O brincar e suas relações com a fantasia: um estudo teórico-clínico construído a partir das reflexões sobre o brincar e o estatuto da fantasia, categoria de análise da pesquisa IRDI
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-14062011-160858/ |
Resumo: | A pergunta de pesquisa sobre a relação entre o brincar e a fantasia originou-se da confluência entre a prática clínica, especialmente a clínica psicanalítica com crianças, e a pesquisa acadêmica, que tem como desafio vincular Psicanálise e Universidade. Na prática clínica, observávamos o fenômeno do brincar via expressiva e de elaboração através da qual a criança \"coloca em jogo\" seu cotidiano, seu desejo, seu sintoma, seu sofrimento, etc. Essa \"força\" do brincar, na clínica, nos tomou de tal maneira que nos incitou a pensar sobre e empreender uma pesquisa teórica, sem abrir mão do material clínico (as entrevistas AP3) que tínhamos à nossa disposição. No que refere à pesquisa acadêmica, situa-se o trabalho como monitora na pesquisa IRDI (indicadores de risco para o desenvolvimento infantil), da qual foi extraído o material analisado. Este material é composto pelas entrevistas realizadas através do instrumento AP3 (avaliação psicanalítica aos três anos), o qual, por sua vez, foi elaborado com a finalidade de validar o instrumento IRDI. O instrumento AP3 contou com quatro categorias de análise, sendo que elegemos \"O brincar e o estatuto da fantasia\". Poderíamos ter escolhido outra categoria, mas, como assinalado, esta categoria nos capturava também na prática clínica. O primeiro questionamento foi: \"O brincar é um fenômeno restrito à vida fantasística?\". E essa questão foi sendo elaborada de modo a pensar o brincar para além da dimensão expressiva (no sentido de ser via de expressão da fantasia inconsciente), mas também em uma dimensão que denominamos de \"elaborativa\" e isto ia ao encontro daquilo que eu estava estudando sobre a criatividade em Winnicott. Para realizar este estudo, partimos de dois caminhos: (a) Um levantamento bibliográfico, e (b) uma releitura das entrevistas que, apoiada no levantamento bibliográfico realizado, privilegiasse a categoria de análise \"brincar e fantasia\". No primeiro, trabalhamos os três autores que, no campo psicanalítico, dedicaram-se de modo mais extensivo ao tema do brincar Sigmund Freud, Melanie Klein e Donald Winnicott , e que, igualmente, também construíram formulações acerca da fantasia, pois, a temática trata da relação entre brincar e fantasia, e não uma investigação dos fenômenos separadamente. Na releitura das entrevistas, tentamos, articulados ao levantamento bibliográfico, discutir: o fort-da, o uso do objeto transicional, o espaço cênico, a representação de \"brincar de ser o outro\" e a inibição no (e do) brincar. Alguns resultados apresentados neste trabalho são: (a) o brincar e a fantasia são fenômenos coincidentes, no entanto, a fantasia não é condição única para o brincar; (b) a qualidade da fantasia depende da qualidade da experiência de ilusão; (c) o brincar possui um lugar; (d) o modo como cada autor pensou a fantasia implica no modo como cada um pensou o brincar; (e) os três autores concordam com a proposição de que o brincar não pertence ao campo do alucinatório, pois, a dimensão da alteridade está presente no brincar: brincar é se relacionar |
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O brincar e suas relações com a fantasia: um estudo teórico-clínico construído a partir das reflexões sobre o brincar e o estatuto da fantasia, categoria de análise da pesquisa IRDIThe play and its relationship to fantasy: A theoretical and clinical study constructed from reflections on \"The status of play and fantasy\" category of research analysis of search Risk indicators for child development (IRDI)Brincar (Winnicott)Child PsychoanalysisCreativityCriatividadeImaginaçãoImaginationPesquisa científicaPlaying (Winnicott)Psicanálise da criançaScientific ResearchA pergunta de pesquisa sobre a relação entre o brincar e a fantasia originou-se da confluência entre a prática clínica, especialmente a clínica psicanalítica com crianças, e a pesquisa acadêmica, que tem como desafio vincular Psicanálise e Universidade. Na prática clínica, observávamos o fenômeno do brincar via expressiva e de elaboração através da qual a criança \"coloca em jogo\" seu cotidiano, seu desejo, seu sintoma, seu sofrimento, etc. Essa \"força\" do brincar, na clínica, nos tomou de tal