Avaliação neuropsicológica de crianças e adolescentes com TOC: comparação com controles saudáveis e desfechos pós-tratamento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza, Marina de Marco e
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-13022019-141716/
Resumo: Até o momento, são escassos os estudos que se propuseram a investigar o funcionamento cognitivo das crianças e adolescentes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Os estudos disponíveis apontam que essa população apresenta pior desempenho nos testes neuropsicológicos que avaliam as funções executivas, a memória não-verbal, o funcionamento visuoespacial e a velocidade de processamento, em comparação aos sujeitos saudáveis. Mesmo com esses achados, poucos autores averiguaram a influência dos tratamentos de primeira linha para o TOC [Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) e inibidores de recaptura de serotonina (IRS)] na cognição. Vale ressaltar que tais estudos expressam resultados divergentes, não havendo um consenso sobre a melhora ou manutenção dos déficits no desempenho dos jovens após o tratamento. Diante deste contexto, o presente estudo teve como objetivos: A) Comparar as características sociodemográficas e clínicas e o funcionamento cognitivo de uma amostra pediátrica com TOC e sujeitos saudáveis; B) Verificar as modificações no funcionamento cognitivo do grupo TOC após 14 semanas de tratamento farmacológico ou psicoterápico. Para isso, foram avaliados 82 crianças e adolescentes com TOC e 82 controles saudáveis, com idades entre 6-17 anos, com questionários para avaliação de sintomas psiquiátricos e uma bateria de testes neuropsicológicos. Todos os participantes do estudo foram submetidos às avaliações na linha de base. Os pacientes, após randomização para TCC em grupo ou fluoxetina (FLX), foram reavaliados findadas 14 semanas de tratamento. A análise dos dados indicou que os pacientes apresentam desempenho cognitivo global pior que os controles, havendo diferenças significativas no QI de execução, nas habilidades visuoconstrutivas, na memória episódica não verbal e na flexibilidade mental. Variáveis clínicas, como idade de início dos sintomas, gravidade dos sintomas do TOC, dimensões dos sintomas obsessivo-compulsivos e comorbidades, não correlacionaram com o pior desempenho dos pacientes nos diferentes testes neuropsicológicos. Após 14 semanas de tratamento, embora os pacientes tenham apresentado melhora clínica dos sintomas obsessivo-compulsivos, o mesmo não ocorreu com as diferentes funções neuropsicológicas, mesmo naquelas que estavam prejudicadas na linha de base. De acordo com os resultados do presente estudo, as crianças e adolescentes com TOC apresentam pior desempenho cognitivo global em provas neuropsicológicas quando comparados aos controles saudáveis. O fato da melhora dos sintomas não ser acompanhada da melhora do desempenho neuropsicológico dos pacientes, sugere que as alterações cognitivas observadas no grupo TOC sejam relacionadas à própria neurobiologia do transtorno, independentemente da gravidade dos sintomas. Futuros estudos longitudinais serão necessários para aumentar a compreensão do funcionamento cognitivo dos jovens com TOC e as implicações do tratamento na sua cognição no longo prazo
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Mesmo com esses achados, poucos autores averiguaram a influência dos tratamentos de primeira linha para o TOC [Terapia Cognitivo- Comportamental (TCC) e inibidores de recaptura de serotonina (IRS)] na cognição. Vale ressaltar que tais estudos expressam resultados divergentes, não havendo um consenso sobre a melhora ou manutenção dos déficits no desempenho dos jovens após o tratamento. Diante deste contexto, o presente estudo teve como objetivos: A) Comparar as características sociodemográficas e clínicas e o funcionamento cognitivo de uma amostra pediátrica com TOC e sujeitos saudáveis; B) Verificar as modificações no funcionamento cognitivo do grupo TOC após 14 semanas de tratamento farmacológico ou psicoterápico. Para isso, foram avaliados 82 crianças e adolescentes com TOC e 82 controles saudáveis, com idades entre 6-17 anos, com questionários para avaliação de sintomas psiquiátricos e uma bateria de testes neuropsicológicos. Todos os participantes do estudo foram submetidos às avaliações na linha de base. Os pacientes, após randomização para TCC em grupo ou fluoxetina (FLX), foram reavaliados findadas 14 