Avaliação da acurácia do MAPSE (Excursão Sistólica do Plano Anular Mitral) para diagnóstico de cardiotoxicidade subclínica secundária ao uso de antracíclicos em pacientes com câncer de mama

• Autor(a) principal: Botêlho, Luis Fabio Barbosa
• Data de Publicação: 2024
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-19092024-163053/
• topic: Anthracyclines; Antracíclicos; Cardiotoxicicty; Cardiotoxicidade; Deformação longitudinal global; Ecocardiografia; Ecocardiograph; Global longitudinal strain; MAPSE; MAPSE; Neoplasia; Neoplasms

Introdução: A cardiotoxicidade (CTX) relacionada ao uso das antraciclinas (ANT) pode ocorrer em 5% a 30% dos pacientes, sendo um dos principais problemas relacionados ao tratamento oncológico. O diagnóstico precoce da CTX é recomendável por melhorar o prognóstico desses doentes. O strain longitudinal global do ventrículo esquerdo (SLG) é uma ferramenta com boa acurácia, sendo utilizada no seguimento durante e após o tratamento. A excursão sistólica do plano anular mitral (MAPSE) analisa também a função longitudinal do ventrículo esquerdo, sendo de fácil e rápida mensuração, menos dependente de boa janela acústica. O papel do MAPSE nessa população ainda é pouco conhecido. Objetivo: Avaliar a acurácia do MAPSE para diagnóstico de CTX subclínica em pacientes adultas com câncer de mama submetidas a tratamento quimioterápico com ANT. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo em que foram realizadas avaliações ecocardiográficas em pacientes com câncer de mama que receberam ANT como parte do tratamento. Os exames foram realizados antes do início do tratamento, após a primeira dose da ANT, após o término do tratamento com ANT e após 06 e 12 meses do término do tratamento. O equipamento ecocardiográfico utilizado foi do modelo VIVID 9 (GE Healthcare, Milwaukee) e as imagens foram analisadas com o programa EchoPac versão 202. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) foi calculada pelo método de Simpson biplano modificado. Imagens por Doppler tecidual e de influxo mitral foram realizadas. O desempenho do MAPSE e do GLS foi analisado por meio da construção de uma curva ROC, sendo a queda de 10% da FEVE para valores abaixo de 50% considerado o padrão ouro para o diagnóstico de CTX. A área abaixo da curva ROC foi utilizada para cálculo da acurácia. Resultados: Foram incluídas 61 pacientes, sendo a mediana de idade de 50 anos, sendo que 14 pacientes (22,9%) receberam trastuzumabe associado; 26 (42,6%) apresentaram hipertensão arterial sistêmica (HAS); 4 (6,6%) diabetes mellitus; e 3 (4,9%) eram tabagistas. Seis meses após o término do tratamento, 8,2% das pacientes desenvolveram CTX. A mediana de idade e de dose de ANT não teve diferença com significância estatística entre os grupos. As medidas do MAPSE e do SLG apresentaram correlação positiva moderada em todos as aferições, com coeficiente de correlação de Pearson variando de 0,545 IC95% [0,43; 0,70, p<0,01] antes do início da ANT até 0,635 IC95% [0,456; 0,765, p<0.01] após 06 meses do término do tratamento. A redução de 12% do SLG teve sensibilidade de 80% e especificidade de 70%, sendo a acurácia geral do exame de 78%. A redução relativa de 15% do MAPSE teve sensibilidade de 80% e especificidade de 77%, com acurácia de 81,2%. A diminuição absoluta de 2mm na medida do MAPSE teve sensibilidade de 80% e especificidade de 73,21% com acurácia de 81,2% Não houve diferença entre as curvas ROC. Conclusão: O MAPSE obteve uma acurácia semelhante ao SLG nesta coorte para o diagnóstico de CTX subclínica em pacientes submetidos a tratamento com ANT. Este parâmetro pode ser de grande valor na avaliação cardiológica desses pacientes e deveria ser incorporado no seguimento regular para cardiotoxicidade