Musealização da natureza: exposições em museu de história natural como representação cultural

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Mauricio Candido da
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-27012014-110902/
Resumo: Uma das principais características das exposições museológicas é o seu potencial de representatividade histórico-cultural, sobretudo quando dirigimos nossa atenção aos museus de história natural dos séculos XIX e XX, período de constituição do museu público, impulsionado pelos discursos nacionalistas, civilizatórios e modernizantes. A análise de projetos expositivos desse contexto possibilita inferir que o novo modelo de museu é resultado da busca do equilíbrio entre os estudos científicos desenvolvidos através das coleções de pesquisa e as formas efetivas de instrução pública. Centenas de museus foram construídos enquanto outros reformaram suas áreas técnicas e administrativas, de forma a atender os novos parâmetros estabelecidos pelos programas museológicos, arquitetonicamente definidos como área restrita de pesquisa e área restrita da exposição pública. As exposições museológicas abertas à visitação ganharam impulso a partir de uma perspectiva objetiva. Os recursos comunicacionais, que nasceram e se desenvolveram nestes museus, reforçam o sentido da educação popular a partir da leitura do discurso expositivo presente nas narrativas polissêmicas estabelecidas nos novos espaços de consagração da ciência. O objeto museológico, o espaço museal e o público das exposições formam a base desse fenômeno moderno de comunicação. A modernidade forjada tanto pela Revolução Industrial quanto pela Revolução Francesa gerou este tipo de organização institucional que, por meio da reunião de objetos extraídos do mundo natural, como referências patrimoniais, registros documentais e testemunhos materiais, assumiu a responsabilidade pela conservação, pesquisa e difusão de uma nova visão sobre a natureza, a partir de critérios científicos. A este processo de seleção, de transferência de elementos naturais para o interior dos museus, para composição de coleções e cenários museais didáticos, foi cunhada a ideia de Musealização da Natureza. Essa proposição deve ser entendida pela abrangência do percurso da nova vida do objeto, enfocando as formas de representação do mundo natural por esta tipologia de museu, apresentando em seus sistemas comunicacionais uma natureza compartimentada, classificada e reconhecida. Com o desenvolvimento e aplicação de diferentes recursos expositivos, sobretudo os dioramas, os museus de história natural passaram a preencher as salas expositivas com uma museotecnia nascida na Europa, que ganhou forte e determinante impulso nos Estados Unidos e se difundiu por todo o mundo, inclusive no Brasil. Com a instalação de cenários de ambientes naturais, didaticamente preparados, consolidou-se no museu público uma nova forma de olhar para o mundo natural: uma forma científica. É justamente no limiar da ciência moderna, que os museus de história natural se proliferam e declaradamente passam a se preocupar com a popularização da ciência. Os processos modernos de produção econômica transformaram definitivamente a relação do homem com o mundo natural. Ao mesmo tempo, estabeleceram novas formas de vivência com a natureza, seja através de parques naturais, jardins ou mesmo pelas exposições museológicas com seus dioramas, aqui considerados como verdadeiras janelas para o mundo natural.
