Tradução, adaptação e reescrita da obra de Virginia Woolf por Michael Cunningham em The hours (1998)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Caribé, Yuri Jivago Amorim
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-09062015-133748/
Resumo: Esta tese propõe uma análise do romance americano The Hours (1998), de Michael Cunningham, que afirmamos ser uma reescrita da obra da escritora canônica Virginia Woolf na contemporaneidade. Trabalhamos com a ideia principal de adaptação, nos referindo de forma particular às adaptações literárias, tendo em vista que Cunningham utilizou para a composição de The Hours diversos trabalhos de ficção e não ficção que chamamos de obra de Woolf, estando assim inserida no campo dos trabalhos acadêmicos relacionados aos Estudos da Tradução e da Adaptação. Por esse motivo, decidimos utilizar dois conceitos principais de adaptação para embasar esta discussão: o de Linda Hutcheon (2006) e o de Julie Sanders (2006), pesquisadoras que atuam nessas áreas. Embora o trabalho de Hutcheon seja mais direcionado às chamadas adaptações fílmicas, sua importante teorização em torno da adaptação e dos adaptadores foi amplamente utilizada dentro da discussão que propomos sobre Michael Cunningham e a problemática em torno da elaboração do romance em questão. Segundo Hutcheon (2006), a adaptação é vista como um processo que comporta tanto a repetição quanto a novidade, sendo os adaptadores responsáveis pela seleção dos textos adaptados e também pelo modo como esses textos serão configurados em um produto final. Também trabalhamos com os conceitos de adaptação e de apropriação de Sanders (2006). Esse último revela o aspecto autoral e ideológico dos adaptadores nas adaptações. As apropriações servem, segundo nossa conclusão, para mostrar a interferência direta do adaptador na narrativa, seus preceitos e propostas literárias. Também evidenciam sua interpretação particular de temas, argumentos e personagens do texto-fonte. Ainda nos valemos do conceito de reescrita de Lefevere (1992a) para caracterizar The Hours como o trabalho que retomou as discussões em torno da obra virginiana na contemporaneidade. Essa retomada se deu para dois públicos: os professional readers conhecedores de seus textos de ficção e não ficção, as refrações e também para os non-professional readers, novo público que não necessariamente teve contato com a obra dessa autora. Esta pesquisa examinou o segundo volume dos Diários (1980), o sexto volume das Cartas (1982), além do romance Mrs. Dalloway (1925), trabalhos de Woolf, para mostrar, através de alguns exemplos e comentários, como se deu o processo de adaptação e apropriação de temas, personagens e outros elementos desses textos. Também serviu para observar de que maneira o adaptador Cunningham alternou adaptações com apropriações para formar a narrativa The Hours, produto literário final. Esse romance reescreve a obra de Woolf no contexto atual porque dialoga principalmente com o conceito pertinente de apropriação, indispensável para a apreciação de formas narrativas que trabalham com a ideia de adaptação. O leitor contemporâneo busca na ideologia do escritor-adaptador seu entendimento particular e propostas atuais para esse diálogo.
