A estratégia de saúde da família em sua micropolítica: um estudo de caso sobre a Humanização nos processos de trabalho
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-29082011-145703/ |
Resumo: | A temática deste estudo trata do trabalho cotidiano produzido em uma equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF), na perspectiva da humanização, como disposta da Política Nacional de Humanização (PNH). Foi desenvolvido junto a todos os trabalhadores de uma equipe de ESF do município de Ribeirão Preto - São Paulo, com os objetivos de mapear os modos de produção e captura dos movimentos de humanização que se constituem na micropolítica do processo de trabalho desta equipe, interpretar as práticas no trabalho da ESF considerando as dimensões constituídas nos temas fundamentais da PNH e analisar os modos de produção das realidades/subjetividades no contexto da ESF que podem ser incorporativas de humanização. Constituiu-se um estudo de abordagem qualitativa, caracterizado como estudo de caso, utilizando a cartografia como método de pesquisa. Optou-se pela observação participante como instrumento para a coleta de dados. Através das análises dos dados foi possível identificar que os processos de humanização ainda encontram resistências. As possibilidades de mudanças anunciadas pela PNH, no que tange à autonomia, criatividade, responsabilização e trabalho em equipe, encontram-se atravessadas por linhas de força historicamente instituídas, como policiamento, hierarquia verticalizada, fragmentação do processo de trabalho, primazia do saber científico, isolamento, burocratização e desarticulação política, tanto nas relações estabelecidas entre os trabalhadores, quanto entre trabalhadores e usuários. Como consquência de tais atravessamentos, estas relações constituem-se enquanto relações de poder. A partir disso, pode-se perceber, por vezes, a produção de apatia e o sentimento de desvalorização, principalmente entre os trabalhadores de nível médio, e de impotência, entre os de nível superior. No entanto, os temas fundamentais da PNH se produzem em algumas brechas da instituição. Ainda que pontualmente marcados, em espaços não considerados oficiais dentro da equipe, que nas análises foram identificados como estando do lado de fora, em guetos, observaram-se intervenções de alguns trabalhadores em que emergiam principalmente a criatividade e autonomia. Estes momentos apontam que há muita potência para a produção do cuidado humanizado no conhecimento informal, no acúmulo de experiência dos trabalhadores e nos momentos de proximidade com os usuários. Faz-se necessário, portanto, um uso dos espaços institucionais que vise a inclusão, em todo o processo de trabalho cotidiano da equipe, destes movimentos de humanização, para que seja possível, assim, articular autonomia e criatividade com a responsabilização dos seus agentes, e a inserção efetiva no trabalho em equipe. |
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A estratégia de saúde da família em sua micropolítica: um estudo de caso sobre a Humanização nos processos de trabalhoFamily Health Strategy in its micropolitics: a case study about Humanization in work processesAtenção Básica à SaúdeBasic Health CareEstratégia de Saúde da FamíliaFamily Health StrategyHumanizaçãoHumanizationMicropolíticaMicropoliticsProcesso de trabalhoWork processA temática deste estudo trata do trabalho cotidiano produzido em uma equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF), na perspectiva da humanização, como disposta da Política Nacional de Humanização (PNH). Foi desenvolvido junto a todos os trabalhadores de uma equipe de ESF do município de Ribeirão Preto - São Paulo, com os objetivos de mapear os modos de produção e captura dos movimentos de humanização que se constituem na micropolítica do processo de trabalho desta equipe, interpretar as práticas no trabalho da ESF considerando as dimensões constituídas nos temas fundamentais da PNH e analisar os modos de produção das realidades/subjetividades no contexto da ESF que podem ser incorporativas de humanização. Constituiu-se um estudo de abordagem qualitativa, caracterizado como estudo de caso, utilizando a cartografia como método de pesquisa. Optou-se pela observação participante como instrumento para a coleta de dados. Através das análises dos dados foi possível identificar que os processos de humanização ainda encontram resistências. As possibilidades de mudanças anunciadas pela PNH, no que tange à autonomia, criatividade, responsabilização e trabalho em equipe, encontram-se atravessadas por linhas de força historicamente instituídas, como policiamento, hierarquia verticalizada, fragmentação do processo de trabalho, primazia do saber científico, isolamento, burocratização e desarticulação política, tanto nas relações estabelecidas entre os trabalhadores, quanto entre trabalhadores e usuários. Como consquência de tais atravessamentos, estas relações constituem-se enquanto relações de poder. A partir disso, pode-se perceber, por vezes, a produção de apatia e o sentimento de desvalorização, principalmente entre os trabalhadores de nível médio, e de impotência, entre os de nível superior. No entanto, os temas fundamentais da PNH se produzem em algumas brechas da instituição. Ainda que pontualmente marcados, em espaços não considerados oficiais dentro da equipe, que nas análises foram identificados como estando do lado de fora, em guetos, observaram-se intervenções de alguns trabalhadores em que emergiam principalmente a criatividade e autonomia. Estes momentos apontam que há muita potência para a produção do cuidado humanizado no conhecimento informal, no acúmulo de experiência dos trabalhadores e nos momentos de proximidade com os usuários. Faz-se necessário, portanto, um uso dos espaços institucionais que vise a inclusão, em todo o processo de trabalho cotidiano da equipe, destes movimentos de humanização, para que seja possível, assim, articular autonomia e criatividade com a responsabilização dos seus agentes, e a inserção efetiva no trabalho em equipe.The subject of this study regards the daily work performed by a team in Family Health Strategy (FHS), in the perspective of humanization, as provided by the Humanization National Policy (HNP). It was carried out by workers of a FHS team from the region of Ribeirão Preto - São Paulo, aiming to map out the ways of producing and capturing the humanization movements that are established in micropolitics of this team\'s work process, to interpret the FHS\' work practices considering the dimensions founded in the HNP fundamental subjects, and to analyze the modes of production of realities/subjectivities in the FHS\' context that may incorporate humanization. A study of qualitative approach was carried out, which was characterized as a case study, using cartography as a research method. Participant observation was used as a tool for data collection. Through the data analyses it was possible to identify that humanization processes still find resistance. The possibilities for change announced by the HNP - those that regard autonomy, creativity, responsibilization, and team work - are crossed by lines of force that are historically instituted, such as monitoring, vertical hierarchy, fragmentation in work process, primacy of scientific knowledge, isolation, bureaucratization, and political disarticulation, both in established relations among workers and among workers and users. As a consequence of such intersections, these relations stand as power relations. Hence, what can sometimes be seen is the feeling of apathy and belittling, especially among high school leveled workers, and that of powerlessness among workers with higher educational level. However, the HNP\'s fundamental topics are produced in some gaps of the institution. Although accurately pointed out, in settings that were considered to be unofficial inside the team, which were identified in the analyses as being outside, in ghettos, some workers\' interventions were observed from which mainly creativity and autonomy came out. Those moments show that there is a lot of power for the production of humanized care within informal knowledge, in the workers\' experience accumulation and in moments of closeness to the users. It is necessary, hence, that institutional settings are used aiming inclusion along all daily team process of these humanization movements, so that it is possible, thus, to articulate autonomy and creativity with their agents\' responsibilization and the effective insertion in team work.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPPereira, Maria José BistafaCampos, Lucas Vinco de Oliveira2011-07-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-29082011-145703/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:30Zoai:teses.usp.br:tde-29082011-145703Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:30Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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