Espetáculo disforme: o trabalho teatral da Casa da Ópera de Vila Rica (1769-1793)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-10032021-005427/ |
Resumo: | No dia 06 de junho de 1770, foi inaugurada a Casa da Ópera de Vila Rica, na capitania de Minas Gerais, construída pelo coronel e contratador português João de Souza Lisboa. O prédio teatral, hoje considerado o teatro mais antigo em atividade da América Latina, não foi um acontecimento isolado na colônia, e sua existência se relaciona com a produção teatral portuguesa do período. Ao mesmo tempo, a história do edifício possui especificidades que se relacionam com a cultura política da vila mineira, rapidamente estruturada pela extração de pedras e metais preciosos, e por meio do trabalho de homens e mulheres escravizadas. Sua construção remonta à formação de uma elite letrada local, desejosa de novas formas de sociabilidade, que alguns anos depois protagonizaria o episódio conhecido como Inconfidência mineira, em 1789. O presente estudo busca constituir o trabalho teatral da Casa da Ópera a partir das motivações de sua edificação, perseguindo os protagonistas que estiveram envolvidos nos primeiros anos de atividade do teatro; do detalhamento dos modos de organização, pensando as formas de administração, os modelos portugueses em comparação com outros teatros coloniais, o repertório encenado e os artistas envolvidos; assim como do estudo de caso da curiosa representação de Zaira, de Voltaire, em 14 de julho de 1793, um ano após as festividades em comemoração ao enforcamento de Tiradentes, no Rio de Janeiro e em Vila Rica, e no mesmo dia de aniversário da Tomada da Bastilha, símbolo do início da Revolução Francesa. Com ecos aristocráticos e desvios mercantis, a Casa da Ópera de Vila Rica constituiu uma novidade teatral, em relação às formas espetaculares das festividades públicas que dominaram a cena mineira na primeira metade do século XVIII, ao mesmo tempo que fomentou uma cena híbrida, com criações de autores locais, oscilando entre as formas do teatro musicado italiano, a comédia herdeira da tradição espanhola e a tragédia francesa, e revelando, por entre as brechas de um espetáculo disforme, as complexidades da sociedade mineira colonial. Este trabalho busca debater o trabalho teatral da Casa da Ópera de Vila Rica, através de pesquisas de fontes, análises de textos históricos e teatrais e das relações entre os movimentos artísticos do barroco e do arcadismo mineiro. O estudo das formas teatrais ligadas a essa Casa da Ópera pode fornecer material para uma maior compreensão de características pouco estudadas do teatro colonial produzido na segunda metade do século XVIII no Brasil. |
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Espetáculo disforme: o trabalho teatral da Casa da Ópera de Vila Rica (1769-1793)Misshapen spectacle: the theatrical work of the Opera House of Vila Rica (1769-1793)Casa da ÓperaColonial brazilian theatreInconfidência mineiraInconfidência mineiraOpera HouseTeatro colonialVila RicaVila RicaNo dia 06 de junho de 1770, foi inaugurada a Casa da Ópera de Vila Rica, na capitania de Minas Gerais, construída pelo coronel e contratador português João de Souza Lisboa. O prédio teatral, hoje considerado o teatro mais antigo em atividade da América Latina, não foi um acontecimento isolado na colônia, e sua existência se relaciona com a produção teatral portuguesa do período. Ao mesmo tempo, a história do edifício possui especificidades que se relacionam com a cultura política da vila mineira, rapidamente estruturada pela extração de pedras e metais preciosos, e por meio do trabalho de homens e mulheres escravizadas. Sua construção remonta à formação de uma elite letrada local, desejosa de novas formas de sociabilidade, que alguns anos depois protagonizaria o episódio conhecido como Inconfidência mineira, em 1789. O presente estudo busca constituir o trabalho teatral da Casa da Ópera a partir das motivações de sua edificação, perseguindo os protagonistas que estiveram envolvidos nos primeiros anos de atividade do teatro; do detalhamento dos modos de organização, pensando as formas de administração, os modelos portugueses em comparação com outros teatros coloniais, o repertório encenado e os artistas envolvidos; assim como do estudo de caso da curiosa representação de Zaira, de Voltaire, em 14 de julho de 1793, um ano após as festividades em comemoração ao enforcamento de Tiradentes, no Rio de Janeiro e em Vila Rica, e no mesmo dia de aniversário da Tomada da Bastilha, símbolo do início da Revolução Francesa. Com ecos aristocráticos e desvios mercantis, a Casa da Ópera de Vila Rica constituiu uma novidade teatral, em relação às formas espetaculares das festividades públicas que dominaram a cena mineira na primeira metade do século XVIII, ao mesmo tempo que fomentou uma cena híbrida, com criações de autores locais, oscilando entre as formas do teatro musicado italiano, a comédia herdeira da tradição espanhola e a tragédia francesa, e revelando, por entre as brechas de um espetáculo disforme, as complexidades da sociedade mineira colonial. Este trabalho busca debater o trabalho teatral da Casa da Ópera de Vila Rica, através de pesquisas de fontes, análises de textos históricos e teatrais e das relações entre os movimentos artísticos do barroco e do arcadismo mineiro. O estudo das formas teatrais ligadas a essa Casa da Ópera pode fornecer material para uma maior compreensão de características pouco estudadas do teatro colonial produzido na segunda metade do século XVIII no Brasil.On June, 6, 1770, the Opera House of Vila Rica was inaugurated in the captaincy of Minas Gerais. It was built by the Portuguese colonel and contractor João de Souza Lisboa. The theatre building, which is considered nowadays the oldest theatre still active in Latin America, wasn\'t an isolated event in the colony, and its existence is related to the Portuguese theatre production of the period. At the same time, the building\'s history has specificities connected to the political culture of the mining town, which was quickly structured by the extraction of stones and precious metals, based on the work of enslaved men and women. Its construction dates back to the formation of a local literate elite, wishful for new forms of sociability, which a few years later would featured the episode known as Inconfidência Mineira, in 1789. The present study aims to constitute the theatrical work of the Opera House from the motivations of its construction, pursuing the protagonists who were involved in the early years of the theatre activity; detailing the modes of organization, considering the forms of its administration, the Portuguese models in comparison to others colonial theatres, the staged repertoire and the artists involved; as well as the study of the curious episode of the performance of Zaira, tragedy by Voltaire, on July 14, 1793, a year after the festivities of the hanging of Tiradentes, in Rio de Janeiro and Vila Rica, and on the same day of the anniversary of the Storming of the Bastille, symbol of the beginning of the French Revolution. With aristocratical echoes and commercial detours, the Opera House of Vila Rica was a theatrical novelty regarding the spectacular forms of public festivities that dominated the mining scene in the first half of the 18th century, at the same time that it produced a hybrid scene, with creations by local authors, oscillating between the forms from the Italian musical theatre, the comedy heir to the Spanish tradition and the French tragedy, revealing, by the gaps of a misshapen spectacle, the complexities of the mining colonial society. The present work intends to discuss the theatrical work of the Opera House of Vila Rica, throughout researches of sources, analysis of historial and theatrical texts and through the relations between the Barroco and Arcade movements. The study of the theatrical forms from this Opera House can provide materials for a greater understanding of the colonial theatre produced in the second half of the 18th century in Brazil.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSantos, Sérgio Ricardo de CarvalhoSoutto Mayor, Mariana França2020-05-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-10032021-005427/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-03-10T07:16:01Zoai:teses.usp.br:tde-10032021-005427Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-03-10T07:16:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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