Suplementação da população de bugios-pretos (Alouatta caraya) no campus da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto pela soltura de indivíduos cativos - estudo do comportamento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rossi, Marcelí Joele
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59134/tde-12092011-111247/
Resumo: O campus da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto consiste em uma área de 450 ha, caracterizada por um mosaico de remanescentes de mata e construções, sendo uma das maiores áreas verdes do município. Para suplementar a população de bugios-pretos (Alouatta caraya) existente no campus, este estudo realizou a soltura de um casal cativo. O grupo residente, composto por quatro bugios, foi rastreado seis dias por mês num período de seis meses para verificação da área de vida com finalidade de definir uma área para a soltura do casal. Um macho adulto e uma fêmea subadulta foram unidos em cativeiro no Parque Municipal Morro de São Bento. A formação do casal foi realizada em três fases (familiarização, junção e pós-junção) com gradativo aumento de aproximação. O padrão de atividades foi registrado pelo método de varredura a cada 5 minutos por 2 horas durante 10 dias (para cada fase). Os valores obtidos ficaram próximos ao relatado para o gênero, com aumento do comportamento social no decorrer das fases: 4,4 16 e 35,2% (p<0,001). O casal foi transferido para um cativeiro na área de soltura, onde permaneceu por 44 dias. Neste período foi realizada a avaliação pré-soltura e a reeducação alimentar. Na avaliação pré-soltura foi verificado que a mudança de área não afetou significativamente o comportamento social do casal, cujo valor obtido foi de 29% (p=0,083 em comparação com o valor obtido na última fase da formação do casal). Na reeducação alimentar, gradativamente a dieta inicial de 2000 g de frutas por dia, teve 1200 g substituídas por folhas de cinco espécies vegetais. A soltura do casal foi realizada no dia 10 de novembro de 2009. O casal foi acompanhado das 6 às 18 h, quatro dias por mês num período de um ano novembro/09 à outubro/10, com exceção de janeiro/10 com total de 528 h de observação. O padrão de atividades foi registrado pelo método de varredura a cada 20 minutos. Durante o ano, o casal dedicou 61,7% do tempo para descanso, 5,9% para locomoção não-direcional, 6,1% para locomoção direcional, 10,9% para alimentação e 15,4% para comportamento social. A locomoção direcional, comportamento que melhor expressa a exploração da área, teve os registros de cada mês comparados com sua média anual (18,6). Os meses dezembro, fevereiro e março apresentaram registros acima da média, sendo o mês de dezembro significativamente maior (p<0,001). Os meses maio, junho, julho, agosto, setembro e outubro, apresentaram registros menores, sendo o mês de julho significativamente menor (p=0,032). A alimentação foi registrada pelo método 1-0 a cada 5 minutos. Durante o ano, o casal utilizou 146 indivíduos (árvores e lianas) de 38 espécies pertencentes a 18 famílias. As seis espécies mais consumidas correspondem a 61,3% do total de registros: Maclura tinctoria (14,8%), Leucaena leucocephala (13,3%), Ficus insipida (11,8%), Handroanthus impetiginosus (7,6%), Poincianella pluviosa (7%) e Terminalia catappa (6,8%). O total de espécies consumidas em cada mês foi comparado com a média anual de 9,8. Os meses de dezembro, fevereiro, março, abril e maio apresentaram mais espécies consumidas que a média. Os meses junho, julho, agosto, setembro e outubro apresentaram menos espécies que a média, sendo o mês de julho significativamente menor (p=0,033). A área de vida foi registrada pelo método de varredura a cada 1 hora. Durante o ano, o casal utilizou 50 quadrantes de 50 x 50 m (0,25 ha), totalizando uma área de 12,5 ha. O total de quadrantes utilizados por mês foi comparado com a média anual de 9. Os meses de dezembro, fevereiro e março apresentaram maior quantidade de quadrantes utilizados que a média, sendo os meses de dezembro e março significativamente maiores (p=0,039 e p=0,025). Os meses junho, julho, agosto, setembro e outubro apresentaram menor quantidade de quadrantes utilizados que a média. Foram encontradas duas áreas centrais (utilização > 10%), ambas correspondem à localização dos recursos alimentares mais utilizados e bambuzais altos e densos utilizados como árvores-dormitório. Com esses resultados, foi possível verificar que o casal explorou a área desconhecida até o 5° - 6° mês de soltura. A partir daí, espécies vegetais e quadrantes foram selecionados, evidenciando que o casal se organizou para atingir o equilíbrio das suas necessidades energéticas. Portanto, podemos concluir que já no primeiro ano o casal de bugios se adaptou ao campus, pois garantiu sua sobrevivência. Com um ano e meio de soltura ocorreu o nascimento do primeiro filhote, acrescentado que, além da sobrevivência o casal também garantiu sua reprodução.
