Estudo epidemiológico sobre a malária humana e simiana e infecção de anofelinos em áreas de baixa endemicidade no Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Curado, Izilda
Data de Publicação: 2003
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-05022021-154258/
Resumo: Foi realizado estudo epidemiológico de malária em duas localidades do Vale do Ribeira: Parque Estadual Intervales e Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Nestas regiões circundadas por Mata Atlântica, são encontradas algumas espécies de macacos e anofelinos, estes últimos, representados em sua maioria pelo subgênero Kerteszia. Em nossas áreas de estudo e nos municípios que as circundam têm ocorrido anualmente casos de malária autóctone. Os objetivos principais do estudo foram: avaliação da prevalência de anticorpos anti-formas assexuadas de P. vivax e P. malariae, de anticorpos antiproteína circumsporozoíta de P. vivax \"clássico\", suas variantes e P. malariae/P. brasilianum e de infecção de populações humanas, de anofelinos (provenientes das áreas de estudo) e de macacos (provenientes do Estado de São Paulo) por plasmódios. Foram feitas fichas de investigação e examinadas lâminas com esfregaços e gotas espessas de 318 indivíduos, que foram negativas. De 61 lâminas de macacos do DEPAVE, em 2 delas foram vistas formas trofozoítas semelhantes ao P. vivax. Os soros foram submetidos às reações de Imunofluorescência Indireta (IFI) com antígenos de formas assexuadas de P. vivax e P. malariae e à reação imunoenzimática (ELISA) com peptídeos sintéticos contendo as regiões repetitivas da proteína circunsporozoíta (CSP) de P. vivax \"clássico\" (Pvc), P. vivax VK247 (Pvk), P. malariae/P. brasilianum (Pm/Pb) e P. vivax-like humano/P. simiovale (Pvl). Das hemácias de humanos e macacos foi extraído DNA para ser submetido à Reação de Polimerização em Cadeia (PCR) para detecção de plasmódios. A positividade na IFI com antígeno de P. vivax da classe IgG foi surpreendentemente elevada nas 2 áreas em estudo: 49,0% no PETAR e 32% em Intervales. Nesse mesmo teste com antígeno de P. malariae, a positividade no PETAR foi de 19,3% e em Intervales, 16,0%. Na técnica de ELISA, foi encontrada maior prevalência para o peptídeo de Pvl (29,7%) no PETAR e em Intervales, para Pvc (35,0%). Entre os macacos, a positividade na IFI com antígeno de P. vivax da classe IgG também foi elevada, ou seja, 44,0%. Com o antígeno de P. malariae, a positividade em IFI foi de 26,5%. Em ELISA, as maiores prevalências foram encontradas com os peptídeos de Pvc (23,0%) e Pm/Pb (18,0%). No PCR em humanos, foi encontrado um indivíduo de Intervales com P. malariae, 2 indivíduos também de Intervales com P. falciparum e 3 indivíduos do PETAR positivos para P. falciparum e P. vivax. No PCR em macacos, 3 deles (1 macaco prego e 2 bugios) foram positivos para o gênero Plasmodium. Os anofelinos capturados no PETAR e no Parque Intervales tiveram PCR negativo. A elevada positividade encontrada em IFI, especialmente com antígeno de P. vivax, foi surpreendente, mas reproduziu o resultado descrito em trabalhos anteriores. Dentre 318 indivíduos do PETAR e Intervales, 15 tiveram IFI da classe IgM positiva com antígeno de P. malariae e 3 deles, com antígeno de P. vivax, isso em regiões onde as pessoas não relatam sintomas típicos de malária, por vezes, queixam-se de sintomas semelhantes aos da gripe ou resfriado. Diante dos casos de malária assintomática que foram encontrados nas áreas de estudo, preocupamo-nos com as diretrizes traçadas para o controle da malária em tais regiões. Assim sendo, pretendemos que nossos resultados venham contribuir para reformular o Programa de Controle de Malária desempenhado pela Superintendência de Controle de Endemias - SUCEN, a fim de procurar minimizar o aumento do número de casos de malária autóctone nessas áreas ou até mesmo diminuí-los e evitar que moradores dessas localidades funcionem como fonte de infecção.
