Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigues, Marcelo Santos
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-07122009-102220/
Resumo: Em 01 de março de 1870 a Guerra do Paraguai estava terminada. Para conter o inimigo em suas fronteiras, o Brasil precisou mobilizar o Exército, a Guarda Nacional e criar corpos de Voluntários da Pátria. Durante cinco anos o cenário político e social se modificou e, raro era a família que não teve um filho, irmão, pai, esposo, parente ou amigo lutado no Paraguai. Terminada a campanha as tropas regressaram para o Brasil. Controvérsias entre o governo de D. Pedro II, a imprensa liberal e parlamentares da câmara e do senado, em relação à recepção das tropas no Brasil, provocaram acalorados debates. Tratava-se da disputa entre comemorar e esquecer. Nessa tese percorremos os caminhos da memória da Guerra do Paraguai e para isso transitamos pelas ruas embandeiradas da Corte e das capitais das províncias para narrar os festejos populares e oficiais na recepção dos servidores da pátria recebidos com regozijo, lágrimas, flores e poesias pela população que rendia homenagens aos filhos defensores da honra nacional. No dia 10 de julho de 1870, o governo de D. Pedro II realizou no Rio de Janeiro a festa oficial, a festa do barracão, para comemorar a vitória do Brasil e lembrar os mortos e assim encerrar um capítulo da história pátria que tantas vidas deixaram no solo Paraguaio. Assistimos do alto da tribuna parlamentar a disputa pela memória da guerra de onde Caxias e o Conde D´Eu protagonizaram essa disputa. Transitamos pelas ruas de Niterói, Salvador, Recife e São Paulo e do Desterro, onde soldados doentes e mutilados, egressos dos campos paraguaios, mendigavam, provocavam desordens públicas e davam-se em espetáculos. Nas províncias encontramos as viúvas e órfãos que em súplicas ao rei pediam o pão pela perda do arrimo de família. Nas secretarias do governo, nas salas dos presidentes de províncias e nas redações de importantes jornais, era grande o volume de ofícios e petições requerendo o pagamento de indenização ao governo. Veteranos da campanha reivindicavam soldos atrasados, lote de terras, empregos públicos, condecorações e títulos honoríficos. Nas prisões públicas encontramos ex-escravos reconduzidos ao cativeiro pelos seus senhores. Na ilha de Bom Jesus percorremos o suntuoso edifício do Asilo dos Inválidos, um lugar de ressentimento. Assim, a história que procuramos narrar, transita por dois caminhos: o da comemoração e o do esquecimento
id USP_9a86d9404f422b8df0059b2b15f9162e
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-07122009-102220
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento Paraguayan War: the memory paths between celebration and forgetfulnessComemoraçãoCommemorationEsquecimentoforgetfulnessGuerra do ParaguaiMemóriaMemoryParaguay warVoluntários da PátriaVolunteers at warEm 01 de março de 1870 a Guerra do Paraguai estava terminada. Para conter o inimigo em suas fronteiras, o Brasil precisou mobilizar o Exército, a Guarda Nacional e criar corpos de Voluntários da Pátria. Durante cinco anos o cenário político e social se modificou e, raro era a família que não teve um filho, irmão, pai, esposo, parente ou amigo lutado no Paraguai. Terminada a campanha as tropas regressaram para o Brasil. Controvérsias entre o governo de D. Pedro II, a imprensa liberal e parlamentares da câmara e do senado, em relação à recepção das tropas no Brasil, provocaram acalorados debates. Tratava-se da disputa entre comemorar e esquecer. Nessa tese percorremos os caminhos da memória da Guerra do Paraguai e para isso transitamos pelas ruas embandeiradas da Corte e das capitais das províncias para narrar os festejos populares e oficiais na recepção dos servidores da pátria recebidos com regozijo, lágrimas, flores e poesias pela população que rendia homenagens aos filhos defensores da honra nacional. No dia 10 de julho de 1870, o governo de D. Pedro II realizou no Rio de Janeiro a festa oficial, a festa do barracão, para comemorar a vitória do Brasil e lembrar os mortos e assim encerrar um capítulo da história pátria que tantas vidas deixaram no solo Paraguaio. Assistimos do alto da tribuna parlamentar a disputa pela memória da guerra de onde Caxias e o Conde D´Eu protagonizaram essa disputa. Transitamos pelas ruas de Niterói, Salvador, Recife e São Paulo e do Desterro, onde soldados doentes e mutilados, egressos dos campos paraguaios, mendigavam, provocavam desordens públicas e davam-se em espetáculos. Nas províncias encontramos as viúvas e órfãos que em súplicas ao rei pediam o pão pela perda do arrimo de família. Nas secretarias do governo, nas salas dos presidentes de províncias e nas redações de importantes jornais, era grande o volume de ofícios e petições requerendo o pagamento de indenização ao governo. Veteranos da campanha reivindicavam soldos atrasados, lote de terras, empregos públicos, condecorações e títulos honoríficos. Nas prisões públicas encontramos ex-escravos reconduzidos ao cativeiro pelos seus senhores. Na ilha de Bom Jesus percorremos o suntuoso edifício do Asilo dos Inválidos, um lugar de ressentimento. Assim, a história que procuramos narrar, transita por dois caminhos: o da comemoração e o do esquecimentoThe Paraguay War finished on the 1st of March, 1870. In order to keep the enemies within their frontiers, Brazil needed to mobilize the Army and the National Guard. Also, a group of Volunteers was formed. The political and social scenery changed thoroughly during the 5 years of war, and almost all family had a member a son, a brother, a husband or a friend fighting in Paraguay. The troops returned to Brazil after the bloody campaign. A lot of debate was promoted by controversies between the govern of D. Pedro II, the liberal press and members of the senate regarding the reception of the troops in Brazil. It was a dispute between commemorating and forgetting. In this thesis, we follow the paths that lead to the memory of the war in Paraguay: the