Planalto carbonático do André Lopes (SP): geomorfologia cárstica e geoespeleologia da Gruta da Tapagem (Caverna do Diabo)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cordeiro, Bruna Medeiros
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44142/tde-15122014-153934/
Resumo: A Serra do André(SAL) Lopes constitui um planalto carbonático de natureza dolomítica desenvolvido no Mármore da Tapagem (Grupo Açungui - Mesoproterozoico) localizada no alto vale do rio Ribeira de Iguape, sul do Estado de São Paulo. Constitui uma das áreas cársticas menos estudadas da região do ponto de vista geomorfológico e geoespeleológico. Dentre as feições mais notáveis estão o Vale Cego da Tapagem, a Gruta da Tapagem (Caverna do Diabo), grandes depressões poligonais e depósitos de tufas. Este trabalho buscou o entendimento da configuração do relevo cárstico da SAL a partir de um mapeamento morfológico de detalhe baseado em fotointerpretação, modelos de terreno, morfometriae zoneamento morfológico. O estudo geoespeleológico da Gruta da Tapagem foi feito a partir da investigação morfológica em planta e seção transversal, correlacionando com a estrutura geológica e topografia. A área cárstica ocupa 46,11% do mármore, o restante é dominado por processos fluviais típicos. O sistema apresenta recarga hidrológica mista, porém em sua maior parte autogênica (82%). A água do carste é drenada por bacias distintas, que têm o rio Pardo como nível de base, no setor sudoeste e o rio Ribeira no setor nordeste da lente carbonática. A análise na escala 1:25.000 permitiu identificar três unidades morfológicas, os vales fluviais, o carste poligonal e o vale cego da Tapagem. O carste poligonal é a feição predominante, em planta constitui um mosaico de polígonos composto por 53 depressões poligonais, em geral amplase delimitadas por divisores e cones cársticos. Representam à fonte de recarga do aqüífero cárstico que drena em direção as unidades de vales fluviais instaladas sobre o mármore. As direções predominantes NE-SW e NW-SE, bem marcadas nas redes de drenagem, arranjo espacial das depressões fechadas, estão relacionadas, respectivamente, aos planos de foliação do mármore e aos diques básicos mesozóicos e fraturas associadas. A dissecação do relevo e o desenvolvimento da porosidade secundária do mármore se deram de forma mais intensa na área que tem o rio Ribeira como nível de base. Neste setor se desenvolvem vales mais entalhados, depressões de maior amplitude e feições marcantes como o vale cego do rio Tapagem. O vale cego sugere uma captura de drenagem pelo desenvolvimento da Gruta da Tapagem em direção ao vale fluvial do rio das Ostras, acarretando no entalhamento de um sistema subterrâneo ímpar no planalto carbonático. A Gruta da Tapagem está inserida no flanco noroeste da sinforma do mármoree localmente ocorre um anticlinal, onde próximo do sumidouro as camadas mergulham para NW e do meio para ressurgência para SE. Quimicamente os carbonatos da caverna foram classificados como dolomitos e dolomitoscalcíticos. Quatro diques de diabásio mesozóicos cortam a caverna de forma quase perpendicular e foram rompidos durante sua evolução. A caverna apresenta uma morfologia meandrante em planta, com 1,3 de sinuosidade, e predomínio de cânions subterrâneos vadosos e salões de abatimento, em seção transversal. Os dados estruturais indicam que o condicionamento estrutural da caverna se dá principalmente pelo bandamento do mármore, fraturas NW-SE, pelo gradiente hidráulico regional e por mudanças pontuais no gradiente hidráulico geradas por obliteração do conduto a partir de processos de abatimento.