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spelling Estudo epidemiológico sobre a malária humana e simiana e infecção de anofelinos em áreas de baixa endemicidade no Estado de São PauloEpidemiological study of malaria in Human and monkey populations and infections of anopheline in areas of low occurence in State of São Paulo, BrazilFluorescent Antibody Technique (Indirect)Malária/EpidemiologiaMalaria/EpidemiologyPlasmodiumPlasmodiumTécnica Indireta de Fluorescência para AnticorpoFoi realizado estudo epidemiológico de malária em duas localidades do Vale do Ribeira: Parque Estadual Intervales e Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Nestas regiões circundadas por Mata Atlântica, são encontradas algumas espécies de macacos e anofelinos, estes últimos, representados em sua maioria pelo subgênero Kerteszia. Em nossas áreas de estudo e nos municípios que as circundam têm ocorrido anualmente casos de malária autóctone. Os objetivos principais do estudo foram: avaliação da prevalência de anticorpos anti-formas assexuadas de P. vivax e P. malariae, de anticorpos antiproteína circumsporozoíta de P. vivax \"clássico\", suas variantes e P. malariae/P. brasilianum e de infecção de populações humanas, de anofelinos (provenientes das áreas de estudo) e de macacos (provenientes do Estado de São Paulo) por plasmódios. Foram feitas fichas de investigação e examinadas lâminas com esfregaços e gotas espessas de 318 indivíduos, que foram negativas. De 61 lâminas de macacos do DEPAVE, em 2 delas foram vistas formas trofozoítas semelhantes ao P. vivax. Os soros foram submetidos às reações de Imunofluorescência Indireta (IFI) com antígenos de formas assexuadas de P. vivax e P. malariae e à reação imunoenzimática (ELISA) com peptídeos sintéticos contendo as regiões repetitivas da proteína circunsporozoíta (CSP) de P. vivax \"clássico\" (Pvc), P. vivax VK247 (Pvk), P. malariae/P. brasilianum (Pm/Pb) e P. vivax-like humano/P. simiovale (Pvl). Das hemácias de humanos e macacos foi extraído DNA para ser submetido à Reação de Polimerização em Cadeia (PCR) para detecção de plasmódios. A positividade na IFI com antígeno de P. vivax da classe IgG foi surpreendentemente elevada nas 2 áreas em estudo: 49,0% no PETAR e 32% em Intervales. Nesse mesmo teste com antígeno de P. malariae, a positividade no PETAR foi de 19,3% e em Intervales, 16,0%. Na técnica de ELISA, foi encontrada maior prevalência para o peptídeo de Pvl (29,7%) no PETAR e em Intervales, para Pvc (35,0%). Entre os macacos, a positividade na IFI com antígeno de P. vivax da classe IgG também foi elevada, ou seja, 44,0%. Com o antígeno de P. malariae, a positividade em IFI foi de 26,5%. Em ELISA, as maiores prevalências foram encontradas com os peptídeos de Pvc (23,0%) e Pm/Pb (18,0%). No PCR em humanos, foi encontrado um indivíduo de Intervales com P. malariae, 2 indivíduos também de Intervales com P. falciparum e 3 indivíduos do PETAR positivos para P. falciparum e P. vivax. No PCR em macacos, 3 deles (1 macaco prego e 2 bugios) foram positivos para o gênero Plasmodium. Os anofelinos capturados no PETAR e no Parque Intervales tiveram PCR negativo. A elevada positividade encontrada em IFI, especialmente com antígeno de P. vivax, foi surpreendente, mas reproduziu o resultado descrito em trabalhos anteriores. Dentre 318 indivíduos do PETAR e Intervales, 15 tiveram IFI da classe IgM positiva com antígeno de P. malariae e 3 deles, com antígeno de P. vivax, isso em regiões onde as pessoas não relatam sintomas típicos de malária, por vezes, queixam-se de sintomas semelhantes aos da gripe ou resfriado. Diante dos casos de malária assintomática que foram encontrados nas áreas de estudo, preocupamo-nos com as diretrizes traçadas para o controle da malária em tais regiões. Assim sendo, pretendemos que nossos resultados venham contribuir para reformular o Programa de Controle de Malária desempenhado