semanas de tratamento. A análise dos dados indicou que os pacientes apresentam desempenho cognitivo global pior que os controles, havendo diferenças significativas no QI de execução, nas habilidades visuoconstrutivas, na memória episódica não verbal e na flexibilidade mental. Variáveis clínicas, como idade de início dos sintomas, gravidade dos sintomas do TOC, dimensões dos sintomas obsessivo-compulsivos e comorbidades, não correlacionaram com o pior desempenho dos pacientes nos diferentes testes neuropsicológicos. Após 14 semanas de tratamento, embora os pacientes tenham apresentado melhora clínica dos sintomas obsessivo-compulsivos, o mesmo não ocorreu com as diferentes funções neuropsicológicas, mesmo naquelas que estavam prejudicadas na linha de base. De acordo com os resultados do presente estudo, as crianças e adolescentes com TOC apresentam pior desempenho cognitivo global em provas neuropsicológicas quando comparados aos controles saudáveis. O fato da melhora dos sintomas não ser acompanhada da melhora do desempenho neuropsicológico dos pacientes, sugere que as alterações cognitivas observadas no grupo TOC sejam relacionadas à própria neurobiologia do transtorno, independentemente da gravidade dos sintomas. Futuros estudos longitudinais serão necessários para aumentar a compreensão do funcionamento cognitivo dos jovens com TOC e as implicações do tratamento na sua cognição no longo prazoTo date, only a few studies have investigated the cognitive functioning of children and adolescents with Obsessive-Compulsive Disorder (OCD). These studies indicate that youth with OCD present a worse performance in neurocognitive tests that assess the executive functions, nonverbal memory, visuospatial functioning and processing speed. Despite these findings, only a few authors have investigated the influence of Cognitive-Behavioral Therapy (CBT) and selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs) on the cognition of youth with OCD. It is worth noting that these studies express divergent results, and there is no consensus on the improvement or maintenance of the cognitive deficits after treatment. In this context, the present study aimed: A) To compare the sociodemographic/ clinical characteristics and the cognitive functioning of youth with OCD and healthy controls; B) To verify the changes in cognitive functioning of children and adolescents with OCD after 14 weeks of randomized pharmacological or cognitive-behavioral treatment. Eighty-two children and adolescents with OCD and 82 healthy controls, aged between 6 and 17 years, were evaluated by means of structured questionnaires and a battery of neuropsychological tests. All participants underwent assessments at baseline. The OCD group, after being randomized to group CBT or Fluoxetine (FLX), was re-evaluated after 14 weeks of treatment. Data analyses indicated that patients presented a worse cognitive performance when compared to the healthy controls, with significant differences in performance IQ, visuoconstructive skills, nonverbal memory, and mental flexibility. Clinical variables, such as age of onset, severity of OCD symptoms, OCD dimensions and comorbidities, did not correlate with poorer performance on neuropsychological tests. Although patients had clinical improvement after 14 weeks of treatment, the same did not occur with the cognitive performance, even in those functions which were impaired at baseline. According to the results of the present study, youth with OCD present a worse cognitive performance when compared to controls. The fact that the improvement of the symptoms is not followed by the improvement of the neuropsychological performance suggests that the cognitive deficits observed in the OCD group may be related to the neurobiology of the disorder, regardless of the symptom severity. Future longitudinal studies will be needed to further clarify the cognitive functioning of youth with OCD and the implications of treatment on their cognition in the long runBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPShavitt, Roseli GedankeSouza, Marina de Marco e2018-11-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-13022019-141716/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-04-09T23:21:59Zoai:teses.usp.br:tde-13022019-141716Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-04-09T23:21:59Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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