Propriedades de solos sob floresta natural e sua alteração em consequência do desmatamento e cultivo, na Amazônia Oriental

• Autor(a) principal: Martins, Paulo Fernando da Silva
• Data de Publicação: 1987
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11140/tde-20210104-183758/
• topic: AMAZÔNIA ORIENTAL; CULTIVO; DESMATAMENTO; FLORESTAS; PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO SOLO

Foram avaliadas as propriedades físicas e químicas dos solos de um ecossistema natural de terra firme e sua alteração em decorrência do desmatamento e do cultivo. O estudo foi realizado na Amazônia Oriental, Estado do Pará (Brasil), município de Capitão Poço, na Estação Experimental do Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido, e adjacências, em Latossolo Amarelo e Podzólico Vermelho Amarelo. Tomando-se por base os solos sob condições naturais, verificou-se as modificações ocorridas na sequência queimada-cultivo-pousio. Foram estudados os seguintes aspectos: evolução da matéria orgânica, alteração do complexo de troca iônica e alteração da estrutura, incluindo análise micromorfológica. Constatou-se que no ecossistema estudado os solos possuem originalmente uma organização pedológica caracterizada por um adensamento natural que e agravado onde a textura e mais fina. Embora localizado em cotas elevadas e apresentando relevo plano, possuem drenagem variável e muitas vezes deficiente. Com o desmatamento e o cultivo, a ausência de vegetação que propicie adições constantes de resíduos acarretam mudanças na quantidade e na qualidade da matéria orgânica, as quais afetam a organização estrutural do solo. As modificações do solo se traduzem principalmente através do aumento do teor de ácidos fúlvidos acompanhado da diminuição do teor de ácidos húmicos, provocando a desestabilização do complexo organo mineral no horizonte A do solo. Em consequência, há maior dispersão das fiações finas que migram e obstruem os macroporos, o plasma torna-se denso, a densidade do solo aumenta e a porosidade diminui. Após o segundo ano quando o cultivo e interrompido devido a baixa produtividade, o desenvolvimento da vegetação natural favorece o acumulo de resíduos que aliados a forte atividade da fauna causam a inversão do processo de alteração, com a recuperação parcial da quantidade de ácidos húmicos e diminuição do teor de acidas fúlvidos. Ocorre a reorganização da estrutura: a microagregação reaparece, a densidade do solo diminui. Conclui-se finalmente que o desmatamento provoca a degradação física do solo após o primeiro ano de cultivo, e que o pousio, ao contrário, promove a sua recuperação.