pela Superintendência de Controle de Endemias - SUCEN, a fim de procurar minimizar o aumento do número de casos de malária autóctone nessas áreas ou até mesmo diminuí-los e evitar que moradores dessas localidades funcionem como fonte de infecção.A sero-epidemiological study of malaria in human and monkey populations was conducted at two localities in the Ribeira Valley region, SP (Brazil: Parque Estadual Intervales e Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Malaria transmission has occurred in that area and it is known that severa/ species of monkeys and anopheline mosquitoes of the subgenus kerteszia populate the Atlantic Forest that surrounds the studied localities. This report presents data on the prevalence of antibodies against several P. vivax and P. malariae antigens in human and monkey sera, as well as the infection of human, monkeys and mosquitoes by Plasmodium parasites. In this study, 318 human subjects and 61 monkeys had their blood analyzed for the presence of malaria parasites by thin and tick blood smears. Ali the human sera were negative while two of the simian sera were positive, in which P. vivax like forms were detected. The sera of those subjects were also analyzed by Immunofluorescence (IFI) for the presence of antibodies against asexual forms of P. vivax and P. malariae, and by ELISA for the presence of antibodies against circunsporozoite proteins (CSP) from P. vivax Pvc), P. vivax VK247 (Pvk), P. malariae/P. brasilianum (Pm/Pb) e P. vivax-like human/P. simiovale (Pvl). The presence of plasmodium parasites in the analyzed samples was further conducted by Polymerase Chain Reaction (PCR). The IFI positivity for P vivax antigens was high in the two studied areas: 49,0% for PETAR and 32% for Intervales. IFI with P. malariae antigens resulted in lower positivity: 19,3% for PETAR and 16,0% for Intervales. ELISA tests showed higher prevalence when using the Pv1 peptide (29,7%) with samples from PETAR and using Pvc (35,0%) with samp/es form /nterva/es. Among the monkeys, the positivity in IFI with P. vivax antigens was also high (44,0%). The P. malariae antigen resulted in a positivity of 26,5%. ELISA tests showed higher prevalences with the peptides Pvc (23,0%) and Pm/Pb (18,0%). PCR reactions revealed the presence of parasites in several of the analyzed samples. For the human subjects from /nterva/es, one was infected with P. malariae and 2 with P. falciparum while for the individuals from PETAR, 3 were positive for P. falciparum and P. vivax. Three of the monkey subjets were found to be positive for Plasmodium infection, when tested by PCR (1 macaco prego e 2 bugios. All the anopheline mosquitoes captured in the area were negative for the presence of Plasmodium when tested by PCR. It was surprising to find P. falciparum infections in human subjects (PCR) from São Paulo State. The high prevalence, found after IFI, especial/y with P. vivax antigens, was also surprising but those results are in accordance with those we found in similar studies conducted in the Ribeira Valley and coastal areas of São Paulo State. Fifteen of the human subjects analyzed had positive IFI results for IgM against P. malariae antigens and 3 were positive for P. vivax antigens. Asymptomatic malaria cases have been detected in the studied localities, what brings concerns about the malaria control programs for those areas. Our results may serve as basic information for SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias) to improve the existing malaria control programs and hopefully avoid an increase or even decrease malaria transmission in those areas.