Biomassa de foraminíferos bentônicos vivos como ferramenta de caracterização ambiental no talude e platô da Bacia de Santos

• Autor(a) principal: Rocha, Amanda Vilar
• Data de Publicação: 2024
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21136/tde-04102024-135613/
• topic: Bacia de Santos; Benthic foraminífera; Biomass; Biomassa; Biovolume; Biovolume; Descritores ecológicos; Distribuição vertical; Ecological descriptors; Foraminífero bentônico; Santos Basin; Vertical distribution

O objetivo do trabalho foi compreender a influência de fatores abióticos (quantidade e qualidade de matéria orgânica, granulometria, fluxo de matéria orgânica particulada (MOP)) na biomassa estimada a partir do biovolume, considerando diferentes ocupações do citoplasma em testas de foraminíferos bentônicos (FB) no talude e Platô de São Paulo (PSP) da Bacia de Santos (BS) (Atlântico Sul). Este estudo pioneiro investigou a biomassa baseada no biovolume de FB na BS e PSP e seus fatores abióticos condicionantes. Amostras de sedimento de 29 pontos (entre 400 metros e 2.400 metros) foram coletadas durante o inverno (2019), armazenadas em solução com Rosa de Bengala para corar os espécimes vivos, peneiradas, secas e triadas. A densidade e índices ecológicos (diversidade de Shannon-Wiener, equitabilidade de Pielou e riqueza de espécies) foram calculados. A biomassa dos FB foi estimada comparando as testas a figuras geométricas e considerando três porcentagens de ocupação citoplasmática: 32%, 35% e visualização direta. Foram utilizados testes estatísticos (teste t e ANOVA) para comparar os resultados. O Enhanced Benthic Foraminifera Oxygen Index foi calculado para estimar a oxigenação da água de fundo através da proporção de espécies disóxicas, óxicas e subóxicas. O fluxo de MOP foi estimado considerando a produção primária e a profundidade da camada eufótica. Análises sedimentológicas (granulometria) e geoquímicas (carbono orgânico total, clorofila-a, feopigmentos e biopolímeros) foram realizadas. Dados de oxigênio dissolvido foram obtidos por sonda multiparamétrica e processados. Análises estatísticas (n-MDS, DCA e Correlação de Spearman) foram aplicadas a dados de biomassa e densidade de FB e fatores abióticos para visualizar quais parâmetros influenciam na distribuição espacial e vertical dos organismos na BS. A metodologia de biovolume revelou discrepâncias entre estações e intra/inter-espécies devido a fatores biológicos (e.g., tamanho dos espécimes) e ambientais (e.g., disponibilidade de matéria orgânica (MO)). Observou-se que indivíduos maiores (>250 µm) contribuem mais para a biomassa em ambientes oligotróficos profundos, enquanto os menores (250-63 µm) contribuem mais para a densidade. Os FB demonstraram que entre os estratos sedimentares, o estrato 0-1 cm teve maior densidade e biomassa na maioria das estações. A adaptação das espécies a micro-habitats na BS está relacionada principalmente à disponibilidade de MO. Os índices ecológicos na BS foram comparáveis a outras bacias oligotróficas. A densidade e a biomassa dos FB indicaram gradiente batimétrico (diminuição com o aumento da profundidade) e latitudinal (menores valores ao sul comparados ao norte). A análise nMDS e de cluster destacou a influência da profundidade e MO nas comunidades de FB, identificando sete grupos de estações agrupadas pela batimetria. Espécies oportunistas predominam em águas rasas, enquanto espécies generalistas dominam em maiores profundidades, mostrando que a biomassa diminui com o aumento da profundidade devido à disponibilidade e qualidade de alimentos. Este trabalho sugere que, para valores mais precisos da estimativa de biomassa, estudos futuros considerem estruturas internas e a perda de água do protoplasma devido à fixação de corante dos FB. Além disso, é necessário a análise de FB em profundidades >2 cm no sedimento da margem continental brasileira para maior compreensão dos micro-habitats desses organismos.