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spelling Suplementação da população de bugios-pretos (Alouatta caraya) no campus da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto pela soltura de indivíduos cativos - estudo do comportamentoSupplementation of the population of black howler-monkey (Alouatta caraya) on the campus of campus of University of São Paulo in Ribeirão Preto for the release of captive individuals the study of behaviorAcompanhamento pós-solturaAlouatta carayaAlouatta carayaManagement of captive animalsManejo de animais cativosPost-release monitoring.ReleaseSolturaSuplementaçãoSupplementationO campus da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto consiste em uma área de 450 ha, caracterizada por um mosaico de remanescentes de mata e construções, sendo uma das maiores áreas verdes do município. Para suplementar a população de bugios-pretos (Alouatta caraya) existente no campus, este estudo realizou a soltura de um casal cativo. O grupo residente, composto por quatro bugios, foi rastreado seis dias por mês num período de seis meses para verificação da área de vida com finalidade de definir uma área para a soltura do casal. Um macho adulto e uma fêmea subadulta foram unidos em cativeiro no Parque Municipal Morro de São Bento. A formação do casal foi realizada em três fases (familiarização, junção e pós-junção) com gradativo aumento de aproximação. O padrão de atividades foi registrado pelo método de varredura a cada 5 minutos por 2 horas durante 10 dias (para cada fase). Os valores obtidos ficaram próximos ao relatado para o gênero, com aumento do comportamento social no decorrer das fases: 4,4 16 e 35,2% (p<0,001). O casal foi transferido para um cativeiro na área de soltura, onde permaneceu por 44 dias. Neste período foi realizada a avaliação pré-soltura e a reeducação alimentar. Na avaliação pré-soltura foi verificado que a mudança de área não afetou significativamente o comportamento social do casal, cujo valor obtido foi de 29% (p=0,083 em comparação com o valor obtido na última fase da formação do casal). Na reeducação alimentar, gradativamente a dieta inicial de 2000 g de frutas por dia, teve 1200 g substituídas por folhas de cinco espécies vegetais. A soltura do casal foi realizada no dia 10 de novembro de 2009. O casal foi acompanhado das 6 às 18 h, quatro dias por mês num período de um ano novembro/09 à outubro/10, com exceção de janeiro/10 com total de 528 h de observação. O padrão de atividades foi registrado pelo método de varredura a cada 20 minutos. Durante o ano, o casal dedicou 61,7% do tempo para descanso, 5,9% para locomoção não-direcional, 6,1% para locomoção direcional, 10,9% para alimentação e 15,4% para comportamento social. A locomoção direcional, comportamento que melhor expressa a exploração da área, teve os registros de cada mês comparados com sua média anual (18,6). Os meses dezembro, fevereiro e março apresentaram registros acima da média, sendo o mês de dezembro significativamente maior (p<0,001). Os meses maio, junho, julho, agosto, setembro e outubro, apresentaram registros menores, sendo o mês de julho significativamente menor (p=0,032). A alimentação foi registrada pelo método 1-0 a cada 5 minutos. Durante o ano, o casal utilizou 146 indivíduos (árvores e lianas) de 38 espécies pertencentes a 18 famílias. As seis espécies mais consumidas correspondem a 61,3% do total de registros: Maclura tinctoria (14,8%), Leucaena leucocephala (13,3%), Ficus insipida (11,8%), Handroanthus impetiginosus (7,6%), Poincianella pluviosa (7%) e Terminalia catappa (6,8%). O total de espécies consumidas em cada mês foi comparado com a média anual de 9,8. Os meses de dezembro, fevereiro, março, abril e maio apresentaram mais espécies consumidas que a média. Os meses junho, julho, agosto, setembro e outubro apresentaram menos espécies que a média, sendo o mês de julho significativamente menor (p=0,033). A área de vida foi registrada pelo método de varredura a cada 1 hora. Durante o ano, o casal utilizou 50 quadrantes de 50 x 50 m (0,25 ha), totalizando uma área de 12,5 ha. O total de quadrantes utilizados por mês foi comparado com a média anual de 9. Os meses de dezembro, fevereiro e março apresentaram maior quantidade de quadrantes utilizados que a média, sendo os meses de dezembro e março significativamente maiores (p=0,039 e p=0,025). Os meses junho, julho, agosto, setembro e outubro apresentaram menor quantidade de quadrantes utilizados que a média. Foram encontradas duas áreas centrais (utilização > 10%), ambas correspondem à localização dos recursos alimentares mais utilizados e bambuzais altos e densos utilizados como árvores-dormitório. Com esses resultados, foi possível verificar que o casal explorou a área desconhecida até o 5° - 6° mês de soltura. A partir daí, espécies vegetais e quadrantes foram selecionados, evidenciando que o casal se organizou para atingir o equilíbrio das suas necessidades