Partido Operário Comunista (POC): história e memória de uma organização marxista-leninista (1968-1971)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Celso Ramos Figueiredo Filho
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.8.2016.tde-13092016-135537
Resumo: Esta tese tem por objeto o Partido Operário Comunista (POC). Trata-se de uma organização da esquerda radical brasileira, atuante durante os chamados anos de chumbo da ditadura civil-militar brasileira (1968-1971) sobre a qual não há nenhum estudo acadêmico mais pormenorizado. O POC foi oficialmente fundado em um Congresso realizado em abril de 1968, na cidade de São Paulo, com a fusão de duas organizações anteriormente existentes, a Organização Revolucionária Marxista-Política Operária (POLOP) e a Dissidência Leninista do Partido Comunista Brasileiro do Rio Grande do Sul (DI-RS). A linha política adotada pelo novo partido foi estabelecida pelo Programa Socialista para o Brasil, para o qual a revolução brasileira deveria ser socialista, e conduzida por um partido de vanguarda da classe operária, que estaria à frente de uma aliança operário-camponesa, engrossada por elementos revolucionários da pequena-burguesia. Inicialmente resistente ao engajamento nas ações de guerrilha urbana, o POC procurou canalizar seus esforços para os movimentos de massa que estavam ascensão quando da sua fundação. Neste sentido, dirigiu a militância para o movimento operário de Contagem (MG) e Osasco (SP), onde ocorreram importantes mobilizações nesse período. A organização também procurou influenciar o movimento estudantil e, para isso criou o Movimento Universidade Crítica, MUC, também em 1968. No início de 1969, com o descenso desses movimentos devido também ao AI-5, o POC reconheceu ter colhido poucos frutos desses esforços, sobretudo no movimento operário, onde sua presença continuou esparsa. Neste ínterim, várias organizações da esquerda já estavam francamente engajadas em ações armadas, o que motivava uma dupla crítica no interior do POC: ineficácia nas ações de massa, e inexistência de ações de guerrilha. Ácidos debates internos passaram a ocorrer no seu interior, corroendo sua coesão. Este processo de luta política interna se prolongou por todo o ano de 1969, polarizando os militaristas contra os massistas. Trocas mútuas de acusações levaram este grupo a romper com o POC em março de 1970 e a recriar a antiga POLOP. Dentre os militantes remanescentes do POC ainda se manteve um caloroso debate em torno das duas idéias-força: militarismo versus massismo. Há de se dizer que, de forma esparsa, e sempre em associação a outras organizações, o POC já havia praticado algumas ações armadas, dirigidas para a obtenção de recursos financeiros. a partir de meados de 1970, na sequência de prisões de militantes das organizações militaristas, a polícia política atingiria em cheio o POC, levando ao seu desmantelamento no Brasil em junho de 1971. Nesta tese procurei compreender os pormenores internos de uma organização leninista, bem como a rotina da militância em meio a um contexto repressivo, apoiando na noção de cultura política de Serge Bernstein. Por essa razão busquei os relatos de ex-membros do partido, através dos quais pude conhecer suas memórias sobre esse período.
