Depressão materna, estressores e resiliência: preditores do comportamento de escolares

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pizeta, Fernanda Aguiar
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-10112014-213910/
Resumo: Estudos que avaliam condições de risco para o desenvolvimento infantil têm incluído a depressão materna no conjunto de variáveis preditoras de desfechos negativos por parte das crianças. A compreensão sobre o impacto das condições de risco, sob a perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento, coloca em foco a relevância das condições de proteção como elementos que concorrem para os desfechos. Verifica-se, na literatura, que poucos estudos sobre o impacto da depressão materna para as crianças abordam condições de risco e proteção, definidas a priori. O presente estudo se insere nessa lacuna. Objetivou-se identificar as associações entre condições contextuais adversas e protetivas para crianças em idade escolar que conviviam com mães com depressão recorrente, focalizando os eventos estressores e os processos de resiliência familiar e o efeito preditivo de tais variáveis para o desfecho comportamento das crianças. Foram avaliadas 100 díades mães-crianças, sendo 50 díades casos, cujas mães apresentavam diagnóstico de transtorno depressivo recorrente, com episódios moderados ou graves, e 50 díades não casos, cujas mães não apresentavam transtornos psiquiátricos, e as crianças, ambos os sexos, com idade entre sete e 12 anos, e nível intelectual pelo menos médio. Procedeu-se à avaliação com as mães por meio de questionários, entrevistas e escalas relativos aos indicadores sociodemográficos, à confirmação diagnóstica de transtorno depressivo e outros transtornos psiquiátricos, aos recursos do ambiente familiar, aos eventos adversos atuais e crônicos, aos indicadores de resiliência familiar e ao comportamento da criança. Com as crianças, procedeu-se à avaliação do nível intelectual e do desempenho escolar, por meio de instrumentos específicos. Os instrumentos foram aplicados em sessões individuais, face a face, segundo as recomendações técnicas, e as entrevistas foram transcritas, codificadas e submetidas a acordo entre avaliadores. Os dados relativos aos eventos estressores e aos processos de resiliência familiar foram agrupados a partir de categorias e subcategorias, mediante análise de conteúdo das falas das mães, às quais foram atribuídos critérios numéricos para fins de análise estatística. Para a análise dos dados, foi verificada a normalidade das distribuições das variáveis, o que guiou a escolha dos testes, utilizando-se: Teste t de Student, Teste Exato de Fisher, Correlação de Pearson, Análise de Regressão Logística Multivariada e Estimativa de Máxima Verossimilhança, adotando-se o nível de significância p0,05. Verificou-se, com significância estatística, que as crianças que conviviam com a depressão materna e as crianças com dificuldade de comportamento apresentaram semelhanças quanto a variáveis do contexto familiar, observando-se associações dos problemas a mais eventos estressores, menos recursos do ambiente familiar e menores escores de processos de resiliência familiar. Ao se avaliar o efeito preditivo da depressão materna, dos eventos estressores cumulativamente, e dos processos de resiliência familiar para o desfecho comportamento de crianças em idade escolar, identificou-se impacto de tais variáveis na análise univariada, sendo os primeiros identificados como condições de risco para as crianças e os processos como protetores. Nos modelos multivariados de predição, a depressão materna e os estressores deixaram de ter valor significativo, evidenciando-se que o melhor preditor para o desfecho comportamento foi a variável relativa a menos processos positivos de resiliência familiar. Tais dados têm implicações para as práticas em saúde mental materno e infantil, nos diversos níveis de atenção em saúde e também para as políticas de garantia de direitos da criança, com a valorização de estratégias de intervenção que favoreçam o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento das adversidades.
