As relações entre a atenção básica à saúde e os serviços especializados no atendimento a mulheres em situação de violência: um estudo de caso sobre as potencialidades de rede

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonsalves, Emmanuela Neves
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-10032020-103035/
Resumo: O presente estudo buscou conhecer as relações estabelecidas entre serviços especializados no atendimento às mulheres em situação de violência e serviços de atenção básica à saúde para identificar as potencialidades de construção de uma rede intersetorial para atenção às mulheres em situação de violência. Tomando como ponto de partida a atuação profissional em cada serviço, compreendemos que o trabalho em equipe se refere à tentativa de recompor a fragmentação crescente dos saberes e profissões a partir da construção de um projeto assistencial comum que se vale da articulação das ações e da interação entre os sujeitos como qualidades do trabalho assistencial. Nesta linha, a atuação em rede pressupõe, também, a articulação das ações e interação entre os sujeitos desta rede na composição de um projeto assistencial comum. Metodologicamente, optamos pelo estudo de caso, elegendo a região Centro da cidade do Rio de Janeiro. Realizamos a presente pesquisa a partir da observação institucional de três unidades básicas de saúde e quatro serviços especializados no atendimento às mulheres em situação de violência, dos setores Policial, Orientação Jurídica e Centro Especializado. Agregamos à observação trinta e seis entrevistas com profissionais e gestoras desses serviços. A transcrição das entrevistas e o diário de campo de pesquisa produzido foram submetidos à análise de conteúdo. As potencialidades no que se refere à articulação das ações, interação entre os sujeitos e construção de projetos assistenciais comuns foram analisadas no contexto do interior de cada setor, bem como no que se refere às relações entre os serviços/setores. Constatamos que há uma relação entre a compreensão das profissionais sobre trabalho em equipe e atuação em rede, em que, majoritariamente, se reduzem quer a noção de equipe quer a de atuaç o em rede à \'complementaridade das aç es individuais\'. Nesse sentido, a principal questão abordada é a do acesso aos serviços e não a qualidade da atenção recebida. Observamos algumas ações de interação, especialmente referentes ao trabalho dos Centros de Referência, que buscavam um projeto assistencial compartilhado, especialmente nos casos mais complexos. Notamos, também, que as profissionais da Saúde apresentavam certa dificuldade na identificação dos casos de violência de gênero e desconhecimento sobre as possibilidades de atuação junto deles. Contudo, há um fluxo de encaminhamento de mulheres entre determinados serviços, especialmente entre UBS e Centro de Referência com potencial de interação para a construção de projetos assistenciais comuns. Em específico, notamos, ainda, alguns avanços na atenção às mulheres em situação de violência, não obstante, o longo caminho para a efetiva construção desta rede. Constatamos, ainda, um retrocesso pertinente à política municipal para as mulheres verificado na diminuição de recursos e na desativação da Rede Capital, organismo considerado central na construção de um projeto assistencial comum intersetorial para o enfrentamento à violência de gênero
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Tomando como ponto de partida a atuação profissional em cada serviço, compreendemos que o trabalho em equipe se refere à tentativa de recompor a fragmentação crescente dos saberes e profissões a partir da construção de um projeto assistencial comum que se vale da articulação das ações e da interação entre os sujeitos como qualidades do trabalho assistencial. Nesta linha, a atuação em rede pressupõe, também, a articulação das ações e interação entre os sujeitos desta rede na composição de um projeto assistencial comum. Metodologicamente, optamos pelo estudo de caso, elegendo a região Centro da cidade do Rio de Janeiro. Realizamos a presente pesquisa a partir da observação institucional de três unidades básicas de saúde e quatro serviços especializados no atendimento às mulheres em situação de violência, dos setores Policial, Orientação Jurídica e Centro Especializado. Agregamos à observação trinta e seis entrevistas com profissionais e gestoras desses serviços. A transcrição das entrevistas e o diário de campo de pesquisa produzido foram submetidos à análise de conteúdo. As potencialidades no que se refere à articulação das ações, interação entre os sujeitos e construção de projetos assistenciais comuns foram analisadas no contexto do interior de cada setor, bem como no que se refere às relações entre os serviços/setores. Constatamos que há uma relação entre a compreensão das profissionais sobre trabalho em equipe e atuação em rede, em que, majoritariamente, se reduzem quer a noção de equipe quer a de atuaç o em rede à \'complementaridade das aç es individuais\'. Nesse sentido, a principal questão abordada é a do acesso aos serviços e não a qualidade da atenção recebida. Observamos algumas ações de interação, especialmente referentes ao trabalho dos Centros de Referência, que buscavam um projeto assistencial compartilhado, especialmente nos casos mais complexos. Notamos, também, que as profissionais da Saúde apresentavam certa dificuldade na identificação dos casos de violência de gênero e desconhecimento sobre as possibilidades de atuação junto deles. Contudo, há um fluxo de encaminhamento de mulheres entre determinados serviços, especialmente entre UBS e Centro de Referência com potencial de interação para a construção de projetos assistenciais comuns. Em específico, notamos, ainda, alguns avanços na atenção às mulheres em situação de violência, não obstante, o longo caminho para a efetiva construção desta rede. Constatamos, ainda, um retrocesso pertinente à política municipal para as mulheres verificado na diminuição de recursos e na desativação da Rede Capital, organismo considerado central na construção de um projeto assistencial comum intersetorial para o enfrentamento à violência de gêneroThe present study sought to acknowledge the relationships established between specialized services to assist women in situations of violence and basic health care services to identify the potential for creating an intersectoral network to care for women in situations of violence. Taking as a starting point the professional performance in each service, we understand that teamwork refers to the attempt to recompose the growing fragmentation of knowledge and professions from the construction of a common social service project that uses the articulation of actions and interaction among the subjects as qualities of social service work. In this regard, working in a network also presupposes the articulation of actions and interaction among the subjects of this network in the formation of a common social service project. Methodologically, we decided on the case study, choosing the Downtown region of Rio de Janeiro. We conducted the present research from the institutional observation of three basic health units and four specialized services for assisting women in situations of violence, from the Police, Legal Counseling and Specialized Center sectors. We added to the observation thirty-six interviews with professionals and managers of these services. The transcript of the interviews and the research field diary produced were submitted for content analysis. The potentialities regarding the articulation of actions, interaction among the subjects and the construction of common service projects were analyzed inside each sector context, as well as regarding the relations among the services / sectors. We find that there is a relation between the professionals\' understanding of teamwork and networking, in which, mostly, both notions of team and networking are reduced to the \'complementarity of individual actions\'. In this sense, the main issue addressed is the access to services and not the quality of care received. We observed some interaction actions, especially regarding the work of the Reference Centers, which sought a shared social service project, especially in the most complex cases. We also noticed that health professionals had some difficulty in identifying cases of gender-based violence and lack of knowledge of possibilities of tackling them. However, there is a flow of women referral between certain services, especially between UBS and Reference Center with potential for interaction for the construction of common social services projects. Specifically, we also note some advances in the attention given to women in situations of violence, despite the long way to the effective construction of this network. We also noted a relevant setback to the municipal policy for women verified in the reduction of resources and the deactivation of Rede Capital, an organism considered crucial in the construction of a intersectoral common social services project to confront gender-based violenceBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSchraiber, Lilia BlimaGonsalves, Emmanuela Neves2019-12-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-10032020-103035/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-05T11:04:02Zoai:teses.usp.br:tde-10032020-103035Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-05T11:04:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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