adorned streets of Rio de Janeiro as well as the provinces capitals, so as to report both the popular and official parties that received the volunteers with relief, tears, flowers and poetry. On July 10th 1870, an official party, known as Festa do Barracão was held in Rio de Janeiro, to celebrate the victory of Brazilian troops and to remember those who died at war, finishing a sad, violent chapter of the national history. We analyzed the dispute between Count DEu and the Duke of Caxias for the memory of the war. We also walked through the streets of Niterói, Salvador, Recife, São Paulo and Desterro, where sick and mutilated soldiers, ex-combatants of the war, turned into mendicants, provoking public disorders and riots. In the provinces far from Rio, we met the widowers and orphans who begged the imperial government for bread. In the secretaries of government, in the offices of province presidents and at important press centers, a huge volume of petitions and pleads required refunds and compensations. Veteran military men applied for belated payments, earth, public jobs, honorific titles etc. In public prisons, ex-slaves were taken back to captivity by their old masters. In Bom Jesus Island, we walked around and through the sumptuous building of the Invalids Asylum, a place full of resentment. The story we want to tell walks, thus, in two simultaneous paths: commemoration and forgetfulness.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGallardo, Dario Horacio GutierrezRodrigues, Marcelo Santos2009-09-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-07122009-102220/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:00Zoai:teses.usp.br:tde-07122009-102220Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 
Paraguayan War: the memory paths between celebration and forgetfulness
title Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 
spellingShingle Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 
Rodrigues, Marcelo Santos
Comemoração
Commemoration
Esquecimento
forgetfulness
Guerra do Paraguai
Memória
Memory
Paraguay war
Voluntários da Pátria
Volunteers at war
title_short Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 
title_full Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 
title_fullStr Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 
title_full_unstemmed Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 
title_sort Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento 
author Rodrigues, Marcelo Santos
author_facet Rodrigues, Marcelo Santos
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Gallardo, Dario Horacio Gutierrez
dc.contributor.author.fl_str_mv Rodrigues, Marcelo Santos
dc.subject.por.fl_str_mv Comemoração
Commemoration
Esquecimento
forgetfulness
Guerra do Paraguai
Memória
Memory
Paraguay war
Voluntários da Pátria
Volunteers at war
topic Comemoração
Commemoration
Esquecimento
forgetfulness
Guerra do Paraguai
Memória
Memory
Paraguay war
Voluntários da Pátria
Volunteers at war
description Em 01 de março de 1870 a Guerra do Paraguai estava terminada. Para conter o inimigo em suas fronteiras, o Brasil precisou mobilizar o Exército, a Guarda Nacional e criar corpos de Voluntários da Pátria. Durante cinco anos o cenário político e social se modificou e, raro era a família que não teve um filho, irmão, pai, esposo, parente ou amigo lutado no Paraguai. Terminada a campanha as tropas regressaram para o Brasil. Controvérsias entre o governo de D. Pedro II, a imprensa liberal e parlamentares da câmara e do senado, em relação à recepção das tropas no Brasil, provocaram acalorados debates. Tratava-se da disputa entre comemorar e esquecer. Nessa tese percorremos os caminhos da memória da Guerra do Paraguai e para isso transitamos pelas ruas embandeiradas da Corte e das capitais das províncias para narrar os festejos populares e oficiais na recepção dos servidores da pátria recebidos com regozijo, lágrimas, flores e poesias pela população que rendia homenagens aos filhos defensores da honra nacional. No dia 10 de julho de 1870, o governo de D. Pedro II realizou no Rio de Janeiro a festa oficial, a festa do barracão, para comemorar a vitória do Brasil e lembrar os mortos e assim encerrar um capítulo da história pátria que tantas vidas deixaram no solo Paraguaio. Assistimos do alto da tribuna parlamentar a disputa pela memória da guerra de onde Caxias e o Conde D´Eu protagonizaram essa disputa. Transitamos pelas ruas de Niterói, Salvador, Recife e São Paulo e do Desterro, onde soldados doentes e mutilados, egressos dos campos paraguaios, mendigavam, provocavam desordens públicas e davam-se em espetáculos. Nas províncias encontramos as viúvas e órfãos que em súplicas ao rei pediam o pão pela perda do arrimo de família. Nas secretarias do governo, nas salas dos presidentes de províncias e nas redações de importantes jornais, era grande o volume de ofícios e petições requerendo o pagamento de indenização ao governo. Veteranos da campanha reivindicavam soldos atrasados, lote de terras, empregos públicos, condecorações e títulos honoríficos. Nas prisões públicas encontramos ex-escravos reconduzidos ao cativeiro pelos seus senhores. Na ilha de Bom Jesus percorremos o suntuoso edifício do Asilo dos Inválidos, um lugar de ressentimento. Assim, a história que procuramos narrar, transita por dois caminhos: o da comemoração e o do esquecimento
publishDate 2009
dc.date.none.fl_str_mv 2009-09-30
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-07122009-102220/
url http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-07122009-102220/
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv
dc.rights.driver.fl_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Liberar o conteúdo para acesso público.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv
dc.publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
publisher.none.fl_str_mv Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
dc.source.none.fl_str_mv
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1809090492241018880