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Por esse motivo, decidimos utilizar dois conceitos principais de adaptação para embasar esta discussão: o de Linda Hutcheon (2006) e o de Julie Sanders (2006), pesquisadoras que atuam nessas áreas. Embora o trabalho de Hutcheon seja mais direcionado às chamadas adaptações fílmicas, sua importante teorização em torno da adaptação e dos adaptadores foi amplamente utilizada dentro da discussão que propomos sobre Michael Cunningham e a problemática em torno da elaboração do romance em questão. Segundo Hutcheon (2006), a adaptação é vista como um processo que comporta tanto a repetição quanto a novidade, sendo os adaptadores responsáveis pela seleção dos textos adaptados e também pelo modo como esses textos serão configurados em um produto final. Também trabalhamos com os conceitos de adaptação e de apropriação de Sanders (2006). Esse último revela o aspecto autoral e ideológico dos adaptadores nas adaptações. As apropriações servem, segundo nossa conclusão, para mostrar a interferência direta do adaptador na narrativa, seus preceitos e propostas literárias. Também evidenciam sua interpretação particular de temas, argumentos e personagens do texto-fonte. Ainda nos valemos do conceito de reescrita de Lefevere (1992a) para caracterizar The Hours como o trabalho que retomou as discussões em torno da obra virginiana na contemporaneidade. Essa retomada se deu para dois públicos: os professional readers conhecedores de seus textos de ficção e não ficção, as refrações e também para os non-professional readers, novo público que não necessariamente teve contato com a obra dessa autora. Esta pesquisa examinou o segundo volume dos Diários (1980), o sexto volume das Cartas (1982), além do romance Mrs. Dalloway (1925), trabalhos de Woolf, para mostrar, através de alguns exemplos e comentários, como se deu o processo de adaptação e apropriação de temas, personagens e outros elementos desses textos. Também serviu para observar de que maneira o adaptador Cunningham alternou adaptações com apropriações para formar a narrativa The Hours, produto literário final. Esse romance reescreve a obra de Woolf no contexto atual porque dialoga principalmente com o conceito pertinente de apropriação, indispensável para a apreciação de formas narrativas que trabalham com a ideia de adaptação. O leitor contemporâneo busca na ideologia do escritor-adaptador seu entendimento particular e propostas atuais para esse diálogo.This thesis proposes an analysis of the American novel The Hours (1998), by Michael Cunningham, which we claim to be a modern-day rewrite of the oeuvre of canonical writer Virginia Woolf. We worked with the main idea of adaptation, referring in particular to literary adaptations, considering that Cunningham used several works of fiction and nonfiction, which we call Woolfs oeuvre, for the composition of The Hours. As such, it belongs to the field of academic work related to the Translation and the Adaptation studies. Therefore, we used two main concepts of adaptation to provide a basis for this discussion: those of Linda Hutcheon (2006) and Julie Sanders (2006), researchers working in these areas. Although Hutcheons work is more directed toward so-called filmic adaptations, its important theorizing regarding adaptation and adapters was extensively used in the discussion that we put forward on the subject of adapter Michael Cunningham and the problems surrounding the creation of the novel The Hours. According to Hutcheon (2006), adaptation is considered to be a process that involves as much repetition as it does novelty, and adapters are responsible both for the selection of adapted texts and also for how these texts will be configured in a final product. We also worked with the concepts of adaptation and appropriation of Sanders (2006). The concept of appropriation reveals the authorial and ideological aspect of adapters in adaptations, the direct intervention of the adapter in the narrative, its precepts and literary proposition. Besides, it demonstrates the adapters particular interpretation of themes, arguments and characters of the source text. We also availed ourselves of Lefeveres concept of rewriting (1992a) to characterize The Hours as the work that resumed the discussions surrounding Woolfs work in current times. This resumption was aimed at two readerships: professional readers connoisseurs of her works of fiction and nonfiction, and the refractions and also for non-professional readers a new readership that has not necessarily had contact with Woolfs oeuvre. This research then examined the second volume of Diaries (1980), the sixth volume of Letters (1982), and the novel Mrs Dalloway (1925) works by Woolf to show, through examples and comments, how the process of adaptation of themes, characters and other elements of these texts played out. It was also necessary to observe how the adapter Cunningham alternated adaptations with his appropriations to create the narrative of The Hours, the final literary product. The novel The Hours rewrites Woolfs work in the current context because it principally maintains a dialog with the relevant concept of appropriation, indispensable to the enjoyment of narrative forms that work with the idea of adaptation. Present-day readers seek their own personal understanding and current propositions in the ideology of the writeradapter for this dialog.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPEsteves, Lenita Maria RimoliCaribé, Yuri Jivago Amorim2014-12-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-09062015-133748/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:57Zoai:teses.usp.br:tde-09062015-133748Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:57Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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