Reconstrução paleoambiental (vegetação e clima) no Parque Estadual da Ilha do Cardoso - SP durante o Quaternário tardio

• Autor(a) principal: Vidotto, Elaine
• Data de Publicação: 2008
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64134/tde-15092008-135834/
• topic: Carbon 14; Carbono 14; Clima; Climate; Diatom; Diatomáceas; Dinâmica do nível marinho; Isótopos Estáveis (C,N); Mangrove; Mangue; Marine level dynamics; Matéria orgânica do solo; Palinologia; Palynology; Soil organic matter; Stable C and N isotopes; Vegetação; Vegetation

Este estudo foi desenvolvido no Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC) e no Parque Estadual Carlos Botelho (PECB), na região sudeste do Brasil. A área é caracterizada pela presença de vegetação nativa de Floresta Atlântica de Encosta e no caso do PEIC, também por Restinga e vegetação de manguezal. Foram coletadas amostras de solos a partir de trincheiras ou tradagens, e amostras em dois mangues, Sítio Grande e do rio Jacariu. Análises isotópicas (12C, 13C, 14C, 14N, 15N) e biológicas (palinologia, diatomologia) foram utilizadas nesse estudo para entender a história da paleovegetação da região durante do Pleistoceno tardio e o Holoceno, assim como suas relações com as mudanças climáticas. Os dados isotópicos (\'delta\'13C, 14C) da matéria orgânica dos solos (MOS) em dois pontos do PEIC mostraram valores de \'delta\'13C característicos de plantas C3 (aproximadamente -27,0%o), indicando a presença de vegetação de floresta nos últimos 10.800 anos AP. Em três pontos (CB1, CB2 e TURVI) do PECB os dados isotópicos (\'delta\'13C) da MOS indicaram a presença de plantas C3 em todo o perfil analisado. Nos pontos TOR e FAZ os valores de \'delta\'13C foram mais enriquecidos (entre -20,9%o e -23,5%o) nas camadas mais profundas, indicando a presença de uma vegetação menos densa que a atual, com uma provável presença de plantas C3 e C4, no período de aproximadamente 25.000 a 15.000 anos AP, sugerindo a presença de um clima mais seco. De aproximadamente 15.000 anos AP até o presente um empobrecimento isotópico (até -28,0%o) foi observado indicando a expansão da floresta, provavelmente associada à presença de um clima mais úmido que o período anterior. No mangue Sítio Grande os valores de \'delta\'13C foram mais empobrecidos (até -28,0%o) entre aproximadamente 40.000 e 19.000 anos AP. Os valores mais empobrecidos de \'delta\'13C associados com altos teores de carbono (até 40%) e da razão C/N (até 130) indicaram a presença de uma floresta na atual área do mangue e o abaixamento do nível relativo do mar. A presença de pólen de Ilex, Alchornea, Weinmannia, Rapanea, Symplocos, Drimys e Podocarpus sugerem a presença de uma floresta característica de clima mais frio e úmido que o atual entre 40.000 e 19.000 anos AP. Entre 19.000 e 2.200 anos AP observou-se um hiato sedimentar (provavelmente erosivo), atribuído a prováveis atividades neotectônicas ocorridas na região. Os valores mais enriquecidos de \'delta\'13C (aproximadamente -26,0%o e -24,0%o) associados com menores valores de COT (entre 0,3% e 6,0%) e razão C/N (entre 2 e 27), juntamente com a presença de diatomáceas marinhas, indicaram a presença do mangue e o retorno da linha de costa na posição atual na região desde pelo menos 2.200 anos AP. No mangue do rio Jacariu os resultados de \'delta\'13C apresentaram valores entre -24,0%o e -26,0%o. Os valores de COT e da razão C/N associados com os valores de \'delta\'13C indicaram uma mistura de plantas C3 e fitoplâncton na composição da matéria orgânica. As diatomáceas encontradas foram características de ambiente estuarino-lagunar e estiveram presentes aproximadamente nos últimos 1.500 anos AP