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Objetivou-se identificar as associações entre condições contextuais adversas e protetivas para crianças em idade escolar que conviviam com mães com depressão recorrente, focalizando os eventos estressores e os processos de resiliência familiar e o efeito preditivo de tais variáveis para o desfecho comportamento das crianças. Foram avaliadas 100 díades mães-crianças, sendo 50 díades casos, cujas mães apresentavam diagnóstico de transtorno depressivo recorrente, com episódios moderados ou graves, e 50 díades não casos, cujas mães não apresentavam transtornos psiquiátricos, e as crianças, ambos os sexos, com idade entre sete e 12 anos, e nível intelectual pelo menos médio. Procedeu-se à avaliação com as mães por meio de questionários, entrevistas e escalas relativos aos indicadores sociodemográficos, à confirmação diagnóstica de transtorno depressivo e outros transtornos psiquiátricos, aos recursos do ambiente familiar, aos eventos adversos atuais e crônicos, aos indicadores de resiliência familiar e ao comportamento da criança. Com as crianças, procedeu-se à avaliação do nível intelectual e do desempenho escolar, por meio de instrumentos específicos. Os instrumentos foram aplicados em sessões individuais, face a face, segundo as recomendações técnicas, e as entrevistas foram transcritas, codificadas e submetidas a acordo entre avaliadores. Os dados relativos aos eventos estressores e aos processos de resiliência familiar foram agrupados a partir de categorias e subcategorias, mediante análise de conteúdo das falas das mães, às quais foram atribuídos critérios numéricos para fins de análise estatística. Para a análise dos dados, foi verificada a normalidade das distribuições das variáveis, o que guiou a escolha dos testes, utilizando-se: Teste t de Student, Teste Exato de Fisher, Correlação de Pearson, Análise de Regressão Logística Multivariada e Estimativa de Máxima Verossimilhança, adotando-se o nível de significância p0,05. Verificou-se, com significância estatística, que as crianças que conviviam com a depressão materna e as crianças com dificuldade de comportamento apresentaram semelhanças quanto a variáveis do contexto familiar, observando-se associações dos problemas a mais eventos estressores, menos recursos do ambiente familiar e menores escores de processos de resiliência familiar. Ao se avaliar o efeito preditivo da depressão materna, dos eventos estressores cumulativamente, e dos processos de resiliência familiar para o desfecho comportamento de crianças em idade escolar, identificou-se impacto de tais variáveis na análise univariada, sendo os primeiros identificados como condições de risco para as crianças e os processos como protetores. Nos modelos multivariados de predição, a depressão materna e os estressores deixaram de ter valor significativo, evidenciando-se que o melhor preditor para o desfecho comportamento foi a variável relativa a menos processos positivos de resiliência familiar. Tais dados têm implicações para as práticas em saúde mental materno e infantil, nos diversos níveis de atenção em saúde e também para as políticas de garantia de direitos da criança, com a valorização de estratégias de intervenção que favoreçam o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento das adversidades.Studies assessing risk conditions for child development have included maternal depression in the set of predictors of children negative outcomes. Understanding the impact of risk conditions, from the perspective of developmental psychopathology brings into focus the importance of the protection conditions as elements that contribute to the outcomes. There is, in the literature, few studies on the impact of maternal depression on children that discuss risk and protection conditions, defined a priori. This study fits into that gap. This study aimed to identify associations between adverse and protective contextual conditions for school-age children who lived with mothers with recurrent depression, focusing on the stressful events and processes of family resilience and the predictive effect of such variables to the outcome children behavior. Hundred dyads mothers-children were evaluated, of which 50 dyads cases whose mothers had a diagnosis of recurrent depressive disorder with moderate or severe episodes, and 50 dyads no cases whose mothers had no psychiatric disorders, and children, both sexes, with aged seven to 12 years, and at least average intellectual level. Proceeded to evaluation with mothers through questionnaires, interviews and scales relative to sociodemographic indicators, to confirm the diagnosis of depressive disorder and other psychiatric disorders, the resources of the family environment, current and chronic adverse events, indicators of family resilience and the child\'s behavior. With children, proceeded to evaluation of the intellectual level and school performance through specific instruments. The instruments were applied in individual sessions, face to face, following the technical recommendations, and interviews were transcribed, coded and submitted for agreement of evaluators. The data relating to stressful events and processes of family resilience were grouped based on the categories and subcategories, through content analysis of mothers\' reports, which were assigned on numerical criteria for the purpose of statistical analysis. For data analysis, verified the normality of distribution of variables, which guided the choice of tests, using: Student\'s t Test, Fisher\'s Exact Test, Pearson Correlation, Multivariate Logistic Regression Analysis and Estimation of Maximum Likelihood, adopting a significance level p0.05. It was found, with statistical significance, that children who lived with maternal depression and those with behavioral difficulties exhibited similarities in the family context variables, observing associations of the problems with more stressful events, fewer resources of the family environment and lower scores of processes family resilience. When evaluating the predictive effect of maternal depression, stressors cumulatively and processes of family resilience to the outcome behavior of school-age children, it was identified negative impact of such variables in the univariate analysis, the first variables were identified as risk conditions for children and processes as protectors. In multivariate prediction models, maternal depression and stressors no longer have significant value, evidencing that the best predictor for the outcome behavior was the variable related to less positive processes of family resilience. These data have implications for practices in maternal and child mental health at various levels of health care and also to the policies of child rights guarantee, with the valuation of intervention strategies that foster the development of coping skills of adversity.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLoureiro, Sonia ReginaPizeta, Fernanda Aguiar2014-09-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-10112014-213910/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-20T15:08:02Zoai:teses.usp.br:tde-10112014-213910Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-20T15:08:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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