Depressão em mulheres: um estudo a partir dos vínculos familiares e sociais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Koda, Mirna Yamazato
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-21072011-110005/
Resumo: Atualmente, no campo da Saúde Mental, a questão da depressão tem despontado como uma doença de alta prevalência na população mundial. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a depressão é a quarta maior causa de adoecimento da população mundial, atingindo 13 a 20% das pessoas, sendo que há uma prevalência maior em mulheres. Consideramos a alta prevalência de tal transtorno como o reflexo de um modo de organização da própria sociedade atual. O contexto sociocultural contemporâneo sustentaria determinados modos de subjetivação, proporcionando também tal cenário de adoecimento. Apesar das discussões no campo da Saúde sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença e sobre a importância de medidas comunitárias no sentido da promoção da saúde, a medicalização da depressão tem sido a principal resposta a tal problema. No cotidiano de atendimento dos serviços de saúde públicos, há uma grande demanda de pessoas em especial mulheres que demandam cuidados em função de um quadro depressivo. A presente pesquisa teve como objetivo investigar a produção dos sintomas depressivos em mulheres atendidas em serviços de Saúde Pública, a partir da configuração de seus vínculos interpessoais, história de vida e contexto social. Foram realizadas entrevistas individuais e semi estruturadas com seis mulheres com sintomas ou diagnóstico de depressão, usuárias da rede de atenção básica em saúde (Programa de Saúde da Família) de um município do interior de São Paulo. As entrevistas foram analisadas a partir do referencial teórico da psicanálise do sujeito como sujeito do grupo tal como formulada por René Kaës. Observamos na história de vida dessas mulheres a presença de eventos traumáticos e momentos de crise ligados a condições socioeconômicas precárias, violência e separações. Esses eventos abalam os apoios psíquicos do sujeito, lançando-o em uma situação de desamparo. Os sintomas emergem muitas vezes a partir da ruptura dos contratos narcísicos estabelecidos em seus grupos primários, se colocando como uma formação intermediária que responde a lugares préestabelecidos no conjunto. Presenciamos um processo de transmissão psíquica intergeracionais, no qual um conjunto de lugares, afetos e representações são passados de pais para filhos. Há uma forte identificação de parte dessas mulheres com a figura materna, bem como a dificuldade de superação da relação de apego a esta. Em grande parte dos casos, o lugar tradicional da mulher é mantido: o ambiente doméstico se constitui como seu principal reduto
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Apesar das discussões no campo da Saúde sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença e sobre a importância de medidas comunitárias no sentido da promoção da saúde, a medicalização da depressão tem sido a principal resposta a tal problema. No cotidiano de atendimento dos serviços de saúde públicos, há uma grande demanda de pessoas em especial mulheres que demandam cuidados em função de um quadro depressivo. A presente pesquisa teve como objetivo investigar a produção dos sintomas depressivos em mulheres atendidas em serviços de Saúde Pública, a partir da configuração de seus vínculos interpessoais, história de vida e contexto social. Foram realizadas entrevistas individuais e semi estruturadas com seis mulheres com sintomas ou diagnóstico de depressão, usuárias da rede de atenção básica em saúde (Programa de Saúde da Família) de um município do interior de São Paulo. As entrevistas foram analisadas a partir do referencial teórico da psicanálise do sujeito como sujeito do grupo tal como formulada por René Kaës. Observamos na história de vida dessas mulheres a presença de eventos traumáticos e momentos de crise ligados a condições socioeconômicas precárias, violência e separações. Esses eventos abalam os apoios psíquicos do sujeito, lançando-o em uma situação de desamparo. Os sintomas emergem muitas vezes a partir da ruptura dos contratos narcísicos estabelecidos em seus grupos primários, se colocando como uma formação intermediária que responde a lugares préestabelecidos no conjunto. Presenciamos um processo de transmissão psíquica intergeracionais, no qual um conjunto de lugares, afetos e representações são passados de pais para filhos. Há uma forte identificação de parte dessas mulheres com a figura materna, bem como a dificuldade de superação da relação de apego a esta. Em grande parte dos casos, o lugar tradicional da mulher é mantido: o ambiente doméstico se constitui como seu principal redutoIn recent years depression has emerged as a major mental health condition with high prevalence worldwide. According to the World Health Organization (WHO), depression is the fourth leading condition in the world population, affecting 13% to 20% with higher prevalence among women. This high prevalence of depression is a reflection of modern societys organization, i.e., the contemporary cultural context would support certain forms of subjectivity and create a scenario for sickness. Although social determinants of health-disease and the importance of community-based actions for health promotion have been a focus of discussion, the main response to this issue has been medicalization of depression. The public health system faces on a daily basis a great demand for care for depression especially among women. The present study aimed to investigate the development of depressive symptoms in women based on their interpersonal relationships, life history and social background. Individual semistructured interviews were carried out with six women with symptoms and/or diagnosis of depression who were current users of a primary care service (Family Health Program) in a city in the interior of the state of São Paulo, southeastern Brazil. The interviews were analyzed from the psychoanalytical framework of the subject as a subject within a group, as proposed by René Kaës. The life history of these women showed traumatic events and episodes of crisis related to poor socioeconomic condition, violence and separation. These events undermine their psychic structure and they find themselves in a situation of helplessness. Symptoms often emerge from a break of narcissistic contracts established within their primary groups and they constitute an intermediate structure that fills in pre-established spaces in the whole. There takes place a process of intergenerational psychic transmission in which a set of places, feelings and representations are passed on from parents to their children. Some of these women reveal a strong identification with the maternal figure as well as difficulty in overcoming the mother-child attachment. A womans traditional place is largely maintained: their place of refuge is homeBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFernandes, Maria Inês AssumpçãoKoda, Mirna Yamazato2011-05-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-21072011-110005/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:30Zoai:teses.usp.br:tde-21072011-110005Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:30Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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