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O POC foi oficialmente fundado em um Congresso realizado em abril de 1968, na cidade de São Paulo, com a fusão de duas organizações anteriormente existentes, a Organização Revolucionária Marxista-Política Operária (POLOP) e a Dissidência Leninista do Partido Comunista Brasileiro do Rio Grande do Sul (DI-RS). A linha política adotada pelo novo partido foi estabelecida pelo Programa Socialista para o Brasil, para o qual a revolução brasileira deveria ser socialista, e conduzida por um partido de vanguarda da classe operária, que estaria à frente de uma aliança operário-camponesa, engrossada por elementos revolucionários da pequena-burguesia. Inicialmente resistente ao engajamento nas ações de guerrilha urbana, o POC procurou canalizar seus esforços para os movimentos de massa que estavam ascensão quando da sua fundação. Neste sentido, dirigiu a militância para o movimento operário de Contagem (MG) e Osasco (SP), onde ocorreram importantes mobilizações nesse período. A organização também procurou influenciar o movimento estudantil e, para isso criou o Movimento Universidade Crítica, MUC, também em 1968. No início de 1969, com o descenso desses movimentos devido também ao AI-5, o POC reconheceu ter colhido poucos frutos desses esforços, sobretudo no movimento operário, onde sua presença continuou esparsa. Neste ínterim, várias organizações da esquerda já estavam francamente engajadas em ações armadas, o que motivava uma dupla crítica no interior do POC: ineficácia nas ações de massa, e inexistência de ações de guerrilha. Ácidos debates internos passaram a ocorrer no seu interior, corroendo sua coesão. Este processo de luta política interna se prolongou por todo o ano de 1969, polarizando os militaristas contra os massistas. Trocas mútuas de acusações levaram este grupo a romper com o POC em março de 1970 e a recriar a antiga POLOP. Dentre os militantes remanescentes do POC ainda se manteve um caloroso debate em torno das duas idéias-força: militarismo versus massismo. Há de se dizer que, de forma esparsa, e sempre em associação a outras organizações, o POC já havia praticado algumas ações armadas, dirigidas para a obtenção de recursos financeiros. a partir de meados de 1970, na sequência de prisões de militantes das organizações militaristas, a polícia política atingiria em cheio o POC, levando ao seu desmantelamento no Brasil em junho de 1971. Nesta tese procurei compreender os pormenores internos de uma organização leninista, bem como a rotina da militância em meio a um contexto repressivo, apoiando na noção de cultura política de Serge Bernstein. Por essa razão busquei os relatos de ex-membros do partido, através dos quais pude conhecer suas memórias sobre esse período. This thesis is engaged in the Communist Workers Party (POC). It is an organization of the Brazilian radical left active during the so-called \"years of lead\" the Brazilian civil-military dictatorship (1968-1971) on which there is no more detailed academic study. The POC was officially founded at a congress held in April 1968 in São Paulo, with the merger of two previously existing organizations, the Organization Revolutionary Workers Marxist-Policy (POLOP) and the Brazilian Communist Party\'s Leninist Dissent Rio Grande South (DI-RS). The political line adopted by the new party was established by the \"Socialist Program for Brazil\", for which the Brazilian revolution should be socialist, and led by a vanguard party of the working class, who would be the head of a worker-peasant alliance, thickened by revolutionary elements of the petty bourgeoisie. Initially resistant engagement in urban guerrilla actions, the POC sought to channel their efforts to the mass movements that were rising at the time of its foundation. In this sense, he directed militancy to the labor movement of Contagem (MG) and Osasco (SP), where there were important mobilizations that period. The organization also sought to influence the student movement and to this end has created the \"Movement University Critical,\" MUC, also in 1968. In early 1969, with the decline of these movements also due to AI-5, POC acknowledged harvested little fruit of these efforts, especially in the labor movement, where his presence remained sparse. Meanwhile, several organizations of the left were already openly engaged in armed actions, which motivated a double criticism within the POC: ineffectiveness in mass actions, and lack of guerrilla actions. Acids internal discussions began to take place inside, eroding its cohesion. This political infighting process lasted throughout the year 1969, polarizing the \"militarists\" against \"massistas\". mutual exchange of accusations led this group to break with the POC in March 1970 and re-create the old POLOP. Among the remaining militants POC still remained a heated debate around the two key ideas: militarism \"versus\" massismo. One has to say that, sparsely, and always in association with other organizations, the POC had practiced some armed actions aimed at obtaining financial resources. from the mid-1970s, following arrests of militants from militarist organizations, the political police would reach full POC, leading to their being dismantled in Brazil in June 1971. This thesis tried to understand the internal details of a Leninist organization, as well as the routine of militancy amid a repressive environment, supporting the political culture\'s notion of Serge Bernstein. Therefore sought the reports of former party members, through which I got to know his memories of that period. https://doi.org/10.11606/T.8.2016.tde-13092016-135537info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:52:53Zoai:teses.usp.br:tde-13092016-135537Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:36:46.065266Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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