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Centenas de museus foram construídos enquanto outros reformaram suas áreas técnicas e administrativas, de forma a atender os novos parâmetros estabelecidos pelos programas museológicos, arquitetonicamente definidos como área restrita de pesquisa e área restrita da exposição pública. As exposições museológicas abertas à visitação ganharam impulso a partir de uma perspectiva objetiva. Os recursos comunicacionais, que nasceram e se desenvolveram nestes museus, reforçam o sentido da educação popular a partir da leitura do discurso expositivo presente nas narrativas polissêmicas estabelecidas nos novos espaços de consagração da ciência. O objeto museológico, o espaço museal e o público das exposições formam a base desse fenômeno moderno de comunicação. A modernidade forjada tanto pela Revolução Industrial quanto pela Revolução Francesa gerou este tipo de organização institucional que, por meio da reunião de objetos extraídos do mundo natural, como referências patrimoniais, registros documentais e testemunhos materiais, assumiu a responsabilidade pela conservação, pesquisa e difusão de uma nova visão sobre a natureza, a partir de critérios científicos. A este processo de seleção, de transferência de elementos naturais para o interior dos museus, para composição de coleções e cenários museais didáticos, foi cunhada a ideia de Musealização da Natureza. Essa proposição deve ser entendida pela abrangência do percurso da nova vida do objeto, enfocando as formas de representação do mundo natural por esta tipologia de museu, apresentando em seus sistemas comunicacionais uma natureza compartimentada, classificada e reconhecida. Com o desenvolvimento e aplicação de diferentes recursos expositivos, sobretudo os dioramas, os museus de história natural passaram a preencher as salas expositivas com uma museotecnia nascida na Europa, que ganhou forte e determinante impulso nos Estados Unidos e se difundiu por todo o mundo, inclusive no Brasil. Com a instalação de cenários de ambientes naturais, didaticamente preparados, consolidou-se no museu público uma nova forma de olhar para o mundo natural: uma forma científica. É justamente no limiar da ciência moderna, que os museus de história natural se proliferam e declaradamente passam a se preocupar com a popularização da ciência. Os processos modernos de produção econômica transformaram definitivamente a relação do homem com o mundo natural. Ao mesmo tempo, estabeleceram novas formas de vivência com a natureza, seja através de parques naturais, jardins ou mesmo pelas exposições museológicas com seus dioramas, aqui considerados como verdadeiras janelas para o mundo natural.One of the main characteristics of museum exhibitions is its potential historical and cultural representativeness, especially when we focus our attention on the museums of natural history of the 19th and 20th centuries. Those were periods of constitution of the public museum that was driven by nationalistic, civilization and modern speeches. The analysis of exhibition projects in that context makes it possible to infer that the new model of museum is the result of the search for balance between scientific studies developed through the research collections and the effective ways of public instruction. Hundreds of museums were built while others reformed their technical and administrative areas in a way they could attend the new parameters established by the museum programs that were defined as restricted area for research and restricted area for public exhibition. Museum exhibitions opened to visiting won strength based on a focused perspective. Communicational resources that had been born and had developed in those museums reinforced the sense of popular education based on the reading of the exhibition speech that were present in the multifaceted narratives established in the new spaces of consecration of science. The museum object, the museum space and the exhibition\"s public form the basis of this modern phenomenon of communication. The modernity forged by the Industrial Revolution as well as the French Revolution generated this kind of organizational institution that - by the means of reuniting objects extracted from the natural world such as heritage references, document data and material testimonies - have assumed the responsibility for the conservation, research and diffusion of a new vision about the nature based on scientific criteria. To that process of selection and transfer of natural elements to the interior of museums to form didactic museum collection and scenarios was coined the idea of Musealization of Nature. This proposition must be understood by the comprehensiveness of the path of the new life of the object focusing the ways of representing the natural world by this typology of museum and presenting in its communicational systems a compartmentalized, classified and recognized nature. With the development and application of different exhibition resources, especially the dioramas, the natural history museums began to fill the exhibition rooms with a museumtechnique born in Europe that gained strong and determining strength in the United States and had spread all over the world including Brazil. With the installation of scenarios of natural environments that were didactically prepared, a new way of looking to the natural world in the public museum were consolidated: the scientific way. It is precisely on the threshold of modern science that the museums of natural history proliferate and reportedly began to worry about the popularization of science. The modern process of economic production definitely transformed the relationship between man and natural world. At the same time thei established new ways of living the nature whether through natural parks or gardens or even through museum exhibitions with its dioramas that we consider in this research as are true windows to the natural world.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFarias, Agnaldo Aricê CaldasSilva, Mauricio Candido da2013-11-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-27012014-110902/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:02Zoai:teses.usp.br:tde-27012014-110902Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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