maneira que nos incitou a pensar sobre e empreender uma pesquisa teórica, sem abrir mão do material clínico (as entrevistas AP3) que tínhamos à nossa disposição. No que refere à pesquisa acadêmica, situa-se o trabalho como monitora na pesquisa IRDI (indicadores de risco para o desenvolvimento infantil), da qual foi extraído o material analisado. Este material é composto pelas entrevistas realizadas através do instrumento AP3 (avaliação psicanalítica aos três anos), o qual, por sua vez, foi elaborado com a finalidade de validar o instrumento IRDI. O instrumento AP3 contou com quatro categorias de análise, sendo que elegemos \"O brincar e o estatuto da fantasia\". Poderíamos ter escolhido outra categoria, mas, como assinalado, esta categoria nos capturava também na prática clínica. O primeiro questionamento foi: \"O brincar é um fenômeno restrito à vida fantasística?\". E essa questão foi sendo elaborada de modo a pensar o brincar para além da dimensão expressiva (no sentido de ser via de expressão da fantasia inconsciente), mas também em uma dimensão que denominamos de \"elaborativa\" e isto ia ao encontro daquilo que eu estava estudando sobre a criatividade em Winnicott. Para realizar este estudo, partimos de dois caminhos: (a) Um levantamento bibliográfico, e (b) uma releitura das entrevistas que, apoiada no levantamento bibliográfico realizado, privilegiasse a categoria de análise \"brincar e fantasia\". No primeiro, trabalhamos os três autores que, no campo psicanalítico, dedicaram-se de modo mais extensivo ao tema do brincar Sigmund Freud, Melanie Klein e Donald Winnicott , e que, igualmente, também construíram formulações acerca da fantasia, pois, a temática trata da relação entre brincar e fantasia, e não uma investigação dos fenômenos separadamente. Na releitura das entrevistas, tentamos, articulados ao levantamento bibliográfico, discutir: o fort-da, o uso do objeto transicional, o espaço cênico, a representação de \"brincar de ser o outro\" e a inibição no (e do) brincar. Alguns resultados apresentados neste trabalho são: (a) o brincar e a fantasia são fenômenos coincidentes, no entanto, a fantasia não é condição única para o brincar; (b) a qualidade da fantasia depende da qualidade da experiência de ilusão; (c) o brincar possui um lugar; (d) o modo como cada autor pensou a fantasia implica no modo como cada um pensou o brincar; (e) os três autores concordam com a proposição de que o brincar não pertence ao campo do alucinatório, pois, a dimensão da alteridade está presente no brincar: brincar é se relacionarThe research question about the relationship between playing and fantasy stemmed from the confluence of clinical practice, especially the psychoanalytic treatment of children, and academic research, which has the challenge of linking psychoanalysis and University. In clinical practice, we observed the phenomenon of play - and expressive way of preparation - through which the child \"puts into play\" their daily lives, their desire, their symptoms, their suffering, etc.. This \"strength\" of playing in the clinic, so we took that prompted us to think about and undertake a theoretical research, without compromising the clinical material (interviews AP3) we had at our disposal. In terms of academic research, the work lies in the research and monitors IRDI (risk indicators for child development), which was extracted from the analyzed material. This material consists of interviews conducted through the instrument AP3 (psychoanalytic assessment at three years), which, in turn, was prepared in order to validate the instrument IRDI. AP3 The instrument had four categories of analysis, and we chose \"The status of play and fantasy.\" We could have chosen another class, but, as noted, this category also captured in clinical practice. The first question was: \"The play is a phenomenon restricted to life fantasmatic?\". And that question was being drafted to think beyond the playing expressive dimension (in the sense of being a means of expression of unconscious fantasy), but also in a dimension that we call \"elaborative\" - and this was a move in what I was studying creativity in Winnicott. To perform this study, we did two ways: (a) a literature review, and (b) a rereading of the interviews, supported by the literature review, analysis privilege the category of \"playing and fantasy.