo Petúnia constitui o arcabouço arqueano-paleoproterozoico da borda sul do Cráton do São Francisco, cuja evolução tectônica registra múltiplos estágios que remontam pelo menos desde o Paleoproterozoico até acomodações finais em resposta à consolidação do Orógeno Brasília Meridional, em torno de 574 Ma. As unidades supracrustais são representadas pelas Unidades Serra do Ibituruna e Colônia. Na Unidade Serra do Ibituruna, metapsamítica, predominam cristais detríticos de zircão com texturas dos protólitos preservadas. A distribuição de idades 207Pb/206Pb define dois picos, um menor para idades do período Riaciano, com zircão proveniente predominantemente de granitoides do Cinturão Mineiro, outro pico, maior, com idades neo- a mesoarqueanas em grãos de zircão provenientes do embasamento cratônico da borda sul do Cráton do São Francisco. A idade máxima de deposição, em 2,08 Ga, o hiato no registro de fontes siderianas e a maior contribuição de fontes arqueanas sobre fontes paleoproterozoicas indica mudança no regime deposicional da bacia, que tem características de formação em ambiente colisional, tal como os Grupos Sabará e Itacolomi. A Unidade Serra do Ibituruna, portanto, pode registrar a ocorrência inédita desses grupos fora do Quadrilátero Ferrífero. A Unidade Colônia é formada por metapelitos com intercalações de rochas metaultramáficas cuja filiação, embora ainda incerta, é distinta das rochas metaultramáficas do Complexo Campos Gerais. Os metapelitos registram trajetória horária de aquecimento, com fusão hidratada em presença de estaurolita durante o pico metamórfico, em 601 Ma, e durante o resfriamento e desenvolvimento da foliação milonítica, em 580 Ma, sob condições P-T de 7,7 a 8,5 kbar e 680 a 690°C. Relíquias de associações de alta pressão e temperatura, em conjunto com a distribuição de idades em zircão, ainda que heterogeneamente recristalizados durante o metamorfismo, guardam semelhanças com unidades do Orógeno Brasília.The Petúnia Complex corresponds to one of the tectonic belts surrounded by the Campo do Meio Shearing Belt, of general direction WNW - ESE, and limited by units of Brasília Orogen, with the Passos Nappe, to the north, and Socorro Guaxupé Nappe and by terrains related to the Andrelândia Nappe System, to the south. The great distinction between the Petúnia and Campos Gerais Complexes lies in the greater degree of deformation and the greater recurrence of supracrustal units imbricated through a complex arrangement of overthrusting and shearing in the first one and the presence of metaultramafic rocks of komatiitic affiliation in the last. Geological mapping combined with digital terrain models and data from gammaspectrometry and magnetrometry, allowed a more clearly individualization of the Petunia and Campos Gerais Complexes. In this thesis, the Petúnia Complex was redefined and now shall correspond only to the Archean-Paleoproterozoic terrains, formed by the Petúnia Unit, represented by tonalitic gneisses of 2.99 - 2.95 Ga, with intercalations of mafic and metaultramafic rocks, as well as by the Ribeirão da Conquista Gneiss, of 2.83 Ga, and the Bom Jesus da Penha Metagranite, of 2.00 Ga. Next to the Campos Gerais Complex, the Petúnia Complex constitutes the archean-paleoproterozoic framework on the southern margin of the São Francisco Craton, whose tectonic evolution registers multiple stages that go back at least from the Paleoproterozoic until the final accommodations in response to the consolidation of the Meridional Brasília Orogen, in around 574 Ma. The supracrustal units are represented by the Serra do Ibituruna and Colônia Units. At the Serra do Ibituruna Unit, which is metapsamitic, detrital zircon crystals with preserved protolith textures dominate. The 207Pb / 206Pb age distribution defines two peaks, one smaller for ages from the Riaciano period, with zircon predominantly from granitoids of the Mineiro Belt, and another peak, larger, with neo- to mesoarchean ages in zircon grains from the cratonic basement of the south border of the São Francisco Craton. The maximum age of deposition, at 2.08 Ga, the gap in the registration of siderian sources and the greater contribution of archean sources over paleoproterozoic ones indicates a change in the depositional regime of the basin, which has characteristics of formation in a collisional setting, such as Sabará and Itacolomi Groups. The Serra do Ibituruna Unit, therefore, might record the unprecedented occurrence of these groups outside the Quadrilátero Ferrífero. The Colony Unit is formed by metapelites with intercalations of metaultramafic rocks whose affiliation, although still uncertain, is distinct from the metaultramafic rocks of the Campos Gerais Complex. The metapelites register a clockwise warming trajectory, with hydrated melting in the presence of staurolite during the metamorphic peak, at 601 Ma, and during the cooling and development of mylonitic foliation, at 580 Ma, under P-T conditions of 7.7 to 8.5 kbar and 680 to 690 °C. Relics of high pressure and temperature associations, along with the age distribution in zircon, although heterogeneously recrystallized during metamorphism, keep similarities with units of the Brasília Orogen.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMoraes, Renato deGengo, Rafaela Machado2020-06-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44143/tde-27012021-160100/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-02-01T21:47:02Zoai:teses.usp.br:tde-27012021-160100Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-02-01T21:47:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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