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O estudo geoespeleológico da Gruta da Tapagem foi feito a partir da investigação morfológica em planta e seção transversal, correlacionando com a estrutura geológica e topografia. A área cárstica ocupa 46,11% do mármore, o restante é dominado por processos fluviais típicos. O sistema apresenta recarga hidrológica mista, porém em sua maior parte autogênica (82%). A água do carste é drenada por bacias distintas, que têm o rio Pardo como nível de base, no setor sudoeste e o rio Ribeira no setor nordeste da lente carbonática. A análise na escala 1:25.000 permitiu identificar três unidades morfológicas, os vales fluviais, o carste poligonal e o vale cego da Tapagem. O carste poligonal é a feição predominante, em planta constitui um mosaico de polígonos composto por 53 depressões poligonais, em geral amplase delimitadas por divisores e cones cársticos. Representam à fonte de recarga do aqüífero cárstico que drena em direção as unidades de vales fluviais instaladas sobre o mármore. As direções predominantes NE-SW e NW-SE, bem marcadas nas redes de drenagem, arranjo espacial das depressões fechadas, estão relacionadas, respectivamente, aos planos de foliação do mármore e aos diques básicos mesozóicos e fraturas associadas. A dissecação do relevo e o desenvolvimento da porosidade secundária do mármore se deram de forma mais intensa na área que tem o rio Ribeira como nível de base. Neste setor se desenvolvem vales mais entalhados, depressões de maior amplitude e feições marcantes como o vale cego do rio Tapagem. O vale cego sugere uma captura de drenagem pelo desenvolvimento da Gruta da Tapagem em direção ao vale fluvial do rio das Ostras, acarretando no entalhamento de um sistema subterrâneo ímpar no planalto carbonático. A Gruta da Tapagem está inserida no flanco noroeste da sinforma do mármoree localmente ocorre um anticlinal, onde próximo do sumidouro as camadas mergulham para NW e do meio para ressurgência para SE. Quimicamente os carbonatos da caverna foram classificados como dolomitos e dolomitoscalcíticos. Quatro diques de diabásio mesozóicos cortam a caverna de forma quase perpendicular e foram rompidos durante sua evolução. A caverna apresenta uma morfologia meandrante em planta, com 1,3 de sinuosidade, e predomínio de cânions subterrâneos vadosos e salões de abatimento, em seção transversal. Os dados estruturais indicam que o condicionamento estrutural da caverna se dá principalmente pelo bandamento do mármore, fraturas NW-SE, pelo gradiente hidráulico regional e por mudanças pontuais no gradiente hidráulico geradas por obliteração do conduto a partir de processos de abatimento.The Serra do André Lopes (SAL) constitutes a carbonate dolomitic plateau developed in Tapagem Marble (Açungui Group - Mesoproterozoic) located in the upper valley of the Ribeira de Iguape River, in the south of the State of São Paulo. It is one of the least studied karst areas in the region. Its most notable features include the Tapagem Blind Valley, the Tapagem Cave (Devil\'s Cave), extensive polygonal depressions and tufa deposits. This study sought to understand the configuration of the karst landforms of the SAL through detailed morphological mapping based on photointerpretation, terrain models, morphometry and morphological zoning. The geospeleological study of the Tapagem Cave was conducted based on a plan view and cross-section morphological investigation, correlating this with geological structure and topography, on which this study also focused. The karst area occupies 46.11% of the marble, the remainder being dominated by typical fluvial processes. The system shows mixed hydrological recharge, although most of this is autogenic (82%). The karst water is drained by different basins, which have the Pardo River as a base level in the southwestern sector, and the Ribeira River in the northeastern sector of the carbonate body. Analysis on a scale of 1:25,000 made it possible to identify three morphological units, namely: river valleys, the polygonal karst and the Tapagem blind valley. The polygonal karst is the predominant feature, constituting, in plan view, a mosaic of polygons composed of 53 polygonal depressions, generally ample and delimited by water divides and karst cones. These represent the source of recharge of the karst aquifer, which drains in the direction of river valley units installed upon the marble. The predominant directions of NE-SW and NW-SE, well marked in drainage networks and the spatial arrangement of closed depressions are related, respectively, to marble foliation planes and basic Mesozoic dikes and associated fractures. Dissection of the landscape and development of secondary porosity of the marble came about in a more intense manner in the area that has the Ribeira River as its base level. In this sector, more deeply cut valleys developed, as well as depressions of greater amplitude and such notable features as the blind valley of the Tapagem River. The blind valley suggests drainage capture through development of the Tapagem Cave, in the direction of the Ostras River valley, resulting in the carving out of an unmatched subterranean system on the carbonate plateau. The Tapagem Cave lies on the northwestern flank of the marble synform and, locally, an anticline occurs where, in the vicinity of the sinkhole, layers dip to the NW and from the middle for resurgence to the SE. Chemically, the cave carbonates were classified as dolomites and calcareous dolomites. Four Mesozoic diabase dikes cut through the cave in an almost perpendicular manner and were ruptured during their evolution. In plan view, the cave shows meandering morphology, with a sinuosity of 1.3, and a predominance of vadose underground canyons and breakdown chambers, in transverse section. The data indicate that the cave structure is principally conditioned by banding of the marble and NW-SE fractures, as well as the regional hydraulic gradient and localized changes in the hydraulic gradient generated by obliteration of the conduit as a result of subsidence processes.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSallun Filho, WilliamCordeiro, Bruna Medeiros2013-12-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44142/tde-15122014-153934/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:56Zoai:teses.usp.br:tde-15122014-153934Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:56Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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