\" At first, the three authors who work in the psychoanalytic field, devoted themselves more extensively the theme of the play - Sigmund Freud, Melanie Klein and Donald Winnicott - and that, likewise, formulations also built on fantasy, because the theme addresses the relationship between playing and fantasy, not an investigation of the phenomena separately. In rereading the interviews, we try to articulate the literature, discuss: the fort-da, the use of transitional object, the scenic space, the representation of playing at being the other and the inhibition (and) play. Some results presented in this work are: (a) playing and fantasy are coincident phenomena, however, the fantasy is not a condition unique to the play, (b) the quality of fantasy depends on the quality of the experience of illusion, (c) play has a place, (d) how each author thought the fantasy involves the way each one thought the play, (and) the three authors agree with the proposition that the play does not belong to the realm of hallucination, because the dimension of otherness is present in the play: Play is to relateBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPKupermann, DanielBarros, Carolina Valério2011-03-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-14062011-160858/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:29Zoai:teses.usp.br:tde-14062011-160858Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A pergunta de pesquisa sobre a relação entre o brincar e a fantasia originou-se da confluência entre a prática clínica, especialmente a clínica psicanalítica com crianças, e a pesquisa acadêmica, que tem como desafio vincular Psicanálise e Universidade. Na prática clínica, observávamos o fenômeno do brincar via expressiva e de elaboração através da qual a criança \"coloca em jogo\" seu cotidiano, seu desejo, seu sintoma, seu sofrimento, etc. Essa \"força\" do brincar, na clínica, nos tomou de tal maneira que nos incitou a pensar sobre e empreender uma pesquisa teórica, sem abrir mão do material clínico (as entrevistas AP3) que tínhamos à nossa disposição. No que refere à pesquisa acadêmica, situa-se o trabalho como monitora na pesquisa IRDI (indicadores de risco para o desenvolvimento infantil), da qual foi extraído o material analisado. Este material é composto pelas entrevistas realizadas através do instrumento AP3 (avaliação psicanalítica aos três anos), o qual, por sua vez, foi elaborado com a finalidade de validar o instrumento IRDI. O instrumento AP3 contou com quatro categorias de análise, sendo que elegemos \"O brincar e o estatuto da fantasia\". Poderíamos ter escolhido outra categoria, mas, como assinalado, esta categoria nos capturava também na prática clínica. O primeiro questionamento foi: \"O brincar é um fenômeno restrito à vida fantasística?\". E essa questão foi sendo elaborada de modo a pensar o brincar para além da dimensão expressiva (no sentido de ser via de expressão da fantasia inconsciente), mas também em uma dimensão que denominamos de \"elaborativa\" e isto ia ao encontro daquilo que eu estava estudando sobre a criatividade em Winnicott. Para realizar este estudo, partimos de dois caminhos: (a) Um levantamento bibliográfico, e (b) uma releitura das entrevistas que, apoiada no levantamento bibliográfico realizado, privilegiasse a categoria de análise \"brincar e fantasia\". No primeiro, trabalhamos os três autores que, no campo psicanalítico, dedicaram-se de modo mais extensivo ao tema do brincar Sigmund Freud, Melanie Klein e Donald Winnicott , e que, igualmente, também construíram formulações acerca da fantasia, pois, a temática trata da relação entre brincar e fantasia, e não uma investigação dos fenômenos separadamente. Na releitura das entrevistas, tentamos, articulados ao levantamento bibliográfico, discutir: o fort-da, o uso do objeto transicional, o espaço cênico, a representação de \"brincar de ser o outro\" e a inibição no (e do) brincar. Alguns resultados apresentados neste trabalho são: (a) o brincar e a fantasia são fenômenos coincidentes, no entanto, a fantasia não é condição única para o brincar; (b) a qualidade da fantasia depende da qualidade da experiência de ilusão; (c) o brincar possui um lugar; (d) o modo como cada autor pensou a fantasia implica no modo como cada um pensou o brincar; (e) os três autores concordam com a proposição de que o brincar não pertence ao campo do alucinatório, pois, a dimensão da alteridade está presente no brincar: brincar é se relacionar |
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