energéticas. Portanto, podemos concluir que já no primeiro ano o casal de bugios se adaptou ao campus, pois garantiu sua sobrevivência. Com um ano e meio de soltura ocorreu o nascimento do primeiro filhote, acrescentado que, além da sobrevivência o casal também garantiu sua reprodução.The University of São Paulo campus in Ribeirão Preto is an area of 450 hectares, characterized by a mosaic of forest remnants and buildings, one of the largest green areas of the city. For this study a captive couple of black howler monkeys (Alouatta caraya) was released to supplement the existing campus population. In order to define an area for the release of the couple the resident group, composed of four monkeys, was tracked six days per month for a period of six months to determine their home range adult male and a sub-adult female were united in captivity in the Municipal Park Morro de Sao Bento. The couple formation was accomplished in three phases (familiarization, junction and post-junction) with gradual proximity increase. The activity pattern was recorded using the scanning method, every 5 minutes for 2 hours for 10 days (for each phase). Recorded values were close to those reported for the genus, with increased social behavior during the phases: from 4.4 to 16 and 35.2% (p<0.001). The couple was moved to a cage at the release site, where they stayed for 44 days. During this time the pre-release assessment and rehabilitation diet were implemented. During the pre-release it was verified that the change of area did not significantly affect the social behavior of the couple, whose value was 29% (p = 0.083 compared with the value obtained in the last phase of formation the couple). In the rehabilitation diet, of the initial 2000 g of fruit per day, 1200 g were gradually replaced by leaves of five plant species. The couple was release on November 10, 2009. The couple was followed from 6 am to 18 pm, four days per month for a period of one year - November/09 to October/10, except January/10 - a total of 528 observation hours. The activity pattern was recorded by the scanning method every 20 minutes. During the year they spent 61.7% of the time at rest, 5.9% non-directional movement, 6.1%directional movement, 10.9% feeding and 15.4% in social behavior. The directional movement, behavior that best expresses the exploration of the area, monthly records were compared to the annual average (18.6). December, February and March had above-average results with the month of December significantly higher (p<0.001). May, June, July, August, September and October, showed lower results, with the month of July being significantly lower (p=0.032). The feeding was recorded by the method 1-0 every 5 minutes. During the year the couple used 146 individuals (trees and vines) of 38 species belonging to 18 families. The six most consumed species account for 61.3% of total records: Maclura tinctoria (14.8%), Leucaena leucocephala (13.3%), Ficus insipida (11.8%), Handroanthus impetiginosus (7.6%) Poincianella rainfall (7%) and Terminalia catappa (6.8%). The total number of species consumed in each month was compared with the annual average of 9.8. More species than average were consumed during the months of December, February, March, April and May. Fewer species than the average were consumed during the months of June, July, August, September and October, July was significantly lower (p=0.033). The home range was recorded by the scanning method every 1 hour. During the year the couple used 50 quadrants of 50 x 50 m (0.25 ha), totaling an area of 12.5 hectares. The total number of quadrants used per month was compared with the annual average of 9. The months of December, February and March had a higher number of quadrants that the medium used, with December and March significantly higher (p=0.039 and p=0.025). June, July, August, September and October had fewer quadrants used than average. We found two core areas (use > 10%), both correspond to the most used food resources locations and dense tall bamboo ares used as dormitory trees. The results showed that the couple had explored the new area by the 5th - 6th month of release. Thereafter, plant species and quadrants were selected, showing that the couple had organized itself to balance its Therefore, we conclude that in the first year the couple adapted to the campus, ensuring its survival. After a year and a half of release the birth of first infant occurred. Thus, beyond survival, the couple also assured its reproduction.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSantos, Wagner Ferreira dosRossi, Marcelí Joele2011-09-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59134/tde-12092011-111247/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:30Zoai:teses.usp.br:tde-12092011-111247Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:30Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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