Do realismo burguês ao realismo socialista: um estudo sobre a questão da herança cultural no pensamento de Lukács nos anos 1930

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Fabio Alves dos Santos
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-03102014-165710/
Resumo: Na presente tese procuramos compreender qual o sentido de Lukács nos anos 1930 defender no campo cultural socialista a herança legada pelo realismo burguês em detrimento das inúmeras experimentações de vanguarda. Estudando sua vasta obra produzida ao longo daquela década, dividimos a tese em quatro capítulos. No primeiro, salientamos como a adoção do pensamento de Marx por Lukács leva o filósofo a conceber o proletariado não apenas como herdeiro da grande filosofia burguesa (a filosofia clássica alemã), mas também da herança cultural burguesa. No segundo, verificamos como Lukács analisa o método realista na grande herança legada pela cultura burguesa. No terceiro, estudamos como Lukács sustenta sua crítica à decadência ideológica burguesa, detendo o olhar sobre a análise do método descritivo na literatura, do naturalismo ao expressionismo. Por fim, no quarto capítulo, nos debruçamos sobre a questão do realismo socialista e sua relação com a herança cultural burguesa, enfatizando a participação de Lukács nos debates da revista alemã Die Linkskurve [Virada a esquerda] durante os anos 1931-1932 e na revista soviética Literaturnji Kritik [Crítica Literária] de 1934 ao ano de 1940. O grande argumento que mobiliza esta tese é que a valorização da herança legada pela literatura clássica burguesa em nada se assemelha a um classicismo conservador, como afirmavam Brecht ou Bloch, para não citar outros críticos. Antes, a partir da descoberta e do estudo dos Cadernos filosóficos de Lenin e dos Manuscritos econômico-filosóficos de Marx, Lukács pode sustentar a defesa da herança por entender que toda literatura autêntica (assim como toda arte autêntica) é produto de uma época progressista que permite ao escritor refletir corretamente a realidade objetiva e figurar na obra o homem em seu processo de formação como ser social. Nesse aspecto, ao apreender a imagem do homem ontologicamente como ser total, o método realista contido na literatura burguesa se tornava tão mais atual para a literatura que se fazia no campo cultural socialista, quanto mais urgente era a tarefa do proletariado em realizar seu próprio ser social e dar fim a todas as formas de estranhamento. Somente desse modo, argumentamos, Lukács pode conceber na literatura do proletariado uma força ideológica capaz de lutar contra a barbárie capitalista representada pelo fascismo e, ao mesmo tempo, capaz de impulsionar o avanço do socialismo que se construía na URSS
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No terceiro, estudamos como Lukács sustenta sua crítica à decadência ideológica burguesa, detendo o olhar sobre a análise do método descritivo na literatura, do naturalismo ao expressionismo. Por fim, no quarto capítulo, nos debruçamos sobre a questão do realismo socialista e sua relação com a herança cultural burguesa, enfatizando a participação de Lukács nos debates da revista alemã Die Linkskurve [Virada a esquerda] durante os anos 1931-1932 e na revista soviética Literaturnji Kritik [Crítica Literária] de 1934 ao ano de 1940. O grande argumento que mobiliza esta tese é que a valorização da herança legada pela literatura clássica burguesa em nada se assemelha a um classicismo conservador, como afirmavam Brecht ou Bloch, para não citar outros críticos. Antes, a partir da descoberta e do estudo dos Cadernos filosóficos de Lenin e dos Manuscritos econômico-filosóficos de Marx, Lukács pode sustentar a defesa da herança por entender que toda literatura autêntica (assim como toda arte autêntica) é produto de uma época progressista que permite ao escritor refletir corretamente a realidade objetiva e figurar na obra o homem em seu processo de formação como ser social. Nesse aspecto, ao apreender a imagem do homem ontologicamente como ser total, o método realista contido na literatura burguesa se tornava tão mais atual para a literatura que se fazia no campo cultural socialista, quanto mais urgente era a tarefa do proletariado em realizar seu próprio ser social e dar fim a todas as formas de estranhamento. Somente desse modo, argumentamos, Lukács pode conceber na literatura do proletariado uma força ideológica capaz de lutar contra a barbárie capitalista representada pelo fascismo e, ao mesmo tempo, capaz de impulsionar o avanço do socialismo que se construía na URSSIn this thesis we tried to understand what the meaning of Lukács in the 1930s to defend the heritage bequeathed by the bourgeois realism in the socialist cultural camp at the expense of numerous avant-garde experimentation. The thesis was divided into four chapters which show studies about his vast work done during that decade. In the first, we highlight how the adoption of Marx\'s thought by Lukács leads him to conceive the proletariat not only as the heir of the great bourgeois philosophy (classical German philosophy), but also of the great bourgeois cultural heritage. In the second, we see how Lukács analyzes the realistic method in great heritage bequeathed by bourgeois culture. In the third, we study how Lukács maintains his review about bourgeois ideological decay, focusing at the analysis of the descriptive method in the literature, of the naturalism until the expressionism. Finally, in the fourth chapter, we concentrate on the question of socialist realism and its relation with the bourgeois cultural heritage, emphasizing the participation of Lukács in the debates of the German magazine Die Linkskurve [\"Turn left\"] during the years 1931-1932 and in the Soviet magazine Literaturnji Kritik [\"Literary Criticism\"], 1934 until 1940. The main argument that mobilizes this thesis is that the appreciation of the heritage bequeathed by the bourgeois classical literature don\'t resembles with a conservative classicism, like Brech and Bloch said, not mention other critics. First, from the discovery and study of the Philosophical Notebooks, by Lenin, and of the Economic Philosophical Manuscripts, by Marx, Lukács could support the defense of this heritage, understanding that every authentic literature (as well as all authentic art) is the result of a progressist epoch that allows to the writer to reflect correctly the objective reality and bring to the work the man in his formation process as a social being. In this aspect, to attach the image of man ontologically as total being, the realistic method contained in bourgeois literature became so more new to the literature that it was in socialist cultural field, the more urgent was the task of the proletariat in performing its own social being and ending all forms of estrangement. Only this way, we argue, Lukács could conceive in the proletarian literature an ideological strength able to fighting against capitalist barbarism represented by fascism and at the same time, able to boost the advance of the socialism that was being built in the USSRBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMusse, RicardoDias, Fabio Alves dos Santos2014-05-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-03102014-165710/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:55Zoai:teses.usp.br:tde-03102014-165710Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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