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGalati, Eunice Aparecida BianchiCurado, Izilda2003-06-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-05022021-154258/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-02-05T21:10:02Zoai:teses.usp.br:tde-05022021-154258Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-02-05T21:10:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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description Foi realizado estudo epidemiológico de malária em duas localidades do Vale do Ribeira: Parque Estadual Intervales e Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Nestas regiões circundadas por Mata Atlântica, são encontradas algumas espécies de macacos e anofelinos, estes últimos, representados em sua maioria pelo subgênero Kerteszia. Em nossas áreas de estudo e nos municípios que as circundam têm ocorrido anualmente casos de malária autóctone. Os objetivos principais do estudo foram: avaliação da prevalência de anticorpos anti-formas assexuadas de P. vivax e P. malariae, de anticorpos antiproteína circumsporozoíta de P. vivax \"clássico\", suas variantes e P. malariae/P. brasilianum e de infecção de populações humanas, de anofelinos (provenientes das áreas de estudo) e de macacos (provenientes do Estado de São Paulo) por plasmódios. Foram feitas fichas de investigação e examinadas lâminas com esfregaços e gotas espessas de 318 indivíduos, que foram negativas. De 61 lâminas de macacos do DEPAVE, em 2 delas foram vistas formas trofozoítas semelhantes ao P. vivax. Os soros foram submetidos às reações de Imunofluorescência Indireta (IFI) com antígenos de formas assexuadas de P. vivax e P. malariae e à reação imunoenzimática (ELISA) com peptídeos sintéticos contendo as regiões repetitivas da proteína circunsporozoíta (CSP) de P. vivax \"clássico\" (Pvc), P. vivax VK247 (Pvk), P. malariae/P. brasilianum (Pm/Pb) e P. vivax-like humano/P. simiovale (Pvl). Das hemácias de humanos e macacos foi extraído DNA para ser submetido à Reação de Polimerização em Cadeia (PCR) para detecção de plasmódios. A positividade na IFI com antígeno de P. vivax da classe IgG foi surpreendentemente elevada nas 2 áreas em estudo: 49,0% no PETAR e 32% em Intervales. Nesse mesmo teste com antígeno de P. malariae, a positividade no PETAR foi de 19,3% e em Intervales, 16,0%. Na técnica de ELISA, foi encontrada maior prevalência para o peptídeo de Pvl (29,7%) no PETAR e em Intervales, para Pvc (35,0%). Entre os macacos, a positividade na IFI com antígeno de P. vivax da classe IgG também foi elevada, ou seja, 44,0%. Com o antígeno de P. malariae, a positividade em IFI foi de 26,5%. Em ELISA, as maiores prevalências foram encontradas com os peptídeos de Pvc (23,0%) e Pm/Pb (18,0%). No PCR em humanos, foi encontrado um indivíduo de Intervales com P. malariae, 2 indivíduos também de Intervales com P. falciparum e 3 indivíduos do PETAR positivos para P. falciparum e P. vivax. No PCR em macacos, 3 deles (1 macaco prego e 2 bugios) foram positivos para o gênero Plasmodium. Os anofelinos capturados no PETAR e no Parque Intervales tiveram PCR negativo. A elevada positividade encontrada em IFI, especialmente com antígeno de P. vivax, foi surpreendente, mas reproduziu o resultado descrito em trabalhos anteriores. Dentre 318 indivíduos do PETAR e Intervales, 15 tiveram IFI da classe IgM positiva com antígeno de P. malariae e 3 deles, com antígeno de P. vivax, isso em regiões onde as pessoas não relatam sintomas típicos de malária, por vezes, queixam-se de sintomas semelhantes aos da gripe ou resfriado. Diante dos casos de malária assintomática que foram encontrados nas áreas de estudo, preocupamo-nos com as diretrizes traçadas para o controle da malária em tais regiões. Assim sendo, pretendemos que nossos resultados venham contribuir para reformular o Programa de Controle de Malária desempenhado pela Superintendência de Controle de Endemias - SUCEN, a fim de procurar minimizar o aumento do número de casos de malária autóctone nessas áreas ou até mesmo diminuí-los e evitar que moradores dessas localidades funcionem como fonte de infecção.
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